domingo, 29 de janeiro de 2012

EUROPA CASTIGADA PELO PRÓPRIO VENENO DO EMBARGO.

bandeira do Irã

EMBARGO [contra o IRÃ]: A VOLTA DO CHICOTE NO LOMBO DE QUEM BATEU”

Por Pepe Escobar, no “Asia Times Online

“THE IRANIAN OIL EMBARGO BLOWBACK”

“Se aquela patética coleção de poodles europeus – que o analista Chris Floyd chama deliciosamente de 'Europuppies' – conhecesse alguma coisa da cultura persa, saberia que a volta do chicote da guerra econômica, que declarara sob a forma de embargo ao petróleo do Irã, não tardaria e viria dura como rock-pauleira.

Melhor dizendo: como rock-pauleira-pauleira-mesmo. O Majlis (Parlamento do Irã) decidirá amanhã, domingo, em sessão aberta, se cancela completa e absolutamente todas as exportações de petróleo iraniano para todos os países europeus que aceitarem o embargo – segundo Emad Hosseini, relator da Comissão de Energia do Majlis [1]. E com aviso, em tom apocalíptico, via a agência de notícias FARS, cortesia do deputado Nasser Soudani: “A Europa arderá no fogo dos poços iranianos.” [2]

Soudani manifesta o pensamento de todo o establishment em Teerã, quando diz que “a estrutura das refinarias europeias só é compatível com o petróleo iraniano” – portanto, os europeus não têm alternativa; o embargo “fará subir o preço do petróleo, os europeus terão de comprar e serão obrigados a pagar mais”. Quer dizer: a Europa “terá de comprar petróleo iraniano indiretamente, dos intermediários”.

Nos termos do pacote de sanções da União Europeia, todos os contratos continuam vigentes até 1º de julho; e ficam proibidos quaisquer novos contratos. Então... imaginem que a nova legislação “preventiva” seja aprovada no Irã, nos próximos dias. Países do Club Med europeu, como Espanha e, principalmente, Itália e Grécia, estarão encurralados nas cordas, sem tempo para buscar alguma possível alternativa para o cru iraniano, extremamente leve, de altíssima qualidade.

A Arábia Saudita – e digam o que disserem os ‘especialistas’ em petróleo da imprensa corporativa ocidental – não tem capacidade reserva para suprir a demanda extra. E, sobretudo, a absoluta prioridade da Casa de Saud é vender petróleo ao preço mais alto possível (porque os sauditas precisam de muito dinheiro para subornar – além de reprimir – a própria população e fazê-la esquecer aquelas ideias estúpidas de primaveras árabes).

Então, é isso. As economias europeias já quebradas podem ser obrigadas a continuar comprando petróleo iraniano, não do Irã, diretamente, mas dos vencedores selecionados: os intermediários-abutres.

Não surpreende que os derrotados nessas táticas de Guerra Fria, anacronicamente requentadas, em tempos de mercado aberto global, sejam os próprios europeus. A Grécia – que já está à beira do abismo – compra petróleo do Irã com grandes descontos no preço. Há alta probabilidade de que o embargo lance o governo grego diretamente em situação de calote – e, daí em diante, há alta probabilidade de um efeito cascata catastrófico na eurozona (Irlanda, Portugal, Itália, Espanha e por aí vai).

O mundo carece de um Heródoto digital que explique como esses poodles europeus, que dizem representar a “civilização”, conseguiram, num só golpe, fazer sofrer, simultaneamente, a Grécia – onde nasceu a civilização ocidental – e a Pérsia, uma das civilizações mais sofisticadas que o mundo jamais conheceu. E que espantosa reencenação histórica da tragédia, como farsa! É como se gregos e persas estivessem lado a lado, nas Termópilas, assistindo ao massacre dos exércitos da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN.

ENTRE NA DANÇA DA EURÁSIA [3]

Agora, comparem aquele cenário e a ação que se vê por toda a Eurásia. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que “Sanções unilaterais não servirão para nada”. O ministro das Relações Exteriores da China, em Pequim, com muito tato, mas irrepreensivelmente direto ao ponto, disse que “Pressionar cegamente e impor sanções ao Irã não são abordagens construtivas”. [4] O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse que “Temos muito boas relações com o Irã, e estamos empenhando muitos esforços para reabrir as conversações entre o Irã e os mediadores do [grupo] “5+1” [chamado “Irã 6”: os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha]. A Turquia continuará a buscar solução pacífica para a questão”.

A Índia, dos BRICS – como Rússia e China – também desaprovou as sanções. A Índia continuará a comprar petróleo do Irã, pagando em rúpias ou em ouro. Coreia do Sul e Japão, sem dúvida, arrancarão isenções do governo de Barack Obama.

Por toda a Eurásia, o comércio afasta-se rapidamente do dólar norte-americano. E, muito importante: a “Zona Asiática de Exclusão do Dólar” implica também que a Ásia, aos poucos, já se está afastando dos bancos ocidentais.

O movimento pode ser liderado pela China – mas, em todos os casos, é movimento irreversivelmente transnacional. Como sempre, siga o dinheiro. China e Brasil, dois países BRICS, começaram a afastar-se do dólar norte-americano nas transações comerciais em 2007. Rússia e China, também BRICS, seguiram o mesmo caminho em 2010. Japão e China – os dois gigantes asiáticos-, fizeram exatamente o mesmo, mês passado.

Semana passada, Arábia Saudita e China assinaram contrato para a construção de uma refinaria gigante de petróleo no Mar Vermelho. E a Índia, mais ou menos secretamente, está decidindo pagar em ouro, pelo petróleo que compre do Irã – com o que deixará de lado também o atual intermediário, um banco turco.

A Ásia quer um novo sistema internacional – e está trabalhando nessa direção.

Consequências inevitáveis no longo prazo: o dólar norte-americano – e, claro, o petrodólar – encaminha-se lentamente para a irrelevância. “Grande demais para falir” acabará por ser, não imperativo categórico, mas epitáfio.”

NOTAS DOS TRADUTORES:

[1] 27/1/2012, Press TV, Teerã, “Oil war with Iran will cripple EU
[2] 25/1/2012, Mehr News, Teerã, “Iranian parliament mulling plan to cut oil exports to Europe
[3] Orig. "Hit the eurasian groove". "Hit the groove" é expressão que equivale, em português, a “entre no ritmo”, “acerte o ritmo”, “caia na festa” etc. Vê-se e ouve-se uma gravação de “Hit the groove”, com o grupo Echobeat
[4] 26/1/2012, Xinhuanet, Pequim, “China says sanctions on Iran not constructive

FONTE: escrito por Pepe Escobar, no “Asia Times Online”, sob o título “The Iranian oil embargo blowback”. Transcrito no blog “redecastorphoto” traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu”  (http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/pepe-escobar-embargo-volta-do-chicote.html) [título e imagem do Google adicionados por este blog ‘democracia&política’] [Postagem por sugestão do leitor Probus].
Fonte: http://democraciapolitica.blogspot.com/

Haiti - Bomba-relógio.

BOMBA-RELÓGIO
29 Jan 2012
Paulo Delgado

Um conjunto de opressões encontrou no Haiti o seu destino. Um só rebanho, nenhum pastor conduz aquele povo para fora da devastação social, política, econômica e geológica de sua nação, a mais previsível bomba-relógio do Ocidente.

Sob domínio espanhol, inglês ou francês, as águas cristalinas e quentes e o céu azul fizeram da região do Caribe — submersa, como Port Royal (Jamaica) no século 17, ou liquefeita, como Porto Príncipe (Haiti) em 2010 — o mais importante sítio arqueológico das catástrofes naturais e políticas do mundo ocidental. Falhas geológicas, furacões e terremotos competem em igualdade de condições com golpes de Estado, intervenções militares, bloqueios econômicos e a instável presença da arrogante política internacional.

Ai de ti, o Haiti, como país, não existe. Seu povo já não tem mais interesse nenhum na vida pública. Tudo parece falso. Um local de sobreviventes, onde a pobreza e o abandono são tão reais que é impossível produzir estatísticas sobre mortes, crianças, doenças, classes sociais, atividades econômicas.

A população não sabe o que fazer diante de tamanho abandono, atrás dos escombros que ainda estão pelas ruas e da profundidade cada vez maior do buraco à sua frente. Agitados, se põem em movimento constante em busca de um comercio precário, fiapos de atendimento médico prestado pelos Médicos sem Fronteiras, tarefas domésticas básicas como cozinhar e lavar roupa, feitas nas ruas. Convivem, ainda, com lixo e gangues de todos os tipos, catástrofes da mais pura violência cotidiana.

Uma sociedade que finge acreditar que possa sobreviver sem plano de reabilitação nacional, política de habitação, estrutura de proteção civil ou algum sinal da presença oficial. O Haiti transformou-se no maior laboratório do assistencialismo mundial e é hoje um país de tendas, barracas de plástico, uniformes, coletes e siglas de organizações do mundo todo.

E está dividido: entre continuar entregue à tutela da comunidade internacional ou manter-se submisso à ganância de governos locais corruptos, que se apropriam dos fundos de emergência para fazer política pessoal e fortuna familiar. Sem falar da manipulação das mais de 10 mil ONGs que se enfiaram no país por motivos os mais diversos. O resultado é que o Haiti ferve com a epidemia de cólera, fome, desemprego e abandono.

Um país frágil, sem condições de oferecer serviços básicos, segurança pessoal, proteção à propriedade, justiça, torna-se logo falido e inviável. Estrangulado pela falta de perspectiva para se recuperar de forma independente, tem sua vida agravada pela erradicação do pensamento livre que os anos recentes de intervenção norte-americana e francesa promoveram.

O que restou é um país onde predomina a resignação política e religiosa, imposta do estrangeiro. O terremoto de dois anos atrás completou a tarefa de expor, ainda mais, a falta de legitimidade da política e dos líderes nacionais. Asfixiado, o Haiti não pertence mais aos haitianos.

Entre a falta de perspectivas de mudança e o medo do futuro, muitos haitianos tentam a diáspora, agora em direção ao Brasil. Confiantes de que são bem-vindos pela boa imagem que nossas tropas deixaram no país como líderes da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Assentados sobre uma falha geológica que provoca os mais catastróficos terremotos da Terra, até poderiam requerer dos países para onde migram a condição de refugiados ambientais.


Não fosse o inevitável pendor político do país para a autoimplosão, seria também possível alegar perseguição por razões religiosas, étnicas, políticas, violação sistemática dos direitos humanos, agressão estrangeira. Mas não é essa a alegação. Quem sai do Haiti é impulsionado pela mais antiga motivação humana: a esperança de viver melhor. Ninguém é apátrida, ou duvida de que, se for desmontada a explosiva situação local, voltarão com maior esperança.
O Haiti pode voltar a ser a economia turística que foi nos anos 1950, disputando com Cuba e Porto Rico a preferência de quem viajava ao Caribe.

Mas é preciso mudar o controle e a direção do fluxo dos capitais globais movimentados pela solidariedade e pela caridade mundial; e colocá-los mais sob controle do próprio país. No entanto, contra tal movimento concorrem a má reputação e a mentalidade dos empresários e ricos daquela nação. Uma fração inferior a 3% dos habitantes controla mais de 80% da parca riqueza e, tradicionalmente, apoia ditadores, paga salários aviltantes e não investe na economia local.

Com seus mercenários, missionários, espoliadores, benfeitores, o Haiti vive as agruras da algazarra pós-colonial. Toussaint L"Overture, o Napoleão Negro, herói que aboliu a escravidão e proclamou a independência, imaginava vencê-la. Traído, morreu nas masmorras da França imperial, onde não descansa até hoje.

Paulo Delgado é sociólogo. Foi deputado federal.

Fonte: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha;jsessionid=

sábado, 28 de janeiro de 2012

São Paulo. Vem ai nova desocupação agora na USP.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Justiça decide que reintegração de posse da Moradia Retomada na USP ocorra até 6 de fevereiro.

Foi divulgado no dia 17 de janeiro de 2012, por meio do Diário da Justiça da Capital, a decisão judicial que estabeleceu o prazo de 20 dias para a execução da reintegração de posse da Moradia Retomada, localizada no térreo do bloco G do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), próximo aos guichês de venda de ticket para o bandejão.
 

Não podemos aceitar mais esse ataque aos estudantes!

Moradia Retomada


Em março de 2010, frente a mais de 100 calouros que tiveram o alojamento emergencial negado pela COSEAS, os moradores do CRUSP, reunidos em assembléia, decidiram pela retomada de parte do bloco G que antes era moradia e havia sido tomada pela Divisão de Promoção Social da COSEAS e pelo banco Santander, inviabilizando a utilização do espaço como moradia estudantil.
 
Mesmo diante da falta de vagas, a reitoria criminalizou esse movimento expulsando 6 estudantes em dezembro de 2011.

Esta ocupação, além de permanência estudantil imediata, serviu para pressionar a Reitoria a finalizar a construção de um novo bloco no CRUSP, uma conquista do acordo resultante da ocupação da Reitoria em 2007.

Permanência estudantil

A luta pela moradia estudantil na USP é antiga. Foi somente com a justificativa de abrigar atletas dos Jogos Pan americano, da década de 60, que a Reitoria construiu 12 blocos do atual CRUSP (Conjunto Residencial da USP). Negada a liberação do uso dos blocos para moradia estudantil, os estudantes ocuparam bloco por bloco, entre os anos de 64 e 68. Se o surgimento do CRUSP remonta a história de luta estudantil, a origem da COSEAS, por outro lado, foi pautada na pretensão de controle e repressão da Reitoria ligada à Ditadura Militar, com a função de vigiar a vida pessoal e política dos moradores.

Fonte: http://uspemgreve.blogspot.com/2012/01/justica-decide-que-reintegracao-de.html

Inglaterra. A demonização da classe trabalhadora.

CHAV's

As três décadas de neoliberalismo, inauguradas por Margaret Thatcher com uma drástica desindustrialização nos anos 80, marcaram o triunfo de um individualismo que afundou o sistema de valores solidários da classe trabalhadora. 

Em 1979 havia sete milhões de operários com um forte peso de mineiros, portuários e do setor automotivo.

Hoje há dois milhões e meio, as minas desapareceram e só a empresa automotiva, em mãos estrangeiras, está crescendo. Neste vazio de identidade, de uma classe operária em retirada, surgem os “chavs”. O artigo é de Marcelo Justo.

Londres - A demonização da classe trabalhadora britânica tem uma sigla indecifrável: “Chavs”. Ninguém sabe o que significa, mas em páginas web, em programas de televisão e em análises midiáticas populares ou “sérias”, serve para estigmatizar os jovens que vivem em moradias municipais e têm um tipo específico de sotaque e aspecto físico. “Na realidade é uma maneira oblíqua de definir o conjunto da classe trabalhadora e responsabilizar os pobres de ser pobres”, escreve Owem Jones, autor de “Chavs”, um livro chave sobre o tema. 

Em meio à atual crise, a justificativa cai como anel no dedo. A pobreza não se deve aos problemas da economia, mas às falhas do próprio indivíduo ou de sua família: aos lares deslocados, à falta de ambição ou inteligência.

As três décadas de neoliberalismo, inauguradas por Margaret Thatcher com uma drástica desindustrialização nos anos 80, marcaram o triunfo de um individualismo que afundou o sistema de valores solidários da classe trabalhadora. Em 1979 havia sete milhões de operários com um forte peso de mineiros, portuários e do setor automotivo. Hoje há dois milhões e meio, as minas desapareceram e só a empresa automotiva, em mãos estrangeiras, está crescendo.


Neste vazio de identidade, de uma classe operária em retirada, surgem os “chavs”. Objeto de escárnio na imprensa ou de piada em programas de televisão e cenas de classe média, os “chavs” são apresentados como parasitas encravados no tecido social. Segundo o estereotipo são desempregados crônicos, adolescentes que engravidam para receber auxílio-maternidade, responsáveis pelo déficit fiscal e moral, virtuais delinquentes com um coeficiente de inteligência pelo chão e uma família disfuncional. “O que chamávamos de respeitável classe trabalhadora praticamente desapareceu. Hoje a classe trabalhadora na verdade não trabalha nada e está mantida pelo estado de bem-estar”, assinala o comentarista conservador Simom Heffer.

O estereótipo ajudou a justificar o draconiano ajuste fiscal da coalizão conservadora liberal-democrata encabeçada pelo primeiro ministro David Cameron, mas também tem servido de base para propostas reacionárias, de limpeza social. Em 2008, o vereador conservador, Johm Ward, propôs a esterilização obrigatória das pessoas que tiveram um segundo ou terceiro filho enquanto recebiam benefícios sociais, medida apoiada com entusiasmo pelos leitores do jornal conservador “Daily Mail”, escandalizados com “estes aproveitadores e sem-vergonhas que estão afundando o país”.


A obsessão classista e o estereótipo levaram a confusões tragicômicas. Em um panfleto para as eleições de 2010, os conservadores asseguraram que em algumas zonas pobres “a gravidez de adolescentes menores de 18 anos é de 54 %”. Na verdade era 5,4%, cifra que representava uma queda com respeito ao que acontecia durante o Thatcherismo. No departamento de imprensa conservador ninguém percebeu o erro tipográfico. Apesar de se referir a mais da metade das menores de 18 anos dessas zonas, o fenômeno já havia sido naturalizado pelo preconceito.

Uma das curiosidades é que se usa o termo Chavs com certeza de conceito sociológico, mesmo que ninguém possa dizer com certeza o que significa o acrônimo. O dicionário de oxford na internet define o “Chav” como “um jovem de classe baixa de conduta estridente, que anda em grupo e usa roupas de marca, reais ou imitadas”. Outro dicionário, de 2005, o define como “jovem de classe trabalhadora que se veste com roupa esportiva” Um mito popular o faz passar como “Council Housed and Violent” (violento que vive em casas municipais).

Esta vacuidade permite englobar amplos setores sociais. Em um livro que já está na nona edição e vendeu mais de 100 mil exemplares, “The Little book of Chavs”, se identificam os típicos trabalhos “chavs”. A “chavette” – mulher chav – é aprendiz de cabeleireiro, faxineira ou camareira enquanto os homens são guardas de segurança ou mecânicos e encanadores “cowboys” (“especialistas” em reparações que destroem tudo). Segundo o livro, “chavs” de ambos os sexos costumam ser 'caixas' nos supermercados ou empregados de lanchonetes.

Esta tipificação ocupacional corre paralela às mudanças que a classe trabalhadora britânica viveu nos últimos 30 anos. Hoje um quarto da força de trabalho tem uma jornada precária e mais de um milhão e meio se encontra em empregos temporários. O salário médio de 170 mil cabeleireiras (“chavettes”) está pouco acima da metade da média salarial da população, medida que define a linha de pobreza no Reino Unido. Em cidades que alguma vez giraram em torno à atividade manufatureira ou mineira, os escassos trabalhos que existem são em supermercados ou farmácias. “Não só são trabalhos mais inseguros. Estão muito pior pagos.

Quando a Rover faliu em Birmingham com a perda de 6500 postos de trabalho, a remuneração média que receberam aqueles que conseguiram trabalho era um quinto menor do que ganhavam na automotiva”, aponta Owem Jones.

O paradoxo é que em uma sociedade tão classista como a britânica, na qual o sotaque e a universidade (Oxford, Cambridge) definem o futuro de uma pessoa, conservadores e novos trabalhistas propagam o mito de que hoje todos os britânicos são de “classe média”, salvo essa pequena subclasse disfuncional e patológica, para a qual falta ambição ou fibra moral: os Chavs. Em 1910 Winstom Churchill, então ministro do interior do Partido trabalhista propôs a esterilização de mais de 100 mil pessoas que considerava “débeis mentais e degenerados morais” para salvar o país da decadência. Um século mais tarde a decadência continua ameaçando o Reino Unido, mas a fórmula é mais “civilizada”: um estigma que nega a existência e o significado social da classe trabalhadora.

Tradução: Libório Junior

Fonte:http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19419

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

“Anonymous” à caça dos governos (e da Rede Globo) depois dos protestos Anti-SOPA.

Quinn Norton





25/1/2012, Quinn Norton, Wired
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu





Ver também
3/1/2012, Anonymous” 101: Introdução aoLulz  [1], Quinn Norton, Wired (Parte I)
3/1/2012, Anonymous 101: O moralismo derrota o Lulz”, Quinn Norton, Wired  (Parte II)
23/1/2012,A únicaentrevista que Anonymous jamais deram” , The shorty interview
11/1/21012 – “2011: Anonymous contra polícia,ditadores e ameaça existencial” – Quinn Norton, Wired   



Na semana passada, os Anonymous lançaram sequência sem precedentes de ataques a páginas de governos e empresas, por todo o mundo. A fúria do enxame, que ano passado atacou Mubarak no Egito, volta-se agora contra outros governos em todo o mundo.

Repetidos ataques DDoS e de hacking, pelos Anonymous, parecem ser em boa parte uma resposta a propostas de arrocho na lei de propriedade intelectual à custa de uma internet aberta; e ao que os Anonymous veem como excessos no exercício do poder, por vários governos. Depois de atacar páginas de agências do governo dos EUA e dos grandes grupos proprietários de direitos autorais, em resposta contra a prisão de empregados da página de compartilhamento Megaupload, iniciou-se um novo round internacionalista, depois de mensagem distribuída por AnonyOps, numa espécie de “conta oficial” dos Anonymous no Twitter, no sábado [aqui traduzido]:
Se você odiou #SOPA, vai super odiar #ACTA [1]. Negociado em segredo. Buscas no iPod estão em jogo.
O controvertido tratado será votado em breve na Polônia, o que contribuiu para transformar convenientemente a indignação contra uma lei norte-americana de censura à internet, em proposta transnacional.
Os Anonymous uniram-se a ativistas digitais poloneses, para responder. No Facebook, ativistas montaram um protesto físico e criaram um dia de blackout, na 3ª-feira, semelhante ao blackout de protesto contra a lei SOPA. Os Anonymous deflagraram um ataque DDoS contra páginas do governo polonês e anunciaram que teriam invadido computadores de ministérios dos quais teriam extraído documentos.
A combinação de ataques anônimos e reação das autoridades polonesas trouxe à luz o sempre obscuro tratado ACTA e ampliou a discussão na Polônia sobre se o tratado ACTA realmente interessa à Polônia e à internet polonesa. O ministro da Administração e Digitalização Michał Boni declarou que o tratado seria assinado, com ou sem ameaças dos Anonymous ou protestos da população na Polônia; mas o tratado ainda terá de ser aprovado no Parlamento polonês, antes de ser convertido em lei.
Com o início das manifestações de rua na Polônia, alguns Anons distribuíram uma nota, dizendo que era hora de suspender os ataques DDoS e, com isso, caíram também os ataques DDoS contra alvos nos EUA. Na 4ª-feira, milhares de manifestantes saíram às ruas em várias cidades da Polônia, cantando e exibindo cartazes de protesto contra a assinatura do tratado, prevista para acontecer dia 26/1.
O tratado ACTA é acordo secreto, promovido e possivelmente redigido, pelo menos em parte, pelos mesmos interesses que acabam de ver atacados em pleno voo, pela internet, os planos que tinham para aprovar a lei SOPA: a indústria do entretenimento. Os termos do ACTA jamais foram bem discutidos publicamente, mas vazaram algumas versões do tratado, que revelaram que o ACTA inclui um dispositivo de lei pelo qual três acusações de infringir a lei implicariam o “acusado” ser expulso da Internet e uma volta ao estilo dos “portos seguros” do Digital Millennium Copyright Act (DMCA) de 1998, que permitiram o funcionamento de empresas como YouTube, Flickr, Tumblr, Twitter, Facebook e Google.
O governo Obama também já disse que não é necessário que o Congresso aprove o tratado, para torná-lo vigente nos EUA, e que será implementado por ordem executiva. A incapacidade da comunidade de internet para avaliar leis que podem afetar todos muito profundamente continua a ser frustrante.
“Todo o governo, basicamente, é sempre ‘levado no bico’, em todos os aspectos” – disse um Anon, no IRC envolvido com as ações anti-ACTA.
Na França, o movimento para deter a tramitação do Tratado ACTA floresceu em milhares de canais francófonos de servidores IRC dos Anonymous. Houve muitos ataques DDoS contra o império de mídia francês Vivendi. Centenas de falantes de francês, polonês e português tornaram os servidores AnonOps mais globais do que nunca antes.
Brasil: a violência policial em Pinheirinho
Outra parte dessa missão de envolvimento planetário veio à superfície no Brasil, onde um ataque de força policial contra uma favela chamada Pinheirinho também provocou a indignação e a ação do grupo Antisec – enquanto a expulsão violenta de mais de 5.000 moradores entra no quarto dia.
Hackers brasileiros pediram ajuda aos Anons “chapéu preto”, que informaram que teriam conseguido invadir dúzias de caixas no Brasil, cujos documentos teriam sido saqueados; informaram também que as chaves teriam sido passadas aos hackers brasileiros.
Antisec ajudou os brasileiros, porque eles pediram ajuda” – disse um Anon, num chat online, à revista Wired. “Eles consideram-se fãs e membros de Lulzsec e Antisec.”
Entre as páginas hackeadas estava uma página das Organizações Globo, grande conglomerado de mídia latino-americana que tem sede no Brasil  [2]. Numa das páginas liam-se agradecimentos a Sabu e #antisec, e a frase que talvez já seja a mais perfeita tradução do “espírito do tempo” na internet, semana passada: “Que porra está acontecendo no mundo?!” 
Segundo Biella Coleman, professora da cátedra Wolfe, de Alfabetização Científica e Tecnológica [orig. Chair in Scientific and Technological Literacy] da McGill University, o que está acontecendo é que uma geração de pessoas, cujo modo de vida já é inseparável da rede, sente sua cultura ser ameaçada e decide lutar.
“A operação tem raízes em algumas questões chave, que mobilizam profundamente os Anonymous e os entusiastas da internet: liberdade de expressão, censura e restrições de propriedade intelectual” – disse Coleman.
É impossível saber por quanto tempo o enxame manterá a energia e o foco, na disputa contra os governos do mundo. Muito dependerá de como os cidadãos, nos países afetados, apoiarão o que os Anonymous estão fazendo, nos próximos meses. Seja como for, ao longo dos últimos meses os Anonymous parecem estar-se transformado em força unificada de ativismo pela rede, a única força que está conseguindo ultrapassar barreiras nacionais, de jurisdições, de protocolos e de idiomas.
Desde a 4ª-feira passada, muitos Anons estão praticamente sem dormir, saltando de alvo para alvo, tentando derrubar páginas de governos e grandes empresas, ou atacando servidores, ou até, em alguns casos, os computadores pessoais de representantes de governos. “Mas o momento é crucial” – disse um Anon, no IRC, à revista Wired – “e a batalha nunca foi mais importante”.
Eles concordam que a ação tenha sido disparada pelo caso MegaUpload, alimentada depois pelo sucesso dos protestos difundidos pela internet contra as leis SOPA/PIPA, mas dizem que, depois, a ação ultrapassou essas duas questões. Um Anon viu a notícia das prisões [MegaUpload] e conectou-se para distribuí-la; mas as operações já estavam em andamento. Esse Anon previu que os Anonymous “vão ficar doidos”.
A1: Acho que é mais que isso. MegaUpload fazia serviço válido pra todos nós 
A2: e eles entraram e acabaram com tudo
A2: Quero dizer: essa é a parte principal
A1: Estamos doidos, porque hoje perdemos um grande sistema 
E não ficou nisso, porque vários outras páginas de hospedagem de arquivos foram derrubadas ou saíram voluntariamente do ar nos últimos dias, talvez tentando fugir à ação da lei norte-americana, ou desconectaram-se dos EUA e de países que seguem o regime de IP dos EUA.
No IRC, um Anon de Antisec chamou a atual situação de “a mais grave ameaça à nuvem”. 
“Os Federais fecharem uma página por força judicial é a mão de ferro em luva de veludo” – disse um Anon envolvido nas ações de DDoS e de antisec. 
Durante os ataques, legais e não legais, na França, Polônia, EUA, Brasil e outros, a ala Antisec “chapéu preto” dos Anonymous hackearam e desmontaram a página OnGuardOnline.gov, da Comissão de Comércio Federal [ing. Federal Trade Commission website], onde estão reunidas várias agências federais que ali recebem online informação de segurança de computadores. Antisec diz ter centenas de servidores já rastreados, mas essa ação visava a transmitir mensagem específica aos chamados “chapéus brancos” – os hackers profissionais que trabalham para grandes empresas e governos. A mensagem dizia (excerto):
#ANTISEC SEZ É HORA DE RETALIAR CONTRA SOPA/PIPA/ACTA. APROVEM ESSE LIXO E POREMOS ABAIXO METADE DA INTERNET CORPORATIVA (...)
Se as leis SOPA/PIPA/ACTA forem aprovadas, será guerra infinita contra a internet corporativa. Destruiremos dezenas e mais dezenas de páginas de governos e empresas. Enquanto vocês lêem aqui, estamos arregimentado nossos exércitos de sombras aliadas, arquitetando o próximo raid. Estamos sentados em centenas de servidores, nos aprontando para derrubar e-mails e serviços de vocês. As senhas? Suas preciosas contas bancárias? Detalhes de seus sexy-encontros virtuais? Vocês nem sabem o que os espera.
Não é a primeira vez que o coletivo distribui manifestos dramáticos e apocalípticos, ou movidos por húbris-arrogância hacker ou movidos pelo lulz, mas a ação, dessa vez, foi mais ampla e mantida por mais tempo que qualquer outra ação dos Anonymous, desde que se envolveram na Primavera Árabe. “Mostra também que os Anonymous continuam capazes de colher uma emoção generalizada e difusa de descontentamento e amplificá-la, torná-la visível, mediante a campanha de DDoS e as ações de publicidade e divulgação que eles criam e distribuem muito rapidamente. A grande novidade, de fato, nas operações recentes, é o grande número de páginas que conseguiram derrubar ou desmontar num único dia. A ação foi impressionantemente ampla” – disse Coleman.
Na 4ª-feira, a Comissão Federal de Comércio disse, pelo Twitter: “Essa Comissão levará a sério esse ato criminoso” –, num de uma longa série de tuítes sobre o assunto. A página continua fora do ar, até que todas as vulnerabilidades de segurança sejam identificadas e corrigidas.
Depois de derrubarem (ação que causou grande prejuízo) toda a rede PlayStation da Sony, na primavera passada, e depois que, em dezembro, hackers invadiram a empresa de inteligência privada Stratfor, de cujos servidores extraíram muitos dados (o que causou grande embaraço), o mundo das grandes corporações começa a temer os Anonymous. Medo de verdade.

Notas dos traditores
[1]  Acordo Comercial Anticontrafação [ing. Anti-Counterfeiting Trade Agreement (ACTA)].
[2]  Hoje, 26/1/2012, há mensagem dos Anonymous ao Brasil.  


Fonte: http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/anonymous-caca-dos-governos-e-da-rede.html

Internet - Polônia assina ACTA no Japão e vira palco de mais protestos.

26 de janeiro de 2012.

Com adesivos colados na boca, cartazes onde se lia Pare ACTA e máscaras de Guy Fawkes, os poloneses protestaram contra o ACTA. Foto: AFP Com adesivos colados na boca, cartazes onde se lia "Pare ACTA" e máscaras de Guy Fawkes, os poloneses protestaram contra o ACTA

A Polônia aprovou nesta quinta-feira o Acordo Comercial Anticontrafação (em inglês Anti-Counterfeiting Trade Agreement - ACTA), tratado comercial que gerou protestos em todo o país nesta semana. O ACTA foi assinado em Tóquio pela embaixadora polonesa Jadwiga Rodowicz-Czechowska. Mais tarde, após o anúncio pelo canal de TV TVN24, centenas de pessoas saíram em protesto nas ruas da cidade vizinha Lublin. 

O ACTA está sendo negociado desde 2007 e tem como objetivo estabelecer padrões internacionais para o cumprimento da legislação de propriedade intelectual. O pacto goza de amplo apoio dos produtores de música, filmes e uma gama de produtos que desfrutam da proteção de direitos autorais. O acordo de longo alcance cobriria tudo, desde a falsificação de medicamentos, bolsas de grife falsificadas até a pirataria online. Os Estados Unidos assinaram ACTA em outubro, ao lado de outros sete países: Austrália, Canadá, Coréia do Sul, Japão, Nova Zelândia, Marrocos e Cingapura.

O projeto é comparado ao Sopa (Stop Online Piracy Act) e ao Pipa (Protect Intelectual Property Act) norte-americanos como sendo uma forma de censura na web, e por isso gerou protestos. Hackers ligados ao Anonymous invadiram sites do governo e os deixam fora do ar por dias

A Polônia foi o único local em que houve protestos, apesar de que Finlândia, França, Irlanda, Itália, Portugal, Romênia e Grécia também aderiram ao acordo nesta quinta-feira. 

Com informações da Associated Press

Fonte: http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5579277-EI12884,00-Polonia+assina+ ACTA+no+Japao +e+vira+palco+de+mais+protestos.html

A análise do The Guardian sobre o caso Pinheirinho.

Por Marco St.
 
Relato do The Guardian sobre o massacre da Opus Dei no Pinheirinho.

A luta contra o despejo do Brasil Pinheirinho pode ser uma inspiração.

guardian.co.uk , Terça-feira 24 de janeiro de 2012 GMT 15,23.

A fotografia se espalhou pelo mundo rapidamente: mostra os moradores do Pinheirinho, favela no estado de São Paulo, vestindo capacetes, escudos e barricadas para resistir a uma ordem de despejo. (…)

Pinheirinho foi ocupado por oito anos, sem nenhum esforço do governo para regularizar a área ou desenvolver uma infra-estrutura adequada. Lar de cerca de 6.000 pessoas, a terra pertence a um fraudador do  mercado financeiro, preso em 2008. Estimulado pelo boom imobiliário do Brasil, a administração local tornou-se recentemente ativo na prossecução do despejo, com a cumplicidade de juízes que pareciam querer que isso acontecesse o mais rápido possível.

Depois da primeira imagem do despejo ser divulgada, o governo federal prometeu intervir através da compra de terra e devolvê-la para os ocupantes. Pelos fundamentos expostos, um juiz federal suspendeu o despejo, apenas para ser rapidamente anulado por um outro, que declarou ser uma questão de estado. O Poder Judiciário estadual, em seguida, agiu rápido antes que os advogados dos favelados ‘ pudessem reagir. No domingo, as redes sociais estavam zumbindo com relatos de guerra, como cenas de brutalidade e contos, incluindo a proibição da mídia e bloqueio de celular na área, além de rumores da possível detenção de um deputado federal e um senador que tentaram intervir (mais tarde foi esclarecido que não foram detidos, mas estavam num local fechado, tentando negociar). Até sete mortes foram relatadas, incluindo um bebê, embora nenhum deles confirmado oficialmente até o momento.

Foi principalmente graças aos meios de comunicação social que informações sobre os despejos pôde ser encontrado. No Twitter, a hashtag # Pinheirinho se tornou um top durante um par de horas. Durante todo o dia, a mídia corporativa do Brasil, que tem ligações históricas ao partido no poder [em SP], tanto em nível estadual e local, relatou a história em tons suaves: manchetes destacando uma van incendiada enquanto relevava as casas das pessoas em chamas.

Em lugares como Irã e Egito, a mídia social tem funcionado como uma ferramenta contra o controle estatal da informação. No Brasil, tem ajudado a contornar um monolítico setor de mídia privada, que é sub-regulamentada e altamente concentrada (90% da indústria está nas mãos de 15 famílias). Como outros meios de produção e circulação de informação tornou-se mais facilmente disponíveis, a mídia corporativa do país começou a perder credibilidade. Os meios alternativos foram veementes em sua condenação do Governo do Estado de São Paulo no último domingo, e com razão. Mas em outra parte da esquerda política há indícios de dissimulação.

O quadro mais amplo por trás da história Pinheirinho é boom econômico do Brasil, em que a construção e a propriedade estão jogando um papel crescente. Este processo foi acelerado pelo Brasil ser escolhido como sede da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016. Um dossiê produzido pela Coordenação Nacional de Comitês Mundial estima que cerca de 170.000 pessoas em todo o país serão expulsas devido à eventos esportivos (os números oficiais nunca foram anunciados). Em última análise, significa o estado entregando áreas públicas – aquelas ocupadss pelos pobres -, enquanto contribuintes bancam todo o processo. Talvez o pior caso até agora tenha sido no Rio , onde os despejos têm sido tão autoritários e unilaterais como a do Pinheirinho, espetacularmente militarizados. Em comparação, as vozes na esquerda têm sido muito mais baixas para denunciar isso.

O desenvolvimentismo que caracteriza o governo de esquerda Rousseff, com sua ênfase no crescimento econômico e indicadores quantitativos em vez de participação proteção ambiental e redistribuição da riqueza, encontra-se em um impasse político. Muitos na esquerda têm encontrado dificuldade para articular uma crítica desses processos. Há agitações que sugerem que isso pode estar mudando, como as campanhas recentes contra a Petrobrás (empresa estatal de petróleo), Vale do Rio Doce (mineração) e construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Eles são pequenos sinais, até agora ainda um pouco isolados, mas pode ser o começo de algo. Se assim for, Pinheirinho poderia revelar-se uma lição, uma acusação e uma inspiração.

Fonte:  http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-analise-do-the-guardian-sobre-o-caso-pinheirinho