domingo, 22 de julho de 2012

Política - O apelo desesperado do Jornal "El País", em nome da Espanha.

publicado em 21 de julho de 2012 às 16:13.

editorial do diário direitista El País sobre o colapso econômico da Espanha:

Situación crítica - El BCE está obligado a actuar salvo que Europa haya decidido abandonar el euro a su suerte.

A economia está se aproximando de uma situação de colapso que, se não for corrigida com rapidez, poderá tornar necessário um resgate total em prazo relativamente breve. O anúncio de que a Comunidade Valenciana pediu adesão ao Fundo Autônomo de Liquidez devido à impossibilidade de fazer frente a seus compromissos disparou ontem a taxa de risco para além dos 600 pontos e o diferencial do título de 10 anos [da Espanha, em relação ao da Alermanha] a 7,257%. A situação é potencialmente catastrófica porque com um custo da dívida como o atingido ontem a solvência exterior da nação é insustentável.

Durante as últimas semanas se comprovou, sem dúvidas, que a estratégia econômica mais ou menos imposta por Bruxelas, consistindo no aumento do imposto IVA, além de uma redução dos gastos sociais, da intensificação dos cortes para os funcionários públicos e os que recebem seguro desemprego não conseguiram restaurar a confiança dos mercados na dívida espanhola. Ao contrário, se considerarmos a rentabilidade que o Tesouro teve de pagar no último leilão de títulos, a desconfiança se acentuou. 

O paradoxo é que o conjunto de medidas é provavelmente a única solução a curto prazo para a economia, se for bem executado. Isso, independentemente de que sejam necessários mais esforços nas próximas semanas. Mas, apesar de tudo, das medidas já adotadas, assim como da firme disposição do governo de aprofundar o ajuste, os investidores não concedem credibilidade a dita política econômica. Seu ataque [dos investidores] à dívida espanhola põe em risco a independência econômica e a continuidade do euro.

Portanto, é imperativo que o Banco Central Europeu (BCE) compre a dívida espanhola no mercado secundário, recupere a liquidez e anuncie publicamente que os países que aprovem políticas de ajuste (caso da Espanha) contarão com o apoio ilimitado da autoridade monetária europeia. O BCE cometerá um erro gravíssimo se se prestar ao jogo de condicionar sua intervenção à melhoria temporária das condições de estabilidade na Espanha ou Itália, porque talvez não disponha da margem de tempo para aplicar com eficácia essa intervenção e porque não pode esperar que os cidadãos aceitem os cortes anunciados e os que necessariamente haverão de vir sem expectativa de alguma saída para a crise. Tampouco pode argumentar que deve ser o mecanismo de estabilidade [da União Europeia] o encarregado de decidir politicamente a intervenção, pelas mesmas razões de urgência.

É uma questão de sobrevivência para a dívida espanhola e para o euro em seu conjunto; não cabe exagero algum nesta descrição, porque as perspectivas econômicas para este ano e o próximo, de acordo com o quadro macroeconômico revisado ontem pelo Governo (muito parecido com o elaborado pelo FMI) prolonga a recessão. Não é previsível um aumento da confiança na dívida. A Fazenda calcula que o pagamento de juros da dívida crescerá 9,114 bilhões [de euros] em 2013 e será a principal despesa governamental.

Para o BCE, uma instituição em teoria independente, deveria ser evidente que esta escalada de gastos financeiros invalida qualquer esforço de contenção do déficit e elimina qualquer possibilidade de recuperação a médio prazo. Esta é a razão principal que exige uma intervenção do banco. A razão excepcional, crítica, é que os mercados da dívida não reagirão aos anúncios de ajuste econômico e condenam o país a uma situação extrema. A Alemanha, a Comissão Europeia e o BCE já não  podem se esconder atrás de táticas de coação para impor medidas drásticas de austeridade; elas já foram tomadas, seguramente haverá outras; mas, desgraçadamente, não acalmam os mercados.

PS do Viomundo: Pode se dizer qualquer coisa da revista direitista britânica Economist, menos que rasgue dinheiro. A revista informou recentemente que boa parte dos bens nos livros dos bancos espanhóis é de non-performing assets, ou seja, bens podres, como apartamentos vazios que ninguém quer (pode) comprar.

Fonte:http://www.viomundo.com.br/politica/o-apelo-desesperado-do-el-pais-em-nome-da-espanha.html

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