Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil.
Brasília – O destino dos três acusados pelo assassinato do casal de
trabalhadores rurais José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito
Santo da Silva será definido por um júri popular a partir de
quarta-feira (3), no Fórum de Marabá (PA), a cerca de 600 quilômetros da
capital paraense, Belém.
A expectativa da Justiça Estadual é que o julgamento de José
Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do
Nascimento seja concluído em dois dias.
Devido à grande repercussão do
caso e à expectativa de que muitas pessoas queiram acompanhar o júri, o
juiz responsável pelo caso, Murilo Lemos Simão, pediu que o policiamento
seja reforçado. O local comporta apenas 90 pessoas. Segundo
funcionários do fórum, parentes das vítimas e dos réus, estudantes de
direito, jornalistas e representantes de organizações sociais já se
cadastraram para acompanhar a sessão.
José Cláudio e Maria foram assassinados a tiros em maio de 2011,
em um assentamento em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Os dois
denunciavam a extração ilegal de madeira na região em que viviam e
afirmavam receber constantes ameaças de morte.
Dois meses após o crime, o Ministério Público do Pará denunciou por homicídio duplamente qualificado
José Rodrigues Moreira, que diz ser o dono das terras onde o
assentamento Ipixuna foi montado e é apontado como mandante do crime.
A promotora responsável pela denúncia, Amanda Lobato, também acusou o
irmão de Moreira, Lindonjonson Silva Rocha, e Alberto Lopes do
Nascimento, de executarem o duplo assassinato. Ainda segundo o
Ministério Público estadual, o objetivo do crime era retirar o
assentamento da terra comprada por José Rodrigues.
O Ministério Público
Federal (MPF) chegou a recorrer à Justiça Federal para que o crime fosse federalizado,
uma vez que as mortes estariam, de acordo com os procuradores da
República, associados à invasão e à comercialização de terras da União. O
pedido, contudo, foi negado, e o processo mantido na Justiça estadual.
Uma delegação internacional da Fundação Right Livelihood que chegou ontem (31) ao Brasil
para cobrar esclarecimentos sobre o assassinato de militantes sociais
ligados principalmente à Comissão Pastoral da Terra (CPT) e ao Movimento
de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vai acompanhar o julgamento.
Representantes da Secretaria de Direitos Humanos, da Presidência da
República também já estão em Marabá.
O MST planeja montar um acampamento diante do fórum, onde espera
reunir cerca de 500 pessoas de vários movimentos sociais. Alguns
representantes serão escolhidos para acompanhar o julgamento. “Nossa
expectativa por um resultado justo e satisfatório é muito grande. Nessa
nossa região predomina a cultura da impunidade, mas imaginamos que, por
se tratar de um júri popular, os rumos [do julgamento] vão ser outros e a
justiça vai ser feita.
Queremos que os assassinos de trabalhadores
sejam condenados e sabemos que nossa presença, fazendo pressão, é
fundamental”, disse à Agência Brasil Ivagno Silva Brito, dirigente do MST no Pará.
Edição: Lílian Beraldo.
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Noticia publicada em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-04-01/julgamento-de-acusados-de-matar-casal-de-extrativistas-paraenses-comeca-quarta-feira
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