25 de Novembro de 2011 às 09:55.
Marco Damiani_247 – Reconhecidamente, a colunista Mônica
Bergamo, da Folha de S. Paulo, é uma das melhores repórteres do País.
Profissional cobiçada por todas as redações, autora de furos históricos
que se misturam ao cotidiano de informações quentes, úteis e charmosas
publicadas sob a sua chancela na segunda página da Folha Ilustrada – e
tantas vezes em destaque na primeira página do jornal.
Hoje, em confiança a um colega de profissão (se bem que, para o
Eurípedes Alcântara, Mario Sabino, aquela fonte, está determinado ‘a
deixar a profissão’), a coluna da Mônica dá voz a uma mentira. Ou, ao
menos, a uma tentativa de drible na verdade feita a partir de uma total
desconsideração pelos melhores valores que existem entre fonte e
jornalista. Que feio, Mario!
Cumprindo o papel de checar o que, àquela altura, circulava no
universo da internet como um forte rumor, a partir de nota publicada no
blog do jornalista Luís Nassif que obteve confirmação em Brasil 247 e
aqui virou manchete, a coluna da Mônica fez o certo. Foi ouvir o pivô da
notícia, o redator chefe de Veja Mario Sabino. E Mario Sabino fez o
errado. Em lugar de contar a real, soltou uma conversa pelo lado do
avesso. Garantiu que, ao contrário do que se dizia, ele permaneceria na
revista. Firme e forte, todo pimpão, esnobando propostas milionárias que
lhe aparecem “todos os anos”. É o que se conclui na leitura da nota
‘Convite’, da referida coluna, hoje.
Em tempo: a nota diz que o destino
negado por Sabino seria um posto de sócio na Companhia de Notícias, a
CDN consolidada como a maior empresa de comunicação corporativa do País.
Mas existe crédito para quem tenta ultrapassar a imprensa trabalhar com
a imprensa? É o que se vai descobrir.
O que leva um sujeito como Sabino que trabalha, em tese, com a
matéria-prima da verdade, a tirar do rumo certo uma coluna exemplar? Tem
de ser muito folgado – e não ter o menor apreço pelo trabalho do outro.
Do contrário, porque não simplesmente atender a reportagem e, uma vez
incomodado em ser personagem da notícia, pedir para falar ‘in off’,
avisar que não pode contar o que sabe, solicitar um tempo para deixar o
quadro se aclarar? Tudo isso e mil outras alternativas são mais dignas
do que falsear. Ainda mais para quem tem a responsabilidade de ser
redator chefe da revista de maior circulação do País, quarta do mundo –
era assim que se dizia no meu tempo em Veja --, em conversa séria com
uma das principais colunas de informação dos jornais brasileiros. Nesse
movimento, ele se assemelhou ao ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que
já sem condições de permanecer no cargo, se aferra à cadeira, buscando
de maneira desesperada ficar. Um espetáculo lamentável.
Pode ter acontecido, no entanto, de Sabino ter realmente dito a
verdade – considerar, ali por volta da hora do almoço de ontem, que
realmente estava mantido no seu cargo em Veja. Se foi assim, quem
mentiu, então, foi o diretor de redação da mesma publicação, Eurípedes
Alcântara. Senão, vejamos a nota oficial que está no alto do sítio da
revista na internet:
Nota do diretor à redação
Meus caros,
antes que prevaleçam a maledicência e a desinformação,
matérias-primas dos bucaneiros da internet, gostaria de esclarecer o que
existe de factual sobre a decisão do Mario Sabino de deixar o
jornalismo e, como consequência, seu cargo de redator chefe de VEJA.
Havia um ano eu tentava dissuadir o Mario da determinação de deixar a
profissão.
Ele argumentava que o exercício do jornalismo já não lhe
proporcionava a mesma satisfação. Embora eu apontasse que ele continuava
a desempenhar suas atribuições com a responsabilidade, brilhantismo,
ousadia e originalidade de sempre, Mario foi consolidando sua decisão de
mudar de rumos profissionais.
Na semana passada, finalmente, Mario Sabino me procurou para dizer que seguiria mesmo outro caminho.
A decisão do Mario representa uma grande perda – para nós da redação
de VEJA e para o jornalismo. Ele esteve ao meu lado durante quase oito
anos, no cargo que ainda exercerá até o início do próximo ano, sempre
como a melhor companhia que um diretor de redação pode ter na trincheira
do jornalismo rigoroso e independente. Perco o convívio de um amigo,
mas não a sua amizade. Fica conosco sua lição de profissionalismo
intenso e de apego exacerbado à busca da verdade, para ele mais do que
uma simples virtude, uma razão de vida. Sob essa ótica, farei e
anunciarei nas próximas semanas as mudanças que a decisão do Mario
acarreta.
Eurípedes Alcântara
Diretor de Redação
Uau! Alguém nessa história está, como diz o Neto, “de brincadeira” – e
com coisa séria. O atual diretor de redação de Veja é o mesmo
profissional que, no dia em que o saudoso Tales Alvarenga morreu, correu
do sepultamento para seu computador para escrever um editorial de
rasgados elogios ao falecido. Em vida, no mesmo dia em que foi escolhido
para o seu cargo atual, Eurípedes voou de sua nova sala para o gabinete
do então presidente da Editora Abril, Roberto Civita, de par com o
igualmente recém nomeado diretor de redação da revista Exame, Eduardo
Oinegue, para dizer ao patrão que, sim, aceitava a missão de bom grado –
mas, principalmente, para dizer que não poderia trabalhar com a fórmula
criada pelo próprio Civita de deixar o Tales, que saia da Direção de
Redação de Veja, como coordenador maior das duas estruturas editoriais
da casa, Veja e Exame.
Quer dizer: assim que foi empossado no novo cargo
pelo antigo chefe, saltou escada acima para solapar a nomeação dele
como, outra vez, seu novo chefe! Um golpe rápido e certeiro de dar
inveja ao Barba Negra e ao Capitão Gancho. Talvez por isso, agora, em
sua nota à redação, Eurípedes tenha falado em "bucaneiros". Mais tarde,
repita-se, escreveu o editorial de elogios ao profissional que, de mãos
dadas com Oinegue, apunhalou.
O que está na nota de hoje, à luz desse
passado de postura rasteira em momento de luta interna, é, portanto,
suspeito. Os elogios ali empilhados a Mario Sabino são tão verdadeiros
quanto aqueles escolhidos no editorial sobre o Tales? Ou a nota foi
escrita para não dar tempo ao redator chefe de voltar atrás em suas
deprimidas reflexões sobre “deixar a profissão”? Em lugar de esperar uma
volta de quem não foi – assim foi dito por Sabino à Folha de hoje --,
Euripa (ele é assim chamado, carinhosamente, por alguns em Veja)
adiantou o serviço e consolidou “o que existe de factual sobre a decisão
do Mario Sabino de deixar o jornalismo e, como consequência, seu cargo
de redator chefe de VEJA”. Isso mais parece um pé nos costados, bem ao
estilo, como já se viu, do Diretor de Redação.
Por estas e outras que certamente ainda irão aparecer, o que era para
ser apenas e tão somente um movimento de faxina ética em Veja, dado o
radicalismo à direita empreendido na gestão de Mario Sabino como redator
chefe da revista, evoluiu para uma autêntica lambança. Acrescida pela
entrada no imbróglio do notório Reinaldo Azevedo, que em seu blog, sob o
guarda-chuva de Veja, faz um joguinho de ‘de’ e ‘da’ que ele próprio
derruba, uma vez que, primeiro, faz disso uma diferença e, em seguida,
uma igualdade. Ao que parece, Euripa tirou Sabino de Veja, mas Azevedo,
sem poder, queria que ele ficasse. Para melhor juízo do leitor, eis o
que o líder do nosso Tea Party postou na madrugada:
Mario Sabino vai sair DE VEJA, mas não DA VEJA
É verdade: Mario Sabino vai sair de VEJA. Não pelos motivos que
fariam a satisfação de certa canalha. Mario sai de VEJA, mas não da
VEJA. Esse artigo definido que somo à preposição implica, como deixa
claro um texto a seguir, que permanece uma cultura, de que Mario é fruto
e promotor. Ao longo do dia, as legiões do ressentimento, do ódio, da
vulgaridade e do obscurantismo ficaram enviando mensagens para este
blog: “E aí, tá com medo?”. O que tenho escrito nestes últimos dias
evidencia: tenho não exatamente medo, mas asco, é da irrelevância, da
inveja e da estupidez em que essa gente navega.
Abaixo, segue uma nota inequívoca, clara, e solar de Eurípedes
Alcântara, Diretor de Redação da VEJA. Fala por si mesma. Os
profissionais de VEJA e da VEJA lamentam a saída de Mario Sabino. Todos
sabemos que, em seu novo caminho, atuará com o brilho, o rigor e a
competência de sempre. Leia a nota de Eurípedes (publicada acima*).
Do que deu para entender, Sabino, agastado, pediu para sair, resolveu
ficar, plantou notícia na imprensa neste sentido, Euripa fez que não
viu, consolidou a demissão do muy amigo e Azevedo chorou a perda.
*247.
Matéria copiada: http://brasil247.com.br/pt/247/midiatech/26468/Faxina-na-revista-Veja- evolui-para-lambanca.htm
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