quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Siria. Dois jornalistas ocidentais são mortos em bombardeio.

Colvin era uma veterana correspondente do jornal britânico 'Sunday Times'
Dois jornalistas ocidentais foram mortos nesta quarta-feira na cidade síria de Homs, atingidos por bombas que caíram num edifício da cidade, segundo relatos de opositores sírios e do governo francês.

Homs é o principal bastião de oposição ao governo sírio e um dos principais focos de confrontos entre as forças pró e contra o governo do presidente Bashar al-Assad; a cidade está há semanas sob bombardeio.
Ambos os jornalistas - Marie Colvin e Remi Ochlik - eram veteranos de coberturas de guerras, apesar de terem idades e experiências diferentes.

A norte-americana Colvin, de cerca de 50 anos, era uma premiada e respeitada correspondente do jornal britânico Sunday Times, para o qual trabalhava há duas décadas.

Na véspera de sua morte, ela havia sido entrevistada pela BBC em Homs e dissera ter visto cenas "repugnantes", como a de um bebê morto por estilhaços de bombas.

Colvin já havia reportado de zonas de conflito como Kosovo, Serra Leoa, Chechênia e diversos países árabes. Foi ferida em uma emboscada enquanto cobria os combates no Sri Lanka, em 2001, e perdeu a visão do olho direito.

"Fui estúpida (em continuar a cobrir guerras após a emboscada)?", escreveu ela no Sunday Times após o ataque. "Eu me sentiria estúpida se fosse reportar sobre a festa a que fui na noite passada." 

Em 2010, em uma homenagem a jornalistas mortos em combate, ela havia defendido que os repórteres continuassem seu trabalho em zonas de guerra, apesar dos perigos.

"Nossa missão é reportar os horrores da guerra com precisão e sem preconceitos", afirmou na ocasião, com uma ressalva: "Sempre temos que nos perguntar se o nível de risco compensa a reportagem".
Ochlik (em foto de 2005) havia sido premiado por foto tirada durante a guerra na Líbia

Prêmio na Líbia

O fotógrafo francês Remi Ochlik nasceu em 1983 em Lorraine. Começou sua carreira em 2004, cobrindo conflitos no Haiti. No ano seguinte, fundou uma agência fotográfica, a IP3 Press, em Paris.

Ochlik cobriu a guerra na República Democrática do Congo, em 2008, e regressou ao Haiti em 2010, para fotografar as eleições presidenciais e a epidemia de cólera.

No ano passado, cobriu a Primavera Árabe na Tunísia e no Egito e a guerra civil na Líbia. Foi premiado em 2012 no World Press Photo, justamente por uma imagem de um combatente rebelde líbio.

O chanceler britânico, William Hague, disse em comunicado nesta quarta-feira que a morte dos jornalistas "é um terrível lembrete do sofrimento do povo sírio - muitos deles estão morrendo diariamente".

"Marie e Remi morreram trazendo a nós a verdade sobre o que está acontecendo em Homs. Governos de todo o mundo têm a responsabilidade de agir (em resposta a) essas verdades e de redobrar nossos esforços para impedir a desprezível campanha de terror de Assad na Síria", declarou.

Ochlik e Colvin estavam, segundo relatos, abrigados em um centro de imprensa improvisado dentro de um edifício em Homs. O local foi atingido por um explosivo na manhã desta quarta, que resultou em dezenas de mortos.

Homs bombardeada nesta quarta-feira
Homs vive intensos bombardeios atribuídos
 às forças do governo de Bashar al-Assad
Testemunhas dizem que, ao tentar escapar do local, diversas pessoas foram alvejadas por disparos de foguetes. Ao menos três outros correspondentes internacionais teriam sido feridos.

Jornalistas banidos

A maioria dos jornalistas ocidentais está proibida de reportar na Síria desde o início da revolta contra o governo de Assad, há um ano. Mas muitos têm arriscado e entrado escondidos no país, com a ajuda de ativistas locais, para chegar perto dos confrontos.

No mês passado, outro jornalista francês, Gilles Jacquier, foi morto em Homs.
Na últimas semanas, os enfrentamentos e bombardeios contínuos na cidade resultaram em centenas de mortes civis.

A Cruz Vermelha pediu que o governo e os rebeldes acordem um cessar-fogo diário, para permitir que suprimentos médicos cheguem aos mais necessitados e que os civis consigam escapar. Mas não há nenhum indicativo de acordo.

Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/02/120222_jornalistas_siria_pai.shtml

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