sábado, 1 de outubro de 2016

Rio de Janeiro. Comunicador popular Rene Silva, fundador do Jornal Voz das Comunidades, é preso.

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
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O comunicador e ativista Rene Silva, fundador e editor-chefe do jornal comunitário Voz das Comunidades, do Rio de Janeiro, foi preso pela P M, na manhã deste sábado (1º), enquanto filmava uma remoção na Favelinha da Skol.
O jovem comunicador e ativista Rene Silva, fundador e editor-chefe do jornal comunitário Voz das Comunidades, do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, acaba de ser preso pela Polícia Militar (PM), enquanto filmava a remoção da Favelinha Skol, na região. Ele foi levado  para a 45ª Delegacia de Polícia, junto com os midiativistas Renato Moura e Hector Santos. Todos faziam a cobertura da remoção para o Voz das Comunidades.

A denúncia da prisão foi feita ao vivo na página do Facebook de outro comunicador popular da comunidade, Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto, que também acompanhava a remoção. Procuradas, as polícias Civil e Militar ainda não comentaram a prisão dos jovens.

Presidente da organização não governamental Voz das Comunidades, Rene é um dos 30 jovens até 30 anos escolhidos pela Revista Forbes Brasil como “exemplo de um time que está reiventando um país”.

De acordo com a advogada Eloisa Samy, que esteve na delegacia para representar os jovens, eles foram acusados de desobediência e serão liberados após prestar depoimento. No entanto, na avaliação dela, houve violação à liberdade de imprensa e censura nas prisões. “Isso que eu pedi para eles enfatizarem nos depoimentos: deixar claro que atuavam como imprensa”.


No vídeo divulgado nas redes sociais sobre o momento da abordagem policial, os jovens estavam filmando e narrando a remoção, contando sobre a situação dos moradores da favelinha, quando a PM se aproximou e pediu que eles saíssem. O pedido foi recusado. Não há cenas da prisão.

Os comunicadores comunitários de favelas do Rio de Janeiro vêm denunciando censura e ameaças à liberdade de imprensa e expressão por agentes do Estado, policiais ou não, e do tráfico de drogas. No mais recente relatório do Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro, de outubro de 2015, constam relatos de ameaças, revistas e até a necessidade de se mudar de casa.

No dossiê, a comunicadora comunitária e coordenadora do jornal comunitário que circula há 16 anos no Complexo da Maré, O Cidadão, Thaís Cavalcante, revela que fazer comunicação dentro das favelas é um desafio e pode acabar colocando a própria vida em risco. “A comunicação que, dentro da favela, é mais delicada do que a que temos em outros lugares. Além de jornalistas, somos moradores. O cuidado é redobrado e tudo nos envolve emocionalmente também”.

Em abril deste ano no Rio, para um encontro entre jovens comunicadores de favelas, Enderson Araújo, do Mídia Periférica, da favela Sussuarana, de Salvador, ex-integrante do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação, denunciou ter sido intimidado pela PM, no Alemão. Três policiais portando fuzil revistaram e interrogaram Enderson. À época, notas de repúdio foram publicadas por organizações de defesa dos direitos humanos e de liberdade de imprensa e expressão.

Edição: Graça Adjuto.

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