Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As escolas de ensino técnico estão otimistas com o Sistema
de Seleção da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). Para elas,
usar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ajudar a
aumentar a entrada no no ensino técnico do estudante que deixou a escola
recentemente, além de valorizar sua formação. Quem atua no mercado está
investindo nesta etapa do ensino, observam esses estabelecimentos.
Até o ano que vem, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai) investirá no ensino técnico R$ 1,9 bilhão, sendo R$ 1,5 bilhão
provenientes de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). Atualmente, existem 797 unidades
operacionais do Senai espalhadas pelo país, oferecendo cursos
presenciais e a distância.
Pelo Sisutec, o Senai disponibilizará 11.116 vagas em 34 cursos no
âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec). "Ampliar a oferta de cursos técnicos é o nosso objetivo. O
Sisutec é voltado para quem concluiu o ensino médio. Acreditamos que [o
sistema] vai chamar para o ensino técnico muitos dos jovens que
integrariam a chamada geração 'nem nem', que nem trabalha, nem estuda",
disse o gerente de Educação Profissional e de Tecnologia do Senai,
Felipe Morgado.
De acordo com Morgado, está ocorrendo no Brasil uma mudança, ainda em
fase inicial, que valoriza o ensino técnico. Para ele, isso se deve
principalmente ao Pronatec, criado em 2011 com o objetivo de ampliar a
oferta de cursos de educação profissional e tecnológica.
Um estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra
que 72% dos ex-alunos de cursos técnicos conseguem trabalho no primeiro
ano após a formatura e têm renda média de 2,6 salários mínimos. Além
disso, 73% estão ocupados em atividades relacionadas à área de formação.
Conforme o estudo, trabalhadores com formação técnica ganham 24% a mais
que os que têm apenas o ensino básico. Os dados são referentes ao
período de 2010 a 2012 e foram divulgados neste ano.
A valorização da etapa e o investimento do governo tornam o mercado
atrativo. "O Iesb já tinha um programa de escola técnica em
funcionamento desde 2012. Quando surgiu a possibilidade de aderir ao
Sisutec, mudamos todos os nossos rumos para atender à demanda do
programa", informou o coordenador de Cursos Técnicos da instituição,
Murilo Pereira. Ele explicou que a criação de cursos foi, então,
direcionada para o atendimento da demanda do novo sistema de seleção.
O Iesb vai oferecer 4.480 vagas das 8.232 disponíveis em todo o
Distrito Federal. A instituição aguarda a confirmação do preenchimento
das vagas para fechar o investimento que será necessário. Grande parte
da estrutura de graduação será usada também pelos 23 cursos técnicos que
serão oferecidos nas três unidades do instituto.
Pereira ressaltou que o ensino técnico pode ser uma boa opção para
os estudantes que buscam formação rápida – um curso técnico dura em
média um ano e meio – e voltada para o mercado de trabalho. O estudo da
CNI mostra que alunos formados por determinados cursos técnicos têm
salário inicial maior que o dos que concluem certas modalidades de
graduação.
O técnico em informática Eduardo Dias confirma a diferença. Em 2007,
há sete anos no mercado de trabalho, ele decidiu conciliar sua ocupação
com uma formação técnica. "O curso foi muito bom, aprendi muito e pude
ter um documento comprovando o que aprendi". Apesar de já trabalhar na
área de informática, Dias enfrentava dificuldades quando queria mudar de
emprego porque não tinha nenhum certificado.
Até as 19h de hoje (7), segundo dia de inscrições, o Sisutec teve
176.038 inscritos. Como cada candidato pode fazer duas opções, o sistema
recebeu 337.601 inscrições.
Os candidatos inscritos serão selecionados para 239.792 vagas de
cursos técnicos. São 117 cursos com duração de um a dois anos. A seleção
será feita com base na nota do estudante no Enem do ano passado. Os que
fizeram todo o ensino médio na rede pública ou em instituições
particulares, na condição de bolsistas integrais, terão prioridade na
ocupação de 85% das vagas oferecidas, todas gratuitas.
Fazem parte do Sisutec 586 instituições, entre estabelecimentos de
educação superior e escolas técnicas particulares, institutos federais
de educação, ciência e tecnologia, escolas técnicas vinculadas a
universidades federais, escolas estaduais e municipais e entidades do
Sistema S.
O Ministério da Educação ainda não informou quanto será gasto na
manutenção das bolsas ofertadas pelo Sisutec. No lançamento do sistema, o
ministro Aloizio Mercadante disse que o valor por estudante será
semelhante ao do Pronatec, ficando em torno de R$ 10 a hora-aluno. Os
recursos serão repassados às instituições participantes.
Edição: Nádia Franco
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apenas dar crédito à Agência Brasil
Os interessados podem se inscrever até o dia 12, no site do programa.
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