Proposta para docentes em greve, de aumento escalonado em três anos, elevará a folha em R$ 3,9 bilhões; Andes critica
Evandro Éboli
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA
. O governo apresentou ontem proposta de reajuste para os professores
universitários e das escolas técnicas, e acredita que a greve dos
docentes deve se encerrar nos próximos dias.
O aumento se dará de forma
escalonada, em três anos, a partir de 2013. Para os docentes das
universidades, o governo propõe aumento de até 45%. A remuneração de um
professor com doutorado e dedicação exclusiva subirá de R$ 11,7 mil para
R$ 17 mil em 2015. Nos institutos federais, o percentual pode chegar a
47,7%.
O
aumento beneficiará 143 mil professores ativos e aposentados das
universidades e escolas técnicas. São 105 mil das universidades e 38 mil
do ensino técnico. O impacto na folha de pagamento chegará a R$ 3,9
bilhões ao fim dos três anos.
O governo acha que os sindicalistas aceitarão a proposta e devem encerrar a greve de 57 dias.
-
Estamos otimistas que aceitem. Foi o que demonstraram na reunião
(ontem) - disse a ministra do Planejamento, Miriam Belchior ontem.
O
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, informou que o propósito foi
priorizar os melhores e mais dedicados ao ensino e à pesquisa.
- Queremos uma universidade de excelência. A proposta valoriza os melhores, com titulação e dedicação exclusiva.
A
presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior (Andes), Marinalva Silva Oliveira, disse que a proposta
não agradou. A direção do Andes reúne-se neste final de semana para
avaliar o que foi apresentado e a encaminhará sua posição aos direções
estaduais do sindicato.
-
A proposta, do jeito que está, não contempla nossas reivindicações.
Atende apenas a uma minoria. Seria beneficiado quem está no topo da
carreira. Quem está na base continuaria com dificuldade de progressão
salarial. Vamos encaminhar às bases para tomarmos uma decisão final.
Pelas
contas do governo, 80% dos professores universitários são doutores.
Menos de mil são apenas graduados. O governo propôs ainda a redução de
17 para 13 os níveis da carreira.
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É uma forma de incentivar o professor a buscar mais rapidamente a
qualificação profissional e os títulos acadêmicos - observou Miriam
Belchior.
Em
relação aos docentes de escolas técnicas, o governo criou um
certificado de conhecimento tecnológico a ser concedido ao professor que
tem o domínio técnico, mas não tem titulação.
-
Estamos valorizando esta carreira, de profissionais que mesmo sem
titulação têm uma expertise ou uma patente registrada. Não podemos
perdê-lo para iniciativa privada - explicou Mercadante.
Miriam
alertou que, diante do agravamento da crise, o governo refaz as contas
sobre o que pode ser dado. Demandas salariais dos três Poderes chegam a
R$ 92 bilhões, sendo R$ 60 bilhões do Executivo.
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Esperamos que até o início de agosto tenhamos o cenário das propostas
que podem ser atendidas. A soma das demandas é de R$ 92 bilhões, ou 50%
da folha atual, 2% do PIB, o dobro do PAC. Isso indica ser um número que
não é factível de atender.
A
ministra disse que os professores se precipitaram ao entrar em greve,
pois tinham ganho reajuste de 4% na MP 568. O governo está começando a
elaborar a proposta de Orçamento da União para 2013, que deve ser
enviada ao Congresso até 31 de agosto. E, juntamente com o texto, devem
ser enviados projetos de lei específicos sobre reajustes.
Em
Brasília, estão em greve servidores dos ministérios da Justiça, da
Saúde, do Trabalho, da Previdência Social, da Integração Nacional, da
Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, do Incra, da Funai, da Funasa e
do Arquivo Nacional. Nos estados, Funai e Incra são os órgãos mais
atingidos pela paralisação.
FONTE:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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