terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Petroleo. Para entender o que é estratégico

Postado por Fernando Brito.
O Jurong Aracruz, no Espírito Santo: o navio sonda nasce junto com o estaleiro

O mercado de exploração de petróleo não é igual a uma feira livre, onde você pode ficar rodando e escolhendo, na hora em que quiser, a melhor oferta de preço.
Os contratos de concessão, que vigem na maior parte do mundo, têm datas, prazos que, se não cumpridos, acarretam a perda dos direitos exploratórios.

E os equipamentos são altamente especializados e caríssimos.

O aluguel de uma sonda da águas ultra profundas, no mercado “varejista” – contratos bem negociados ficam um pouco abaixo disso – anda na faixa de US$ 500 mil por dia (por dia, é isso mesmo).

Em 2007 e 2008 a Petrobras teve de fazer malabarismo para colocar sondas em todas as áreas que detinha e por pouco não perde os direitos exploratórios de uma das áreas do pré-sal, o campo de Carioca.

A opção, corretíssima, da empresa foi estimular a fabricação aqui destas sondas. Mas enfrentamos o problema de operação plena dos estaleiros e do ineditismo desta produção.

A solução foi a própria Petrobras coordenar a formação de uma empresa com este fim, a Sete Brasil, reunindo bancos e fundos de investimento.  Foi ela a contratada para fazer as sete primeiras sondas de um lote total de 28 unidades, e concorreu às demais 21, no finalzinho do ano passado, numa licitação que a Petrobras suspendeu à espera de uma baixa de preços.

Mas as sondas têm de sair e vão sair.

Mesmo sem a garantia firmada do contrato, a Sete Brasil contratou uma sonda ao estaleiro Jurong Aracruz, que está sendo construído no Espírito Santo, ainda em fase inicial.

Baseado num desenho inédito, o navio-sonda  poderá operar em lâmina d´água de mais de 3,3 mil metros e tem capacidade para perfurar mais outros 9 mil metros no subsolo.O índice de nacionalização deverá ser superior a 60%.

Se a Petrobras não tivesse o peso que tem na empresa, ela firmaria um contrato assim, de quase US$ 800 milhões? E se a sonda não começasse a ser projetada agora, se as encomendas de partes e equipamentos não pudesse começar a ser feita, se os problemas de um primeiro produto não começassem a ser enfrentados já, haveira prazo para que a sonda entrasse em operação no calendário-limite que tem a Petrobras?

Um empresa de petróleo com as perspectivas que tem a Petrobras precisa deste poder, porque é dele que se origina a pressão que ela precisa fazer sobre seus fornecedores. Se a Sete Brasil bancou os riscos, é porque sabe que há mercado.

A Petrobras tinha apenas duas sondas de águas ultraprofundas em 2007, hoje tem 25, terá 34 dentro de dois anos, quando- aí, sim – entrarão em operação as sondas feitas no Brasil. Em 202o, quando o contrato estiver concluído, serão 65, um terço delas fabricado aqui.

Sem o novo modelo de partilha, sem a garantia de operar todos os nossos poços do pré-sal pela petroleira brasileira, alguém ia meter o peito na correnteza e produzir este bilionário equipamento aqui, turbinando a economia, a indústria, a tecnologia e o emprego?

Imprudência? Imprudência é um gigante que aceita rastejar.

Fonte: http://www.tijolaco.com/

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