O crescimento desenfreado da produção de alumínio, especialmente na China, causou o superaquecimento do mercado e crise internacional. Como resultado, os preços caíram para US$ 1.800 por tonelada e, em março passado, a produção mundial de alumínio caiu para o nível mínimo em quatro meses. 

O Bureau Mundial de Estatísticas de Metal (WBMS) avalia em 317,1 mil toneladas o excedente de produção de alumínio em janeiro e fevereiro de 2013, apesar de a demanda ter crescido em 472 mil toneladas para 7,6 milhões de toneladas no mesmo período. No ano passado, a China, com 44% a 50% da produção mundial de alumínio, segundo várias estimativas, dominou o mercado internacional.  
   
Apesar de os produtores chineses terem sofrido grandes perdas devido ao excesso das capacidade produtivas e à baixa dos preços, no primeiro trimestre deste ano, a produção de alumínio primário na China continuou crescendo e aumentou 15%. 


A Rússia não fica atrás, aumentando 5,8% a exportação de alumínio bruto no primeiro trimestre deste ano. No entanto, em 2012, o crescimento foi mais modesto e atingiu 1,6%.

“Podemos desde já referir uma crise de superprodução de alumínio, o que tem efeito negativo sobre o preço. Hoje, cerca de 25% das capacidades produtivas de alumínio no mundo são deficitárias. Como resultado, os produtores têm de cortar sua produção e encerrar as empresas economicamente inviáveis”, disse em entrevista à Gazeta Russa o diretor de estratégia e desenvolvimento da empresa RusAl, Oleg Mukhamedchin.

A RusAl, a maior produtora mundial de alumínio, pretende reduzir este ano sua produção de alumínio em 300 mil toneladas com a intenção de fazer o preço subir para US$ 2.200 a 2.300 por tonelada. 

O representante da RusAl acredita que as maiores fabricantes do mundo devem reduzir sua produção em 10% a 12% para fazer com que, nos próximos três anos, o preço seja fixado pela demanda. “Sem isso, a crise no setor só vai aumentar”, afirmou Mukhamedchin.

Outro problema é que, atualmente, o preço depende não só da relação entre a oferta e a demanda, mas também de transações financeiras que envolvem esse metal. Aproximadamente 60% a 70% do  alumínio estocado na Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês) estão envolvidos em transações financeiras. “A quantidade de alumínio estocada na LME se mantém inalterada há já vários anos e é avaliada em cerca de 5 milhões de toneladas. Segundo nossas previsões, alguns cortes nos estoques da LME poderão ocorrer só em 2014”, disse Mukhamedchin.

Paralelamente, o especialista considera como grande erro a intenção de algumas das grandes empresas de mineração de se desfazer de seus ativos no setor de produção de alumínio porque, na sequência das vendas, as empresas deficitárias só mudam de dono.

Lado positivo
Enquanto isso, a crise na produção de alumínio tem impacto positivo sobre a demanda. A RusAl prevê a redução do consumo na Europa em 2% em 2013, enquanto a Ásia continuará sendo a locomotiva do crescimento da demanda. 

Em 2013, o consumo de alumínio no mundo crescerá 6% e atingirá 50 milhões de toneladas. O crescimento mais rápido será registrado na China (9,5%), Índia (6%) e outros países asiáticos (5,8%). Na América do Norte, o consumo vai crescer 5%, e na Rússia e países ex-repúblicas soviéticas, 4%.

A RusAl espera um aumento de 5% a 6% no consumo de alumínio no setor de transportes em 2013. Isso acontecerá em virtude do aumento da produção mundial de alumínio e de sua penetração no mercado automotivo. Em 2012, o teor de alumínio em cada automóvel produzido nos EUA atingiu 150 kg. 

Também se espera o aumento do consumo de alumínio no setor de construção civil. Em 2012, a construção civil absorveu 27% do alumínio primário. Nesse setor, a China, o maior mercado de construção civil do mundo, é vista como locomotiva da demanda. 

Mudanças positivas são esperadas também na área de embalagem e engenharia elétrica. Os setores de latas de alumínio e de papel de alumínio (ambos respondem por 13% do consumo de alumínio primário) irão continuar crescendo em consequência do aumento da população e do uso do alumínio. 

De acordo com a RusAl, o crescimento esperado no consumo em 2013 é de aproximadamente 4% a 5%. Quanto à engenharia elétrica, os produtores de alumínio esperam que, em 2013, seja decidido substituir as linhas de alta tensão desgastadas e que, na América do Norte, tenha início a construção de novas linhas de alta tensão, numa extensão total de 6000 milhas. 

Além disso, a previsão é que o consumo de metal aumente entre 7% e 8% no setor de engenharia elétrica dos países emergentes, nomeadamente na China, América do Sul, Índia e Sudeste Asiático, especialmente na Indonésia. 

Os produtores de alumínio também depositam grandes esperanças no desenvolvimento de fontes de energia renováveis ​​na Europa, especialmente na Alemanha, empenhada em substituir suas instalações nucleares de geração de energia. “Isso vai dar suporte à demanda mesmo em um cenário econômico desfavorável na Europa”, finalizou Mukhamedchin.