Colvin era uma veterana correspondente do jornal britânico 'Sunday Times' |
Dois jornalistas ocidentais foram mortos nesta
quarta-feira na cidade síria de Homs, atingidos por bombas que caíram
num edifício da cidade, segundo relatos de opositores sírios e do
governo francês.
Homs é o principal bastião de oposição ao
governo sírio e um dos principais focos de confrontos entre as forças
pró e contra o governo do presidente Bashar al-Assad; a cidade está há
semanas sob bombardeio.
Ambos os jornalistas - Marie Colvin e
Remi Ochlik - eram veteranos de coberturas de guerras, apesar de terem
idades e experiências diferentes.
A norte-americana Colvin, de cerca de 50 anos, era uma premiada e respeitada correspondente do jornal britânico Sunday Times, para o qual trabalhava há duas décadas.
Na véspera de sua morte, ela havia sido
entrevistada pela BBC em Homs e dissera ter visto cenas "repugnantes",
como a de um bebê morto por estilhaços de bombas.
Colvin já havia reportado de zonas de conflito
como Kosovo, Serra Leoa, Chechênia e diversos países árabes. Foi ferida
em uma emboscada enquanto cobria os combates no Sri Lanka, em 2001, e
perdeu a visão do olho direito.
"Fui estúpida (em continuar a cobrir guerras após a emboscada)?", escreveu ela no Sunday Times após o ataque. "Eu me sentiria estúpida se fosse reportar sobre a festa a que fui na noite passada."
Em 2010, em uma homenagem a jornalistas mortos
em combate, ela havia defendido que os repórteres continuassem seu
trabalho em zonas de guerra, apesar dos perigos.
"Nossa missão é reportar os horrores da guerra
com precisão e sem preconceitos", afirmou na ocasião, com uma ressalva:
"Sempre temos que nos perguntar se o nível de risco compensa a
reportagem".
Ochlik (em foto de 2005) havia sido premiado por foto tirada durante a guerra na Líbia |
Prêmio na Líbia
O fotógrafo francês Remi Ochlik nasceu em 1983
em Lorraine. Começou sua carreira em 2004, cobrindo conflitos no Haiti.
No ano seguinte, fundou uma agência fotográfica, a IP3 Press, em Paris.
Ochlik cobriu a guerra na República Democrática
do Congo, em 2008, e regressou ao Haiti em 2010, para fotografar as
eleições presidenciais e a epidemia de cólera.
No ano passado, cobriu a Primavera Árabe na
Tunísia e no Egito e a guerra civil na Líbia. Foi premiado em 2012 no
World Press Photo, justamente por uma imagem de um combatente rebelde
líbio.
O chanceler britânico, William Hague, disse em
comunicado nesta quarta-feira que a morte dos jornalistas "é um terrível
lembrete do sofrimento do povo sírio - muitos deles estão morrendo
diariamente".
"Marie e Remi morreram trazendo a nós a verdade
sobre o que está acontecendo em Homs. Governos de todo o mundo têm a
responsabilidade de agir (em resposta a) essas verdades e de redobrar
nossos esforços para impedir a desprezível campanha de terror de Assad
na Síria", declarou.
Ochlik e Colvin estavam, segundo relatos,
abrigados em um centro de imprensa improvisado dentro de um edifício em
Homs. O local foi atingido por um explosivo na manhã desta quarta, que
resultou em dezenas de mortos.
Testemunhas dizem que, ao tentar escapar do
local, diversas pessoas foram alvejadas por disparos de foguetes. Ao
menos três outros correspondentes internacionais teriam sido feridos.
Jornalistas banidos
A maioria dos jornalistas ocidentais está
proibida de reportar na Síria desde o início da revolta contra o governo
de Assad, há um ano. Mas muitos têm arriscado e entrado escondidos no
país, com a ajuda de ativistas locais, para chegar perto dos confrontos.
No mês passado, outro jornalista francês, Gilles Jacquier, foi morto em Homs.
Na últimas semanas, os enfrentamentos e bombardeios contínuos na cidade resultaram em centenas de mortes civis.
A Cruz Vermelha pediu que o governo e os
rebeldes acordem um cessar-fogo diário, para permitir que suprimentos
médicos cheguem aos mais necessitados e que os civis consigam escapar.
Mas não há nenhum indicativo de acordo.
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/02/120222_jornalistas_siria_pai.shtml
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