3 de Novembro, 2011
50 cientistas
de todo o mundo reúnem-se hoje e sexta-feira numa zona campestre a
nordeste de Londres, sob a égide da prestigiada Royal Society, para
debater uma nova definição do tempo, que votará a hora TMG ao
esquecimento.
O assunto tem despertado paixões na imprensa britânica.
Segundo o Sunday Times, está em causa nada mais do que «a perda» do
Tempo do Meridiano de Greenwich (TMG), «símbolo há mais de 120 anos do
estatuto de super potência da Grã-Bretanha vitoriana».
O tempo
principal de Greenwich, baseado no primeiro meridiano de Greenwich, em
Londres, tornou-se referência mundial após uma conferência em 1884, em
Washington.
A nova definição propõe superar o tempo totalmente
«solar», baseado na rotação da terra e medido pelos astrónomos há mais
de 200 anos a partir do meridiano de Greenwich.
Na realidade, há
já 40 anos que o mundo não é mais regido pela hora TMG, que permanece no
entanto a hora legal no Reino Unido e é largamente utilizada como
referência.
Uma conferência internacional em 1972 adotou o Tempo
Universal Coordenado, ou UTC, na sigla em inglês, calculado em 70
laboratórios do mundo por 400 relógios ditos «atómicos» (o segundo é
definido pelo ritmo de oscilação de um átomo cesium).
O tempo
atómico, com a vantagem de ser mais preciso, difere em algumas fracções
de segundo do tempo definido pela rotação da terra.
Hoje, para salvaguardar a correlação com a rotação terrestre, «um segundo intercalar» é acrescentado quase todos os anos.
É este segundo que os cientistas propõem suprimir, abandonando ao mesmo tempo a correlação com a hora TMG.
A
mudança é considerada indispensável para o funcionamento das redes,
tanto das telecomunicações como de navegação por satélite, como o GPS
norte-americano, o Glonass russo, o europeu Galileu ou o chinês BeiDou.
Estas redes precisam de uma sincronização ao nível do nano segundo.
Certos
sistemas praticam o «salto» de um segundo, outros não, pelo que a sua
interoperacionalidade está comprometida, segundo a agência France Press.
Uma
recomendação a propor a supressão do segundo intercalar será submetida
em Janeiro a votação da União Internacional das Telecomunicações, em
Genebra.
Se for adoptada, o tempo atómico vai incorporar-se
progressivamente no tempo solar, à razão de um minuto ao longo de 60 a
90 anos e de uma hora em 600 anos.
Lusa/SOL
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