Durante
a realização da 64ª Reunião Anual da SBPC na UFMA, com o tema: Ciência, Cultura
e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza. Focando a questão da inclusão
social, e aqui abrimos um parênteses para a inclusão religiosa onde se abriu um
espaço no Departamento de Ciências Humanas – CCH.
Neste
espaço as comunidades de terreiros se fazem presentes na SBPC para divulgar ao
público presente que a religião de matriz africana é professada no Maranhão.
Terreiro de Mina - Altar.
No
Hall Principal do CCH, foi montado um altar de terreiro de mina. Trouxeram:
Batais, Tambores de toque, Ogam (ferro) e os Gues (cabaças) todos instrumentos
usados para invocarem os Voduns.
Terreiro de Mina. Gues (Cabaças).
Estão
expostas também as vestimentas utilizadas nos rituais desta religião de matriz africana,
com muitos praticantes no Maranhão, porém ainda marginalizada e perseguida,
pelos praticantes da fé cristã.
Vodunses do Tambor de Mina
Vodunses do Tambor de Mina
Tobossi do Tambor de Mina
Vodunses do Tambor de Mina
Em
destaque no altar representado no pátio do CCH, vê-se o Pote de Barro e um
Alguidar, tendo estas duas peças toda uma simbologia.
Terreiro de Mina - Pote.
O
Pote por ser um recipiente onde se acondiciona à água fonte de vida, tem no
terreiro de mina o papel de representar o útero materno, a essência da vida e
a pureza da alma e do corpo. Todo “os
trabalhos” no terreiro de mina começa e terminam com o uso da água
acondicionada neste pote.
Terreiro de Mina - Alguidar
O
Alguidar de barro, é usado nos banhos sagrados com amancí (Chá de Folhas). Esta
vasilha é também utilizada para servir os alimentos usados nos rituais.
As
informações acima foram repassadas pelo Miguel (98) 9618-5781, que é Sacerdote
Afro-religioso do Tambor de Mina. Além de ser um dos coordenadores do FERMA
(Fórum Estadual e Religiões de Matriz Africana) e compor ainda o Coletivo de
Entidades Negras do Maranhão.
Em plena campanha eleitoral, ela foi derrubada por
reportagem de Veja que dizia que funcionários do Planalto recebiam
propina dentro da Casa Civil e por outra da Folha que apontava lobby
bilionário no BNDES em favor de um estranho personagem chamado Rubnei
Quícoli; era tudo mentira.
25 de Julho de 2012 às 07:18
247 – Tida como braço direito e “irmã” da
presidente Dilma Rousseff, a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra,
foi alvo de um tiroteio pesado durante a campanha presidencial de 2010.
Contra ela, havia canhões apontados pela revista Veja e pela Folha de S.
Paulo.
Da Abril, partiu uma das mais estranhas reportagens da história
recente. Chamava-se “Caraca, que dinheiro é esse?” e relatava entregas
de pacotes de até R$ 200 mil, dentro da Casa Civil, que era comandada
por Erenice Guerra. Tudo a partir de relatos em off.
Eurípedes
Alcântara, publicou até um editorial chamado “O dever de publicar”, em
que afirmava que o papel da imprensa era ter coragem de noticiar – mesmo
que pudesse vir a ser acusada de tentar influir em resultados
eleitorais. Mais recentemente, soube-se que Veja engavetou uma
entrevista com José Roberto Arruda, também no período eleitoral, porque o
ex-governador do Distrito Federal acusava o ex-senador Demóstenes
Torres de tentar obter vantagens no GDF.
Da Folha, as acusações também foram inacreditáveis. Um sujeito que se
apresentava como consultor, chamado Rubnei Quícoli, mas tinha extensa
ficha criminal, afirmava que o filho de Erenice lhe cobrava uma propina
de 5% para liberar um empréstimo bilionário no BNDES para uma empresa de
fundo de quintal.
Para evitar danos maiores à campanha presidencial, Erenice Guerra foi
demitida, ainda que as acusações fossem totalmente inconsistentes.
Nesta quarta-feira, no entanto, a mesma Folha que ajudou a derrubá-la
noticia que o inquérito foi arquivado pela Justiça Federal. O motivo:
falta de provas.
Este caso chegou até a ser abordado pelo ex-presidente Lula, numa
crítica recente ao comportamento eleitoral de parte da imprensa.
“Erenice foi execrada, acusada de tudo quanto é coisa”, disse ele.
“Quando terminou a campanha, o acusador em Campinas retirou a acusação
na primeira audiência e a imprensa, que a massacrou, não teve coragem
sequer de pedir desculpas à companheira Erenice”.
Na reportagem desta quarta-feira, a Folha reconhece que “o escândalo
tirou votos de Dilma e acabou contribuindo para levar a eleição ao
segundo turno”.
Especialistas do Instituto Internacional
de Investigação SETI alertam para a aproximação rápida da Terra de três
objetos gigantes não identificados, que poderão ser provenientes de
outros planetas.
Ainda continuam vivos na memória os filmes do Discovery Channel com declarações chocantes de Stephen
Hawking, um dos mais influentes e conhecidos físicos teóricos. O
cientista e prémio Nobel fez uma declaração sensacional em que disse que
os extraterrestres, muito provavelmente, existem mesmo, implorando à
humanidade não tentar entrar em contato com eles.
Não é a primeira vez queStephen
Hawking discorre sobre mundos extraterrestres. Ele se tornou famoso
graças ao livro “Breve História do Tempo” sobre a origem do Universo. Na
nova série, Stephen
Hawking declara que existem outras formas de vida em muitos cantos do
Universo mas que os extraterrestres podem simplesmente utilizar a Terra
como fonte de recursos para a conquistar e continuar o seu caminho.
Os
americanos já começaram a estudar o problema da identificação de
criaturas alienígeras, por enquanto só a nível genético. Garry Rafkan,
professor de Genética da Escola de Medicina de Harvard, desenvolveu um
chip capaz de determinar a existência de fragmentos de ADN
extraterrestre. O chip deverá ser utilizado nos equipamentos de
investigação do futuro rover marciano (veículo robótico).
A
poeira do planeta vermelho cairá em uma solução especial que será
submetida a ultrassons para eliminar quaisquer vestígios orgânicos e
depois analisada para detetar a existência de ADN.
Receberos “homenzinhosverdes”
Há
muitas décadas que a Humanidade anda procurando vida extraterrestre. Os
investigadores americanos resolveram, para fundamentar a necessidade
das buscas de seres racionais extraterrestres, utilizar o paradoxo do
conhecido físico Enrico Fermi, ou seja, a contradição entre a grande
probabilidade de existência de vida racional no Universo e a ausência de
sinais visíveis desta existência. O cientista colocou esta pergunta
simples: “Se existem tantas civilizações fora da Terra, onde estão
elas?”.
Os americanos propuseram uma forma de
resolver este paradoxo. Eles estabeleceram que, se partirmos do tempo
médio de vida de uma civilização na nossa galáxia de mil anos (os
habitantes da Terra só enviam sinais de rádio para o cosmos há 100
anos), na Via Láctea podem existir mais de 200 civilizações sem saberem
da existência umas das outras. Os ingleses foram ainda mais longe. Na
Universidade de Edimburgo consideram que na nossa galáxia existem pelo
menos 361 civilizações de seres racionais e que o seu número máximo
poderá atingir 38.000.
Os sucessos na teoria inspiram
não só os cientistas do SETI mas também milhões de voluntários em todo o
mundo, que desde os anos 1960 tentam captar sinais de rádio vindos de
outros mundos.
Em 1977, o radiotelescópio da
Universidade de Ohio recebeu um sinal que demorou cerca de 37 segundos. O
sinal era proveniente da constelação de Sagitário e era o mais potente
dos captados até então. Em 2004, o radiotelescópio em Arecibo (Porto
Rico) transmitiu um sinal que viria a receber o nome de SHGb02+14ª e que
tinha origem numa zona do Universo em que a constelação de Carneiro faz
fronteira com a constelação de Peixes.
Os últimos
dados publicados em 2008 pelos cientistas americanos envolvidos no
Programa de Busca de Civilizações Extraterrestres, podem bem ser
considerados sensacionais. Uma das constelações próximas da Terra pode
ser uma cópia quase perfeita do nosso Sistema Solar nos primórdios de
seu desenvolvimento. Desta forma, não é de excluir que o homem tenha
copiado a certa altura um ser que vivera há milhões de anos em mundos
distantes.
O químico sueco Svante Arrhenius, um dos
primeiros galardoados com o prémio Nobel, no fim do século XIX, avançou a
ideia da Panspermia, segundo a qual a vida na Terra poderia ter sido
trazida do Espaço. A ciência oficial do século XX ignorou esta hipótese.
Mas agora muitos conhecidos físicos teóricos da Europa e da Rússia
estão estudando o problema de a vida na Terra poder ter tido origem em
seres de outros planetas, refutando a teoria “oficial” de que a Terra é o
centro do Universo e que este “gira” à volta do nosso planeta. Na
Rússia, a teoria da origem “não terrena” da vida foi fundamentada por
investigadores do Instituto de Espectroscopia da Academia das Ciências.
Do
ponto de vista filosófico, se pode preconizar que os extraterrestres
queiram prolongar sua vida e transmitir os conhecimentos acumulados.
Para tal, os seres de outros planetas teriam mais vantagem em espalhar
na galáxia centenas de milhares de toneladas de biomoléculas-biocápsulas
de ADN, que contêm toda a informação sobre o tipo de vida a que
pertencem. Um tal tipo de “troca” de informação é vantajoso do ponto de
vista energético. As partículas de ADN enviadas para o Espaço à
velocidade cósmica de dezenas de quilómetros por segundo, são
disseminadas na Galáxia durante alguns milhões de anos – um prazo
“adequado para ser percecionado”. Pelo contrário, um sinal
eletromagnético, que “voa” à velocidade da luz, espalha-se demasiado
depressa e contem bastante menos informação.
Naturalmente
que parte dos “mensageiros” se irá perder: ficará presa no cam po
gravitacional sendo posteriormente queimada, uma parte se destruirá em
resultado de explosões em estrelas supernovas. Mesmo assim, uma parte
pode chegar aos planetas com condições mais favoráveis como a Terra. Se o
planeta for adequado, o sinal biológico não se perderá. Tendo atingido,
por exemplo, água a determinada temperatura, o “sinal” começa se
desenvolvendo. No ADN está concentrada uma informação colossal: 110
unidades de alfabeto genético de três “letras” – os nucleótidos. É
praticamente impossível imaginar todas as possíveis combinações. É assim
que começa a vida. Os especialistas em Genética Molecular afirmam que
só cerca de 5% do ADN humano possuem informação útil. Os outros 95%, a
parte “em excesso”, encerram o mistério da origem da vida, incluindo a
informação útil e necessária para o ulterior desenvolvimento da
Humanidade.
Parece que, tendo alcançado o nível de
desenvolvimento desses seres, nós, humanos, poderíamos levar a cabo a
mesma operação de disseminação da vida para os próximos milhões de anos.
Há
ainda um outro importante testemunho de que a vida na Terra foi trazida
do Espaço. As últimas investigações microbiológicas do Instituto russo
de Medicina Espacial mostram que a vida surge logo que existem as
necessárias condições para tal. Se tivermos em conta que a idade
estabelecida do primeiro gene na Terra é de 3,8 bilhões de anos e que a
idade geológica da Terra é de 4,6 bilhões de anos, vemos que as duas
datas são muito próximas, o que nos torna, a mim e a você, verdadeiros
extraterrestres.
Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, filósofo e professor
da USP alerta para o fato de termos uma polícia que mata de maneira
assustadora e, mesmo assim (ou melhor, por isso mesmo), não é capaz de
dar sensação de segurança.
24 de Julho de 2012 às 08:57.
247 - Em artigo publicado na edição desta terça-feira da Folha de S.Paulo,
o filósofo e professor da USP Vladimir Safatle coloca em debate a
extinção da Polícia Militar em São Paulo, logo após a morte de um
publicitário por três agentes da corporação. Em seu argumentos, Safatle
alerta para o fato de não adiantar pedir melhor "formação" da PM, pois
dentro da lógica militar, as ações são plenamente justificadas. Leia
abaixo o artigo na íntegra:
Pela extinção da PM
No final do mês de maio, o Conselho de Direitos Humanos da ONU
sugeriu a pura e simples extinção da Polícia Militar no Brasil. Para
vários membros do conselho (como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul),
estava claro que a própria existência de uma polícia militar era uma
aberração só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se
das amarras institucionais produzidas pela ditadura.
No resto do mundo, uma polícia militar é, normalmente, a corporação
que exerce a função de polícia no interior das Forças Armadas. Nesse
sentido, seu espaço de ação costuma restringir-se às instalações
militares, aos prédios públicos e aos seus membros.
Apenas em situações de guerra e exceção, a Polícia Militar pode
ampliar o escopo de sua atuação para fora dos quartéis e da segurança de
prédios públicos.
No Brasil, principalmente depois da ditadura militar, a Polícia
Militar paulatinamente consolidou sua posição de responsável pela
completa extensão do policiamento urbano. Com isso, as portas estavam
abertas para impor, à política de segurança interna, uma lógica militar.
Assim, quando a sociedade acorda periodicamente e se descobre vítima
de violência da polícia em ações de mediação de conflitos sociais (como
em Pinheirinho, na cracolândia ou na USP) e em ações triviais de
policiamento, de nada adianta pedir melhor "formação" da Polícia
Militar.
Dentro da lógica militar, as ações são plenamente justificadas. O
único detalhe é que a população não equivale a um inimigo externo.
Isto talvez explique por que, segundo pesquisa divulgada pelo Ipea,
62% dos entrevistados afirmaram não confiar ou confiar pouco na Polícia
Militar. Da mesma forma, 51,5% dos entrevistados afirmaram que as
abordagens de PMs são desrespeitosas e inadequadas.
Como se não bastasse, essa Folha mostrou no domingo que, em cinco
anos, a Polícia Militar de São Paulo matou nove vezes mais do que toda a
polícia norte-americana ("PM de SP mata mais que a polícia dos EUA",
"Cotidiano").
Ou seja, temos uma polícia que mata de maneira assustadora, que age
de maneira truculenta e, mesmo assim (ou melhor, por isso mesmo), não é
capaz de dar sensação de segurança à maioria da população.
É fato que há aqueles que não querem ouvir falar de extinção da PM
por acreditar que a insegurança social pode ser diminuída com
manifestações teatrais de força.
São pessoas que não se sentem tocadas com o fato de nossa polícia
torturar mais do que se torturava na ditadura militar. Tais pessoas
continuarão a aplaudir todas as vezes em que a polícia brandir
histericamente seu porrete. Até o dia em que o porrete acertar seus
filhos.
Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo).
Em 2010, esse percentual era de 65,53%. No ano passado, a parcela de inadimplentes subiu para 76,88%.
O imparcial - Publicação:23/07/2012 16:40 A pesquisa que traça a "Radiografia do endividamento das famílias nas capitais brasileiras",
elaborada e divulgada pela Federação do Comércio de São Paulo, na
última semana, aponta São Luís entre as capitais com maior número de
famílias endividadas do país. Os dados demonstram que, em 2010, esse
percentual era de 65,53%. No ano passado, a parcela de inadimplentes
subiu para 76,88%.
Os resultados do documento apontam os principais indicadores de endividamento, revelando as dez capitais com taxas e valores
mais relevantes, divididas entre as cinco com os maiores resultados e
as cinco com os menores resultados. O documento mostra o comportamento
das principais variáveis que compõem o sistema de operações de
empréstimos no Brasil nos dois últimos anos.
São
Luís aparece entre as capitais que possuem os maiores índices do país.
Quanto às principais variáveis de crédito nas capitais, ela aparece em
primeiro lugar no ranking, entre as demais do Nordeste, em número de
famílias endividadas.
Na comparação
da variável entre a média de 2010 e 2011, a capital maranhense aparece
com 18,75%. A dívida mensal das famílias na cidade é de R$ 1.174. Em
2010 eram 170,5 mil famílias com dívida. No ano passado, esse número
subiu para 202,5 mil.
Para José Arteiro da
Silva, presidente da Fecomércio/MA, esse número demonstra a facilidade
de acesso ao crédito e a falta de política educativa. "Não adianta
praticar atos além do orçamento mensal porque vai sair mais caro. Antes
de efetuar uma compra, o cliente precisa estudar seu orçamento para
saber se vai honrar o débito, sob o risco de cair na inadimplência.
Tornando-se inadimplente e entrando no cadastro nacional de proteção ao
crédito interfere na vida de compra do cliente e venda do comércio", ressaltou.
Em alguns casos, vale a pena adiar a compra por alguns meses para garantir o crédito e a adimplência.
Sobre
a contribuição dos cartões de crédito para esse crescimento da dívida,
José Arteiro defende a necessidade de saber utilizar essa ferramenta.
"Os cartões não favorecem a inadimplência. Eles servem para auxiliar o
cliente, é um dinheiro mundial, aceito em qualquer lugar. O que devemos
orientar o maranhense é que mesmo encontrando facilidade, sempre avaliar
se o gasto vai caber no orçamento", completou.
Nacional. Na
média das capitais, ocorreu um aumento de 6,39% no número de famílias
endividadas, o que corresponde, em números absolutos, a mais de 525 mil
famílias com dívida. Desta forma, o total de famílias endividadas saltou
de 58,58% para 62,5%.
O volume total das dívidas mensais desse
contingente de famílias endividadas passou de R$ 12,1 bilhões para R$
13,5 bilhões, em valores atualizados, representando um aumento médio
real de 11,57%, taxa essa muito próxima ao crescimento real médio do
volume de crédito para pessoas físicas em todo Brasil, informada pelo
Banco Central para o ano passado (11%).
Como resultado disso, o valor
médio real da dívida mensal das famílias passou de R$ 1.470 em 2010
para R$ 1.543 em 2011, aumento de 4,87%. Esse aumento acabou sendo
totalmente neutralizado em termos de elevação de inadimplência pelo
aumento na massa real de rendimentos que cresceu justamente 5% em média
em 2011, segundo a PME, do IBGE.
No
final do mês de maio, o Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu a
pura e simples extinção da Polícia Militar no Brasil.
Para vários
membros do conselho (como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul), estava
claro que a própria existência de uma polícia militar era uma aberração
só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se das
amarras institucionais produzidas pela ditadura.
No
resto do mundo, uma polícia militar é, normalmente, a corporação que
exerce a função de polícia no interior das Forças Armadas. Nesse
sentido, seu espaço de ação costuma restringir-se às instalações
militares, aos prédios públicos e aos seus membros.
Apenas
em situações de guerra e exceção, a Polícia Militar pode ampliar o
escopo de sua atuação para fora dos quartéis e da segurança de prédios
públicos.
No
Brasil, principalmente depois da ditadura militar, a Polícia Militar
paulatinamente consolidou sua posição de responsável pela completa
extensão do policiamento urbano. Com isso, as portas estavam abertas
para impor, à política de segurança interna, uma lógica militar.
Assim,
quando a sociedade acorda periodicamente e se descobre vítima de
violência da polícia em ações de mediação de conflitos sociais (como em
Pinheirinho, na cracolândia ou na USP) e em ações triviais de
policiamento, de nada adianta pedir melhor "formação" da Polícia
Militar.
Dentro
da lógica militar, as ações são plenamente justificadas. O único
detalhe é que a população não equivale a um inimigo externo.
Isto
talvez explique por que, segundo pesquisa divulgada pelo Ipea, 62% dos
entrevistados afirmaram não confiar ou confiar pouco na Polícia Militar.
Da mesma forma, 51,5% dos entrevistados afirmaram que as abordagens de
PMs são desrespeitosas e inadequadas.
Como
se não bastasse, essa Folha mostrou no domingo que, em cinco anos, a
Polícia Militar de São Paulo matou nove vezes mais do que toda a polícia
norte-americana ("PM de SP mata mais que a polícia dos EUA",
"Cotidiano").
Ou
seja, temos uma polícia que mata de maneira assustadora, que age de
maneira truculenta e, mesmo assim (ou melhor, por isso mesmo), não é
capaz de dar sensação de segurança à maioria da população.
É
fato que há aqueles que não querem ouvir falar de extinção da PM por
acreditar que a insegurança social pode ser diminuída com manifestações
teatrais de força.
São
pessoas que não se sentem tocadas com o fato de nossa polícia torturar
mais do que se torturava na ditadura militar. Tais pessoas continuarão a
aplaudir todas as vezes em que a polícia brandir histericamente seu
porrete. Até o dia em que o porrete acertar seus filhos.
Soldado Fabiana de Souza morre com tiro de fuzil no peito; é a primeira morte de policial numa favela pacificada.
Diego Barreto - Jornal O Globo.
Bandidos
atacaram a tiros ontem à noite a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
da Nova Brasília, no Complexo do Alemão.
A soldado Fabiana Aparecida de
Souza, de 30 anos, que estava no segundo andar da sede da unidade, foi
atingida e morreu.
É a primeira morte de policial numa favela
pacificada. Segundo policiais, bandidos metralharam a base da UPP.
Favela Nova Brasilia - PACIFICADA?
Fabiana estaria pedindo ajuda pelo rádio quando foi baleada no peito. O
tiro de fuzil teria perfurado o colete à prova de balas que ela usava.
A
policial chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
da Estrada do Itararé, mas não resistiu aos ferimentos. A morte de
Fabiana seria a primeira de uma policial durante um confronto.
Um
outro policial, ainda não identificado, ficou ferido no ataque, que
aconteceu por volta das 20h30m. Meia hora antes, policiais já haviam
trocado tiros com bandidos num confronto na localidade conhecida como
Pedra do Sapo, também no Alemão. Oito homens teriam enfrentado uma dupla
de policiais. Ninguém ficou ferido nesse primeiro conflito.
Ainda
segundo a polícia, o soldado ferido foi levado para o Hospital Estadual
Getúlio Vargas, na Penha. A PM pediu reforços e viaturas de diversas
unidades, como Batalhão de Choque, 22, BPM (Maré) e 16, BPM (Olaria),
foram deslocadas para o Alemão. As equipes ocuparam a Estrada do
Itararé, um dos acessos ao complexo. Um veículo blindado também foi para
o local.
Em
nota, a Secretaria de Segurança confirmou o ataque às forças policiais
da UPP da Nova Brasília e a morte da policial. Segundo a nota, a sede
administrativa e o contêiner de apoio da unidade foram alvejados.
Fabiana ingressou há um ano e quatro meses na PM. O trabalho na UPP da
Nova Brasília foi o primeiro da policial, que morava no interior do
estado, era solteira e não tinha filhos.
Não
é a primeira vez que bases da polícia no Alemão são alvos de tiros. Há
uma semana, policiais da unidade da Fazendinha, também no complexo,
foram atacados duas vezes por bandidos num período de 24 horas. Segundo a
PM, os ataques aconteceram quando agentes faziam patrulhamento de
rotina na comunidade. Em um dos confrontos, os criminosos chegaram a
jogar uma granada contra os policiais. O artefato explodiu perto da
viatura, mas não houve feridos. Na fuga, os suspeitos deixaram para trás
quatro granadas caseiras e drogas.
Em
17 de junho passado, bandidos já haviam atirado contra policiais da UPP
da Nova Brasília. Segundo contou na ocasião o comandante da unidade,
Marcio Rodrigues, os PMs estavam na laje de uma casa na Rua Nova,
checando denúncia sobre drogas, quando ouviram os disparos. Ninguém
chegou a ser atingido pelos tiros. Os policiais encontraram cápsulas
deflagradas no entorno da casa, onde foram encontradas drogas e dois
radiotransmissores. Na época, o conflito foi relatado por moradores no
Twitter.
Ainda
em junho, uma equipe da UPP da Fazendinha foi alvo de disparos. De
acordo com a Polícia Militar, bandidos atiraram contra um veículo da
corporação, mas nenhum policial se feriu. Os agentes fizeram buscas pela
comunidade para encontrar os suspeitos, mas ninguém foi localizado. A
Fazendinha foi uma das primeiras regiões do Complexo do Alemão a receber
uma UPP, em abril.
O
Alemão está ocupado desde novembro de 2010. O Exército controlou as
favelas do complexo por 19 meses até a PM assumir toda a região no
início deste mês. A UPP da Nova Brasília foi inaugurada em 18 de abril,
mas o edifício-sede da unidade só começou a funcionar no último dia 9.
Em todo o complexo, já estão operando seis unidades. Duas outras — Vila
Cruzeiro e Parque Proletário, na Penha — devem ser inauguradas nas
próximas semanas. Em toda a cidade, já há 25 UPPs.