Como enganar os pobres e as classes médias paulistanas através do marketing político?
por - Sheilinha CoutoOntem à noite rolou uma palestra sobre marketing político na Semana de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP. Estavam presentes os profissionais que coordenaram as campanhas de Marta, Russomanno, Haddad e Dória.
O destaque da noite, no entanto, foi Luiz Flávio Guimarães, responsável pela campanha de Dória. Segundo ele, foi relativamente fácil conduzir a campanha, principalmente pela capacidade de se moldar o pensamento da massa acrítica paulistana.
Luiz disse que a gestão Haddad foi uma das melhores que a Prefeitura já teve, que boa parte das políticas feitas pelo prefeito fazem parte de outras realidades, como as europeias, e que talvez façam sentido em São Paulo só em 2050. O modo de reorganizar o trânsito, por exemplo, humanizando-o e dando maior fluidez não faz parte da cultura paulistana, acostumada ao caos, ao transporte individual e às altas velocidades que matam diversas pessoas diariamente.
Logo, realizar mudanças de paradigmas sem a devida comunicação de massa gera um choque cultural na cidade, facilitando ataques e jargões como a “indústria da multa”.
O comunicador apontou, também, o ódio ao PT que cega as pessoas. Para ele, os veículos de comunicação falam mal do PT durante a manhã, a tarde e a noite. Isso acaba por gerar um desconforto no imaginário da população, fazendo com que suas convicções as ceguem. Logo, não importa se Haddad tenha sido um ótimo prefeito, pois o ódio ao partido falará mais alto na hora da escolha.
Outro ponto importante foi a imagem de João Dória que eles conseguiram construir. Luiz disse que a imagem de um empresário é muito impopular. O fato de Dória ter nascido em berço de ouro e seu patrimônio ser fruto de heranças não é algo que geraria uma identificação na massa. Logo, era necessário enaltecer os pontos positivos e contornar os pontos negativos: “Vamos dizer que ele é um sujeito bem-sucedido [afinal, ele é rico] e vamos passar a imagem de que ele cresceu a partir de seu trabalho – JOÃO TRABALHADOR”.
Assim, toda classe trabalhadora, seja da periferia ou do centro expandido, acabou por se identificar com o perfil de um trabalhador que empreendeu e subiu na vida.
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