O diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine) Sérgio Sá Leitão aceitou convite de Michel Temer e será o novo ministro da Cultura, informou nesta quinta-feira a Secretaria de Comunicação da Presidência; o ministério estava sem um titular efetivo desde que Roberto Freire deixou o cargo, em maio.
20 DE JULHO DE 2017 ÀS 11:59.
Por Lisandra Paraguassu, da Reuters - O diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine) Sérgio Sá Leitão aceitou convite do presidente Michel Temer e será o novo ministro da Cultura, informou nesta quinta-feira a Secretaria de Comunicação da Presidência.
O ministério estava sem um titular efetivo desde que Roberto Freire deixou o cargo em maio após a divulgação da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, que serviu de base para a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente por crime de corrupção passiva.
O cineasta João Batista de Andrade, que estava ocupando interinamente o ministério no lugar de Freire, apresentou pedido de demissão no dia 16 de junho.
Desde há sete anos, vários bilhões de dólares de armamento entraram ilegalmente na Síria; um fato que, só por si, basta para desmentir a narrativa segundo a qual esta guerra seria uma revolução interna democrática.
Inúmeros documentos atestam que este tráfico foi organizado pelo General David Petraeus, primeiro a título público a partir da CIA da qual ele era o diretor, depois a título privado a partir da sociedade financeira KKR, com a ajuda de altos funcionários.
Assim, o conflito, que era inicialmente uma operação imperialista dos Estados Unidos e do Reino Unido, transformou-se numa operação capitalista privada, enquanto em Washington a autoridade da Casa Branca era contestada pelo “Estado Profundo”. Novos elementos lançam luz sobre o papel secreto do Azerbaijão na evolução desta guerra.
Como é que os jihadistas de Alepo eram abastecidos com armas búlgaras ?
Quando da libertação de Alepo e da captura do
estado-maior saudita que lá se encontrava, a jornalista búlgara Dilyana
Gaytandzhieva constatou a presença de armas do seu país em novos armazéns
abandonados pelos jihadistas. Ela anotou cuidadosamente as indicações inscritas
nas caixas e, de regresso ao seu país, investigou o modo como elas haviam
chegado à Síria.
Desde 2009 — com a breve exceção do período entre
Março de 2013 a Novembro de 2014— a Bulgária é governada por Boiko Borissov, um
personagem colorido, saído de uma das principais organizações criminosas
europeias, a SIC.
Lembremos que a Bulgária é, ao mesmo tempo, membro da OTAN e
da União Europeia e que nenhuma destas organizações emitiu a mínima crítica
contra a chegada ao poder de um chefe mafioso, desde há longo tempo claramente
identificado pelos serviços internacionais de polícia.
Foi, pois, arriscando a sua vida de forma clara que
Dilyana Gaytandzhieva rastreou a rede e que a redação do quotidiano de
Sofia, Trud, publicou o seu dossiê [1].
Se a Bulgária se colocou como um dos principais exportadores de armas para a
Síria, ela contou para tal com a ajuda do Azerbaijão.
Expondo o gigantesco tráfico de armas da CIA contra o Afeganistão, o Iraque, a
Líbia, a Síria e a Índia.
Desde o início das Primaveras Árabes, um gigantesco tráfico de armas foi
organizado pela CIA e pelo Pentágono em violação de inúmeras resoluções do
Conselho de Segurança da ONU. Todas as operações que aqui vamos recapitular são
ilegais à luz do Direito Internacional, nelas incluídas, bem entendido, as
organizadas publicamente pelo Pentágono.
Em matéria de tráfico de armas, mesmo quando certos
indivíduos ou empresas privadas servem como disfarce, é impossível exportar
materiais sensíveis sem o assentimento dos governos envolvidos.
Todas as armas de que vamos falar, salvo os
sistemas de espionagem electrónica, são de tipo soviético. Por definição, mesmo
quando se finge que exércitos equipados com armas de tipo OTAN são os
destinatários finais destes fornecimentos isso é impossível de se verificar. A
referência a tais exércitos serve apenas para encobrir o tráfico.
Sabia-se já que a CIA tinha recorrido à SIC e a
Boiko Borissov para fabricar, com urgência, Captagon com destino aos jiadistas
na Líbia, depois na Síria. Desde a investigação de Maria Petkova, publicada
na Balkan Investigative Reporting Network (BIRN), sabia-se que
a CIA e o SOCOM (Special Operations Command do Pentágono) tinham comprado, para
os jiadistas, armas à Bulgária por 500 milhões de dólares, entre 2011 e 2014.
Depois, que outras armas foram pagas pela Arábia Saudita e pelos Emirados
Árabes Unidos e transportadas pela Saudi Arabian Cargo e Etihad Cargo [2].
Segundo Krešimir Žabec do quotidiano de
Zagreb Jutarnji List, no fim de 2012, a Croácia fornecia aos
jiadistas sírios 230 toneladas de armas por um valor de 6,5 milhões de dólares.
O envio para a Turquia foi feito por três Ilyushin da companhia Jordan
International Air Cargo, sendo depois as armas lançadas de pára-quedas pelo
Exército Catariano [3].
De acordo com Eric Schmitt, do The New York Times, o conjunto do
dispositivo tinha sido imaginado pelo General David Petraeus, director da
CIA [4].
Quando, em 2012, o Hezbolla tentou descobrir o
tráfico da CIA e do SOCOM foi perpetrado um atentado contra turistas israelitas
no aeroporto de Burgas, o centro nevrálgico do tráfico. Em contradição com a
investigação da polícia búlgara e as conclusões do médico legista, o governo de
Borisov atribuiu este crime ao Hezbolla e a União Europeia classificou a
Resistência libanesa como «organização terrorista» (sic). Foi preciso esperar
até à queda temporária de Borisov para que o Ministro das Relações Exteriores,
Kristian Vigenine, sublinhasse que tal acusação não tinha qualquer fundamento.
Segundo uma fonte próxima do PKK, em Maio e Junho
de 2014, os Serviços secretos turcos fretaram comboios (trens-br) especiais
para entregar em Rakka, isto é, naquilo que era então chamado o Emirado
Islâmico no Iraque e na Síria, e que é conhecido hoje como Daesh, armas
ucranianas pagas pela Arábia Saudita e mais de um milhar de Toyota Hilux
(pickups de cabine dupla) especialmente arranjadas para resistir às areias do
deserto. De acordo com uma fonte belga, a compra dos veículos tinha sido
negociada com a japonesa Toyota pela empresa saudita Abdul Latif Jameel.
Segundo Andrey Fomin da Oriental Review,
o Catar, que não queria ser deixado à parte, comprou para os jiadistas à
sociedade Estatal ucraniana UkrOboronProm a versão mais recente do Air Missile
Defense Complex "Pechora-2D". Tendo a entrega sido concluída pela sociedade
cipriota Blessway Ltd [5].
Segundo Jeremy Binnie e Neil Gibson, da revista
profissional de armamento Jane’s, o US Navy Military Sealift
Command (o Comando de Aprovisionamento da Marinha de Guerra dos EUA- ndT)
lançou em 2015 dois concursos públicos para transportar armas do porto romeno
de Constanta para o porto jordano de Aqaba. O contrato foi ganho pela
Transatlantic Lines [6].
Ele foi executado logo após a assinatura do cessar-fogo por Washington, a 12 de
Fevereiro, 2016, em total violação do seu compromisso.
De acordo com Pierre Balanian da Asia News,
este dispositivo prosseguiu em Março 2017 com a abertura de uma linha marítima
regular da companhia norte-americana Liberty Global Logistics ligando Livorno
(Itália) / Aqaba (Jordânia) / Jeddah (Arábia Saudita) [7].
Segundo o geógrafo Manlio Dinucci, ela destinava-se principalmente ao
fornecimento de blindados para a Síria e para o Iémene [8].
Segundo os jornalistas turcos Yörük Işık e Alper
Beler, os últimos contratos da era Obama foram feitos pela Orbital ATK que
organizou, via Chemring e a dinamarquesa H. Folmer & Co, uma linha regular
entre Burgas (Bulgária) e Jeddah (Arábia Saudita). Pela primeira vez, fala-se
aqui não apenas de armas produzidas pela Vazovski Machine Factory Building
(VMZ) (Bulgária), mas também pela Tatra Defesa Industrial Ltd. (República Checa) [9].
Muitas outras operações tiveram lugar secretamente
como o atestam, por exemplo, os negócios do cargueiro Lutfallah II,
apresado pela marinha libanesa a 27 Abril de 2012, ou do cargueiro togolês,
o Trader, apresado pela Grécia, a 1 de Março de 2016.
O total destas operações perfaz centenas de
toneladas de armas e de munições, talvez milhares, sobretudo pagas pelas
monarquias absolutas do Golfo, pretensamente para apoiar uma «revolução
democrática». Na realidade, as petro-ditaduras só intervieram para dispensar a
administração Obama de prestar contas ao Congresso dos EUA (Opération Timber
Sycamore) e lhe fazer aceitar gato por lebre [10].
O decorrer de todo este tráfico foi pessoalmente controlado pelo General David
Petraeus, primeiro a partir da CIA da qual ele era o director, depois desde a
sociedade de aplicações financeiras KKR onde ingressou. Ele beneficiou-se da
ajuda de altos funcionários, algumas vezes sob a presidência de Barack Obama,
depois massivamente sob a de Donald Trump.
O papel até agora secreto do Azerbaijão.
Segundo a antiga funcionária do FBI e fundadora da National Security
Whistleblowers Coalition, Sibel Edmonds, de 1997 a 2001, o Azerbaijão do
Presidente Heydar Aliyev, acolheu em Baku, a pedido da CIA, o número dois da
Alcaida, Ayman al-Zawahiri. Muito embora oficialmente procurado pelo FBI,
aquele que era então o número 2 da rede jihadista mundial deslocava-se
regularmente por avião da OTAN para o Afeganistão, para a Albânia, para o
Egito e para a Turquia. Ele era, igualmente, frequentemente visitado pelo Príncipe
Bandar ben Sultan da Arábia Saudita [11].
Às suas relações de segurança com Washington e
Riade, o Azerbaijão —cuja população é, portanto, sobretudo xiita— junta Ancara,
a sunita, que o apoia no seu conflito contra a Arménia a propósito da secessão
da República de Artsakh (Alto-Karabaque ).
À morte de Heydar Aliyev, nos Estados Unidos, em
2003, sucede-lhe o seu filho Ilham Aliyev. A Câmara de Comércio EUA-Azerbaijão
torna-se a sala de manobras de Washington tendo ao lado do Presidente Aliyev,
Richard Armitage, James Baker III, Zbigniew Brzeziński, Dick Cheney, Henry
Kissinger, Richard Perle, Brent Scowcroft e John Sununu.
De acordo com Dilyana Gaytandzhieva, o Ministro dos
Transportes, Ziya Mammadov, coloca em 2015 à disposição da CIA a companhia
estatal Silk Way Airlines paga pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes
Unidos. O Ministro dos Negócios Estrangeiros, o muito pouco escrupuloso Elmar
Mammadyarov, envia a várias das suas embaixadas pedidos de homologação de «vôos
diplomáticos», o que interdita as inspeções dos mesmos segundo a Convenção de
Viena. Em menos de três anos, mais de 350 vôos disporão deste privilégio
extraordinário.
Muito embora segundo os tratados internacionais,
nem aviões civis, nem aviões com imunidade diplomática estejam autorizados a
transportar material militar, os pedidos de reconhecimento como «voos
diplomáticos» fazem menção explícita das cargas transportadas. No entanto, a
pedido do Departamento de Estado dos EUA, pelo menos o Afeganistão, a Alemanha,
a Arábia Saudita, a Bulgária, o Congo, os Emirados Árabes Unidos, a Hungria,
Israel, o Paquistão, a Polónia, a Roménia, a Sérvia, a Eslováquia, a República
Checa, a Turquia e o Reino Unido irão fechar os olhos a esta violação do
Direito Internacional, tal como já haviam ignorado os vôos da CIA entre as suas
prisões secretas.
Em menos de três anos, a Silk Way Airlines transportou
assim pelo menos US$ mil milhões (1 bilhão-br) de armas.
De forma exaustiva, a jornalista Dilyana
Gaytandzhieva pôs à luz do dia um vasto sistema que aprovisiona os jihadistas
não só no Iraque e na Síria, mas também no Afeganistão, no Paquistão e no
Congo, sempre às custa dos Sauditas e dos Emirados. Algumas armas entregues na
Arábia foram reexpedidas para a África do Sul.
As armas transportadas para o Afeganistão teriam
chegado aos talibãs, sob o controle dos Estados Unidos, os quais afirmam combatê-los.
As fornecidas ao Paquistão eram provavelmente destinadas a cometer atentados
islamitas na Índia. Ignora-se quem são os destinatários finais das armas
entregues à Guarda Republicana do Presidente Sassou Nguesso, no Congo, e à
África do Sul do Presidente Jacob Zuma.
Sendo os principais negociantes as firmas
norte-americanas Chemring (já citada), Culmen International, Orbital ATK
(também já citada) e Purpel Shove.
Para além das armas de tipo soviético produzidos
pela Bulgária, o Azerbaijão comprou, sob a responsabilidade do Ministro da
Indústria de Defesa, Yavar Jamalov, stocks (estoques-br) na Sérvia, na
República Checa e incidentalmente em outros Estados, sempre declarando ser o
destinatário final dessas compras. Em relação aos equipamentos de espionagem
eletrônica, Israel colocou à disposição a firma Elbit Systems, que simulava
ser o destinatário final, não possuindo o Azerbaijão o direito de comprar este
tipo de material. Estas exceções atestam que o programa do Azerbaijão, mesmo
tendo sido requisitado pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita, era
controlado, de uma ponta a outra, a partir de Telavive.
O Estado hebreu, que afirma ter permanecido neutro durante todo o conflito sírio, tem, no entanto, bombardeado repetidamente o
Exército Árabe Sírio. Todas as vezes que Telavive reconheceu os fatos,
pretendeu ter atacado para destruir armas destinadas ao Hezbollah libanês. Na
realidade, todas essas operações, salvo talvez uma, foram coordenadas com os
jihadistas. Sabe-se, pois, hoje em dia que Telavive estava supervisionando a
entrega de armas a esses mesmos jihadistas de tal modo que, se Israel parecia
contentar-se em utilizar a sua Força Aérea para os apoiar, de fato jogava um
papel central no desenrolar da guerra.
Segundo as convenções internacionais a falsificação
de certificados de fornecimento final e o envio de armas para grupos
mercenários afim de que eles derrubem governos legítimos, ou destruam Estados
reconhecidos, constituem crimes internacionais.
[6] “US arms shipment
to Syrian rebels detailed” («Revelado em detalhe carregamento de
armas dos EUA para os rebelde Sírios»- ndT), Jeremy Binnie & Neil
Gibson, Jane’s, April 7th, 2016.
[11] Classified Woman. The Sibel Edmonds Story: A Memoir((«Mulher
da Sombra. A História de Sibel Edmonds : Testemunho ndT) et The Lone Gladio ((«Gládio
Solitária»- ndT), Sibel Edmonds.
Passados mais de seis meses do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no Amazonas, não há previsão para o encerramento das investigações, informou, em nota, a Polícia Civil do Estado.
A rebelião de 1º de janeiro resultou na morte de 56 detentos e na fuga de 119.
“O caso é complexo e algumas centenas de pessoas já foram ouvidas desde o dia 8 de janeiro deste ano, quando começaram as apurações”, acrescenta a nota da Polícia Civil. O inquérito está em fase de oitivas e interrogatórios.
A Polícia Civil estima que pelo menos 200 detentos sejam indiciados por envolvimento nas mortes, mas ressalta que o número que “só será confirmado ao final das investigações”. Os envolvidos vão responder por homicídio, lesão corporal e constrangimento ilegal.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, 43 detentos do regime fechado do Compaj continuam foragidos. Também no primeiro dia do ano, 106 internos do Instituto Penal Antônio Trindade conseguiram escapar e 71 foram recapturados. Ao todo, nas duas penitenciárias, foram 225 fugiram e 145 foram recapturados.
A Força Nacional de Segurança Pública está atuando nos presídios da capital amazonense desde 10 de janeiro. Quase 300 presos ameaçados de morte na rebelião foram transferidos pela Secretaria Estadual Segurança Pública para a Cadeia Desembargador Raimundo Vidal Pessoal, no centro de Manaus, que foi reativada emergencialmente.
No presídio também ocorreram quatro mortes de internos e fugas. Devido às condições precárias do local, no dia 15 de maio, os 162 detentos que ainda estavam na cadeia foram transferidos para um novo presídio, Centro de Detenção Provisória. A Cadeia Pública foi desativada definitivamente. O espaço tem 110 anos e foi fechado pela primeira vez em outubro de 2016 por recomendação do Conselho Nacional de Justiça.
Assim como o avô e o pai, causa da morte de Getúlio Vargas Neto foi registrada como suicídio com um tiro; corpo do advogado de 61 anos foi encontrado na manhã desta segunda-feira (17), por uma empregada da família, em Porto Alegre; fundador do PDT, o neto de Vargas morava com o filho, que estava viajando.
Rio Grande do Sul 247 - Getúlio Dornelles Vargas Neto, neto do ex-presidente Getúlio Vargas, morreu nesta segunda-feira 17 em Porto Alegre aos 61 anos.
Fundador do PDT, o advogado foi encontrado em seu apartamento no bairro Moinhos de Vento. A Polícia Civil registrou o caso como suicídio. Ele repetiu o gesto do pai, Maneco Vargas, e do avô Getúlio Vargas, ex-presidente da República, que se mataram com um tiro no peito.
Ao lado do corpo de Vargas Neto foi encontrado um bilhete de despedida para a família. O avô também deixou uma carta, escrita antes de se matar no dia 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, então sede do governo federal.
Vargas Neto atirou contra a cabeça. O corpo do advogado foi encontrado por um funcionária que trabalha para a família. A Polícia Civil não tem dúvidas de que o caso se trata de um suicídio, mas irá instaurar um inquérito e cumprir os procedimentos legais. Vargas Neto morava com um filho, que estava viajando.
Já tem mais de 900 compartilhamentos, no Facebook, a postagem em que o advogado Juliano Trevisan conta um episódio de racismo que sofreu em um bar de Curitiba (PR). Negro e com cabelos dreadlocks, Trevisan relatou que, após um evento com outros amigos advogados na última quinta-feira (13), foi barrado na porta do “James Bar” sob a alegação de que ele seria confundido com um segurança da casa.
Juliano usava exatamente a mesma roupa da foto. “No que cheguei, o funcionário me olhou dos pés a cabeça e informou que pelo meu estilo, com ‘a roupa que estava usando eu não poderia entrar’. Olhei para minha roupa tentando entender o por que, e ele continuou ‘roupa preta gravata e tal, você vai ser confundido com segurança lá dentro, assim não pode entrar’”, relatou o advogado na rede social.
Além de advogado, Juliano é youtuber e tem um canal que trata justamente de negritude e preconceito. “Como militante, vivo expondo situações de preconceito e discriminação e os vários viés. Mas quando acontece comigo, ainda fico chocado sem ação. Me sinto humilhado”, lamentou.
O “James Bar”, por sua vez, se desculpou com Trevisan quando tomou conhecimento do caso e informou que demitiu o funcionário que barrou o advogado.
Confira, abaixo, a íntegra da postagem relatando o episódio.
CARTA ABERTA AO JAMES BAR.
Imaginem a seguinte situação: Um homem é informado que não poderá entrar em uma casa noturna, por que não esta com roupas adequadas.
Qual seria esta tal roupa inadequada?
A primeira imagem que viria na cabeça da maioria de vocês (e até mesmo para mim se alguém me contasse isto) seria de alguém com regata, talvez calção, talvez chinelo, talvez sem camisa e por aí vai. MAS NÃO.
O homem que cito aqui, ERA EU.
A roupa em questão, era EXATAMENTE A ROUPA DA FOTO (camisa manga curta preta, calça social, sapato marrom, e gravata preta).
Parece brincadeira o que vou contar, mas aconteceu.
Ontem (13/07), saindo de um evento para advogados, do qual participo da organização, combinei com amigos de ir ao James Bar, como saímos tarde do evento, resolvemos ir com a mesma roupa.
Poucos minutos após chegar e ficar na fila do James, fui abordado por um dos seguranças que me chamou para conversar com um funcionário de cargo relevante na balada.
No que cheguei, o funcionário me olhou dos pés a cabeça e informou que pelo meu estilo, com “a roupa que estava usando eu não poderia entrar”. Olhei para minha roupa tentando entender o por que, e ele continuou “roupa preta gravata e tal, você vai ser confundido com segurança lá dentro, assim não pode entrar”.
O segurança que estava do lado e tinha um rabo de cavalo ainda completou: “e não tem como você falar do seu cabelo, pois eu também tenho cabelo comprido, olha”.
Na hora a situação me chocou tanto, que fiquei bobo. Não quis discutir, não quis “acabar com minha noite e de meus amigos”, então simplesmente falei que iria embora.
No que entrei no carro para ir embora foi que caiu a ficha.
Como militante, vivo expondo situações de preconceito e discriminação e os vários viés. Mas quando acontece comigo, ainda fico chocado sem ação.
Me sinto humilhado, olhei mil vezes minha roupa, até entender que o problema não é minha roupa, não é meu estilo, não sou eu. E preciso sim, expor esta situação a vocês e demonstrar qual grave ela é, e o que ela representa socialmente falando nos dias de hoje.
“parecendo um segurança”
Conheço várias pessoas que vão lá de camisa e gravata e nem por isso foram barradas. A verdade mesmo é que, por mais que estivesse parecendo com segurança da casa, isto não justifica barrar entrar no local. Roupa social não é uniforme exclusivo de empresas de segurança, o que dizer de formaturas onde os seguranças estão vestidos igual aos convidados?
Esta atitude só demonstra a parcialidade do funcionário, e o amadorismo por parte da empresa de segurança, que já vem sendo notada por varias outras situações ocorridas na casa.
Pra que um problema social seja resolvido, ele primeiro deve sempre ser apontado. Isto por que parte da sociedade insiste em relutar contra as inumeras situações passadas hoje por negros, mulheres, gays e demais grupos de minoria, insistindo em dizer que o preconceito e a discriminação hoje em dia são “mimimi”.
Tenho a esperança de que um dia as casas noturnas tenham um treinamento profissional adequado para que ninguém mais passe por situações como esta e que apliquem as medidas legalmente cabíveis aos envolvidos quando ocorrerem fatos como este.