domingo, 12 de fevereiro de 2012

Brasil. Combate à greve chega ao conselho político.

Correio Braziliense.  


Na primeira reunião com aliados, a presidente Dilma Rousseff vai tratar da crise deflagrada pelos policiais baianos. A intenção é manter a firmeza mesmo com o fim do movimento.

Paulo de Tarso Lyra


Edson Luiz


O primeiro conselho político do ano, marcado para a próxima terça-feira, irá discutir a crise na segurança pública deflagrada a partir da greve dos policiais militares da Bahia. A presidente Dilma Rousseff vai debater com os presidentes e líderes de partidos da base aliada propostas para que essa situação não se repita pelo país. Além de aproveitar o episódio para dar uma "nova cara" ao conceito de segurança pública, o governo vai lembrar que o problema é muito mais grave do que uma simples questão salarial, englobada na PEC 300. "Temos que discutir o país sob a nova ótica em que estamos vivendo agora", defendeu o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).

A PEC 300, que ainda precisa ser votada em segundo turno no Congresso, propõe um piso unificado para bombeiros e policiais militares. Durante a paralisação na Bahia, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostraram integrantes do comando da greve baiana e fluminense dialogando com parlamentares federais sobre a viabilidade de se votar a proposta já na próxima semana. "Vamos imaginar se aprovamos a proposta. Vai ser criado um fundo federal para repassar os recursos? Digamos R$ 10 bilhões? Vai tirar de onde"? questionou Walter Pinheiro.


Os policiais baianos decidiram na noite de ontem encerrar a greve. Mas Pinheiro contou ao Correio que Jaques Wagner solicitou que a Força Nacional de Segurança permaneça no estado até o carnaval para garantir a tranquilidade dos turistas e foliões. 


A mesma estratégia — de deixar claro que não serão tolerados abusos por parte de policiais e bombeiros — será utilizada no Rio. Apesar de o governador Sérgio Cabral ter afirmado que não precisa da ajuda federal para conter a paralisação dos profissionais de segurança pública, pelo menos 14 mil homens das Forças Armadas estão prontos para serem enviados ao estado caso seja necessário, especialmente durante os dias de folia.

Disponíveis.
O Ministério da Justiça também tem um efetivo de policiais da Força Nacional e pode deslocar de imediato 350 militares. Fontes da pasta, no entanto, ressaltam que a corporação não está de prontidão, mas "disponível" para agir em caso de necessidade. Ontem, o comandante do Exército, Enzo Peri, reuniu-se com o ministro da Defesa, Celso Amorim, para discutir a crise.


Entre parlamentes, a paralisação das polícias fez crescer o debate de que não é possível depositar apenas na PEC 300 a esperança para resolver os problemas com as corporações. "A votação parou não porque os parlamentares estão insensíveis às reivindicações, mas porque os governadores pressionaram suas bancadas a interromper o processo", avalia Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB na Câmara. Ele lembra os cálculos apresentados pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), mostrando que precisaria de pelo menos R$ 1 bilhão a mais para cobrir essa conta. "Em um cenário de crise financeira internacional se agravando, seria uma loucura pensarmos nisso agora."


Para o senador petista Walter Pinheiro, é preciso retomar debates estruturantes, que, por descaso ou falta de tempo hábil, acabam sendo deixados de lado. Um deles é a regulamentação do direito de greve no funcionalismo e entre os militares. "Legalmente, eles não podem fazer greve. Poderão fazer daqui por diante? Vamos querer debater um novo estatuto para bombeiros, policiais militares e civis? Se não pensarmos nisso, a situação vai virar uma bola de neve", ponderou o líder petista.


Impeachment
Um vídeo divulgado no site do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro mostrou ontem que as reivindicações da corporação têm um tom político. Gravado pelos próprios militares, o vídeo mostra uma assembleia da categoria realizada em 30 de setembro de 2011, comandada pelo cabo Benevenuto Daciolo. De microfone em punho, ele afirma: "Se amanhã, o governador vier nos propor colocar R$ 4 mil, o que nós vamos dizer?" indagou. Para, em seguida, comandar os gritos do grupo: "Fora Cabral, fora Cabral". Os bombeiros reivindicam um piso salarial de R$ 3,5 mil.





Fonte: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
 

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