domingo, 28 de outubro de 2012

Estado da Bahia pode encolher. Guerra estadual por R$ 1 bilhão em terras

No próximo dia 13, o Supremo Tribunal Federal busca solução para uma briga que já dura 26 anos - a delimitação de território agrícola de 10 mil quilômetros quadrados no oeste baiano, produtor de milho, algodão e soja. Área gera R$ 100 milhões em impostos


Belo Horizonte  28. Out. 2012. Isabella Souto — Correio Braziliense. O mapa do Brasil pode ser alterado pela quinta vez em um período de 35 anos.

No dia 13, representantes dos governos da Bahia, Goiás, Tocantins, Piauí e Minas Gerais estarão no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar colocar um ponto final em uma briga judicial que se arrasta há 26 anos e tem como epicentro o oeste baiano — a nova fronteira agrícola do país, produtora de milho, algodão e soja. 

Estão em jogo terras que somam cerca de 10 mil quilômetros quadrados (o equivalente a quase metade do território de Sergipe) e estão avaliadas em R$ 1 bilhão, com capacidade para gerar uma renda anual de pelo menos R$ 100 milhões em impostos. 

No meio da discussão, conflitos agrários e políticos e uma guerra de liminares. 

A pedido do STF, coube ao Exército Brasileiro a missão de demarcar as terras de cada estado — o que levou à inclusão de Piauí, Tocantins e Minas Gerais na briga inicialmente de baianos e goianos, por fazerem divisa com os estados deles. Por enquanto, está mantida a divisão estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há décadas, mas perícia realizada pelos militares traz uma nova configuração que implica perda de parte da Bahia — autora da ação que tramita no STF — para Goiás, Tocantins e Minas Gerais.

O foco da discussão é o distrito de Vila Rosário, localizado entre Posse (Goiás) e Correntina (Bahia), uma faixa de 600 mil hectares que separa a Bahia de Goiás, Minas Gerais e Tocantins. 

A região se tornou valorizada na década de 1980, quando agricultores do Sul do Brasil descobriram a vocação do local para a produção de grãos, graças aos mais de 30 rios e à característica plana, facilitando a plantação e a colheita mecanizada. A reconfiguração do mapa vai influenciar também os municípios de Luiz Eduardo Magalhães e São Desidério, localizados na divisa da Bahia com Tocantins, e a região do Jalapão, em Tocantins.

O governo baiano não concorda com a configuração e já encaminhou documento para o Supremo que servirá de base para sua argumentação no dia 13. “Os limites de qualquer ente federado precisam ser estabelecidos por instrumentos legais contemporâneos, que contemplem a evolução da ocupação e atendam às necessidades da vida atual das populações que habitam áreas limítrofes. Vale dizer que as imprecisões e indefinições de legislações antigas já em muito foram superadas pela administração de determinadas áreas de fronteira, em que governos e populações são obrigados a estabelecer limites adequados às práticas sociais recentes”, diz trecho do documento.

Os representantes de Goiás não abrem mão de recuperar a área que alegam pertencer a eles. “Goiás não pode abdicar de sua propriedade. 

É um direito indisponível. A autonomia dos estados pressupõe também o território”, alega o procurador-chefe de Goiás no Distrito Federal, Lucas Bevilacqua. 

Segundo Bevilacqua, que já teve acesso ao documento anexado pela Procuradoria da Bahia no processo, quaisquer outros estudos que contraponham o laudo feito pelo Exército são “temerosos”, até porque, oficialmente, os militares são os únicos habilitados ao trabalho.

Memória
Ao longo dos últimos anos foram várias as modificações no território brasileiro:

1977 - O Mato Grosso foi fragmentado, originando o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul;

1982 - Rondônia foi reconhecida como território e virou estado;

1988 - Roraima e Amapá foram elevados à categoria de Estado; 

A ilha de Fernando de Noronha transformou-se em município subordinado a Pernambuco.

Goiás se fragmentou: o sul continuou com o mesmo nome, integrando a Região Centro-Oeste. O norte originou o Tocantins, estado que faz parte da Região Norte.

Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha

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