domingo, 25 de agosto de 2013

O que você precisa saber sobre médicos cubanos.

:
Foto - Brasil247.
Membro do núcleo de estudos cubanos da Universidade de Brasília, o jornalista Hélio Doyle, que conhece como poucos a realidade do país, expõe argumentos técnicos sobre a vinda de profissionais de saúde; ele diz, por exemplo, que eles já atuaram em regiões remotas do País no passado, sem que houvesse qualquer gritaria; como Cuba é um país socialista, a contratação é feita diretamente junto ao Estado, que tem a preocupação de preservar baixos índices de desigualdade; dos 78 mil doutores cubanos, que têm uma das melhores relações médico/paciente do mundo, 30 mil atuam no exterior o índice de deserção é baixíssimo.

24 de Agosto de 2013.

247 - Profundo conhecedor da realidade de Cuba e membro do núcleo de estudos cubanos da Universidade de Brasília, o jornalista Hélio Doyle produziu diversas análises técnicas, e sem ranço ideológico, sobre a importação de 4 mil profissionais pelo governo brasileiro.

Os textos foram cedidos ao 247 e permitem uma maior compreensão sobre um tema que tem gerado tanto debate. Leia abaixo seus artigos:

O QUE NÃO SE DIZ SOBRE OS MÉDICOS CUBANOS - A grande imprensa brasileira, que nos últimos anos exacerbou, por incompetência e ideologia, a superficialidade que sempre a caracterizou, tem sido coerente ao tratar da vinda de quatro mil médicos cubanos: limita-se a noticiar o fato e reproduzir as críticas das associações corporativas de médicos e dos políticos oposicionistas. Mantém-se fiel à superficialidade que é sua marca, acrescida de forte conteúdo ideológico conservador e de direita.

Não conta, por exemplo, que médicos cubanos já trabalharam no Brasil, atendendo a comunidades pobres e distantes nos estados de Tocantins, Roraima e Amapá. Não houve nenhuma reclamação quanto à qualidade desse atendimento e nenhum problema com o conhecimento restrito da língua portuguesa. Os médicos cubanos tiveram de deixar o Brasil por pressão do corporativismo médico brasileiro – liderado por doutores que gostam de trabalhar em clínicas privadas e nas grandes cidades.

A grande imprensa não conta também que há mais de 30 mil médicos cubanos trabalhando em 69 países da América Latina, da África, da Ásia e da Oceania, lidando com pessoas que falam inglês, francês, português e dialetos locais. 

Só no Haiti, onde a população fala francês e o dialeto creole, há 1.200 médicos cubanos – que sustentam o sistema de saúde daquele país e, como profissionais com alto nível de educação formal, aprendem rapidamente línguas estrangeiras.

O professor John Kirk, da Universidade Dalhousie, no Canadá, estudou a participação de equipes de saúde de Cuba em vários países e é dele a frase seguinte: “A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado”. Segredo porque a imprensa internacional – especialmente a estadunidense — não gosta de falar do assunto.

Kirk contesta o argumento de que os médicos cubanos que atendem as comunidades pobres em vários países não são eficientes por não dominar as últimas tecnologias médicas: “A abordagem high-tech para as necessidades de saúde em Londres e Toronto é irrelevante para milhões de pessoas no Terceiro Mundo que estão vivendo na pobreza. É fácil ficar de fora e criticar a qualidade, mas se você está vivendo em algum lugar sem médicos, ficaria feliz quando chegasse algum”.

O problema dos que contestam a vinda de médicos estrangeiros e, em especial dos cubanos, é que as pessoas que passam anos ou toda a vida sem ver um médico ficarão muito felizes quando receberem a atenção que os corporativistas do Brasil lhes negam e tentam impedir.

SOCIALISMO E GUERRA FRIA - Duas informações referentes à vinda de médicos cubanos para o Brasil e que podem ser úteis aos que querem ir além do que diz a grande imprensa: - Cuba é um país socialista e por isso, gostemos ou não, as coisas não funcionam exatamente como em um país capitalista. 

Como é um país socialista, há a preocupação de manter baixos os índices de desigualdade econômica e social. Por isso nenhuma empresa ou governo estrangeiro contrata trabalhadores cubanos diretamente, em Cuba ou no exterior (nesse caso quando a contratação é resultado de um acordo entre estados). 

Todos são contratados por empresas estatais que recebem do contratante estrangeiro e pagam os salários aos trabalhadores, sem grande discrepância em relação ao que recebem os que trabalham em empresas ou organismos cubanos. Os médicos que trabalham no exterior recebem mais do que os que trabalham em Cuba. Mas algo como nem muito que seja um desincentivo aos que ficam, nem tão pouco que não incentive os que saem.

- O governo dos Estados Unidos tem um programa especial para atrair médicos cubanos que trabalham no exterior. Eles são procurados por funcionários estadunidenses e lhes são oferecidas inúmeras vantagens para “desertar”, como visto de entrada, passagem gratuita, permissão de trabalho e dispensa de formalidades para exercer a atividade. 

Os que atuam na América Latina são os mais procurados e uma condição para serem aceitos no programa é que critiquem o sistema político cubano e digam que os médicos no exterior são oprimidos e mantidos quase como escravos.

Os que aceitam as ofertas dos Estados Unidos, os que emigram para outros países ou ficam no país que os recebe depois de terminado o contrato representam cerca de 3% dos efetivos.  No Brasil, mantida essa média, pode-se esperar que até 120 dos quatro mil médicos cubanos “desertem”.

UM SISTEMA IRREAL -
A citação a seguir é do New England Journal of Medicine: “O sistema de saúde cubano parece irreal. Há muitos médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente gratuito. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu resolver ainda. Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os EUA”.

Menções elogiosas ao sistema de saúde cubano e a seus profissionais são frequentes em publicações especializadas e ditas por autoridades médicas e organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, a Organização Panamericana de Saúde e o Unicef. 

Mas mesmo assim, querendo negar a realidade, médicos e políticos brasileiros insistem em negar o óbvio, chegando ao absurdo de dizer que nossa população está correndo riscos ao ser atendida pelos cubanos.

Para começar, os indicadores de saúde em Cuba são os melhores da América Latina e estão à frente dos de muitos países desenvolvidos. 

A mortalidade infantil, por exemplo (4,8 por mil), é menor do que a dos Estados Unidos. 

Aliás, para os que gostam de dizer que Cuba estava melhor antes da revolução de 1959, naquela época era de 60 por mil. 

A expectativa de vida dos cubanos é também elevada: 78,8 anos.

Outro aliás quanto aos saudosistas: em 1959, Cuba tinha seis mil médicos, sendo que três mil correram para os Estados Unidos quando viram que não haveria mais lugar para o sistema privado de saúde e que os doutores elitistas e da elite perderiam seus privilégios. 

Hoje tem 78 mil médicos, um para cada 150 habitantes, uma das melhores médias do mundo. Isso permite a Cuba manter mais de 30 mil médicos no exterior. 

Desde 1962, médicos cubanos já estiveram trabalhando em 102 países.

Em 2012 formaram-se em Cuba 5.315 médicos cubanos em 25 faculdades públicas e 5.694 estrangeiros, que estudam de graça na Escola Latino-americana de Medicina (Elam). A Elam recebe estudantes de 116 países, inclusive dos Estados Unidos, e já formou 24 mil estrangeiros.

Os médicos cubanos se formam após seis anos de graduação, incluindo um de internato, e mais três ou quatro anos de especialização. Os generalistas, que atendem no sistema Médico da Família (um médico e um enfermeiro para 150 a 200 famílias, e que moram na comunidade que atendem) são preparados para atuar em clínica geral, pediatria, ginecologia-obstetrícia e fazer pequenas cirurgias.

Dos quatro mil médicos que vêm para o Brasil, todos têm especialização em medicina de família, 42% já trabalharam em pelo menos dois países e 84% têm mais de 16 anos de atividade. Grande parte já atuou em países de língua portuguesa, na África e em Timor-Leste. 

Foi em Timor, a propósito, que ocorreu o fato seguinte: o embaixador estadunidense exigiu do então presidente Xanana Gusmão que expulsasse os médicos cubanos. Xanana perguntou quantos médicos dos Estados Unidos havia no Timor-Leste e quantos o país mandaria para substituir os mais de duzentos cubanos que estavam lá. 

Diante da resposta, de que havia apenas um, que atendia os diplomatas norte-americanos, e que não viria mais nenhum, Xanana, simplesmente, disse que os cubanos ficariam. E estão lá até hoje. Falando português.

OS LIMITES DO CORPORATIVISMO.

1 – Sindicatos de trabalhadores existem para defender os interesses das categorias profissionais que representam. São corporativistas por definição.

2 – É natural que esses interesses conflitem com os de seus empregadores, especialmente em questões ligadas à remuneração e condições de trabalho.

3 – Muitas vezes os interesses de uma categoria batem de frente com interesses de outras categorias, e aí cada sindicato defende seus representados, o que também é natural.

4 – Outras vezes os interesses de uma categoria colidem com interesses do país e da sociedade. Essa é uma questão complicada: quem tem legitimidade para definir os interesses nacionais é a população, que só é consultada quando elege seus governantes e representantes. E esses governantes e representantes têm, muitas vezes, sua legitimidade contestada.

A contradição entre interesses corporativos e interesses nacionais e da sociedade, assim, só pode ser resolvida pelos que têm legitimidade para expressar esses interesses nacionais e da sociedade em seu conjunto.

Nos últimos dias, tivemos três bons exemplos de como os interesses corporativos colidem com os da sociedade. 

São três causas que podem interessar às categorias profissionais, mas violam a legislação e ferem os direitos humanos e sociais:

- O sindicato dos servidores no Legislativo defendeu que funcionários da Câmara e do Senado recebam remunerações que superam o teto salarial que deve vigorar para todos.

- O sindicato dos aeroviários defendeu a tripulação que criou absurdos e desnecessários constrangimentos a uma criança de três anos e a sua família, por causa de uma doença não infecciosa.

- Os sindicatos de médicos são contra o trabalho de médicos estrangeiros no Brasil, mesmo não havendo médicos brasileiros interessados no trabalho que eles vão fazer.

O corporativismo é inevitável, e os interesses corporativos devem ser discutidos e considerados. Não podem é prevalecer quando contrariam interesses e direitos da sociedade: o teto salarial dos servidores tem de ser respeitado, ninguém pode ser submetido a constrangimentos por causa de uma doença e as pessoas têm o direito de receber assistência médica, seja de um brasileiro ou de um estrangeiro.

SISTEMA CUBANO DÁ “DE LAVADA” - As frases a seguir são de um médico cubano radicado no Brasil desde 2000. Insuspeito, pois abandonou Cuba. 

Formou-se lá e se especializou em epidemiologia e administração da saúde. Trabalhou por dois anos em Angola e veio para Santa Catarina em um acordo da prefeitura de Irati  com o governo de Cuba. Dois anos depois resolveu ficar no Brasil, onde vive com a mulher e quatro filhos. 

Critica o sistema de pagamento aos médicos, dizendo que ficava com 50% do que era pago pela prefeitura. Mesmo tendo “desertado”, não entra na onda dos médicos brasileiros e dos oposionistas de direita que atacam a vinda dos cubanos.

O que o médico cubano Alejandro Santiago Benítez Marín, 51 anos, disse ao portal G1: “Em dois meses, eu já entendia perfeitamente tudo (diferenças culturais, língua). Fazer medicina é igual em todo o lugar, só muda o endereço”. 

“Eu não sou contra que eles venham, não. Os médicos cubanos são muito bons, nossa medicina é a melhor do mundo. Só não concordo com a forma como o governo quer pagar, repassando o dinheiro para Cuba e Cuba vai decidir a quantia que vai repassar. Isso não tem cabimento”.

“Há médicos cubanos fazendo um excelente trabalho no Norte e Nordeste. O Conselho Federal de Medicina tem nos ofendido sem necessidade desde o início, chamando-nos de curandeiros, feiticeiros. 

Eu sou incapaz de ofender um médico brasileiro, mesmo conhecendo médicos brasileiros que cometem erros, a imprensa publica sempre. Tem médico ruim e bom tanto no Brasil quanto em Cuba. Não temos culpa do que está acontecendo no Brasil e que os médicos de fora têm que vir”.

“Em Cuba é bem mais fácil o atendimento, não tem esta fila que há hoje no SUS, em que há a demora de três meses para a realização de exames simples, como ultrassonografia ou ressonância. Em Cuba este exame é feito no mesmo dia ou na mesma semana. Esta demora faz o diagnóstico médico ter que esperar”.

“O sistema cubano dá ‘de lavada’ no SUS, tanto no atendimento normal quanto de emergência. A especialização nossa é muito boa, tanto que Cuba exporta médicos para mais de 70 países”.

sábado, 24 de agosto de 2013

Programa Mais Médicos. - Maioria dos médicos cubanos vão para o Norte e Nordeste.

Médicos cubanos vão atuar em regiões carentes para suprir a demanda de 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum médico na primeira chamada do programa Mais Médicos.

A maioria dos médicos cubanos (74%), que chegarão ao Brasil na próxima segunda-feira (26), vai trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, informou nesta quinta-feira (22) o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

médicos cubanos no brasil
Mais de 70% dos médicos cubanos vão para o Norte e Nordeste.
“A vantagem dos acordos bilaterais é que eles estão vindo para aqueles locais onde o Brasil indica que é preciso um médico. São regiões que não foram escolhidas pelos médicos brasileiros nem estrangeiros”, explicou. 

O secretário participou, durante a manhã, de um encontro preparatório sobre o Programa Mais Médicos com representantes de prefeituras paulistas.

O anúncio da contratação de profissionais de Cuba foi feita nesta quarta (21) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Espera-se que, até o final do ano, 4 mil médicos cheguem ao país. 

Nesta primeira etapa do acordo, que inicia na segunda-feira, 400 profissionais desembarcam no Brasil e mais 2 mil são aguardados no dia 4 de outubro.  

Eles vão passar pelo mesmo processo de avaliação dos médicos com diploma estrangeiro e não precisarão revalidar o diploma.

Os cubanos vão suprir a demanda de 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum médico na primeira chamada do programa. “São médicos que se dispõem, que têm muita experiência em missões internacionais e já atuaram em outros países. 

Dentro de um acordo bilateral, eles vão trabalhar em locais onde há infraestrutura e um acolhimento da prefeitura”, destacou Barbosa.

O secretário rebateu a crítica de entidades médicas brasileiras de que esses profissionais estariam vindo ao país em regime de semiescravidão. “Todos esses médicos estão vindo voluntariamente. 

Terão previdência paga pelo ministério. 

Alimentação e moradia paga pelo município. Dificilmente isso se assemelha a qualquer coisa parecida com escravidão”, respondeu.

Especificamente sobre os médicos de Cuba, Barbosa reforçou que o Brasil repassará ao governo cubano a mesma quantia destinada aos demais profissionais, R$ 10 mil. 

O repasse será feito por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). “Nós repassamos o recurso para a Opas, que, por sua vez, passa ao Ministério da Saúde de Cuba, que paga os cubanos. 

Eles vão receber o salário que o governo paga em missões no exterior”, apontou, sem informar o valor.

Segundo o secretário, cerca de 30 mil médicos cubanos trabalham em outros países, como Haiti e Venezuela. “Não podemos pagá-los diretamente. O governo cubano só aceita enviar através de um acordo bilateral”, disse. 

Ele relembrou que essa prática, de importação de médicos, já foi adotada no Brasil, na década de 1990, quando a maioria dos médicos da atenção básica em Roraima, no Tocantins e em alguns estados do Nordeste era de Cuba. 

“Nunca soubemos de nenhum erro desses médicos e nenhum problema de imperícia. Nem mesmo que tenha havido denúncia de trabalho escravo”, declarou.

Barbosa informou que esses profissionais, assim como os demais contratados, terão alimentação e moradia custeados pelo governo municipal. “Pela formação mais completa que eles têm, específica em atenção básica de saúde, nada indica que eles não vão prestar um excelente trabalho agora”, defendeu. 

Ele aposta que a contribuição do país parceiro terá impacto, sobretudo, na redução da mortalidade infantil, dos casos de tuberculose, de hanseníase. “Eles vão fazer com que essas pessoas tenham mais acesso à saúde”, declarou.

Senador boliviano que estava abrigado em embaixada brasileira em La Paz já está no Brasil, diz advogado.

senador boliviano Roger Pinto Molina
Renata  Giraldi - Repórter da Agência Brasil.

Brasília - O senador boliviano Roger Pinto Molina, que ficou abrigado por 15 meses na embaixada brasileira na Bolívia, já está no Brasil. 

O advogado dele, Fernando Tibúrcio, confirmou à Agência Brasil que o parlamentar deixou com segurança a representação diplomática brasileira.

Ainda não está definido o local do Brasil onde Pinto Molina viverá, mas o advogado dele prepara uma entrevista coletiva na segunda-feira (26) para prestar esclarecimentos.

O senador, que faz oposição ao governo de Evo Morales na Bolívia, ficou quase 15 meses abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz desde que pediu asilo político ao Brasil. 

O parlamentar precisava de um salvo-conduto para deixar o país, o que era negado pelas autoridades bolivianas, que alegavam que o parlamentar responde a processos judiciais no país.

Edição: Fábio Massalli.  Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil 

Link desta matéria: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-08-24/senador-boliviano-que-estava-abrigado-em-embaixada-brasileira-em-la-paz-ja-esta-no-brasil-diz-advogad

Siria - Nota importante: Rebeldes utilizaram armas químicas para responsabilizar Al-Assad.

Um terrorista saudita, que atua na Guerra Civil Síria, confessou em sua conta no Twitter (@abo_almonthir) ontem (24) que ele e seus companheiros produziram e depositaram as armas químicas que causaram a morte de mais de 1.000 pessoas nesse país.

Eles fizeram isso com a intenção de responsabilizar o presidente Bashar Al-Assad, figura que os rebeldes tentam derrubar desde março de 2011. 
 
Este blog não pode confirmar a veracidade da informação por motivos óbvios.
 

Papa Francisco tem um projeto político para a América Latina.

:

Entrevista com Francisco Mele, um dos amigos mais próximos de Jorge Bergoglio e seu sucessor na cátedra de psicologia: "Ele é um grande estrategista. Não podemos saber quais surpresas ele nos reserva para amanhã. Nem Deus sabe o que se passa na cabeça de um jesuíta"; segundo Mele, "Francisco é o primeiro papa bolivariano da história. A sua visão geopolítica é a de Simon Bolívar, o Libertador: unir a América Latina para fazer dela um ente econômico autônomo e um ator independente no palco do mundo: a Pátria Grande".

23 de Agosto de 2013.

Entrevista a Lucio Caracciolo, La Repubblica, Itália.

"Francisco é o primeiro papa bolivariano da história. A sua visão geopolítica é a de Simon Bolívar, o Libertador: unir a América Latina para fazer dela um ente econômico autônomo e um ator independente no palco do mundo: a Pátria Grande" - Assim fala Francisco Mele, psicoterapeuta argentino, docente em diversas universidades italianas e latino-americanas, amigo de longa data de Jorge Mario Bergoglio e seu sucessor como professor de psicologia no Colégio Universitário Salvador, em Buenos Aires, um dos principais centros de formação da classe dirigente argentina, dirigido pelos jesuítas.

Mele conhece Bergoglio muito bem, seu percurso teológico e cultural, suas paixões e habilidades políticas. São amigos há muito tempo. Nesta entrevista, pedimos a ele que traçasse um perfil geopolítico-teológico de Papa Francisco.

LC - Todos se referem a Francisco como o "papa argentino". Mas sugere que o horizonte político do pontífice seja muito mais vasto: os Estados Unidos da América Latina, a utopia de Bolívar recentemente reencarnada por Hugo Chávez.
 
FM - Esse papa representa a voz da América Latina. Ele não é apenas um patriota argentino, talvez um peronista. Como ele mesmo gosta de afirmar, ele fala por todos os povos instalados entre o Rio Grande e a Terra do Fogo. Povos historicamente unidos pela língua espanhola e pela religião católica. É a Hispano-América que, com a presença do Brasil lusófono, torna-se América Latina. Não a caso sua recente viagem ao Brasil alcançou tanto sucesso: as pessoas sentiam que aquele pastor vestido de branco era um dos seus, um latino-americano. Não fosse assim, um argentino não teria nunca sido aclamado pelos brasileiros, bem ao contrário...

O último papa a ter um projeto político foi João Paulo II, que desejou e soube reunificar a Europa para que ela voltasse a "respirar com dois pulmões". Também Francisco tem, portanto, um projeto?
 
"Certamente. O projeto político pelo qual papa Francisco tem muita simpatia é o de Bolívar, e também de Artigas, de San Martin e de tantos outros patriotas latino-americanos: a unidade da América do Sul como contrapeso aos Estados Unidos, a superpotência que representa os interesses do Norte. 

Bergoglio falou e escreveu a respeito da unidade latino-americana em várias ocasiões. Por exemplo, referindo-se ao livro do secretário da Comissão Pontifícia para a América Latina, Guzmán Carriquiry, sobre a América Latina do século 21, publicado em 2011 no âmbito do bicentenário da independência dos países latino-americanos. 

A atualidade da integração latino-americana foi muito discutida durante a Conferência Episcopal Argentina. Outro interlocutor de Bergoglio sobre esse tema foi o filósofo e historiador uruguaio Alberto Methol Ferré. De certo modo, os jesuítas já tinham dado o primeiro passo no sentido da integração continental quando unificaram suas províncias da Argentina e do Uruguai.

Qual é a substância sociopolítica e teológica desse projeto?
 
È a Teologia do Povo. Essa teologia deve ser entendida como a superação da Teologia da Libertação, sem contudo renegá-la. Os teólogos da libertação se inspiravam numa interpretação sócio-estrutural de viés marxista. Os teólogos do povo se inspiram na doutrina social da Igreja, nos documentos do episcopado latino-americano de Medellín (1968), Puebla (1979) e Aparecida (2007) e num filão histórico-cultural que foi exprimido entre outros por Lucio Gera e Juan Carlos Scannone. 

Tais teólogos não creem nas classes sociais, e sim, exatamente, no povo. Dedicam uma especial atenção aos pobres que, na América Latina, ainda são tantos, demasiados. Bergoglio quer uma Igreja "dos pobres e para os pobres", perfilada junto ao povo sofredor, humilhado, traído pela elite e exposto às insidias do individualismo hedonista-libertário do capitalismo selvagem e da globalização imperialista. 

A ele interessa aquele modelo de pessoa que vive em íntima união com os elementos primordiais da natureza: não esqueçamos que no tempo dos conquistadores foram os jesuítas que defenderam a tese de que também is indígenas possuíam uma alma. Além disso, na teologia de Bergoglio encontramos tônicas que derivam do estudo da filosofia de Romano Guardini e da obra literária de Fiodor Dostoievski - refiro-me à aversão aos espertalhões e aos prepotentes. 

Para o papa é válida a ideia de que a doutrina nos ensina em que crer, mas é o povo que nos ensina como crer. Uma influência muito importante foi exercida pelo seu professor, e meu professor também, Ismael Quiles, historiador da filosofia, que abriu as portas da universidade dos jesuítas ao estudo do zen budismo, da ioga, ao respeito às outras culturas e às diversas religiões. As referências de papa Francisco aos "irmãos muçulmanos" ou o respeito aos "irmãos sacerdotes judeus" também são fruto dessas lições.

Bolivarismo e teologia do povo como receita para recuperar a identidade latino-americana na senda do catolicismo, contra a penetração das seitas protestantes?
 
Exatamente assim. Bergoglio, bem como toda a Igreja católica, pretende reagir à difusão do cristianismo por-sua-conta-e-risco proposto pelas seitas protestantes, que nos anos oitenta foram apoiadas e sustentadas por ricos financiamentos norte-americanos inclusive para combater a teologia da libertação, e que hoje conquistaram boa parte dos crentes em toda a América Latina e para além dela. Papa Francisco critica com veemência as seitas, a new age, as religiões adocicadas, relativistas.

Esse papa, como o senhor mesmo, ensinou psicologia na universidade. Mas a matéria, historicamente, não é bem vista para o clero.
 
Já passou o tempo em que a Igreja pensava que a ciência da alma fosse a peste dos conventos, porque os sacerdotes que se submetiam à análise quase sempre abandonavam o ministério. Hoje respiram-se novos ares. A Igreja reabilitou a psicanálise como terapia da palavra. Entre o cristianismo e a psicanálise existem pontos em comum: sobretudo, o valor e o poder fundador da palavra. 

A palavra tem força para escravizar e para libertar. No início era o Verbo, mas no final será sempre o Verno. Hoje, os seminaristas são estimulados a passar por um período de análise para verificar os alicerces da sua fé e vocação. Até porque, se alguns deles perdem a fé depois da análise, isso significa que já não a possuíam antes.

Qual é o perfil psicológico de Bergoglio como chefe da Igreja?
 
Francisco é um grande estrategista. Faz-me recordar Napoleão. Como o imperador, que estava sempre perto dos seus soldados, este papa ama misturar-se ao seu povo e aos seus padres, para encorajá-los e estimulá-los no caminho da sua missão pastoral. 

Além disso, é um papa que pensa e age com grande rapidez. Não podemos saber quais surpresas ele nos reserva para amanhã. Nem Deus sabe o que se passa na cabeça de um jesuíta.

Padilha: "não ameacem a saúde do povo sem médico"

:

Neste sábado, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, mandou um recado direto para as associações de médicos, que questionam na Justiça a importação de profissionais; “O governo já ganhou todas as medidas judiciais e temos muita segurança jurídica do que estamos fazendo", disse ele, que também foi ao aeroporto aguardar a chegada de profissionais estrangeiros; cubanos desembarcam no Recife; na sexta-feira, a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina entraram com uma ação no STF para suspender o programa.

24 de Agosto de 2013 às 14:04

Médicos cubanos chegam hoje em Brasília e no Recife, diz Padilha.

Ana Cristina Campos - Repórter da Agência Brasil.

Brasília – O primeiro grupo de médicos cubanos que vêm para o Brasil trabalhar pelo Programa Mais Médicos chega hoje (24) no Recife, às 13h55, e em Brasília, às 18h. 

Na capital federal, eles serão recebidos pelo secretário especial da Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves, no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. 

O restante do grupo desembarca neste domingo (25) em Fortaleza, às 13h20, no Recife, às 16h, e em Salvador, às 18h, segundo o ministério. 

Ao todo, 644 médicos, incluindo os 400 cubanos, com diploma estrangeiro chegam ao Brasil até amanhã (25). 

Na sexta-feira (23), começaram a chegar os médicos inscritos individualmente em oito capitais.

Os profissionais cubanos fazem parte do acordo entre o ministério com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para trazer, até o final do ano, 4 mil médicos cubanos. 

Eles vão atuar nas cidades que não atraírem profissionais inscritos individualmente no Mais Médicos. 

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu as críticas das entidades médicas que questionam a formação médica dos profissionais cubanos.

“Entre hoje e amanhã chegam 400 médicos cubanos muito experientes e 86% deles têm mais de 16 anos de experiência em missões internacionais. 

Chegam para os 701 municípios que nenhum médico brasileiro ou estrangeiro escolheu individualmente. 

O ministério vai acompanhar a qualidade dos médicos cubanos. Por isso que nós exigimos que sejam médicos experientes, todos eles têm especialização em medicina da família e outros programas de pós-graduação”, disse Padilha.

Sobre as críticas de que os médicos cubanos vão receber menos (entre R$ 2,5 e R$ 4 mil) do que os outros médicos do programa, que vão ganhar R$ 10 mil, o ministro destacou que não é possível fazer comparação por serem realidade diferentes. “Os médicos cubanos têm uma carreira e vínculo permanente com Cuba, o fato de virem em uma missão internacional faz com que os salários deles aumente, é um bônus no salário além da remuneração que vão ter aqui, diferentemente de outros médicos estrangeiros que vêm para cá [Brasil] e não têm emprego no país de origem”, disse Padilha.

“Esses médicos terão moradia e alimentação garantidas pelos municípios que assumiram o compromisso de participar do programa. O Ministério da Saúde vai acompanhar de perto as condições de vida desses profissionais para que tenham tranquilidade para atuar e atender bem a nossa população”, declarou.

De acordo com o Ministério da Saúde, serão repassados R$ 10 mil por médico cubano à Opas, que fará o pagamento ao governo cubano. Em acordos como esse, Cuba fica com uma parte da verba.

Na segunda-feira (26), tantos os médicos inscritos individualmente (brasileiros e estrangeiros), quanto os 400 cubanos contratados via acordo, começam a participar do curso de preparação, com aulas sobre saúde pública brasileira e língua portuguesa. 

Após a aprovação nesta etapa, eles irão para os municípios. Os médicos formados no país iniciam o atendimento à população no dia 2 de setembro. Já os com diploma estrangeiro começam a trabalhar no dia 16 de setembro.

O curso vai ter carga de 120 horas com aulas expositivas, oficinas, simulações de consultas e de casos complexos. Também serão feitas visitas técnicas aos serviços de saúde com o objetivo de aproximar o médico do ambiente de trabalho.

Edição: Aécio Amado
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. É necessário apenas dar crédito à Agência Brasil