domingo, 5 de fevereiro de 2012

Bahia, O ex-soldado Prisco, líder da greve parcial da PM é TUCANO. No banco de dados da Justiça Eleitoral consta como ele é filiado ao PSDB, diz O GLOBO.

Do QG do movimento, comandante da greve ainda faz ameaças. Chico Otavio.

SALVADOR. Para chegar ao líder da greve dos policiais militares baianos, é preciso erguer os braços e passar por uma minuciosa revista. Protegido por uma roda de amigos e por um colete à prova de balas que não combina com a camisa de malha e o bermudão que veste, Marco Prisco Caldas Machado, de 42 anos, é o centro das atenções no corredor do segundo andar da Assembleia Legislativa da Bahia, local que foi transformado no Estado-maior do movimento grevista.


Prisco está tenso. Alguém acaba de contar que ele pode ser preso a qualquer momento e levado para um presídio de segurança máxima fora do estado. Outros dizem que há um plano para matá-lo.


O ex-bombeiro Marco Prisco, demitido na greve de 2001, é o presidente da Associação de Policiais, Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra). Embora a entidade, fundada há três anos, represente apenas 17% dos policiais e bombeiros baianos, ele é o nome por trás da paralisação que já dura cinco dias. 


Seu discurso oscila. Primeiro diz que os grevistas são ordeiros e que querem negociar. Nega responsabilidade sobre a onda de saques, violência e sabotagem que assolou a capital baiana nas últimas horas. Mas, em seguida, alerta que sua prisão pode desencadear uma desordem fora de controle.

A poucos metros de onde ele fala, 16 viaturas policiais — com pneus furados e levadas à revelia dos quartéis — formam uma barreira de proteção.


No banco de dados da Justiça Eleitoral, Prisco é tucano. Reconhece que assinou uma ficha de filiação ao PSDB, mas afirma que está de saída do partido.


Na política baiana, dividida entre carlistas (herdeiros de Antônio Carlos Magalhães) e petistas, ele conseguiu o improvável: ser demitido pelo governo carlista de Cesar Borges, em 2002, depois da greve do ano anterior, e ter a reintegração negada pelo atual governo petista de Jacques Wagner. Com a paralisação iniciada na quarta-feira, é acusado agora de servir aos interesses da oposição e ao projeto de se lançar candidato à Câmara Municipal.


Para explicar as razões do movimento, Prisco capricha no verbo. Garante que a pretensão não é salarial, mas a desmilitarização das polícias militares.


Diz que o Código Penal Militar é o último resíduo do Ato Institucional número 5 (AI-5) e que a população só respeita a PM por ter medo dele.


Prisco também se esforça para mostrar que a Bahia não está sozinha. Lembra que é o 11, estado brasileiro a enfrentar uma greve de policiais no último ano.


— A militarização é perversa para a categoria. No Rio, mandaram o Bope (Batalhão de Operações Especiais) reprimir a mobilização dos bombeiros. Era irmão atirando em irmão. Eu estava lá e vi tudo. Muito triste, mas ordem dada é ordem cumprida — lamenta.


Nas palavras de Prisco: "quem está fazendo a revolução social no Brasil é o militar".
O dirigente, que usa o prestígio adquirido nos piquetes de 2001 para correr os estados, envolveu-se recentemente numa confusão, em Rondônia, onde se apresentou aos movimentos sociais como se fosse um deputado. Prisco, de fato, tentou uma vaga a deputado estadual pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC) em 2010, mas recebeu uma votação pífia. A visita a Rondônia acabou rendendo-lhe uma acusação de falsidade ideológica.


Nascido em Catu, a 40 quilômetros de Salvador, ele entrou para o Corpo de Bombeiros em 1999.


Disse que, desde jovem, sonhava com a profissão.


Quando fala dela, lembra, emocionado, de um salvamento que fez no tempo em que servia no quartel do Iguatemi. Uma médica — ele conta — bateu com o carro pouco depois de seu plantão no hospital.


Ficou presa nas ferragens e, como era cirurgiã ortopédica e estava consciente, recusou terminantemente a ajuda de qualquer PM. Exigia a presença dos bombeiros, pois temia uma lesão grave na coluna. Foi Prisco que a resgatou.


Pai de um casal e desempregado desde 2002, Prisco afirma que sobrevive graças à ajuda financeira da mulher, que é mestre em linguagem dos sinais. O sindicalista diz que chegou a fazer três semestres de Direito, mas ressalta que teve de abandonar o curso por não ter dinheiro suficiente para pagá-lo. Ele garante que sua demissão foi ilegal e que há duas ordens judiciais, além de uma anistia concedida pelo governo Lula, determinando que o governo baiano providencie sua imediata reintegração.


Sendo assim, enquanto comanda a nova greve, Prisco enfrenta a seguinte contradição: reivindica para si direitos garantidos pela mesma Justiça que manda os policiais que ele lidera voltarem ao trabalho.

 Fonte: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha;jsessionid=

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