segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Irã suspende petróleo à França e ao Reino Unido.

A medida é retaliação às sanções econômicas da União Europeia e dos Estados Unidos

Em resposta às sanções econômicas impostas pela União Europeia (UE), o Irã suspendeu ontem a exportação de petróleo à França e ao Reino Unido. O anúncio foi feito horas depois de Teerã ter defendido um diálogo acerca de seu programa nuclear — o governo quer um acordo no qual "ambas as partes saiam ganhando", segundo o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi.

Para o diretor-geral para a Europa Ocidental do Ministério de Relações Exteriores iraniano, Hassan Tayik, a decisão reforça a posição de Teerã. "As sanções não vão afetar os iranianos, mas terão (com a retaliação comercial) um efeito adverso na população europeia, que está em uma situação econômica difícil e enfrenta um duro inverno". A Arábia Saudita já declarou, contudo, que está preparada para fornecer petróleo extra aos países europeus e suprir a redução do fornecimento pelo Irã.

A França minimizou a medida. "A decisão iraniana não tem consequências diretas", disse Jean-Louis Schilansky, presidente da União Francesa das Indústrias de Petróleo (UFIP), ao pricipal jornal francês Le Monde. Ele afirmou que, "a França praticamente parou de importar petróleo iraniano desde 2011" e essas entregas agora barradas "representavam uma parte muito pequena da oferta". A Inglaterra está na mesma situação, segundo Schilansky.

O iraniano Tayik destacou, ainda, que o país "não pode permanecer indiferente a um embargo de petróleo da UE", considerando que o bloco compra cerca de 20% dos 3,6 milhões de barris de petróleo que Teerã exporta por dia. Ele avalia, entretanto, que o Irã "não terá problemas para encontrar novos clientes". Na última quarta-feira, o país já havia anunciado novas condições para a compra e venda de petróleo aos países europeus, uma decisão que criou polêmica e fez aumentar os preços do petróleo no mercado internacional.

A suspensão anunciada agora já era esperada por autoridades internacionais. Logo depois de a UE anunciar as novas sanções, o ex-ministro da Inteligência iraniana Ali Fallahian propôs que o país suspendesse a venda de petróleo aos países do bloco. Para ele, como o grupo levaria seis meses para encontrar uma alternativa de reposição do combustível, a suspensão seria altamente prejudicial aos europeus. "Com a falta do produto, o preço subirá no mercado internacional", indicou. Fallahian observou que a Rússia é a única que pode oferecer aos europeus um petróleo similar ao iraniano.

Pressão
Em janeiro deste ano, a tensão entre o Irã e as potências ocidentais aumentou. A UE decidiu diminuir gradativamente a importação do produto iraniano, além de congelar os ativos do Banco Central persa no bloco, para pressionar Teerã a abandonar seu controverso programa nuclear, suspeito de ser destinado à produção de armas atômicas.

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, entretanto, alegou inúmeras vezes que o projeto tem fins pacíficos. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sugeriu que o país teria começado a controversa produção de urânio enriquecido a 20% em Fordo, o que teria aumentado as suspeitas da comunidade internacional, já que, a 90%, o urânio pode servir para fabricar bombas atômicas.

Os Estados Unidos também anunciaram novas e mais rígidas medidas contra o Irã. A medida bloqueia qualquer bem ou participação em ativos do governo iraniano. A ordem afeta todo o sistema financeiro do país.

Decisão solitária
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas israelenses, general Benny Gantz, afirmou que o país não irá fazer consultas caso decida atacar o Irã. "Israel é o fiador central de sua própria segurança. O Estado de Israel deve se defender", argumentou o general Gantz em uma entrevista à rede de televisão pública, uma das várias concedidas no fim de semana, sobre a crise iraniana.

As declarações coincidem com a chegada a Israel do conselheiro de segurança nacional americano, Tom Donilon. No sábado, o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, convocou a comunidade internacional para aumentar o regime de sanções contra o Irã antes que a República Islâmica ingresse em uma "zona de imunidade" que a tornaria invulnerável aos ataques contra seu programa nuclear. Há algumas semanas persiste o rumor de que Israel poderia bombardear o Irã para paralisar seu programa nuclear.

Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha/correiobraziliense

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