A medida é retaliação às sanções econômicas da União Europeia e dos Estados Unidos
Em
resposta às sanções econômicas impostas pela União Europeia (UE), o Irã
suspendeu ontem a exportação de petróleo à França e ao Reino Unido. O
anúncio foi feito horas depois de Teerã ter defendido um diálogo acerca
de seu programa nuclear — o governo quer um acordo no qual "ambas as
partes saiam ganhando", segundo o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi.
Para
o diretor-geral para a Europa Ocidental do Ministério de Relações
Exteriores iraniano, Hassan Tayik, a decisão reforça a posição de Teerã.
"As sanções não vão afetar os iranianos, mas terão (com a retaliação
comercial) um efeito adverso na população europeia, que está em uma
situação econômica difícil e enfrenta um duro inverno". A Arábia Saudita
já declarou, contudo, que está preparada para fornecer petróleo extra
aos países europeus e suprir a redução do fornecimento pelo Irã.
A
França minimizou a medida. "A decisão iraniana não tem consequências
diretas", disse Jean-Louis Schilansky, presidente da União Francesa das
Indústrias de Petróleo (UFIP), ao pricipal jornal francês Le Monde. Ele
afirmou que, "a França praticamente parou de importar petróleo iraniano
desde 2011" e essas entregas agora barradas "representavam uma parte
muito pequena da oferta". A Inglaterra está na mesma situação, segundo
Schilansky.
O
iraniano Tayik destacou, ainda, que o país "não pode permanecer
indiferente a um embargo de petróleo da UE", considerando que o bloco
compra cerca de 20% dos 3,6 milhões de barris de petróleo que Teerã
exporta por dia. Ele avalia, entretanto, que o Irã "não terá problemas
para encontrar novos clientes". Na última quarta-feira, o país já havia
anunciado novas condições para a compra e venda de petróleo aos países
europeus, uma decisão que criou polêmica e fez aumentar os preços do
petróleo no mercado internacional.
A
suspensão anunciada agora já era esperada por autoridades
internacionais. Logo depois de a UE anunciar as novas sanções, o
ex-ministro da Inteligência iraniana Ali Fallahian propôs que o país
suspendesse a venda de petróleo aos países do bloco. Para ele, como o
grupo levaria seis meses para encontrar uma alternativa de reposição do
combustível, a suspensão seria altamente prejudicial aos europeus. "Com a
falta do produto, o preço subirá no mercado internacional", indicou.
Fallahian observou que a Rússia é a única que pode oferecer aos europeus
um petróleo similar ao iraniano.
Pressão
Em
janeiro deste ano, a tensão entre o Irã e as potências ocidentais
aumentou. A UE decidiu diminuir gradativamente a importação do produto
iraniano, além de congelar os ativos do Banco Central persa no bloco,
para pressionar Teerã a abandonar seu controverso programa nuclear,
suspeito de ser destinado à produção de armas atômicas.
O presidente
iraniano, Mahmud Ahmadinejad, entretanto, alegou inúmeras vezes que o
projeto tem fins pacíficos. A Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA) sugeriu que o país teria começado a controversa produção de
urânio enriquecido a 20% em Fordo, o que teria aumentado as suspeitas da
comunidade internacional, já que, a 90%, o urânio pode servir para
fabricar bombas atômicas.
Os
Estados Unidos também anunciaram novas e mais rígidas medidas contra o
Irã. A medida bloqueia qualquer bem ou participação em ativos do governo
iraniano. A ordem afeta todo o sistema financeiro do país.
Decisão solitária
O
chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelenses, general Benny
Gantz, afirmou que o país não irá fazer consultas caso decida atacar o
Irã. "Israel é o fiador central de sua própria segurança. O Estado de
Israel deve se defender", argumentou o general Gantz em uma entrevista à
rede de televisão pública, uma das várias concedidas no fim de semana,
sobre a crise iraniana.
As declarações coincidem com a chegada a Israel
do conselheiro de segurança nacional americano, Tom Donilon. No sábado, o
ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, convocou a comunidade
internacional para aumentar o regime de sanções contra o Irã antes que a
República Islâmica ingresse em uma "zona de imunidade" que a tornaria
invulnerável aos ataques contra seu programa nuclear. Há algumas semanas
persiste o rumor de que Israel poderia bombardear o Irã para paralisar
seu programa nuclear.
Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha/correiobraziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário