Alex Rodrigues - Repórter Agência Brasil.
Brasília – A Polícia Civil de Ponta Porã instaurou inquérito para
investigar a morte do jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, de 51
anos. Paulo Rocaro, como o jornalista era conhecido, morreu na madrugada
de hoje (13), após ser baleado em plena região central de Ponta Porã,
em Mato Grosso do Sul, cidade de 61 mil habitantes a 326 quilômetros da
capital, Campo Grande, e separada por apenas uma rua do município
paraguaio de Pedro Juan Caballero.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado na 1ª Delegacia
Policial de Ponta Porã, Rocaro dirigia seu carro quando, por volta das
23h30 de ontem (12), foi atacado por dois motociclistas que dispararam
12 tiros e fugiram. Atingido por ao menos cinco tiros, o jornalista foi
socorrido por homens do Corpo de Bombeiros e levado para o hospital mais
próximo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 5h30
desta madrugada. No local do crime, a polícia encontrou várias cápsulas
de projéteis de arma de fogo calibre 9 milímetros.
Para o delegado Clemir Vieira Júnior, a morte do jornalista tem claros
sinais de ser um crime encomendado. “Não descartamos nenhuma hipótese,
mas as características são de crime de pistolagem. Os motociclistas
chegaram atirando e fugiram sem levar nada”, disse o delegado à Agência Brasil.
A Polícia Civil vai ouvir parentes, amigos e colegas de trabalho de
Rocaro para tentar obter informações que ajudem a identificar os
responsáveis pelo crime. Pessoas que presenciaram o atentado disseram
não ser capazes de identificar os motociclistas. As imagens de câmeras
de prédios nas imediações do atentado, na Avenida Brasil, também não
foram reveladoras.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados, Karine
Segatto, declarou não ter dúvidas de crime encomendado, embora não ter
ideia da motivação. "Não havia razão para alguém querer se vingar dele
por causa de matérias publicadas. Até onde sabemos, ele jamais foi
ameaçado de morte. Como estamos em uma região de fronteira, onde há
muitos interesses em jogo, chegamos a cogitar que o real objetivo [de
quem planejou o atentado] seja mandar um recado a alguém".
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul
(Sindjor) manifestou pesar pela morte de Rocaro e cobrou rapidez no
esclarecimento do crime e na punição dos culpados. Em nota, a entidade
diz que a vítima era conhecida pelos colegas como um defensor da
categoria que sempre esteve preocupado com questões como qualidade do
trabalho jornalístico, segurança dos profissionais, capacitação e
condições de trabalho. A Subseção da Ordem dos Advogados (OAB) no estado
informou que irá acompanhar o caso, mas só vai se manifestar após os
esclarecimentos dos motivos do crime.
Além de fundador do site Mercosulnews, Rocaro era editor chefe do Jornal da Praça,
onde trabalhava há quase 30 anos. Segundo documentos da Vara do
Trabalho de Ponta Porã e da Justiça Federal, até recentemente o
empresário Fahd Jamil estava entre os acionistas do jornal. Conhecido
como o Rei da Fronteira, em 2005 Jamil foi condenado, à revelia, a 20
anos de prisão por tráfico internacional de drogas. Desde então, está
foragido. O que não impediu a 3ª Vara Federal Criminal de Campo Grande a
condená-lo,em 2007, a mais de 12 anos e seis meses de prisão, em regime
fechado, por sonegação fiscal.
Em 2009, Jamil foi inocentado da acusação de tráfico de drogas. Em maio
de 2011, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região reviu a pena de mais
de 12 anos por crime contra o sistema financeiro para dez anos e seis
meses. O paradeiro do empresário, contudo, ainda é ignorado. Em junho de
2011, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou habeas corpus para que ele aguardasse, em liberdade, o julgamento de seu recurso contra a condenação pelo crime de evasão de divisas.
Edição: Aécio Amado
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