Vinicius Mota
SÃO
PAULO - Os Estados Unidos aboliram a escravidão em 1865, mas só cem
anos depois deram cabo das leis de discriminação racial. O Brasil
extinguiu a escravidão, e com ela qualquer distinção legal em razão da
cor da pele, em 1888. Mais de um século depois, reintroduzem-se aqui
instituições segregacionistas, agora a título de promover os negros.
Dissemina-se
a pressão pelas cotas, amparada no Estatuto da Igualdade Racial, de
2010, e na decisão do Supremo Tribunal Federal que em abril passado
referendou a reserva de vagas no ensino superior. Até o final do ano, o
governo federal pretende estender as cotas por critério de cor aos
concursos do funcionalismo.
Trata-se de uma onda avassaladora, a induzir silêncio e autocensura nos que se opõem a sua implantação.
Pelo
estatuto racial do século 21, é considerado negro todo brasileiro que
declare ser parda ou preta a cor de sua pele. Estranho estratagema. Por
que não determinar ao IBGE que restrinja as suas categorias a "negro" e
"branco" -suprimindo-se o "pardo" e o "preto"-, a fim de saber ao certo o
grau de negritude no Brasil?
Já
que imitamos os EUA no diagnóstico e no tratamento da questão, por que
não importar também a nomenclatura dualista das raças imiscíveis?
Obriguem-se 82 milhões de brasileiros (43% da população) autodeclarados
pardos a tomar partido. Que os próprios cidadãos se pronunciem nos
termos do jogo proposto.
A
sociedade dividida à força entre brancos e negros consumaria o
retrocesso histórico da recidiva das leis raciais no Brasil. Chame-as de
"racistas" ou "racialistas", na língua da moda, elas exumam e validam
termos de velhos adversários da modernidade quando instituem privilégios
baseados em atributos corporais. O sangue, a cor, a linhagem.
Desta
vez é para fazer o bem e reparar o mal, argumenta-se. Tenho dúvidas -e
saudades do tempo em que ser moderno era não discriminar nem aceitar
discriminação.
Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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