De acordo com o jornal Sankei, um plano detalhado do projeto deverá ser apresentado em julho, no âmbito de reconsideração do programa de longo prazo de segurança nacional. Se o programa for aprovado pelo parlamento, o desenvolvimento de novos mísseis balísticos poderá ser iniciado já no próximo ano.

Os mísseis estarão localizados em Okinawa, donde o tempo de voo até as Senkaku se estima em cerca de cinco minutos. Em caso de realização do projeto, as Forças de Autodefesa do Japão pela primeira vez serão dotadas de uma arma ofensiva de longo alcance.

O especialista russo Dmitri Streltsov não divisa em tal atuação do governo japonês nada que seja inesperado ou surpreendente:

"A decisão do governo do Japão de dar início ao desenvolvimento dos mísseis balísticos é um passo esperado e totalmente lógico, o qual se inscreve na política com vistas a incrementar o potencial militar do país, desde há muito tempo aplicada pelo governo japonês. É de notar que no ano passado foi proclamada a necessidade de manter um potencial militar suficiente para atacar bases militares do opositor localizadas para além das fronteiras do Japão. Em primeiro lugar, se trata de instalações militares em território da Coreia do Norte. No entanto, esse objetivo pode ser interpretado também como um plano de incrementar os armamentos: o Japão está passando de uma doutrina exclusivamente defensiva para uma outra, preventiva e ofensiva. É uma viragem qualitativa na política de defesa do Japão."

Dmitri Streltsov está convencido de que o projeto será apoiado no parlamento. O partido governante dos liberais democratas (PLD) conseguirá persuadir seu aliado pacifista, o partido Komeito, da necessidade de aprovar a resolução que dé luz verde à produção de mísseis de médio alcance nipônicos. Os argumentos são incontestáveis visto que estão relacionados com a exacerbação da situação no nordeste da Ásia tanto em consequência dos programas militares da Coreia do Norte como por causa de intensificação das reivindicações da China para a restituição das ilhas Diaoyu.

Naturalmente, o Japão se empenha em obter seus próprios mísseis de médio alcance não para os utilizar numa primeira oportunidae contra a China; se trata, sobretudo, de um meio de dissuasão, acredita Streltsov.

O perito não encontra também causas para preocupações de que o desenvolvimento de mísseis balísticos empurre o Japão para a criação de suas próprias armas nucleares. Embora o Japão desde há muito venha seguindo uma tática de manutenção do potencial científico e tecnológico suficiente para criar a bomba nuclear e disponha de materiais físseis em quantidades necessárias para tal finalidade, a questão de armas nucleares não se coloca no Japão num futuro previsível. Além disso, os EUA se opõem à transformação do Japão em potência nuclear.

Dmitri Streltsov espera que a China vá reagir de uma maneira bastante tranquila aos novos mísseis balísticos a aparecerem no Japão. Contudo, não se pode excluir completamente que Pequim proceda a tomar quaisquer medidas de resposta.