sexta-feira, 14 de abril de 2017

Artistas e intelectuais lançam manifesto contra “desmontes de Temer (PMDB)."

Da esquerda para direita, Chico Buarque, Maria Rita Kehl, Wagner Moura e Laerte Coutinho, que assinam o documento / Montagem BdF.
Brasil de Fato.
Com iniciativa do ex-ministro da Fazenda e economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, o manifesto Projeto Brasil Nação coletou assinaturas de diversos intelectuais e artistas contra os desmontes de políticas públicas do governo golpista de Michel Temer (PMDB). O escritor Raduan Nassar, o compositor e escritor Chico Buarque, o cineasta Kleber Mendonça Filho, a cartunista Laerte Coutinho, o jurista Fábio Konder Comparato, a filósofa Márcia Tiburi, a psicanalista Maria Rita Kehl, entre outros, são signatários do documento.
Um ano após Temer assumir a presidência interinamente, o grupo se opõe às propostas do governo federal como as reformas trabalhista e da Previdência, privatizações, a desnacionalização da indústria e redução dos investimentos sociais. “Programas e direitos sociais estão ameaçados. Na saúde e na Previdência, os mais pobres, os mais velhos, os mais vulneráveis são alvo de abandono”, diz trecho do documento.
O texto aponta que a causa da atual recessão econômica é uma armadilha de juros altos e de câmbio apreciado que inviabiliza o investimento privado.
O manifesto defende que sejam adotados cinco pontos econômicos para reverter este cenário: a diminuição do superávit para estimular a economia em momentos de crise, taxa básica de juros diminuída, superávit na conta-corrente do balanço de pagamentos, retomada do investimento público e uma reforma tributária progressiva.
Leia abaixo o texto na íntegra.
MANIFESTO PROJETO BRASIL NAÇÃO
O Brasil vive uma crise sem precedentes. O desemprego atinge níveis assustadores. Endividadas, empresas cortam investimentos e vagas. A indústria definha, esmagada pelos juros reais mais altos do mundo e pelo câmbio sobreapreciado. Patrimônios construídos ao longo de décadas são desnacionalizados.
Mudanças nas regras de conteúdo local atingem a produção nacional. A indústria naval, que havia renascido, decai. Na infraestrutura e na construção civil, o quadro é de recuo. Ciência, cultura, educação e tecnologia sofrem cortes.
Programas e direitos sociais estão ameaçados. Na saúde e na Previdência, os mais pobres, os mais velhos, os mais vulneráveis são alvo de abandono.
A desigualdade volta a aumentar, após um período de ascensão dos mais pobres.
A sociedade se divide e se radicaliza, abrindo espaço para o ódio e o preconceito.
No conjunto, são as ideias de nação e da solidariedade nacional que estão em jogo. Todo esse retrocesso tem apoio de uma coalizão de classes financeiro-rentista que estimula o país a incorrer em déficits em conta-corrente, facilitando assim, de um lado, a apreciação cambial de longo prazo e a perda de competitividade de nossas empresas, e, de outro, a ocupação de nosso mercado interno pelas multinacionais, os financiamentos externos e o comércio desigual.
Esse ataque foi desfechado num momento em que o Brasil se projetava como nação, se unindo a países fora da órbita exclusiva de Washington. Buscava alianças com países em desenvolvimento e com seus vizinhos do continente, realizando uma política externa de autonomia e cooperação. O país construía projetos com autonomia no campo do petróleo, da defesa, das relações internacionais, realizava políticas de ascensão social, reduzia desigualdades, em que pesem os efeitos danosos da manutenção dos juros altos e do câmbio apreciado.
Para o governo, a causa da grande recessão atual é a irresponsabilidade fiscal; para nós, o que ocorre é uma armadilha de juros altos e de câmbio apreciado que inviabiliza o investimento privado. A política macroeconômica que o governo impõe à nação apenas agravou a recessão. Quanto aos juros altíssimos, alega que são “naturais”, decorrendo dos déficits fiscais, quando, na verdade, permaneceram muito altos mesmo no período em que o país atingiu suas metas de superávit primário (1999-2012).
Buscando reduzir o Estado a qualquer custo, o governo corta gastos e investimentos públicos, esvazia o BNDES, esquarteja a Petrobrás, desnacionaliza serviços públicos, oferece grandes obras públicas apenas a empresas estrangeiras, abandona a política de conteúdo nacional, enfraquece a indústria nacional e os programas de defesa do país, e liberaliza a venda de terras a estrangeiros, inclusive em áreas sensíveis ao interesse nacional.
Privatizar e desnacionalizar monopólios serve apenas para aumentar os ganhos de rentistas nacionais e estrangeiros e endividar o país.
O governo antinacional e antipopular conta com o fim da recessão para se declarar vitorioso. A recuperação econômica virá em algum momento, mas não significará a retomada do desenvolvimento, com ascensão das famílias e avanço das empresas.
Ao contrário, o desmonte do país só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento.
Para voltar a crescer de forma consistente, com inclusão e independência, temos que nos unir, reconstruir nossa nação e definir um projeto nacional. Um projeto que esteja baseado nas nossas necessidades, potencialidades e no que queremos ser no futuro. Um projeto que seja fruto de um amplo debate.
É isto que propomos neste manifesto: o resgate do Brasil, a construção nacional. Temos todas as condições para isso. Temos milhões de cidadãos criativos, que compõem uma sociedade rica e diversificada. Temos música, poesia, ciência, cinema, literatura, arte, esporte –vitais para a construção de nossa identidade.
Temos riquezas naturais, um parque produtivo amplo e sofisticado, dimensão continental, a maior biodiversidade do mundo. Temos posição e peso estratégicos no planeta. Temos histórico de cooperação multilateral, em defesa da autodeterminação dos povos e da não intervenção.
O governo reacionário e carente de legitimidade não tem um projeto para o Brasil. Nem pode tê-lo, porque a ideia de construção nacional é inexistente no liberalismo econômico e na financeirização planetária.
Cabe a nós repensarmos o Brasil para projetar o seu futuro –hoje bloqueado, fadado à extinção do empresariado privado industrial e à miséria dos cidadãos. Nossos pilares são: autonomia nacional, democracia, liberdade individual, desenvolvimento econômico, diminuição da desigualdade, segurança e proteção do ambiente– os pilares de um regime desenvolvimentista e social.
Para termos autonomia nacional, precisamos de uma política externa independente, que valorize um maior entendimento entre os países em desenvolvimento e um mundo multipolar.
Para termos democracia, precisamos recuperar a credibilidade e a transparência dos poderes da República. Precisamos garantir diversidade e pluralidade nos meios de comunicação. Precisamos reduzir o custo das campanhas eleitorais, e diminuir a influência do poder econômico no processo político, para evitar que as instituições sejam cooptadas pelos interesses dos mais ricos.
Para termos Justiça precisamos de um Poder Judiciário que atue nos limites da Constituição e seja eficaz no exercício de seu papel. Para termos segurança, precisamos de uma polícia capacitada, agindo de acordo com os direitos humanos.
Para termos liberdade, precisamos que cada cidadão se julgue responsável pelo interesse público.
Precisamos estimular a cultura, dimensão fundamental para o desenvolvimento humano pleno, protegendo e incentivando as manifestações que incorporem a diversidade dos brasileiros.
Para termos desenvolvimento econômico, precisamos de investimentos públicos (financiados por poupança pública) e principalmente investimentos privados. E para os termos precisamos de uma política fiscal, cambial socialmente responsáveis; precisamos juros baixos e taxa de câmbio competitiva; e precisamos ciência e tecnologia.
Para termos diminuição da desigualdade, precisamos de impostos progressivos e de um Estado de bem-estar social amplo, que garanta de forma universal educação, saúde e renda básica. E precisamos garantir às mulheres, aos negros, aos indígenas e aos LGBT direitos iguais aos dos homens brancos e ricos.
Para termos proteção do ambiente, precisamos cuidar de nossas florestas, economizar energia, desenvolver fontes renováveis e participar do esforço para evitar o aquecimento global.
Neste manifesto inaugural estamos nos limitando a definir as políticas públicas de caráter econômico. Apresentamos, assim, os cinco pontos econômicos do Projeto Brasil Nação.
1- Regra fiscal que permita a atuação contracíclica do gasto público, e assegure prioridade à educação e à saúde
2- Taxa básica de juros em nível mais baixo, compatível com o praticado por economias de estatura e grau de desenvolvimento semelhantes aos do Brasil
3- Superávit na conta-corrente do balanço de pagamentos que é necessário para que a taxa de câmbio seja competitiva.
4- Retomada do investimento público em nível capaz de estimular a economia e garantir investimento rentável para empresários e salários que reflitam uma política de redução da desigualdade.
5- Reforma tributária que torne os impostos progressivos.
Esses cinco pontos são metas intermediárias, são políticas que levam ao desenvolvimento econômico com estabilidade de preços, estabilidade financeira e diminuição da desigualdade. São políticas que atendem a todas as classes exceto a dos rentistas.
A missão do Projeto Brasil Nação é pensar o Brasil, é ajudar a refundar a nação brasileira, é unir os brasileiros em torno das ideias de nação e desenvolvimento –não apenas do ponto de vista econômico, mas de forma integral: desenvolvimento político, social, cultural, ambiental; em síntese, desenvolvimento humano. Os cinco pontos econômicos do Projeto Brasil são seus instrumentos– não os únicos instrumentos, mas aqueles que mostram que há uma alternativa viável e responsável para o Brasil.
Estamos hoje, os abaixo assinados, lançando o Projeto Brasil Nação e solicitando que você também seja um dos seus subscritores e defensores.
Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista
Eleonora de Lucena, jornalista
Celso Amorim, embaixador
Raduan Nassar, escritor
Chico Buarque de Hollanda
Mario Bernardini, engenheiro
Roberto Schwarz, crítico literário
Pedro Celestino, engenheiro
Fábio Konder Comparato, jurista
Kleber Mendonça Filho, cineasta
Laerte, cartunista
João Pedro Stedile, ativista social
Wagner Moura, ator e cineasta
Vagner Freitas, sindicalista
Margaria Genevois, ativista de direitos humanos
Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico
Fernando Haddad, professor universitário
Marcelo Rubens Paiva, escritor
Maria Victoria Benevides, socióloga
Luiz Costa Lima, crítico literário
Paul Singer, economista
Ciro Gomes, político
Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, economista
Alfredo Bosi, crítico e historiador
Eclea Bosi, psicóloga
Manuela Carneiro da Cunha, antropóloga
Fernando Morais, jornalista
Leda Paulani, economista
André Singer, cientista político
Luiz Carlos Barreto, cineasta
Paulo Sérgio Pinheiro, sociólogo
Maria Rita Kehl, psicanalista
Tata Amaral, cineasta
Eric Nepomuceno, jornalista
Carina Vitral, estudante
Luiz Felipe de Alencastro, historiador
Roberto Saturnino Braga, engenheiro e político
Roberto Amaral, cientista político
Eugenio Aragão, subprocurador geral da República
Ermínia Maricato, arquiteta
Marcia Tiburi, filósofa
Frei Betto, escritor e religioso
Editoria: Política

Refinarias premium do Maranhão e Ceará, inviáveis para a Petrobras, agora são viáveis para o capital estrangeiro.

Tânia Rêgo
Em 22 de abril de 2015, na divulgação do balanço do quarto trimestre de 2014, a Petrobras anunciou a paralisação das refinarias premium do Maranhão e do Ceará, por considera-las economicamente inviáveis.

Com isto a empresa registrou um prejuízo de R$ 2,11 bilhões com a baixa contábil (impairment) da refinaria do Maranhão e R$ 596 milhões com a baixa da refinaria do Ceara. Só este fato seria motivo de indignação de qualquer pessoa com um mínimo de bom senso. 
A decisão de novos investimentos é antecedida por muitos estudos e passa por diversos órgãos na estrutura da empresa. Como um projeto pode ser definido como inviável somente depois de já terem sido gastos R$ 2,7 bilhões na obra ? Quem são os responsáveis por este verdadeiro escândalo ? Eles foram punidos ?
Até hoje estas perguntas não foram respondidas. E não se fala mais nisto. Ficou no passado. Talvez o Brasil seja muito grande para se deter em pequenos detalhes ( apenas R$ 2,7 bilhões) .
Mais surpreendente ainda foi, um ano depois, em 11 de fevereiro de 2016, ler o artigo do jornalista Leonardo Goy : “O Irã tem interesse em investir nas refinarias premium do Maranhão e do Ceará, cujos projetos foram abandonados pela Petrobras no ano passado após longa busca por investidores, disse a Reuters uma fonte do governo brasileiro que acompanha o assunto.”
De acordo com o artigo “O Ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, esteve reunido com a Presidente Dilma Roussef e um grupo de ministros, entre eles o da fazenda Nelson Barbosa, para discutir possíveis parcerias comerciais com o Irã”.
Neste ponto a curiosidade era querer saber o que poderia motivar o governo do Irã a investir no Brasil, num projeto que já havia sido taxado de inviável. Logo o Irã, um país distante do nosso, com o qual o Brasil tem poucas relações comerciais.Tudo muito estranho. Não podia ser verdade.


Passado mais um ano, em 22 de janeiro último, o jornalista Lucas Hadade, do jornal “O Imparcial” de São Luiz, MA, publicou artigo dizendo:  “Refinaria de Bacabeira é sonho possível” (...) “A nova refinaria, pelo perfil atual da negociação é uma parceria público privada, entre o banco indiano Eximbank, que dará o dinheiro para a construção, o governo do Irã que fará exploração do refino e pagará o investimento com petróleo e o Brasil que cederá o terreno para o empreendimento” (...) “A área utilizada será a mesma da premium, com a terraplanagem já concluída e atualmente abandonada. O governo do Maranhão, que solicitou e obteve de volta o terreno após cancelamento da obra, já se comprometeu a cedê-lo para a nova refinaria”.

Segundo o artigo o investimento previsto é de US$ 10 bilhões. Ora , num ambiente de incerteza política como o brasileiro este é um negócio de altíssimo risco para iranianos e indianos. No mundo dos negócios, quanto maior o risco, maior deve ser o prêmio.


Para os indianos o prêmio está no fato de que eles vão fornecer a engenharia e os equipamentos, gerando muitos empregos e impostos na India. Não vai haver fornecimento brasileiro, e eles não terão dificuldades para receber os recursos aplicados, que serão pagos em petróleo, que eles necessitam, pelo Irã.

Para o iranianos o prêmio está no fato de que o projeto prevê o consumo de 650 mil barris/dia de petróleo que virá todo do Irã. Portanto não haverá consumo de petróleo brasileiro nesta refinaria. Por outro lado, todo o derivado produzido será vendido no Brasil, ocupando mercado que atualmente é da Petrobras. Isto transformará o Brasil num mercado cativo para o petróleo iraniano. Evidentemente o contrato prevê pesadas multas em caso de rescisão por parte do governo brasileiro.
Ex-governador e atual deputado federal pelo Maranhão, José Reinaldo Tavares, já se reuniu com os ministros Fernando Coelho, Serra, Padilha e com o presidente da Petrobras Pedro Parente e obteve sinal verde para o projeto.
Por outro lado, em 25 de janeiro p.p., o jornal Diario do Nordeste, de Fotaleza, CE, destacava: “Em busca de trazer uma refinaria para o Ceará, o secretário de assuntos internacionais do governo do estado do Ceará, Antonio Balhmann, reuniu-se na última segunda-feira, na China, com o corpo técnico montado pela empresa Guangdong Zherong Energy Co.(GDZR). 
Na ocasião, segundo informou a assessoria do secretário, foram iniciados os trabalhos de formatação para implantação de uma refinaria no Estado do Ceará. Após a assinatura do memorando de entendimento entre o governador Camilo Santana e a empresa chinesa em novembro/2016, Balhmann esteve em Guangzhou, para a primeira reunião com o grupo que, designado pela empresa chinesa, irá encabeçar o esforço técnico para implantação da refinaria”.
O projeto já tem acertado a tecnologia e expertise da chinesa GDZR, o fornecedor de óleo , a iraniana National Iranian Oil Company (NIOC), e o financiador, o fundo do acordo Brasil-China no qual o projeto está inserido. O fundo deve começar a operar em março/2017 com US$ 20 bilhões para financiar projetos de infraestrutura e energia.
“Agora vamos trabalhar o projeto tecnico para apresentar ao fundo, e com a aprovação devemos iniciar a implantação da refinaria em 2018” completou Balhmann em entrevista ao Diario do Nordeste em 30 de março.
O projeto da refinaria cearense vai consumir US$ 4 bilhões e 300 mil barris/dia de petróleo.
As duas refinarias, do Maranhão e do Ceará, estão sendo desenvolvidas na surdina, sem nenhuma divulgação por parte da grande mídia. A indústria nacional vai perder investimentos de US$ 14 bilhões (R$ 45 bilhões). O Brasil perde milhares de empregos, desenvolvimento de tecnologias, treinamento de pessoal especializado e grande volume de impostos para os asiáticos. Vamos nos transformar em mercado cativo de 950 mil barris/dia do petróleo iraniano.
Do lado brasileiro, o que posso imaginar é que a premissa é de que no futuro não teremos petróleo, pois todo o pre-sal será entregue para as petroleiras estrangeiras e o regime de partilha revogado.
O Brasil hoje é administrado por colonizadores que só pensam em explorar o país e seu povo. 


Cláudio da Costa Oliveira - Economista aposentado da Petrobras.


Brasil. Governo Temer (PMDB) é acusado de descumprir termos do acordo de cooperação e governo de Cuba suspende envio de 710 médicos ao Brasil, diz Ministério da Saúde.

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Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil.

Cuba cancelou o envio de 710 médicos para o Brasil, previsto para este mês. A suspensão se deu, conforme ofício enviado ao governo brasileiro, devido ao possível descumprimento de termos do acordo de cooperação.
Em nota enviada à imprensa, o Ministério da Saúde diz que poderá enviar a Cuba uma delegação brasileira para esclarecer os questionamentos do governo cubano.

O Brasil recebeu nesta quinta-feira (13), por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a solicitação de uma reunião de representantes brasileiros e cubanos para tratar do programa Mais Médicos.

Segundo o governo cubano, o cancelamento do envio se deu pelo aumento de ações judiciais impetradas por médicos cubanos vinculados ao programa e sua contratação direta pelo Ministério da Saúde, determinada por liminares. Essa situação, segundo o texto do ofício, não estaria em conformidade com o acordo firmado.

A cada três meses, o Ministério da Saúde realiza editais para preencher os postos de trabalho eventualmente vagos no programa. No último edital, para cerca de 1,6 mil vagas, mais de 8 mil candidatos brasileiros se inscreveram para a seleção.

Segundo o Ministério da Saúde, caso necessário, as vagas não preenchidas pela cooperação serão oferecidas nos próximos editais. Os médicos cubanos que chegariam ao Brasil são 600 novos bolsistas e 110 para reposição de profissionais.

Cubanos no Mais Médicos.
Quando o Mais Médicos foi lançado, em 2013, a maciça presença de médicos cubanos foi duramente criticada pelas entidades médicas brasileiras. Um dos motivos foi o fato de estes profissionais não terem registro nos conselhos regionais de medicina do Brasil. Além disso, os vencimentos deles são pagos ao governo cubano, que repassa ao profissional um valor menor do que o recebido por outros participantes do programa.

Porém, apesar de os editais do programa sempre priorizarem a contratação de brasileiros, a maior parte das vagas, muitas localizadas em áreas carentes e de difícil acesso, como Distritos Sanitários Indígenas, não atraía o interesse de profissionais brasileiros. Desde 2015, o governo tem apostado em novas estratégias para que os brasileiros participem do Mais Médicos.

Em janeiro deste ano, pela primeira vez, além da reposição de rotina, foram disponibilizadas vagas antes ocupadas por profissionais cubanos, que vieram ao Brasil por uma cooperação intermediada pela Opas.

Segundo balanço do início deste ano, das 18.240 vagas do programa, 62,6% são ocupadas por cooperados cubanos, 29% por brasileiros formados no Brasil e 8,4% estrangeiros e brasileiros formados no exterior.

A meta do governo federal é substituir 4 mil médicos cooperados por brasileiros em três anos e, assim, reduzir de 11,4 mil para 7,4 mil participantes cubanos. A expectativa é chegar a 7,8 mil brasileiros no Mais Médicos, representando mais de 40% do total de profissionais.


Edição: Kleber Sampaio.

Exército sírio denuncia bombardeio de coligação em armazém químico do Estado Islâmico.

Aleppo, Síria: Hell on Earth by Maysun
Foto - (dr) Maysun.
O exército sírio denunciou nesta quinta-feira (13) um suposto bombardeio da coligação internacional, liderada pelos EUA, em um armazém onde havia substâncias químicas do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) no nordeste da Síria, que, afirmou, deixou centenas de mortos, entre eles civis.
O Comando Geral das Forças Armadas sírias precisou em um comunicado publicado pela agência de notícias oficial “Sana” que o suposto ataque ocorreu ontem em um armazém do EI, onde eram guardadas substâncias tóxicas, no povoado de Hatala, no leste da província nordeste de Deir ez-Zor.
O anúncio ocorre depois que em 4 de abril a cidade de Khan Sheikhun, no noroeste, foi alvo de um suposto bombardeio com armas químicas, onde morreram mais de 80 pessoas, do qual EUA e a oposição acusaram o Governo de Damasco, enquanto que as autoridades sírias e Rússia negaram.
Na nota, o exército sírio apontou que o ataque da coligação foi realizado ontem entre 17h30 e 17h50 local (11h30 e 11h50, em Brasília) e que originou uma nuvem branca, que pouco depois ficou amarela, após a explosão do armazém com substâncias químicas.
Além disso, causou um incêndio na zona que se prolongou até as 22h30 local (16h30, em Brasília), causando a morte de centenas de pessoas por asfixia devido à inalação de gases tóxicos, afirma o comunicado.
O exército destacou que nesse local havia também um grande número de “mercenários” estrangeiros do EI.
Para as Forças Armadas sírias, estes fatos demonstram “a coordenação entre as organizações terroristas e as forças que as apoiam para encontrar pretextos e acusar ao Exército Árabe da Síria do uso de armas químicas“.
Destacaram que este fato confirma que grupos terroristas, como o EI e a Frente ao Nusra (atual Frente da Conquista do Levante), possuem este tipo de armamento e “têm capacidade de consegui-lo, transportá-lo, armazená-lo e utilizá-lo com a ajuda de Estados conhecidos na região”.
No texto se reitera que o Exército sírio não possui nenhum tipo de armas químicas nem as empregou e advertiu sobre os “perigos que são as organizações terroristas que usam armamento químico contra os civis, especialmente depois das mensagens recentes e a cobertura proporcionada para que fiquem impunes”.
Ontem, a Rússia vetou no Conselho de Segurança da ONU uma resolução de condenação do ocorrido na semana passada em Khan Sheikhun, que exigia a todas as partes que colaborem na investigação.
O ataque de Khan Sheikhun elevou a tensão entre Rússia e EUA, que na sexta-feira lançou 59 mísseis sobre uma base aérea síria em represália pelo suposto bombardeio químico.
O Governo de Damasco afirmou que em 4 de abril sua aviação teve como alvo um “armazém terrorista“, que continha substâncias químicas em Khan Sheikhun.