Presidente venezuelano aterrissa hoje em Brasília e participa amanhã de cerimônia.
LISANDRA PARAGUASSU , BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo.
O encontro com outros presidentes da região ocorrerá ainda
sob o fantasma da suspensão do Paraguai, único país que ainda não tinha
aprovado a adesão dos venezuelanos.
Apesar
de todos os pareces jurídicos preparados às pressas para dar uma
aparência legal ao processo, os governos do Brasil e da Argentina - e,
em menor medida, do Uruguai - querem acelerar os trâmites para
apresentar aos paraguaios, na sua volta ao grupo, uma manobra
irreversível.
A
cerimônia em Brasília será protocolar. Marca a assinatura dos papéis e
dá solenidade à entrada do primeiro novo membro do bloco desde a sua
fundação, há 21 anos. Para a integração real, no entanto, não bastam
assinaturas e fotos. O processo de união aduaneira pode levar até quatro
anos, prazo que o Brasil tenta reduzir ao máximo.
O
governo de Dilma Rousseff, principal patrocinador do movimento que
autorizou a entrada da Venezuela à revelia do Paraguai, quer que o país
adote até dezembro a chamada Nomenclatura Comum do Mercosul, os códigos
aduaneiros que identificam os produtos e suas unidades no comércio
dentro do bloco.
Esse é o primeiro passo para que o país possa entrar na
Tarifa Externa Comum, a taxa de importação cobrada de países de fora do
bloco, e também passe a ter o direito de vender seus produtos dentro do
Mercosul sem tarifas. Na semana passada, uma missão de técnicos
brasileiros foi a Caracas trabalhar com a equipe de Hugo Chávez os
próximos passos da integração ainda na presidência pro tempore
brasileira no Mercosul, que termina em dezembro.
A
intenção é evitar que, ao voltar para o Mercosul depois das eleições de
abril, o hoje suspenso Paraguai tenha margem para questionar a decisão
dos demais membros.
O
país era o único cujo Congresso não havia ratificado a adesão
venezuelana, o que emperrava o processo iniciado em 2004. Se durante o
governo esquerdista do presidente deposto Fernando Lugo a aprovação não
aconteceu, há expectativa de que o novo governo, com tendência mais à
direita, tente bloquear de vez a entrada da Venezuela.
Se
Brasil e Argentina veem bons motivos econômicos para a entrada da
Venezuela - com pouca produção própria além do petróleo, o país seria
mais um mercado aberto para os produtos brasileiros e argentinos -
Chávez encara a adesão como uma conquista política, mais do que
econômica. Prestes a enfrentar sua terceira eleição, dessa vez contra
uma oposição unida, a cerimônia de amanhã pode representar para seus
eleitores uma mostra de apoio no resto da América do Sul.
Campanha.
Nos últimos meses, Chávez copiou, com ajuda do governo brasileiro,
diversos programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa
Família, além de contratar o marqueteiro João Santana, que fez a segunda
campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente
Dilma Rousseff. Ele tem também o apoio explícito de Lula.
Em
um vídeo que teria sido feito para a reunião do Foro de São Paulo, o
grupo de partidos de esquerda da América Latina criado em 1990, que se
reuniu em Caracas, Lula elogiou Chávez e disse torcer pela vitória do
presidente venezuelano.
"Sob
a liderança de Chávez, o povo venezuelano teve conquistas
extraordinárias. As classes populares nunca foram tratadas com tanto
respeito, carinho e dignidade. Essas conquistas precisavam ser
preservadas e consolidadas", disse Lula no vídeo, usado como peça de
campanha. "Chávez, conte comigo, conte com o PT, conte com a
solidariedade e apoio de todo militante de esquerda, de cada democrata e
de cada latino-americano. Tua vitória será a nossa vitória".
Fonte: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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