Por Vera Saavedra Durão, Rafael Rosas e Marta Nogueira | Do Rio. Jornal Valor Economico, em 27 de julho de 2012.
O
resultado mais fraco da Vale no segundo trimestre do ano - impactado
pela crise internacional que derrubou os preços do minério que continuam
em rota de queda no terceiro trimestre - não alterou os planos de
crescimento da mineradora.
Murilo
Ferreira, presidente executivo da companhia, não traça um cenário de
euforia para os próximos cinco anos, mas defende que a Vale tem de estar
pronta para um processo de retomada econômica no futuro, declarou o
executivo ao Valor.
"Acho
que, até haver uma estabilidade em países com sérios problemas de
crescimento para que o mundo possa voltar a crescer nos moldes de 2007, o
ambiente econômico global será desafiador. E temos de nos preparar para
ele", afirmou. "Garantimos a licença de instalação do projeto Serra Sul, que será um marco na história da Vale", afirma Ferreira.
A
filosofia da Vale para atravessar os tempos de vacas magras é a da
austeridade para confrontar com a volatilidade que toma conta dos
mercados. "Temos de ser austeros, pois temos projetos enormes para serem
construídos que vão pavimentar o futuro da empresa e vão requerer uma
força muito grande de toda a equipe da Vale", disse. Para o executivo,
esta é uma situação que veio com a crise de 2008 e 2009 e deverá
permanecer por algum tempo.
A
estratégia para enfrentar os novos desafios passa pelo aumento da
produção de minério de ferro em Carajás de 109 milhões de toneladas para
230 milhões de toneladas até 2016, com a entrada em operação dos
projetos Serra Sul e Serra Norte. Também está na agenda a meta de se
tornar grande produtora de potássio na Argentina e em Carnalita, em
Sergipe, duplicar o projeto de carvão de Moatize e ser a maior produtora
de níquel do mundo, com produção de 370 mil toneladas até 2014,
superando a russa Norilsk.
O
projeto em destaque na companhia é a mina de Serra Sul, no Norte do
país. "Garantimos a licença de instalação do projeto, que será um marco
na história da Vale". A companhia demorou de 1985 até 2011 para atingir
109 milhões de toneladas de minério de ferro em Carajás. "Agora, com os
projetos de Serra Norte e Serra Sul, vamos dar um salto impressionante,
de 109 milhões de toneladas de minério de ferro, para 230 milhões de
toneladas nos próximos cinco anos". Serão 140 milhões de toneladas de
minério de Serra Norte e 90 milhões de toneladas de Serra Sul, somando
um investimento de US$ 19,5 bilhões que vai consolidar a posição de
líder global da Vale.
A
alta qualidade é a maior vantagem das novas minas de Carajás, cujo teor
de ferro é de 67% e 68%, garantindo mercado em condições adversas.
"Estamos entusiasmados porque existe uma perda de qualidade do minério
observada em diversos países. A demanda por qualidade é forte na Ásia,
que concentra quase 70% das vendas do produto".
A
Vale tem foco também na expansão da produção de potássio para
fertilizantes, tanto em Rio Colorado, na Argentina, quanto em Carnalita,
Sergipe. Ferreira visitou Buenos Aires e foi recebido pela presidente
Cristina Kirchner, semana passada, quando assinou memorando de intenções
[Acta Acuerdo] para acertar a logística do projeto. "Demos o primeiro
passo para ter o decreto presidencial de concessão ferroviária",
comemorou.
As 4 milhões de toneladas de potássio produzidas nas minas de
Mendoza serão transportadas até o porto de Baía Blanca por ferrovia da
Vale. O investimento total é de US$ 5,9 bilhões.
Em tempos de
austeridade, Ferreira anunciou ontem, em conferência para analistas,
que, entre as alternativas para garantir a execução do projeto, está a
de buscar um parceiro estratégico para o negócio.
A
Vale pode se tornar a número um do níquel no mundo entre 2014 e 2015.
Até lá pode agregar às atuais 260 mil toneladas do metal outras 110 mil
toneladas, somando 370 mil toneladas. Com este volume ultrapassaria a
russa Norilsk, a campeã de níquel, com 296 mil toneladas ao ano. A nova
capacidade da Vale virá dos projetos de Onça Puma, no Pará, e de Nova
Caledônia, no Sul do Pacífico - com 50 mil e 60 mil toneladas ano,
respectivamente. Com atividades suspensas devido a problemas
operacionais, ambos voltam a operar em 2013.
Quando
os grandes projetos entrarem em operação, o mundo será outro, na visão
do executivo. "O planeta vivência uma mudança geopolítica dos países
ocidentais para os orientais. Tailândia, Indonésia, Vietnã, além da
China e uma porção de outras nações, vão ter um crescimento magnífico no
médio prazo. E este cenário nos será favorável em futuro próximo",
destacou Ferreira.
Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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