quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Servidor do Ibama ganha Prêmio Capes por melhor tese de doutorado em ciências ambientais.

Brasília – O analista ambiental Jair Schmitt, coordenador-geral de Fiscalização Ambiental do Ibama, ganhou o Prêmio Capes Edição 2016 pela melhor tese de doutorado defendida em 2015 na área de ciências ambientais. 
A premiação, realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação (MEC), oferece aos vencedores diploma, medalha e bolsa de pós-doutorado nacional de até 12 meses (para o autor), além de auxílio de até R$ 3 mil para a participação em congresso nacional (para o orientador) e certificado de distinção (para o orientador e para o programa de pós-graduação).

A cerimônia de entrega do prêmio será realizada na sede da Capes, em Brasília, em 14 de dezembro de 2016, às 18 horas. Na ocasião também será divulgado o resultado do Grande Prêmio Capes de Tese Edição 2016, entre todas as teses premiadas por área de conhecimento.

A obra “Crime sem castigo: a efetividade da fiscalização ambiental para o controle do desmatamento ilegal na Amazônia” foi apresentada por Schmitt para obtenção do título de doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

Orientado pelo professor Fernando Paiva Scardua, o estudo analisa a efetividade da fiscalização ambiental para o controle do desmatamento ilegal na Amazônia, com o propósito de avaliar se a coerção administrativa pode influenciar o comportamento e desmotivar infrações.

Schmitt explica que, com base na teoria econômica do crime, foi elaborado um modelo matemático para medir a dissuasão resultante da fiscalização ambiental. “De modo geral, as pessoas realizam o desmatamento ilegal se a vantagem econômica for maior que os riscos de punição e os custos da infração”, diz o coordenador-geral.

“Minha grande motivação para realizar esse estudo foi a necessidade de obter mais conhecimento para empregar nas funções de servidor público. O grande desafio agora é aplicar esse conhecimento em benefício da sociedade, ou seja, fazer com que a fiscalização ambiental tenha mais efetividade na proteção do meio ambiente”, disse Schmitt.

Criado em 2005, o Prêmio Capes de Tese é outorgado anualmente em reconhecimento às melhores teses de doutorado aprovadas nos cursos de pós-graduação adimplentes e reconhecidos no Sistema Nacional de Pós-Graduação em cada uma das 48 áreas do conhecimento.

Jair Schmitt ingressou no Ibama em 2002 por meio de concurso público. Já trabalhou no Escritório Regional de Itacoatira e na Superintendência do Ibama no estado do Amazonas. Foi cedido à Presidência da República e, em 2009, assumiu a função de coordenador de Normatização e Suporte à Fiscalização na sede do Ibama. 

Em 2013, foi nomeado coordenador geral de Fiscalização Ambiental, função que exerce até hoje. É graduado em Ensino de Ciências e Matemática e em Ciências Biológicas, com mestrado em Ciências da Engenharia Ambiental.

Mais informações: 



Assessoria de Comunicação do Ibama 

(61) 3316-1015
Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Brasilia. STF ANULA PROVAS CONTRA DEMÓSTENES TORRES.

WILSON DIAS-ABR
Segunda Turma decidiu, por unanimidade, que as escutas telefônicas da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em 2012 e usadas na acusação, foram obtidas de forma ilegal; devido à investigação, Demóstenes renunciou o mandato; na época, o senador goiano do DEM Demóstenes foi flagrado em conversas com o empresário Carlinhos Cachoeira, investigado na Morte Carlo por exploração ilegal de jogos em Goiás e no Distrito Federal; o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, sustentou que Demóstenes foi investigado ilegalmente em Goiás durante seu mandato e que o material de investigação deveria ter sido remetido ao Supremo.
25 DE OUTUBRO DE 2016
André Richter – Repórter da Agência Brasil
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (25 ) anular as provas obtidas contra o ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO) na Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em 2012. Por unanimidade, o colegiado entendeu que as escutas telefônicas usadas na acusação foram obtidas de forma ilegal. Devido à investigação, Demóstenes renunciou ao mandato em 2012.
Na época, Demóstenes foi flagrado em conversas com o empresário Carlinhos Cachoeira, investigado na Morte Carlo por exploração ilegal de jogos em Goiás e no Distrito Federal.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, sustentou que Demóstenes foi investigado ilegalmente em Goiás durante seu mandato. Para a defesa, a primeira instância usurpou a competência do Supremo, Corte responsável por julgar parlamentares, que tem foro privilegiado.
Segundo Kakay, no primeiro momento em que Demóstenes foi citado nas gravações, o material de investigação deveria ter sido remetido ao Supremo.
Em seu voto, o ministro Dias Toffoli, relator do recurso, decidiu pela anulação das escutas telefônicas que envolvem Demóstenes nas operações Monte Carlo e Vegas, que antecedeu a primeira. Para Toffoli, a ação penal proposta pelo Ministério Público contra Demóstenes baseou-se em provas que deveriam ter passado pelo Supremo.
"Não obstante esse apanhado de indícios do envolvimento suspeito de políticos integrantes da organização criminosa desde meados de 2008, somente no relatório de inteligência, datado de 15 de julho de 2009, portanto, praticamente um ano depois, é que a autoridade policial faz um alerta sobre a competência processual para o caso, assumindo, inclusive, que se produziu um relatório de análise aparte sobre a participação das figuras políticas no caso ”, argumentou Toffoli.
O voto de Dias Toffoli foi seguido pelos ministros Teori Zavascki, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Gilmar Mendes.
Durante o julgamento, o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava Jato, rebateu recentes críticas sobre a demora da Corte para julgar processos criminais. Segundo Zavascki, as críticas são fruto de “falta de informação".
O ministro reconheceu que há demora, no entanto, disse que somente após o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público a Corte pode ser cobrada por atrasos no julgamento. A denúncia encerra oficialmente a fase de investigação no Ministério Público.
"O Supremo pode eventualmente se atrasar, a partir do oferecimento da denúncia ou em ato de realização da própria ação penal. Mas, nessa fase de investigação é absolutamente injusta essa imputação de que remetendo para o Supremo, só por isso, vai causar um atraso. De qualquer modo, é melhor que haja atraso do que haja uma nulidade, como estamos vendo aqui. É lamentável diante de provas, que aparentemente são robustas, não se possa dar andamento a uma ação penal porque se trata de provas absolutamente ilícitas", disse.
Ao proferir seu voto, o ministro Gilmar Mendes se dirigiu à subprocuradora da República, Ela Wiecko, e disse que a investigação envolvendo o ex-senador Demóstenes Torres é um exemplo de abuso de autoridade por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR). Na época das investigações, Roberto Gurgel ocupava o cargo de procurador-geral.
“Se deixou que a ação investigativa prosseguisse contra pessoas com prerrogativa de foro. O processo ficou um ano e meio na PGR, um bom caso de exame de abuso de autoridade. Todos nós somos muito severos em apontar os erros alheios, mas é preciso olhar para dentro”, disse Mendes.
Gilmar Mendes também aproveitou o julgamento para criticar o projeto de lei sobre as Dez Medidas contra a Corrupção, promovido pelo Ministério Público Federal (MPF). Mendes considerou que algumas sugestões, como restrições para o julgamento de habeas corpus, como “chapa da violação da Constituição” e “negação do Estado de Direito”.
Ao se referir aos procuradores, Mendes disse que eles “se esqueceram da Constituição” ao propor as restrições ao recurso. Mendes também criticou a tentativa de validação de provas ilícitas, proposta no projeto.
“Daqui a pouco nós chegaríamos a uma outra consideração, por que não validar a tortura, se podemos aproveitar a interceptação telefônica ilícita, por que não a prova ilícita vinda da tortura, de constrangimentos físicos, constrangimentos psicológicos?, indagou Mendes.

LEIA MAIS.

NOTÍCIAS DO STF

Terça-feira, 25 de outubro de 2016
2ª Turma invalida interceptações ilegais em ação penal contra Demóstenes Torres
Em decisão unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal acolheu parcialmente nesta terça-feira (25) o Recurso Ordinário em Habeas Corpus (RHC) 135683, impetrado pela defesa do ex-senador Demóstenes Torres, e invalidou as interceptações telefônicas, realizadas no âmbito das operações Vegas e Monte Carlo, que serviram de base à denúncia contra ele em ação penal que corre no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO). O entendimento foi o de que Torres, à época senador da República, detinha foro por prerrogativa de função, e a manutenção das interceptações exigiria autorização do STF. Tanto as interceptações quanto as demais provas delas derivadas deverão ser retiradas do processo pelo TJ-GO, a quem compete verificar se remanesce motivo para o prosseguimento da ação com base em provas autônomas que possam sustentar a acusação.
O caso
As operações Vegas e Monte Carlo foram deflagradas pela Polícia Federal em 2008 e 2009, tendo como objeto a exploração ilegal de jogos e como principal investigado Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. As interceptações telefônicas, autorizadas pelo juízo de primeira instância, revelaram as relações de Cachoeira com diversos políticos, entre eles Demóstenes Torres, que, em 2012, foi indiciado no Inquérito 3430 no STF.
Com a cassação de seu mandato, naquele mesmo ano, o processo foi remetido à Justiça goiana. O TJ-GO, foro competente para julgar o caso em razão de Demóstenes Torres ser membro do Ministério Público de Goiás, recebeu a denúncia na qual se imputa ao ex-senador a prática dos crimes de corrupção passiva e advocacia administrativa (artigos 317 e 321 do Código Penal), e ele passou a responder à ação penal.
Desde o início das investigações, a defesa alega nulidade das interceptações, afirmando que houve usurpação da competência do Supremo. O argumento era o de que as interceptações telefônicas foram feitas sem a autorização do STF, foro competente para processar e julgar o então parlamentar. As tentativas de trancar a ação penal, porém, foram sucessivamente rejeitadas pelo TJ-GO e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
RHC
O RHC 135683 foi interposto contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que julgou válidas as provas obtidas por meio da interceptação. Os defensores sustentavam que Demóstenes Torres “foi alvo de uma articulada e estratégica teia investigativa ilegalmente promovida” pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e juízo federal de primeiro grau, “com anuência e supervisão extraoficial do procurador-geral da República à época”. Alegavam que a investigação se dirigiu a ele a partir de uma descoberta fortuita, mas, em seguida, “prosseguiu por meses a fio” a fim de juntar provas que vieram a integrar a denúncia.
Relator
O relator do recurso, ministro Dias Toffoli, leu diversos trechos das degravações das ligações interceptadas para demonstrar que, desde o início das investigações, em 2008, já havia indícios do possível envolvimento de políticos de expressão nacional – inclusive com a produção de relatórios à parte relativos a essas autoridades, com foro por prerrogativa de função – e que o Ministério Público tinha ciência desses fatos. Em alguns trechos, os relatórios sinalizam que a remessa do caso “atrapalharia as investigações”. Apesar desses indícios, somente em junho de 2009 é que a autoridade policial alertou sobre a competência processual do caso, resultando na remessa dos autos ao Supremo.
“Embora Demóstenes Torres não tenha sido o alvo direto das investigações, o surgimento de indícios de seu envolvimento tornava impositiva a remessa do caso para o STF”, afirmou o ministro. Para Toffoli, o prosseguimento das interceptações configurou “um modus operandi controlado, cujo intuito seria o de obter, por via oblíqua, mais indícios de envolvimento do então senador, sem autorização do STF”.
Usurpação
Os ministros que integram a Segunda Turma foram unânimes em ressaltar a gravidade do caso. Para o ministro Teori Zavascki, trata-se de um caso clássico de usurpação de competência. “É lamentável que esses episódios ocorram, e não é a primeira vez”, afirmou. “Se temos constitucionalmente uma distribuição de competência, é preciso que isso seja realmente levado a sério”. Para Teori, este RHC é um exemplo que tem de ser levado em consideração. “Apesar das evidências robustas, as provas são ilícitas”, concluiu.
O ministro Ricardo Lewandowski, relator do inquérito contra Torres remetido ao TJ-GO, ressaltou que havia mais de mil páginas referentes às interceptações realizadas sem autorização do STF. “É uma situação intolerável, sob pena de desmoronarem as instituições”, avaliou. A invalidação das provas, a seu ver, sinaliza que o Supremo “não tolerará qualquer tipo de usurpação de sua competência”.
Para o ministro Celso de Mello, o caso revela um “quadro censurável de gravíssimas anomalias de índole jurídica”. Segundo o decano do STF, o caso é de patente desrespeito à ordem constitucional, e a decisão deve servir de referência aos agentes estatais. “Diante do possível cometimento, por um senador da República, de uma suposta prática delituosa, caberia à autoridade judiciária de primeira instância, sob cuja supervisão tramitava o procedimento de investigação, imediatamente, reconhecer sua falta de competência e determinar o encaminhamento dos autos ao STF”, destacou.
O presidente da Segunda Turma, ministro Gilmar Mendes, ressaltou que se trata de “um bom caso de abuso de autoridade”, no qual, conscientemente e por tempo indeterminado, se deixou que a investigação prosseguisse em relação a pessoas dotadas, à época, de prerrogativa de foro, sem a necessária autorização. “O caso transcende seu próprio objeto”, afirmou. “É fundamental que estejamos estabelecendo um precedente crítico em relação a abusos que se perpetram na seara da proteção dos direitos e garantias individuais, sendo o mais caro deles o direito à liberdade”.
CF/AD
Processos relacionados
RHC 135683

lINK: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=328082

UFPE. Professores Universitários fazem paralisação contra a PEC 241 em Pernambuco.

Sumaia Villela – Correspondente da Agência Brasil.
Resultado de imagem para ufpe campus
Recife - Os professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aderiram à paralisação nacional “em defesa da educação, do SUS e dos direitos trabalhistas”, e fazem uma paralisação de 24 horas, hoje (25), contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita gastos do poder público, e deve ser votada hoje em segundo turno pela Câmara dos Deputados.

A decisão foi tomada durante assembleia da Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), realizada no dia 11 de outubro. O percentual de adesão dos professores da UFPE à greve ainda não foi divulgado pela Adufepe ou pela universidade.

Em nota divulgada pela entidade, a proposta é chamada de "PEC da Maldade e PEC dos Desmontes". Segundo o texto, "a medida é um ataque direto aos direitos constitucionais (adquiridos em anos de lutas) e ao cerne do papel social do Estado – refletindo nas políticas públicas para a saúde, educação e, por fim, aos serviços sociais”.

A categoria também se coloca contra a Medida Provisória (MP) 746, que reforma o Ensino Médio, e a PLC 54, que renegocia a dívida dos estados com a União, mas condiciona a repactuação à adequação de investimentos no setor público. “A Adufepe repudia veementemente qualquer projeto de lei que vem com o objetivo de reduzir o Estado Brasileiro”, conclui a nota.

Os docentes avisam ainda que não descartam a possibilidade de participar de uma greve geral dos servidores públicos federais, convocada pelas centrais sindicais para o dia 9 de novembro.

Estudantes mobilizados. 
Ontem de manhã (24), estudantes da UFPE fizeram um protesto na BR-101 contra a PEC 241, em frente à reitoria da universidade. Nessa e em outras instituições, parte dos prédios está ocupada por alunos que também são contrários à proposta que tramita no Congresso Nacional.

Estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ocuparam o campus de Vitória de Santo Antão, no interior do estado, no dia 17 de outubro. No dia 20, foi a vez dos alunos da Universidade de Pernambuco (UPE) ocuparem o prédio da reitoria, no Recife.

No Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), segundo o movimento estudantil, já existem acampamentos contra a PEC nos campi de Recife, Pesqueira, Ouricuri, Petrolina e Olinda.

Edição: Denise Griesinger

Médicos cubanos se despedem do Piauí e governador pede desculpas.

Choro e histórias inacreditáveis marcam o retorno dos médicos a Cuba.

Por Flávia Rocha.

"Peço desculpas por vocês terem enfrentado algumas adversidades no nosso país. Saibam que a dor que vocês passaram valeram a pena. Vocês estão saindo daqui com um Brasil diferente”, disse o governador Wellington Dias (PT), durante homenagem a 256 médicos cubanos que atuaram no Piauí no Programa Mais Médicos nos últimos três anos. A solenidade aconteceu na manhã desta segunda-feira (24), no Palácio de Karnak.
Homenagem aos médicos cubanos no Palácio de Karnak (Foto: Benonias Cardoso)
Homenagem aos médicos cubanos no Palácio de Karnak (Foto: Benonias Cardoso)
Centro e trinta médicos cubanos despedem-se já neste mês. Outros 124 cubanos deixam o Estado até o final do ano.
Ao saberem do retorno dos médicos à ilha caribenha, houve pacientes que choraram de emoção. “Pacientes choraram quando souberam do nosso regresso a Cuba, principalmente os idosos”, declarou Idalia Romero, 54 anos. “Eles gostavam muito do nosso trabalho. Realizamos muitas atividades: rodas de conversas com idosos, reuniões com grávidas, grupo de tabagismo, caminhadas, atividades físicas com a comunidade”, disse. “Gostaria de ficar mais tempo, mas acabou o prazo, infelizmente”, diz o médico geral Ibrahin Gainza, 46 anos.
Segundo Wellington Dias, um dos principais resultados é que o programa está vencendo muitas doenças a partir da prevenção.  A diminuição da mortalidade infantil foi outro ponto destacado por Laura Ivete Torres, cônsul cubana no Nordeste.
A médica cubana Lidice Vasquez, em discurso emocionado, contou que foi um grande privilégio trabalhar em Guaribas, a 653 km de Teresina, cidade de difícil acesso e com 4.500 habitantes. “Compartilhamos o cuscuz, o beju, o cafezinho. Começamos a fazer parte da família brasileira”, declarou.
Antes do programa, muitos municípios brasileiros não tinham acesso a atendimento médico. Guaribas era uma dessas milhares de cidades onde os gestores tinham dificuldade de fechar contratos com médicos.  “O programa foi pensado principalmente para esse tipo de população”, destacou Vasquez.
HistóriasO governador Wellington Dias, a coordenadora da comissão estadual do Programa Mais Médico no Piauí, Idvani Braga, e alguns médicos cubanos presentes da solenidade de homenagem no Palácio de Karnak, na manhã desta segunda-feira (24), contaram muitas histórias curiosas, que são difíceis de serem imaginadas pela medicina tradicional brasileira.  
As casas dos médicos cubanos - Dias lembrou que, por exemplo, em São João do Piauí, o governo preparou casas nos melhores bairros para servirem de moradia para os cubanos, mas, ao chegarem à cidade, os médicos fizeram questão de morar na comunidade onde iriam atuar, em casas sob as mesmas condições ondem viviam a população carente, sem privilégios, a fim de garantir uma maior proximidade dos pacientes, para entenderem os seus problemas de perto e também para estarem mais acessíveis à população.
A posição da cadeira - A coordenadora da comissão estadual do Programa Mais Médico no Piauí, Idvani Braga, conta que, em Guaribas, ocorreu um fato curioso: o médico cubano teve que amarrar a cadeira do paciente ao lado da cadeira do médico. A tendência brasileira é que a cadeira do paciente fique atrás da mesa, de modo que o paciente fique na frente do médico. Já no modelo cubano, o costume é que o paciente fique mais próximo ao médico, logo ao lado, para garantir um maior contato entre ambos, diminuindo as distâncias.  
Em São João do Piauí - Na cidade da primeira-dama, Rejane Dias, e do provável futuro presidente da APPM, o médico Gil Carlos Modesto, um idoso fez um relato ao governador. Disse que, ao levar a filha para uma consulta, ocorreu um fato inacreditável: A criança estava com disenteria. Assim, o médico cubano forneceu a medicação, mas disse que no dia seguinte visitaria a casa da família, para descobrir o que estava ocasionando a doença. Para a surpresa do idoso, cedo da manhã seguinte, lá estava o médico, que se deparou com muito lixo por várias partes da casa. Vendo de perto o que estava acarretando a doença, para mais uma surpresa do sanjoanense, o médico combinou que no dia seguinte iria novamente à casa da família, para realizar a retirada do lixo, junto com uma equipe. E assim foi feito!
Rede feita com o “coração” - Para Wellington Dias, outra característica é que “é uma rede feita com o coração, com muito amor. Vamos levar esse modelo ao Programa Saúde da Família”, declarou.  “Tenho acompanhado as despedidas dos médicos cubanos no Nordeste, vejo o quão emocionante tem sido”, revelou Laura Ivete Torres, cônsul cubana no Nordeste.
Continuidade do Programa - Mesmo sob ameaça, o Programa foi renovado e outros cubanos devem substituir os médicos que estão finalizando a cooperação. Além disso, de acordo com Wellington Dias, ele irá se reunir com todos os outros governadores para garantir a continuidade do programa, priorizando os médicos brasileiros e conforme o que for possível dentro da legislação.
Segundo Teófilo Cavalcante, presidente do Conselho Estadual de Saúde, 92% da população do estado, cerca de 2 milhões e 900 mil piauienses dependem do SUS. “A tal PEC da morte será um grande atraso para a saúde. É nossa preocupação a continuação do Programa Mais Médicos. A Farmácia Popular já acabou. Como sabemos, não há como fazer saúde sem dinheiro”, protestou.

EUA diante da pior crise de sua história. E como o exemplo de Putin bem poderia inspirar Trump.

22/10/2016, The Saker, Unz Review (de Vineyard of the Saker)



Assistir ao último debate entre os candidatos à presidência dos EUA foi experiência deprimente. Achei que Trump saiu-se bastante bem, mas não é esse o ponto aqui. O ponto é o seguinte: não importa quem vença, uma crise aguda é inevitável.

Opção #1: Hillary vence. É Obama bombada de esteroides, só que pior. Lembram-se que o próprio Obama foi Dábliu, só que pior, Dábliu foi Clinton, só que pior. Agora o ciclo se fecha: de volta a Clinton. Exceto que dessa vez temos uma mulher profundamente insegura, que falhou em absolutamente tudo que tentou fazer, e que agora já arrasta longa lista de três décadas de desastres e fracassos. Até quando nem tinha autoridade para iniciar uma guerra, ela iniciou uma (disse a Bill que passasse fogo nos sérvios). Agora, tem a autoridade. E agora ela teve de ficar lá, em pé, diante de milhões de pessoas, e ouvir Trump dizer a ela que "Putin fez melhor que a senhora em todos os passos do caminho" (viram o rosto dela congelar, ao ouvir isso?). Trump tem toda a razão: Putin fez melhor que ela e que Obama, em todos os passos. O problema é que agora, além de ter presidente com complexo de inferioridade ante Putin (Obama), Trump terá presidente com o mesmo complexo de inferioridade E com uma mórbida determinação de impor uma zona aérea de exclusão sobre as forças russas na Síria. Vendo Hillary, o feio cabelo recém-cortado e calças masculinas ridículas, pensei comigo: "aí está uma mulher que faz e fará qualquer coisa para provar que é durona como qualquer macho" –, problema, claro, é que não é. O currículo dela também a mostra fraca, covarde e com senso de total impunidade. E agora essa lunática messiânica maléfica, com fundo complexo de inferioridade, será comandanta-em-chefa?! Deus nos ajude!



Opção #2: Trump vence. Problema: estará completamente só. Os neoconservadores têm total, repito, total, controle sobre o Congresso, a mídia-empresa, todo o banking e finança, e sobre as cortes de justiça. De Clinton a Clinton, infiltraram-se profundamente no Pentágono, em Foggy Bottom [bairro onde está localizado o Departamento de Estado dos EUA, em Washington] e em todas as agências de três letras. O Fed é o castelo-fortaleza desses todos. Como, no mundo, Trump lidará com esses "crazies in the basement" [lit. "doidos no porão"]? Considerem a pervertida campanha de ódio que essas "personalidades" (de atores a políticos e jornalistas) desencadearam contra Trump: eles todos queimaram as pontes e sabem que, se Trump vencer, terão perdido absolutamente tudo (e se Trump conseguir vencer, a vitória dele nada significará, seja como for). Os neoconservadores nada têm a perder e lutarão até o último homem/mulher. O que Trump conseguiria fazer, cercado de neoconservadores e de agentes de influência que só respondem a eles? Nomear equipe completamente nova? E como conseguirá que aprovem os que ele indique? A primeira escolha de Trump foi Pence, para a vice-presidência – completo desastre (e Pence já está sabotando Trump na questão da Síria e resultados eleitorais). Tremo de *medo* só de pensar em quem Trump nomearia para chefe de gabinete da Casa Branca, porque temo que, só para pacificar os neoconservadores, ele nomeará (se for eleito) alguma nova versão daquele infame Rahm Emanuel… E se acontecer de Trump conseguir provar que tem coragem e princípios, os neoconservadores sempre podem aplicar-lhe dose letal de "Dallas" e pôr Pence em seu lugar. Et voilà!

Só vejo uma saída:

O modelo Putin (acrescentado de alguns defeitos)

Quando Putin chegou ao poder, herdou um Kremlin exatamente tão corrupto e infestado de traidores quanto é hoje a Casa Branca. Quanto à Rússia, estava praticamente no mesmo estado lastimável em que hoje está a Ucrânia Independente governada por nazistas. A Rússia também era governada por banqueiros e fantoches anglo-sionistas, e a maioria dos russos vivia miseravelmente. A grande diferença é que, ao contrário do que acontece hoje com Trump, a versão russa dos neoconservadores norte-americanos jamais temeu qualquer risco que lhes viesse de Putin. Putin foi selecionado pelas elites governantes como representante dos serviços de segurança, para governar ao lado de um representante do grande dinheiro corporativo, Medvedev. Foi solução de compromisso entre as duas partes da sociedade russa que ainda funcionavam: os serviços de segurança e o dinheiro do petróleo/gás.

Putin tinhas ares de pequeno burocrata sempre metido em ternos maiores que ele, tímido, desengonçado, pode-se dizer, que não representaria ameaça alguma aos poderosos oligarcas da semibankirshchina (os Sete Banqueiros) que governava a Rússia. Exceto que viria a ser um dos mais formidáveis governantes de toda a história russa.

Eis aqui o que Putin fez, imediatamente depois de assumir o poder:

Primeirorestabeleceu a credibilidade do Kremlin com as Forças Armadas e os serviços de segurança, graças à rapidez e eficácia com que esmagou a insurgência Wahhabista na Chechênia. Com isso, estabeleceu a própria credibilidade pessoal junto à população, da qual dependeria para lidar com os oligarcas.

SegundoPutin usou o fato de que todos, todos e quaisquer empresário pequeno ou grande e todas as corporações na Rússia, de modo mais grave ou menos grave, haviam infringido a lei durante os anos 1990s, dentre outros motivos porque, de fato, não havia lei alguma. Em vez de atacar os 'grandes' Berezovski(s) ou Khodorkovski(s) por suas atividades políticas, esmagou-os com acusações (absolutamente verdadeiras e provadas) de corrupção. Radicalmente importante aí, fez tudo muito abertamente, com o que enviou mensagem clara ao outro arqui-inimigo da Rússia: a mídia-empresa.

Terceiroao contrário das alucinações das agências 'pró' direitos humanos ocidentais e liberais russos, Putin nunca impediu qualquer crítica, ou atacou veículos nem, sequer, mandou matar seja quem fosse. Fez coisa muito mais esperta. Vocês sabem: jornalistas do jornalismo contemporâneo são, antes de tudo, presstitutos/presstitutas, ok? Ao atacar sem piedade e sem alívio os oligarcas, Putin cortou as linhas de abastecimento de dinheiro que corriam diretamente dos oligarcas para os/as presstitutos/presstitutas e o correspondente apoio político aos veículos de mídia-empresa.

Grande número deles/delas emigraram para a Ucrânia, outros/outras simplesmente desistiram e uns/umas poucos/poucas sobrevivem, numa espécie de zoológico de aberrações, em publicações claramente identificáveis, como Dozhd TV, Ekho Moskvy Radio ou o jornal Kommersant. Os que emigraram tornaram-se irrelevantes, como também os que ainda são vistos no "zoológico liberal" – já não mordem, porque têm credibilidade zero. Importante aí, que todos os demais envolvidos "captaram a mensagem".  Depois disso, foi só nomear alguns bons cidadãos verdadeiramente dedicados aos interesses do povo russo (como Dmitri Kiselev, Margarita Simonian e mais alguns) para posições chaves, e todos rapidamente compreenderam que os ventos do destino haviam passado a soprar a favor dos russos.

Quartotão logo os veículos da mídia comercial recuperaram a sanidade, não demorou até os partidos "liberais" (na Rússia, "liberal" significa "pró-EUA) entrarem em espiral de decadência, da qual jamais se recuperaram. Com isso, todos os "liberais" foram também ejetados do Parlamento, no qual há hoje só quatro partidos, todos mais ou menos "patrióticos".

Até aqui, a parte que funcionou bem.

Porque até agora Putin ainda não conseguiu ejetar do governo e do Kremlin os "5ª Colunistas", que chamo de "Integracionistas Atlanticistas" (para detalhes, inclusive nomes, ver aqui). Nem o conhecido Alexei Kudrin foi demitido por Putin, mas por Medvedev. Os serviços de segurança conseguiram afinal se livrar de Anatolii Serdyukov, mas não tiveram força para metê-lo na cadeia. Pessoalmente, ainda acho que haverá um expurgo, ideia da qual Alexander Mercouris discorda. Seja como for, fato é que Putin não livrou a Rússia, dos 5ª Colunistas que infestam o setor de banking/finanças, e que o citado setor tem cuidado atentamente de não dar pretexto, ao governo Putin, para agir contra ele.

Rússia e EUA são países muito diferentes e nenhuma receita pode ser simplesmente copiada de um para outro. Ainda assim há lições valiosas, que Trump pode recolher do "modelo Putin", uma das quais, não insignificante, é que seus mais formidáveis inimigos estão encastelados, muito provavelmente, no Fed.

Um analista russo – Rostislav Ishchenko – sugeriu que Trump pode de algum modo forçar o Fed a aumentar a taxa de juros, o que resultaria numa queda em cascata ("efeito dominó") de quebradeira de bancos nos EUA, mas talvez seja a única maneira de afinal o governo eleito nos EUA conseguir demitir o Fed e retomar o controle sobre o bankingnorte-americano. Talvez seja. Honestamente, não sou especialista qualificado para opinar sobre isso.

Certo é que, por hora, os EUA continuarão como o que aí se vê: um sem-teto, possivelmente veterano de guerra, construiu um "corredor de bandeiras", para induzir as pessoas a lhe dar esmolas (Florida, outubro de 2016, imagem). Rico em patriotismo cenográfico, e pobre para todos os demais efeitos.



Hillary vê nisso um sucesso estrondoso. Trump vê nisso uma desgraça. Minha avaliação é que não é difícil escolher o que menos erra.

Para os que repetem que não pode haver cisma dentro das elites anglo-sionistas, respondo que o exemplo da conspiração para impedir que Dominique Strauss-Kahn viesse a ser presidente da França mostra que, como hienas, os líderes anglo-sionistas às vezes, sim, se voltam uns contra outros. Acontece em todos os regimes, independente de ideologia política (pense em SS contra SA na Alemanha nazista, ou nos trotskistas contra stalinistas na URSS bolchevique).

De vassouras e pedaços de corpos

Leon Trotsky costumava dizer que a Rússia Soviética devia ser varrida com uma "vassoura de ferro", para livrá-la dos anarquistas e da nobreza". Até publicou no Pravda um artigo intitulado "Precisamos de uma vassoura de ferro".[1]  Felix Derzhinskii, maníaco genocida fundador da polícia secreta ChK costumava dizer que agente do serviço secreto tem de ter "coração ardente, cabeça fria e mãos limpas" (...).

Hillary Clinton e a gangue de neoconservadores dela são sucessores espirituais (não raras vezes também físicos) de todos os genocidas e torturadores da história do mundo, e como eles, não hesitará em esmagar e retalhar seus inimigos. Donald Trump – assumindo-se que seja autêntico e que realmente acredite no que diz – tem de compreender isso e fazer o que Putin fez: atacar primeiro e atacar com força. Stálin, aliás, fez exatamente a mesma coisa (...) e os trotskistas só voltaram a tomar o poder em 1991.

Entendo que a questão de se Putin conseguirá ou não, afinal, remover do poder os 5ª Colunistas, permanece aberta. Certo é que a Rússia está pelo menos semilivre de ser controlada por essa gente e que hoje o quartel-general deles e última fortaleza é os EUA. O ódio maníaco que nutrem contra Trump pode ser em parte explicado pela sensação de perigo iminente que toma conta dessa gente, pela primeira vez ameaçada dentro do que eles veem como sua pátria (não em algum sentido patriótico, mas como o parasita vê seu "hospedeiro"). Talvez haja alguma boa razão para terem tanto medo. Espero que haja.

Entusiasmou-me o modo como Trump enfrentou a mais recente tentativa para fazê-lo escafeder-se de medo. Ontem, ele se atreveu a dizer que, dado que a eleição pode ser fraudada ou roubada, não se compromete a aceitar o resultado. E por mais que todos os norte-americanos de semiletrados até os professores-doutores saibam que as eleições nos EUA várias vezes foram fraudadas e roubadas no passado, inclusive eleições presidenciais, ao dizer o que disse Trump incorreu em grave crime de pensamento [ing.crimethink].

A mídia sionista caiu sobre ele com o mais arrogante ultraje, exigindo que se retratasse do que dissera (e que, por sinal, contrariava a posição de Pence).  Em vez de voltar atrás e arrepender-se do "crime", Trump respondeu vídeo: "(...) Afirmo e prometo aos meus eleitores, apoiadores e a todo o povo dos EUA, que aceitarei totalmente o resultado dessa eleição histórica para a presidência dos EUA [gritinhos do público] se eu vencer" [ovação].

Bonito, hein? Esperemos que continue a mostrar a mesma coragem.

Trump está fazendo agora o que Jean-Marie Le Pen fez na França: está mostrando aos neoconservadores que ousa desafiá-los abertamente, que se recusa a jogar pelas regras deles, que a fúria 'ofendida' deles não tem efeito sobre ele, e que não conseguirão censurá-lo, muito menos, silenciá-lo. Foi o que também fez quando, mais uma vez, recusou-se a acusar os russos de serem autores de ciberataques e, em vez de acusar os russos, repetiu que seria ótimo para todos se Rússia e EUA fossem amigos. Mais uma vez, não sei por quanto tempo Trump conseguirá manter essa linha, mas por hora não há como negar que o candidato está desafiando abertamente o estado profundo e o império anglo-sionista.

Conclusão

Os EUA estão a um passo de entrar na que, provavelmente, será a mais profunda e mais perigosa crise de toda sua história. Se Trump for eleito, terá de lançar imediatamente um bem planejado ataque contra seus adversários, sem dar a eles o pretexto de acusá-lo de fazer repressão politicamente motivada. Na Rússia, Putin podia contar com o apoio dos militares e dos serviços de segurança. Não sei com quem Trump pode contar, mas confio firmemente que ainda há gente patriota de bem, nas Forças Armadas dos EUA. Se Trump conseguir pôr a pessoa certa no comando do FBI, pode usar aquela agência para limpar a casa e levar avante o julgamento de número consistente de acusados por crimes de corrupção, de conspiração para [... preencha a lacuna], abuso de autoridade, obstrução da justiça, omissão no cumprimento do dever, etc. Dado que esses crimes são disseminados nos atuais círculos do poder, também são fáceis de provar, e atacar a corrupção pode valer a Trump aplausos de pé do povo dos EUA. Em seguida, como Putin na Rússia, Trump terá de lidar com a mídia-empresa. Como, exatamente, não sei. Mas terá de encarar a besta e derrotá-la. Em cada passo nesse processo, terá de receber apoio proativo do povo, como Putin fez por merecer. Será capaz de fazer tudo isso?

Não sei. Honestamente, duvido. Primeiro, porque ainda não confio no homem. Mas, mais importante, acho que devo reconhecer que derrubar o estado profundo e restaurar o verdadeiro poder do povo é ainda mais difícil nos EUA, do que foi na Rússia. Sempre acreditei que o Império Anglo-sionista terá de ser derrubado de fora para dentro, mais provavelmente por uma combinação de derrotas militares e econômicas. Ainda penso assim. Contudo, posso estar errado – de fato, espero sinceramente estar errado –, e talvez Trump será o homem que derrubará o Império, para salvar os EUA. Se essa possibilidade existe, por menor que seja, acho que temos de acreditar nela e agir para que se concretize, uma vez que as vias alternativas são, de longe, muito piores.*****



[1] O Saker é muito furiosamente anticomunista, do que não faz segredo. Verdade é que a metáfora da vassoura não é exclusividade de Trotski e foi, mais, figura de propaganda. Lênin também ensinava a varrer, embora com vassoura de palha, a nobreza, os banqueiros, padres etc., além de Jânio Quadros, outro exímio varredor de corruptos. Nesse trecho suprimimos os excessos emocionais de anticomunismo do autor, para não jogar fora a criança com a água do banho [NTs].

As Convicções e o Fascismo, por Mauro Santayana.

13.10.2016, Mauro Santayana

Os países, como as pessoas, precisam tomar cuidado com as suas convicções.


Convicções arraigadas, quando não nascem da informação, da razão, do conhecimento, costumam ser fruto do ódio, do preconceito e da ignorância.

Não é por acaso que entre as características do fascismo, a mais marcante está em colocar, furiosamente, a convicção acima da razão.

Foi por ter a forte convicção de que os judeus, os comunistas, os ciganos, os homossexuais, eram espécimes de diferentes raças sub-humanas, que os nazistas fizeram coisas extremamente "razoáveis", como guardar centenas, milhares de pênis e cérebros arrancados dos corpos de prisoneiros em vidros de formol, esquartejar pessoas para fazer sabão, adubar repolhos com cinzas de crematório, ou recortar e curtir pedaços de pele humana para colecionar tatuagens e fazer móveis e abajours, em um processo que começou justamente nos tribunais, com a gestação da jurisprudência racista e assassina das Leis de Nuremberg.

De tanta mentira, distorção,  hipocrisia, servidas - ou melhor, impostas, cotidianamente  - à população, nos últimos quatro anos, o Brasil tem se transformado, paulatinamente, em um país em que a realidade está sendo substituída por fantásticos  paradigmas, que são absorvidos e disseminados como as mais sagradas verdades, e adquirem rapidamente a condição de inabalável convicção na cabeça e nos corações de quem os adota, a priori, emocionalmente, sem checar, minimamente, sua veracidade ou sustentação.

Senão, vejamos:

Muitíssimas pessoas, no Brasil de hoje,  têm convicção de que o PT quebrou o país.

Assim como têm convicção de que o Governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso foi um tremendo sucesso do ponto de vista  econômico, certo?

Errado.

Os números oficiais do Banco Mundial provam que o PIB  e a Renda per Capita em dólares recuaram no Governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso, com relação ao de Itamar Franco (de 534 para 504 bilhões e de 3.426 para 2.810 dólares), e aumentaram mais de 300% no governo do PT, de 504 bilhões para 2.4 trilhões de dólares, e de 2.810 para 11.208 dólares, entre 2002 e 2014; com o salário mínimo subindo também mais de 300% em moeda norte-americana nesse período, de  88 para 308 dólares no ano passado, com um dólar nominal mais ou menos equivalente, que chegou a 4,00 reais tanto em 2002 como em 2015.

A queda atual da economia é um ponto fora de curva que irá se recuperar, mais cedo do que tarde, se não forem adotadas medidas recessivas, que mandem, mais uma vez, a vaca para o brejo.  

A maioria das pessoas - incluídos ministros do atual governo, que exageram os problemas,  para vender a sua "competência" e seus projetos, muitos deles ligados, direta e indiretamente à iniciativa privada - têm convicção que o Brasil está endividado até o pescoço, certo?

Errado.

Nona economia do mundo em 2016 - éramos a décima-quarta em 2002 - o Brasil ocupa, apenas, o quadragésimo lugar entre os países mais endividados do planeta.

Temos uma Dívida Pública Bruta com relação ao PIB (66%) mais baixa que a que tinhamos em 2002 (80%); e menor que a dos EUA (104%), Zona do Euro (Europa) (90%), Japão (220%), Alemanha (71.20%),  Inglaterra (89.20%), França (96,10%), Itália (132.70%), Canadá (91.50%).

Além de possuirmos mais reservas internacionais (370 bilhões de dólares) que qualquer uma dessas nações e de não estar devendo - somos credores do FMI - um centavo para o Fundo Monetário Internacional.

E, mesmo assim, ninguém fica fazendo, nesses países que citamos, o mesmo carnaval - verdadeiro massacre - que se faz aqui, com relação à questão da dívida pública.

Uma grande pilantragem midiática que ajuda a justificar, entre outras coisas, o absurdo teto de despesas públicas proposto pelo atual governo - que não existe em nenhum país desenvolvido e irá engessar e tolher o desenvolvimento nacional nos próximos 20 anos -   os juros pornográficos        que a nação paga, a cada 12  meses, aos bancos, e a privatização e entrega de empresas estatais brasileiras a países estrangeiros.

Muitas pessoas também aparentam ter desenvolvido a convicção, no Brasil de hoje, de que o PT é um partido que é contra as Forças Armadas, bolivariano e comunista, certo?

Errado.

O PT sempre trabalhou com o tripé capital estatal, capital privado nacional e capital estrangeiro,  e apoiou - a ponto de estar sendo execrado por isso - as maiores empresas privadas do país, e não apenas as de controle brasileiro - expandindo para elas o crédito subsidiado do BNDES, aumentando a oferta de crédito na economia, melhorando a situação do varejo e da indústria, fomentando a indústria automobilística, triplicando a produção e as vendas de caminhões, automóveis e equipamentos agrícolas, com linhas especiais de financiamento, e fortalecendo o agronegócio injetando bilhões de reais no Plano Safra, duplicando, praticamente, a colheita de grãos depois que chegou ao poder, sem atrapalhar o mercado financeiro, que teve forte expansão após 2002.

E, na área bélica, prestigiou o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, lançando e bancando, por meio da adoção da Estratégia Nacional de Defesa, o maior programa de rearmamento das Forças Armadas na história brasileira.

Nem nos governos militares ousou-se investir, ao mesmo tempo, em tantos projetos estratégicos como se fez nos últimos anos, como é o caso do programa de construção de 36 caças-bombardeios com a Suécia.

Ou o do submarino atômico - além de outros quatro, convencionais - como se está fazendo  em Itaguaí, no Rio de Janeiro, com parceria francesa.

Ou o da construção de mais de mil blindados multipropósito Guarani, em um único contrato, com a IVECO, com design e projeto de engenheiros do Exército Brasileiro.

Ou o do maior avião já construído no Brasil, o KC-390 da EMBRAER, produzido para substituir os Hércules C-130 norte-americanos, capaz de realizar missões também múltiplas, como o transporte de paraquedistas e blindados e o reabastecimento de outras aeronaves em vôo.

Para não falar da família de radares SABER, dos novos mísseis da AVIBRAS, do programa Astros 2020, da nova família de rifles de assalto IA-2 da IMBEL, capaz de disparar 600 tiros por minuto, e de outros projetos como o do míssil ar-ar A-Darter desenvolvido por uma subsidiária da Odebrecht, com a Denel, sul-africana.

Da mesma forma, muitíssimas pessoas têm convicção,  nos dias de hoje, que o PT é o partido mais corrupto do Brasil, certo?

Errado.

Em ranking publicado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral em 2012 - que, estranhamente, parou de publicar rankings anuais por partido depois disso - o PT aparece apenas em nono lugar, em uma lista encabeçada pelo DEM.

Na lista de 50 políticos investigados na Lava Jato que estão com processos no STF, cuja maioria pertence ao PP, só 6 nomes são do PT, e do total de 252 candidatos impugnados por serem ficha-suja nas eleições de 2014, por exemplo, apenas 20 são do Partido dos Trabalhadores.

Dados que não mudam em nada o fato de que o discurso anticorrupção, no Brasil de hoje, só existe na proporção que ocorre, porque pertence e serve, como bandeira, desde o início - na tradição golpista da UDN - à direita e à extrema direita em nosso país.

A esquerda, que costuma cair com facilidade nessa esparrela moral dos imorais, principalmente quando pretende utilizá-la, como seus adversários o fazem, como arma política, precisa tratar de outros temas, sem deixar - prudentemente - de colocar suas barbas de molho.

Como, por exemplo, o futuro do projeto nacional-desenvolvimentista brasileiro, com foco, principalmente, nas áreas social, científica, da educação, da indústria bélica, naval e de petróleo e de infraestrutura.

Ou a defesa da Democracia, do Estado de Direito  e  da Soberania Nacional, em tempos de risco - quase certeza, a depender do avanço da imbecilidade vigente -  de inserção subalterna do país em um processo de globalização que não deixará outras opções, a não ser o fortalecimento ou a capitulação.  

Tudo isso, no contexto do urgente estabelecimento de uma aliança que permita manter a estabilidade da República e evitar a vitória da Antipolítica com a ascensão do fascismo - em aliança com partidos conservadores tradicionais - à presidência da República em 2018. 

É nesse país ridículo, mal informado, rasteiramente manipulado, por segmentos da mídia mendazes e deturpadores, que alguns procuradores do Ministério Público Federal vieram a público, há alguns dias, para dizer que tem "convicção" de que o ex-presidente Lula é o Chefe Supremo, o "Capo di tutti capi"   da corrupção nacional, neste Brasil "casto" e "ilibado", nunca dantes atingido - como diziam no Caso do "Mensalão", estão lembrados? - por semelhante tsunami antiético.

Que ele, que nunca teve contas no exterior, como, digamos, Eduardo Cunha ou Maluf, teria recebido "virtualmente", para o padrão de consumo de nossa impoluta elite, acostumada a apartamentos em Paris, Miami e Higienópolis, um modesto apartamento de 215 metros quadrados, de cooperativa - no qual nunca dormiu e do qual não sem tem notícia de escritura em seu nome.

Além de um sitiozinho mambembe, até mesmo para o gosto de nossa pseudo classe média paneleira, que também não está em seu nome.

E de uma ajuda para a guarda de seus documentos presidenciais - de inestimável valor histórico, por abarcarem oito anos de história nacional - tudo isso apresentado como a parte do leão, do "Pai", do "Comandante", de um suposto esquema de propina que o mesmo MPF afirma - ainda sem provas cabais - ter movimentado a extraordinária soma de 42 bilhões de reais em desvios da Petrobras (antes eram 6 bilhões, segundo "impecável" "auditoria" da "competentíssima", jamais multada, "honestíssima", "imparcialíssima", consultoria norte-americana Price Watherhouse). 

Cinismo por cinismo, poderíamos dizer que, na hipótese, difícil de provar, que tivesse recebido os alegados 3.7 milhões em propina pelos quais foi acusado, em um negócio de mais de 40 bilhões, Lula seria o mais "ingênuo" senão um dos mais "modestos", políticos brasileiros, considerando-se a quantidade de empregos, negócios, projetos, obras, programas, que ajudou a proporcionar à economia nacional nos anos em que esteve à frente da Presidência da República.

E o PT, que teria pedido apenas miseráveis 5 milhões de reais para pagar contas atrasadas devidas a publicitários, em um  contrato de aproximadamente 1 bilhão de dólares para a construção de duas plataformas de petróleo pela empresa do Senhor Eike Batista - um sujeito que resolveu depor "espontaneamente", depois de ter recebido bilhões do BNDES, durante anos, em apoio às suas empresas falidas - teria sido, diante das franciscanas proporções da solicitação, de uma tacanhice digna de fazer corar outras legendas e personagens do espectro político nacional.

Ora, nos poupem.

Ninguém está aqui para santificar o Partido dos Trabalhadores ou o Sr Luís Inácio Lula da Silva, que, se tiver cometido algum crime, deve purgá-lo - respeitada sua condição de réu primário - na mesma proporção de seus erros.

O que nos indigna e nos tira do sério, trabalhando na área em que trabalhamos, é a desfaçatez, a caradurice, a hipocrisia institucionalizada, com que estão tratando a verdade,  a maior vítima desse atual "surto" de "convicções" brasileiro.  
Não nos venham com estórias da Carochinha  e mirabolantes apresentações que vão ridicularizar, pelo exagero, ausência de lógica, de proporcionalidade, razoabilidade e verossimilhança - como já mostram as matérias e editoriais dos jornais estrangeiros - o Ministério Público e o Judiciário brasileiros junto à opinião pública internacional.

Correndo o risco, seus "convictos" acusadores, de verem o tiro sair pela culatra, transformando Lula em uma espécie de símbolo, ou de herói, se for impedido de concorrer à presidência da República.

Ou em um mártir - caso alguma coisa ocorra a ele, eventualmente, na prisão - para boa parte do planeta.