segunda-feira, 1 de julho de 2013

A contribuição comunitária para as políticas das UPPs

Por Observatório das Comunidades RJ. CONTRIBUIÇÃO COMUNITÁRIA PARA POLÍTICAS DE UPPs.

Lendo uma matéria da conceituada Ex-presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (antiga Radiobrás) e fundadora da TV Brasil no governo Lula, a jornalista Tereza Cruvinel no qual essa aponta  as dificuldades que a presidente Dilma terá para quebrar o seu "isolamento", ficamos preocupados quando Cruvinel se refere a Politica de Segurança Pública  no RJ, as UPPs. 

Sabendo da qualidade e compromisso dos seus textos com a verdade, que sempre contribuem com elementos para a análise de conjuntura. Na forma como foi colocado em seu texto desaparecem os atores principais, que são os trabalhadores legitimados como lideranças comunitárias, restando na comunidades cariocas apenas a policia e os traficantes: "Só não viu quem não quis que nestes protestos havia mais que indignação política. As forças de segurança já sabem que no Rio, por exemplo, atuaram mercenários do tráfico, em revanche contra as UPPs que minaram seus negócios. Os donos de vans, do transporte pirata suprimido pelo prefeito Eduardo Paes, mandaram seus vândalos quebrar os ônibus. Outras forças ocultas estão sendo identificadas". - Tereza Cruvinel.

Endossamos as UPPs, mas divergimos no método que estão utilizando para serem validadas socialmente em muitas comunidades. A política da UPP traz o enfoque colonizador buscando a desconstrução de lideranças com anos de lutas por direitos sociais, da sua cultura, na tentativa que a policia se torne a única referência na comunidade. 

Exemplo simplificado é oprimir o pagode o funk que é cultural nas favelas, pelos bailes de debutantes, com as adolescentes dançando valsa com os policiais. Trabalham com uma visão equivocada e maniqueísta onde acreditam que as referências sociais eram somente os traficantes e assim nas UPPs têm que ser os policiais, negando o processo histórico em que a comunidades estão inseridas. 

Tentam anular as histórias de lideranças comunitárias com 50 anos de luta que tiveram importantes conquistas, através de mutirões e mobilizações garantindo a sobrevivência do grupo naquele momento, totalmente excluído e abandonado pelo Estado e suas politicas públicas.

Na visão das UPPs as lideranças necessitam de domesticação para figurarem apenas como atores coadjuvantes neste processo, e as que resistirem serão demonizadas e na lógica da dizimação, criminalizadas. Vimos isto na colonização do Brasil onde os portugueses dizimaram as tribos que não conseguiram domesticar, como os Tapuias.

Lideranças comprometidas com o seu povo incomoda, pois qualquer excesso praticado pela policia será questionado e as promessas de implantação dos projetos sociais e de politicas públicas serão cobradas.

Desta forma, nossa luta atual é para a mudança do método onde as lideranças sejam reconhecidas e legitimadas no seu papel social e a policia no papel social dela, assim JUNTOS fazermos a mudança urgente e necessária que nosso povo tanto clama: Justiça Social!

A colocação desta questão não é simples, pois quem ousa contribuir fazendo qualquer crítica a Politica de Segurança Pública é imediatamente estigmatizado como ligado a ilegalidade, caindo na velha e conhecida armadilha histórica da criminalização, justificando toda forma de opressão.

Torcemos para que nestes novos ares, abram o espaço para esta importante discussão.

RESISTÊNCIA TAPUIA - RJ - 30/06/2013.

Link desta matéria: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-contribuicao-comunitaria-para-as-politicas-das-upps

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