Em assembleia na tarde de ontem, docentes da Universidade de Brasília recusaram proposta dos ministérios do Planejamento e da Educação. Greve completa 60 dias amanhã.
MARIANA NIEDERAUER, THALITA LINS e PAULA FILIZOLA.
Os
professores da Universidade de Brasília (UnB) decidiram manter a greve
na instituição após assembleia geral convocada pela Associação dos
Docentes da UnB (ADUnB) na tarde de ontem. Por unanimidade, os 208
docentes presentes no encontro votaram pela a manutenção da paralisação,
que amanhã completa dois meses. A categoria rejeitou integralmente a
proposta apresentada, na última sexta-feira, pelos ministérios do
Planejamento e da Educação.
Pelo
menos outras 15 universidades federais do país também se pronunciaram
favoráveis à continuação do movimento. Segundo o Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), 57 das 59
instituições de ensino superior aderiram à greve. Neste fim de semana, a
entidade fará um balanço da discussão de todas as universidades para
preparar uma resposta à primeira proposta do Executivo Federal. A
próxima reunião dos docentes da UnB está marcada para o dia 26.
A
presidente do sindicato, Marinalva Oliveira, afirma que o reajuste
salarial anunciado pelo governo não atende as reivindicações da
categoria. "O comando nacional da greve e a diretoria do Andes-SN
reprovaram a última proposta oferecida pelo governo, após análises
técnicas e jurídicas. O documento impõe uma série de barreiras, entre
elas a do professor chegar ao topo da carreira", declarou ela. Segundo
Marinalva, o reajuste salarial de 45% anunciado pelas duas pastas, que
se estenderá até 2015, atingirá apenas 5% dos professores de cada
universidade.
Sem acordo.
Mesmo
com a rejeição da proposta do governo, os docentes se dizem dispostos a
negociar. "Queremos e estamos abertos a negociações. Esperamos que o
governo tenha a sensibilidade de entender que essa proposta atende
somente a um conjunto muito pequeno da categoria", afirmou o presidente
da ADUnB, Rafael Morgado.
O
Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB acredita que "já passou
da hora de os professores e o governo entrarem em acordo". "Apesar de a
gente apoiar a causa, pois os professores precisam de um plano de
carreira, acho que está no momento dos ministérios se sentarem com o
sindicato e se acertarem", disse coordenador-geral do grupo, Octávio
Torres.
Grevistas
da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em
Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra),
coordenados pelo Comando Nacional de Greve (CNG), bloquearam, durante a
manhã de ontem, todas as entradas do Ministério do Planejamento
Orçamento e Gestão.
Reivindicações.
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) protocolou,
em fevereiro, a seguinte proposta para Plano de Carreira do professor universitário:
» Carreira dividida em 13 níveis e aumento salarial de 5% em cada um.
» Como os contratos variam entre 20, 40 e 40
horas com dedicação exclusiva (DE), a proposta é de 100% de acréscimo
para o regime 40 horas e de 210%, aos docentes com dedicação exclusiva.
»
Os níveis de especialização também seriam mais bem remunerados e
cumulativos. O professor com mestrado receberia 37,5% a mais edoutores, 75%.
»
A proposta leva em consideração o salário mínimo base do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que em
março era de R$ 2.295,58. Um doutor em dedicação exclusiva teria salário
inicial de R$ 12.453,52 e teto de R$ 22.364,74.
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