Mais de
20 mil eletricitários param suas atividades por tempo indeterminado a
partir de amanhã, em todo o país. No Maranhão, os trabalhadores aderem a
greve em todas as localidades da Eletronorte (São Luís, Miranda,
Peritoró, Presidente Dutra, Imperatriz e Porto Franco).
A greve atinge
todas as empresas do Sistema Eletrobrás e é coordenada pelo Coletivo
Nacional dos Eletricitários da Federação Nacional dos Urbanitários
(CNE-FNU), em parceria com os sindicatos estaduais.
A
categoria está em Campanha Salarial e alega que as negociações não
avançam por má vontade e desrespeito do Governo Federal e da direção da
Eletrobrás.
No início do mês, todos os trabalhadores do Sistema haviam
feito paralisação de 72 horas de advertência e prometeram greve por
tempo indeterminado caso a quarta rodada de negociação, realizada no
último dia 11, não trouxesse avanços concretos.
Segundo
Fernando Pereira, diretor da FNU e do Sindicato dos Urbanitários do
Maranhão, "a Eletrobras chegou na mesa de negociação com as mãos vazias,
não cedeu em nenhum dos principais pontos da Pauta, como reajuste
salarial de 10,7%, indenização por perda de massa salarial, dentre
outros pontos".
Para ele, o Governo Federal está apostando no embate,
porque os trabalhadores já tentaram negociar de todas as formas nos
últimos quatro meses. "Nossa paralisação de 72 horas demonstrou que a
categoria está mobilizada, que tem capacidade de parar o setor elétrico e
é o que vamos fazer, mantendo os serviços essenciais, claro.", finaliza
o dirigente sindical.
Em São
Luís, a categoria irá se concentrar na sede da empresa, no Sacavém
(última parada do ônibus Coheb-Sacavém), durante todo o período da
greve, iniciando e fechando os dias com assembléias.
Sacanagem!!! Essa chuva fora de temporada ferrou com as pretensões de Castelo!!!
Avenida Um - Angelim. - Foto de http://caiohostilio.com
O prefeito Castelo usou a senha de asfaltar algumas ruas dos bairros de São Luís, isso com borra de breu e pintar os meios fios.
Prefeito Castelo
Sempre essa senha deu certo em outras eleições, haja vista que essa
prática era efetuada nos meses em que não caia uma gota sequer de água
no asfalto pintado de breu.
Mas Castelo deu um azar danado!!!
Não sei se por castigo ou por não
ter cumprido alguma compressa a São Pedro!!!
Cara a chuva atrapalhou
tudo e a maquiagem feita foi pro beleleu…
O pessoal do Angelim não quer ver nem passar por lá o pessoal do
Castelo…
Avenida Um - Angelim. - Foto II de http://caiohostilio.com
Eles vivem escutando aquele pagode Zeca Pagodinho ”Comunidade
Carente” , principalmente os moradores da Avenida 1 do Angelim.
Rompido com o PT em importantes capitais, o governador de Pernambuco
e presidente nacional do PSB assegura que a aliança nacional entre as
legendas permanece inabalada.
Mas até mesmo o ex-presidente Lula, que
sempre o viu como um grande aliado histórico, começa a desconfiar de
suas verdadeiras intenções. Será que dá pra contornar?
Lula e Eduardo Campos é o fim da parceria?
Com as diversas crises regionais entre o PT e o PSB instaladas, o
projeto nacional do governador de Pernambuco e presidente dos
socialistas, Eduardo Campos, tem sido, a todo momento, apontado como
principal válvula dessas rupturas. No entanto, o gestor, que prefere não
se prolongar publicamente sobre o assunto, garante que nada do que vem
sendo dito procede, assegurando que aliança entre as duas legendas, no
governo da presidente Dilma Rousseff, segue inabalada.
Será mesmo? Para o
ex-ministro José Dirceu e, principalmente, para os candidatos petistas
que disputam contra o PSB em suas respectivas cidades, não. O que deixa o
gestor pernambucano numa situação de desconforto até mesmo com o maior
cardeal da legenda, o ex-presidente Lula. Dá para contornar?
A resposta para a pergunta acima não é das mais simples, uma vez que
Campos, desde que assumiu o Governo de Pernambuco em 2007, ainda não
havia desagradado a Lula. O ex-presidente, que convocou o aliado
histórico para uma conversa na semana passada, não só não digeriu o fato
do PSB lançar candidatura própria contra o PT, no Recife (PE), como
também o alinhamento do socialista ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB),
justamente um dos principais críticos de sua gestão à frente do
Planalto.
Inclusive, já corre a informação de que Lula teria dito a Eduardo que
o PT anda “desconfiando” do que estaria por trás das movimentações do
PSB no Recife, em Fortaleza (CE) e em Belo Horizonte (MG). O fato de
Campos ter se aliado a Jarbas tem sido interpretado, entre os petistas,
como uma tentativa de aproximação com o PMDB – a parcela que não apoia o
governo, que hoje não tem perspectiva de lançar um nome próprio para a
Presidência da República, em 2014. Quadro bem diferente do PT, que
deverá seguir com a possibilidade de reeleição da presidente Dilma
Rousseff ou mesmo com o retorno de Lula, e do PSDB, que tem Aécio Neves
como prévio candidato.
O goernador Eduardo Campos (PSB) e o senador. Jarbas Vasconcelos
(PMDB)
Com a possiblidade do PMDB somar forças ao PSD, de Gilberto Kassab,
ao seu lado, o governador de Pernambuco parece ter o embrião de uma
plataforma para a disputar a próxima eleição presidencial com força
equivalente a percebida apenas no PT e no PSDB atualmente. Esse prisma
já fora cantado, há um bom tempo, por petistas descrentes na continuação
da aliança com o PSB.
Porém, nesse momento, Eduardo Campos não gostaria de se indispor com a
presidente Dilma Rousseff, devido às incontáveis parcerias entre o seu
governo e o Federal. Apesar do bom momento econômico que atravessa,
Pernambuco ainda depende muito dos repasses e ações conjuntas com a
União. Tanto que boa parte das grandes obras no Estado conta com o dedo
do ex-presidente Lula. O fim da aliança agora poderia representar o
“fechamento das torneiras” para a sua gestão, que pode ser a grande
plataforma de sua campanha presidencial. E isso, definitivamente, o
socialista não quer.
Funcionários públicos tomaram pacificamente a praça de Neptuno
até às 3h em manifestação contra o corte da gratificação de Natal e o
pagamento de dias de folga.
16 de Julho de 2012.
247 – Manifestantes espanhois ocuparam até as 3h da manhã
desta segunda-feira (horário local) a praça de Neptuno, em Madrid, para
contestar os cortes impostos pelo governo.
Milhareselo de funcionários
públicos protestaram pacificamente contra a supressão da gratificação de
Natal e pagamento de dias de folga.
O protesto iniciado na tarde de domingo foi tranquilo e pouco teve a
ver com a violência dos últimos dias. Os agentes da polícia trocaram
seus capacetes por viseiras, um gesto que os manifestantes interpretaram
como um sinal de empatia. O Parlamento foi cercado pela polícia.
Manifestação em Madri - Espanha.
Na última sexta-feira, uma manifestação de milhares de mineiros na
capital espanhola contra as medidas de austeridade anunciadas pelo
Governo acabou em confrontos e a polícia disparou balas de borracha.
Nove pessoas foram detidas.
A marcha começou nas ruas de Génova e Ferraz, onde se situam as sedes
nacionais do PP e do PSOE, para depois se dirigir em direção ao
Congresso e às Portas do Sol.
O protesto foi convocado nas redes sociais e que não tinha sido autorizado pelo governo.
Numa
eleição municipal, primam os problemas que os munícipes encontram em
sua vida cotidiana.
Questões ideológicas são relegadas a segundo plano,
pois estão muito mais preocupados com a limpeza e a pontualidade dos
transportes públicos, com a segurança chegando em casa, com os postos de
saúde, com a educação das crianças, para apenas listar alguns dos
problemas mais prementes.
Depois
de uma jornada de trabalho, chegando em casa, o(a) trabalhador(a) está
mais preocupado(a) com seu cansaço, com sua integridade física, com o
atendimento dos seus. O amanhã, entendido como o dia seguinte, ocupa
todas as suas atenções, tendo como horizonte a sua renda e/ou salário do
fim do mês. Muitas vezes, essa parte da população nem tempo tem de se
informar de questões políticas. Procura descansar, seja dormindo, seja
buscando um entretenimento qualquer.
O
grau de interesse pela política se mede por aquilo que ela possa
oferecer para ele(a), sendo um instrumento que possa contribuir para o
seu bem-estar, mormente através de serviços públicos. A política não
aparece como um fim em si mesmo, mas como um meio que deveria servir
para a melhoria de suas vidas. Não há um apreço pela atividade política
enquanto tal, frequentemente percebida como um lugar de jogo entre os
políticos em função dos interesses particulares desses.
O
micro reflete aqui uma questão macro. Se pesquisarmos o grau de
interesse pela política em uma eleição nacional, facilmente
constataremos uma situação semelhante com mais de 55% dos eleitores
demonstrando pouco ou nenhum interesse pela vida política propriamente
dita. Para eles, sua preocupação central reside na vida privada,
particular, na melhoria de suas condições de vida.
Nesse
sentido, a política deve estar a serviço dessa melhoria, e não o
inverso. Comprova-se aqui uma formulação do pensador liberal francês
Benjamin Constant, para quem, em seu texto "A liberdade dos Antigos
comparada à dos Modernos", os cidadãos escolhem os seus representantes,
para não se ocuparem eles mesmos da política. Eles estão voltados para a
sua vida privada, sendo a política uma ferramenta desta.
A
delegação política é um meio para que os cidadãos possam se dedicar às
suas respectivas vidas. Ela supõe, desta maneira, que os escolhidos, os
delegados, os representantes, ajam de acordo com as ideias de um bem
coletivo.
Observe-se
que, ao contrário de formulações esquerdistas ainda em voga no Brasil,
segundo as quais o exemplo de democracia estaria na participação direta,
na dita democracia participativa, os cidadãos brasileiros passam ao
largo de tal tipo de concepção. Para os partidários da democracia
participativa, o fim em si mesmo é a política, a participação tomando
conta da vida do cidadão.
Daí
não se segue que o desinteresse pela política se traduza pelo
desinteresse por assuntos públicos, entendida como lugar em que se criam
as condições de uma vida coletiva. Na administração do Estado, em seus
vários níveis, está presente o destino que se dá aos impostos, que são
nada mais do que bens privados transferidos obrigatoriamente para a
esfera estatal.
Logo,
nada mais normal que se coloquem aqui questões atinentes à moralidade
na gestão desses recursos, que devem - ou deveriam - estar destinados à
melhoria das condições de vida dos cidadãos. Espetáculos de imoralidade
de parte dos políticos e de seus partidos são percebidos como desvios de
seus recursos privados, que tiveram uma destinação eticamente indevida.
Surge, assim, a questão da moralidade na escolha dos representantes.
Não
surpreende que, em pesquisas de opinião, apareçam como qualidades
requeridas de prefeitos a honestidade, o ter palavra, o cumprir
promessas, que são atributos morais exigidos do homem público.
Princípios são considerados essenciais. Política sem valores equivale a
um cheque em branco dado a governantes e parlamentares no uso dos
recursos públicos.
Eis
por que não deixam de ser chocantes as alianças que vêm se fazendo nas
eleições municipais, onde valores, princípios e ideias desaparecem do
horizonte em proveito da utilização de tempo de rádio e televisão. O
caso mais paradigmático foi a aliança tecida entre Lula e Maluf, logo
entre o PT e o PP, onde se conjugaram duas posições que, no passado,
eram totalmente antagônicas.
A de um partido que cresceu defendendo a
ética na política e um político procurado internacionalmente pela
Interpol por desvio de recursos públicos. Ou seja, surge o símbolo da
moralidade pública intrinsecamente ligado à imoralidade, como se isso
fosse normal à política. Caberia, evidentemente, a questão: qual
política, qual normalidade?
Nada
disto, no cenário político atual, é exclusivo desses dois partidos,
pois o PSDB fez um movimento semelhante tentando atrair o mesmo
parceiro. O problema foi o valor da barganha, e não os princípios. Um
pagou mais do que o outro, ambos compartilhando a mesma ausência de
princípios. Os tucanos se aliaram também com o PR de Valdemar da Costa
Neto, envolvido em uma série de denúncias. Valeu igualmente o tempo de
rádio e televisão como valor maior.
Outro
exemplo que pode ser percebido como ausência de moralidade consiste em
composições partidárias que se fazem pelo país afora em que políticos
que, em sua cidade, consideram como adversário, quase um inimigo, o
partido X, se aliam com o mesmo partido em outra cidade, como se
coerência e relação com princípios nada valessem. Tal "qualidade" chega a
ser vendida como se fosse um sinal de inteligência, ou melhor, de
esperteza, o que é uma denominação mais apropriada.
O
que pensar, portanto, de uma concepção da política em que os valores
morais desaparecem completamente? Coligações se fazem tendo como único
"princípio" a exposição midiática dos candidatos, como se critérios
morais fossem o apanágio de moralistas ingênuos. Será que esses espertos
da política não estarão dando a sua contribuição decisiva para o
avacalhamento da democracia brasileira?
DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O povoado de Talkeetna, no Estado de Alasca (EUA), é dirigido por um gato ruivo, de nome Stubbs.
Há quase 15 anos ele, ainda
gatinho, foi eleito prefeito. Na altura, alguns moradores qualificaram
como indignos, todos os candidatos ao cargo de prefeito e, como
brincadeira, decidiram inscrever o nome de Stubbs nos boletins de voto. E
o gato venceu as eleições.
Apesar de que o cargo de
prefeito do povoado com 900 habitantes tem um caráter puramente
cerimonial, o gato tem popularidade bem real. Os média (jornalistas) locais
dedicam-lhe artigos e programas. Stubbs tem, inclusive, uma página no
Facebook.
Graças ao “prefeito de rabo”, aumentou
sensivelmente o número de turistas que visitam Talkeetna.
Todas as
épocas de verão, vêm ao povoado milhares de curiosos para ver o
“prefeito ruivo”. Por conseguinte, Stubbs cumpre com sucesso sua tarefa
principal – engrossar a caixa do povoado.
A revista Época desta semana abandonou Marconi Perillo, e publicou
relatório da Polícia Federal que mostra outra versão da venda da casa,
onde a venda é feita é negociada com um sobrepreço de R$ 500 mil para
Perillo, em troca da liberação de pagamentos retidos para a empreiteira
Delta.
Eis a reportagem:
Como a Delta pagou Perillo Um
relatório da Polícia Federal obtido com exclusividade por ÉPOCA comprova
os elos entre o esquema de Carlinhos Cachoeira e o governador de Goiás
DIEGO ESCOSTEGUY, COM MURILO RAMOS E MARCELO ROCHA
No dia 27 de junho, o Núcleo de Inteligência da Polícia Federal remeteu à
Procuradoria-Geral da República um relatório sigiloso, contendo todas
as evidências de envolvimento do governador Marconi Perillo com o
esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Como
governador de Estado, Perillo só pode ser investigado pelo
procurador-geral da República – e processado no Superior Tribunal de
Justiça. O relatório, a que ÉPOCA teve acesso com exclusividade, tem 73
páginas, 169 diálogos telefônicos e um tema: corrupção.
O documento está sob os cuidados da subprocuradora Lindora de Araújo,
uma das investigadoras mais experientes do Ministério Público. Ela
analisará que providências tomar e terá trabalho: são contundentes os
indícios de que a Delta deu dinheiro a Perillo.
Alguns desses 169 diálogos já vieram a público; a vasta maioria ainda
não. Encontram-se nesses trechos inéditos as provas que faltavam para
confirmar a simbiose entre os interesses comerciais da Delta em Goiás e
os interesses financeiros de Perillo. Explica-se, finalmente, o estranho
episódio da venda da casa de Perillo para Cachoeira, que não foi bem
entendido. Perillo nega até hoje que tenha vendido o imóvel a Cachoeira;
diz apenas que vendeu a um amigo. O exame dos diálogos interceptados
fez a Polícia Federal, baseada em fortes evidências, concluir que:
1) assim
que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta
fecharam, diz a PF, um “compromisso”, com a intermediação do bicheiro
Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o governo
de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo;
2) o
primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava. Ele queria vender o
imóvel e receber uma “diferença” de R$ 500 mil. Houve regateio, mas
Cachoei¬ra e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em três
parcelas;
3) Perillo
recebeu os cheques de Cachoeira. O dinheiro para os pagamentos –
efetuados entre março e maio do ano passado – saía das contas da Delta,
era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em seguida, repassado a
Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as faturas devidas à
Delta;
4) a Delta entregou a um assessor de Perillo a “diferença” de R$ 500 mil;
5) a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.
Para compreender as negociações, é necessário conhecer dois personagens,
que chegaram a ser presos pela PF. Um é o tucano Wladmir Garcez, amigo
de Perillo e ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia. Garcez
atua como uma espécie de embaixador de Perillo junto à Delta e à turma
de Cachoeira: faz pedidos, cobra valores, entrega recados. O segundo
personagem é Cláudio Abreu, diretor da Delta no Centro-Oeste e parceiro
de Cachoeira no ataque aos cofres públicos de Goiás. Na hierarquia da
Delta, Abreu detinha a responsabilidade de obter contratos públicos para
a construtora e – o mais difícil, custoso – assegurar que os
governantes liberassem os pagamentos em dia. A corrupção neste caso,
como em tantos outros, nasce na oportunidade que o Poder Público
oferece: um detém a caneta que pode liberar o dinheiro; outro detém o
dinheiro que pode mover a caneta. Na simbiose entre a Delta e o governo
de Goiás, Garcez e Abreu eram os sujeitos que se dedicavam a fazer o
dinheiro girar, multiplicar-se. Não há caixa de campanha ou questiúncula
política nessa história. O objetivo era ganhar dinheiro.
A mensagem Para a Justiça O relatório da PF traz indícios de que a Delta transferiu dinheiro a Perillo, e eles devem ser investigados Para o eleitor A investigação pode dar um novo norte à CPI do Cachoeira
A PF começou a monitorar as atividades ilegais das duas turmas, de
Perillo e da Delta, em 27 de fevereiro do ano passado. Naquele momento,
Perillo cobrava o pagamento do “compromisso” da Delta. Num diálogo
interceptado pela PF às 20h06, Cachoeira pede pressa a Abreu. Disse
Cachoeira: “E aquele trem (dinheiro) do Marconi(governador), hein? Marconi já falou com o Wladmir (Garcez),
viu”. Abreu chora miséria, como bom negociante. “Vou falar amanhã que
não tem jeito”, diz Cachoeira. “Mas não é 2 milhões e meio, não. Ele (Marconi) quer
só a diferença.” Cachoeira refere-se, aqui, à operação de venda da
casa, o assunto mais urgente naquele momento. Abreu faz jogo duro: “Pois
é, doutor, eu não tenho como. Do mesmo jeito que o Estado tá com o
orçamento fechado, eu também tô”. O jogo é simples: uma parte quer que a
outra aja antes. Perillo quer o dinheiro antes de liberar a fatura;
Abreu, da Delta, quer a fatura paga antes de liberar o dinheiro para
Perillo.
As negociações prosseguem, emperradas em alguns momentos por
desconfianças mútuas. Numa ligação na mesma noite, Cachoeira certifica
Abreu de que Garcez, o interlocutor de Perillo, não está pressionando a
Delta sem motivos. “Não é o Wladmir, não. É ele(Marconi) que
tem esse trem na cabeça, da diferença e não sei o quê, viu?”, diz. No
dia seguinte, preocupado com a demora da Delta em liberar o dinheiro,
Cachoeira pede a Garcez que dê “um aperto” em Abreu, de modo a garantir o
negócio. Garcez liga para Abreu e reforça que a Delta deve pagar logo o
“compromisso” com Perillo. Garcez explicara a Perillo que a Delta não
conseguiria quitar o acerto logo. Diz Garcez, no diálogo com Abreu:
“Tive lá no Palácio, conversei com o governador lá. Falei... ‘Olha, o
compromisso que ele (Abreu) tinha feito com o senhor faltava 1 milhão e meio. (...) Ele (Abreu) vai
ver se cumpre aquele compromisso com o senhor”. Diante da pressão,
Abreu diz que tem “outros compromissos” em Mato Grosso e em Mato Grosso
do Sul. Pede tempo.
Nervoso com a lentidão de Abreu, Cachoeira resolve dar prosseguimento ao
negócio com Perillo – e cobrar depois da Delta. A partir daí, o acerto
realiza-se com rapidez. Ainda no dia 28, Garcez informa a Cachoeira que
Perillo quer cheques nominais. Combinam a entrega de três cheques para o
dia seguinte, às 14 horas: dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil,
depositados no dia 1o de cada mês. Em seguida, no dia 1o de março,
Cachoeira faz a operação: pede ao sobrinho que assine os cheques, avisa a
Delta e manda entregar os cheques no Palácio das Esmeraldas, sede do
governo de Goiás. Às 14h53, Garcez, que estava no Palácio, confirma a
Cachoeira que os cheques foram entregues e avisa que levará a escritura
do imóvel no dia seguinte. Doze minutos depois, Cachoei-ra já pede a
contrapartida a Garcez: “O trem da Delta, aqueles 9 milhões que o Estado
tem de pagar... Você levou para mostrar para ele (Perillo)?”.
Garcez confirma: “Tá comigo aqui. Oito milhões, quinhentos e noventa e
dois, zero quarenta e três”. Às 16h37, Garcez informa a Cachoeira que
está no gabinete do governador, entregando os cheques. Em seguida,
Garcez comunica a Abreu que os problemas da Delta acabaram. “(Perillo)falou
que vai resolver: ‘Não, pode deixar que isso aqui eu resolvo’”. E
resolveu: ainda no dia 1o de março, o governo de Goiás liberou R$ 3,2
milhões para a conta da Delta. No dia seguinte, o cheque de R$ 500 mil
foi depositado na conta de Perillo.
No dia 3 de março, Cachoeira comemora com Abreu a “porta aberta” com Perillo. “Ele (Perillo)engoliu aqueles 500 mil... Ele (Perillo) responde
em tudo, deu as contas para pagar”, afirma Cachoeira. Cachoeira pediu a
seu sobrinho Leonardo Ramos, que costuma assessorá-lo, para que
preparasse um contrato de compra e venda no nome de um laranja – e
começou a chamar amigos para conhecer a linda casa que comprara de
Perillo. No dia 25 de março, o governo de Goiás liberou mais um
pagamento de R$ 3,2 milhões para a conta da Delta. Enquanto os
pagamentos caíam nas contas da Delta, a Delta cobria, por meio de uma
empresa laranja, os cheques dados por Cachoeira.
O segundo cheque de R$ 500 mil foi compensado no dia 4 de abril.
Cachoeira, sempre zeloso, checava tudo com seu contador. No dia 29 de
abril, antes da compensação do último cheque, no valor de R$ 400 mil,
Abreu voltou a reclamar com Cachoeira que as faturas da Delta haviam
sido retidas novamente. Abreu foi claríssimo na contrapartida necessária
para pagar o último cheque: “Deixa eu te contar uma amarelada que eu
dei aqui. Wladmir (Garcez) tá
me rodeando aqui. Eu falei: ‘Wladmir, tá bom: que dia vai me pagar? Tá
prometido até sexta que vem, tá? Então vamos fazer o seguinte: eu pago
os 400. Se ele (Perillo) não me pagar até sexta (...) você me devolve os
400’. Aí ele amarelou aqui”. Os dois reclamaram da demora de Perillo.
Cachoeira disse: “Agora tem de tolerar porque nós já pusemos o pé na
jaca”. Eles reclamam, reclamam, reclamam... mas no fim pagam. No dia 2
de maio, Cachoeira ordenou a seu contador que contatasse o pessoal de
Perillo e descontasse o último cheque. “Aquele lá (o cheque) não podia
falhar de jeito nenhum, né?”, diz o contador. O cheque foi descontado. E
o que aconteceu? O governo de Goiás liberou mais uma parcela de R$ 3,2
milhões para a conta da Delta.
Não demorou para Cachoeira perceber que morar na antiga casa do
governador de Goiás lhe traria problemas. Num diálogo com sua mulher,
Andressa Mendonça, em 17 de maio (leia na página ao lado), Cachoeira
compartilhou seu temor por telefone: “Esse trem não vai dar certo (da casa).
Vão acabar sabendo que é minha”. Cachoeira começou, então, a procurar
um modo de se desfazer do imóvel, apesar dos protestos de Andressa, que
já decorara a casa e adorava o lugar. As conversas interceptadas pela PF
mostram em detalhes como Cachoeira repassou a casa para um terceiro, o
empresário Walter Santiago, sem aparecer. Para isso, recorreu à ajuda de
Garcez, que coordenou a transação. Garcez assegurou ao empresário que a
casa era de Perillo. No dia 12 de julho, Walter Santiago, rodando num
carro blindado, encontrou-se com Garcez e lhe entregou R$ 2,1 milhões em
dinheiro vivo. Cachoeira orientou Garcez pelo telefone: “Manda trazer o
dinheiro aqui no Excalibur (prédio onde mora Cachoeira), entendeu? Manda o professor(Walter Santiago) trazer no Excalibur, porque ele tá com carro blindado”.
Em seguida, Garcez informou a Cachoeira que Lúcio Fiúza, então assessor
especial de Perillo, estava com eles no carro. Responde Cachoeira:
“Então pega tudo e vem para casa. Dá só os quinhentos na viagem para o
doutor Lúcio. (...) Já fala para o doutor Lúcio pegar os cem também (parte do assessor de Perillo). É dois e cem, viu (R$ 2,1 milhões, o dinheiro a ser entregue)?
Pega os cem logo e já mata ele, ou então já fala a data que ele tem de
entregar”. Não fica claro se os R$ 500 mil para Fiúza referem-se à parte
de Perillo nessa segunda operação – ou se era um pagamento pendente por
outra razão. Também nessa segunda operação, Cachoeira recebeu – e
distribuiu a gente próxima a Perillo – mais dinheiro do que valia o
imóvel.
Cachoeira confirma isso num diálogo com Andressa, ainda no dia 12.
Andressa pergunta por quanto ele vendeu a casa. “Dois e cem”, diz
Cachoeira. “Esse trem é do Marconi e não ia dar certo, não. Tem de
passar logo esse trem para o nome dele (possivelmente o empresário Walter).
Porque eu vou perder um trem de bilhões por causa de um negócio à toa.”
Andressa não quer saber de negócios ou dinheiro. Quer saber da prataria
da casa e das coisas bonitas e caras que comprou para decorá-la. “Você
explicou para ele (empresário Walter) que
roupa de cama, coisa pessoal, acessório de banheiro, nada disso vai,
né?”, diz Andressa. Cachoeira se irrita: “Deixa a roupa de cama do jeito
que tá lá. Não faça isso, não. Pega as pratarias que o Wladmir escondeu
lá dentro”. “Eu não vou deixar roupa de cama de 400 fios para ele, não.
Cê tá louco?”, diz Andressa. Cachoeira, então, confessa o preço real da
casa e revela a existência da “diferença”. “Deixa do jeito que tá.
Aquilo lá custou quanto? Afinal, eu comprei ela (a casa) por mil (R$ 1 milhão), vendi por mil e quinhentos (R$ 1,5 milhão).
Tá bom, me ajudou a vender.” A conta é a seguinte, segundo a PF: o
empresário Walter Santiago pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Destes, R$
100 mil foram para Fiúza, o assessor de Perillo, R$ 500 mil para
Perillo, levados por Fiúza – e o restante, R$ 1,5 milhão, para
Cachoeira.
Segundo Perillo, a Receita Federal atestou que seu patrimônio é compatível com seus rendimentos
O que Cachoeira fez depois de receber o R$ 1,5 milhão? Ligou para a
Delta. Confirmou o recebimento do dinheiro e perguntou a Abreu se o
contador da Delta já fora avisado. Abreu disse que estava ao lado de
Carlos Pacheco, principal executivo da Delta, a quem Abreu chama de
“chefe”. Abreu disse: “Eu falei com o chefe aqui, viu, amigo? Ele falou
que era para você guardar esse dinheiro, era para você aplicar lá no
entorno (entre Brasília e Goiás),
no projeto. Que o projeto lá vai exigir uns 4 milhões e meio, mas eu
falo com você pessoalmente”. A PF não descobriu que projeto seria esse.
Mas a fala de Abreu deixa claro o que outros diálogos confirmam: a
direção da Delta nacional não só sabia das operações de Cachoeira no
Centro-Oeste, como coordenava algumas negociações. Até agora, a Delta
insiste na versão segundo a qual Abreu agia sozinho.
E manteve sua linha de defesa, após ÉPOCA questionar a empresa sobre as
novas evidências. Por meio de uma nota, a Delta afirma não ter
conhecimento da apresentação de uma fatura da empresa ao governador Marconi Perillo,
nem da visita de Wladmir Garcez ao Palácio de governo para resolver um
assunto da empreiteira. A nota também afirma: “Empresas de construção
civil que atuam no setor público, como a Delta, precisam zelar e velar
pelo recebimento pontual e em dia dos compromissos assumidos a fim de
não ocorrer solução de descontinuidade nas obras”. A empresa diz ainda
que o ex-presidente Carlos Pacheco nunca teve relação comercial com
Cachoeira e que a empresa tem prestado esclarecimentos necessários aos
órgãos instituídos.
Perillo também preferiu não prestar esclarecimentos a ÉPOCA. Não
respondeu às perguntas sobre eventuais conversas para discutir
pagamentos da Delta e sobre a relação desses pagamentos com a venda da
casa. Em nota, limitou-se a dizer que “prestou, por meses a fio, todos
os esclarecimentos solicitados pela imprensa, pela sociedade e pela
CPI”. Perillo criticou ainda o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da
CPI do Cachoeira. Disse que o deputado quer transformar a CPI numa
“comissão de investigação do governador Marconi Perillo”. Diz ainda a
nota: “No exaustivo crivo a que foi submetido, nenhum fato se encontrou
que possa desabonar sua biografia (de Marconi Perillo) de cidadão ou de
homem público. Ao contrário, a Receita Federal, por exemplo, emitiu nota
técnica na qual atesta que o patrimônio do governador é compatível com
seus rendimentos. Portanto, o governador Marconi Perillo informa que,
considerando já devidamente esclarecidos os assuntos de fato relevantes,
não se pronunciará mais a respeito de questões atinentes a sua vida
privada, reservando essa providência, como é natural, unicamente para os
assuntos relacionados a suas atividades como governador do Estado”.
Perillo depôs na CPI do Cachoeira há um mês, quando começavam a se
acumular evidências de que ele mantinha relações com a empreiteira Delta
e com Cachoeira. Na ocasião, foi claro: “O senhor Carlos Cachoeira não
teve a menor participação na venda da casa. (A venda da casa) foi feita de forma transparente ao atual empresário Walter Paulo. (...) Os valores (da venda da casa)foram
de acordo com o mercado”. Até agora, desconfiava-se que as três
afirmações não eram verdadeiras. Agora, com o relatório da PF, sabe-se
que são falsas: Cachoeira participou da compra da casa, a operação
aconteceu na sombra e o valor da venda foi superior ao de mercado.
Perillo também disse à CPI: “De forma desavisada ou maldosa, vejo, aqui
ou acolá, afirmações de que o senhor Carlos Augusto, o Cachoeira, teria
influência em meu governo”. Os diálogos interceptados pela PF e a
cronologia do pagamento das faturas à Delta revelam que Cachoeira tinha,
sim, influência. Outra frase de Perillo: “Falaram (nos diálogos até então divulgados) sobre
seus planos (da turma de Cachoeira), mas nada se concretizou. Nada!
Reafirmo: nada se concretizou”. Aqui, mais uma vez, as cobranças da
Delta ao amigo de Perillo, os cheques compensados nas contas de Perillo e
o consequente pagamento das faturas da Delta apontam o contrário. Por
fim, Perillo bradou na CPI: “Não tem propina no meu Estado”. É uma
afirmação ousada. Os delegados da Polícia Federal e a Procuradoria-Geral
da República, ao que parece, discordam.