PLANETA DIGITAL
Perspectivas do jornalismo e as redes sociais
Por Antonio S. Silva em 08/11/2011 na edição 667
Na contemporaneidade, pensar a comunicação social é analisar a
importância das redes de computadores que integram as comunidades, numa
relação global. Não se trata de desclassificar ou desconsiderar a mídia
tradicional, entendendo-a como sem importância para o futuro – ou o fim
do jornal impresso, como alguns apregoam, ou mesmo do jornalismo como o
conhecemos nos tempos atuais. Entretanto, surge um agente que vai se
ampliando em diferentes países, com mais ou menos intensidade. Assim,
pode-se dizer que há um grande volume de informações, impensado
anteriormente, disponível para grande parte da sociedade, a qual, há bem
pouco tempo, não podia acessar os meios para o conhecimento dos fatos
cotidianos. Em grande proporção, o jornalismo se espalha pelos diversos
veículos, tornando os cidadãos sem lugar, locais ou de todos os lugares
(globalizados). Dito isso, surgem questões inevitáveis: haverá algum
tipo de mudança no comportamento da sociedade? A comunicação mudará,
descentralizando as hierarquias sociais?
Não há dúvida quanto à modificação global no negócio de jornalismo,
pois nos principais centros econômicos, substancialmente nos Estados
Unidos e países europeus, houve queda no faturamento na última década –
conforme noticiado pelos próprios jornais –, e cada vez mais acessos à
internet, o que implica ainda se informar também através dos
tradicionais meios de comunicação, mas em grande parte sem a necessidade
de pagar pela informação, sempre disponível na rede. A busca pela forma
de se estabelecer no mercado passa a ser uma atividade diária das
mídias comerciais, especialmente o jornal impresso, que atinge um
público mais informado e com poder aquisitivo. Certamente, deverá
continuar a ser atendido pela atividade jornalística, indispensável no
mundo moderno, sem abrir mão da confiabilidade. Além do mais, no Brasil,
como exemplo, o jornal obteve aumento de circulação nos últimos anos,
mesmo considerando as novas mídias.
Participação, contestação e soluções
Resta ainda entender, no meio de tanta informação, o que implicam estas
mudanças da comunicação na sociedade moderna. A rigor, a democracia
está em relação com os meios e a informação. Sem dúvida, o próprio
jornalista está nesta conversão, pois como os fatos não se narram, se
faz necessário um mediador. Entretanto, torna-se indispensável saber
qual será o seu perfil diante das novas tecnologias, que permitem a um
não-jornalista propagar mensagens informativas, gerando conhecimento
para outras pessoas em diversos lugares – sobremaneira, para a
comunidade.
Desta forma, a relação jornalista e fontes de informação muda
substancialmente, devendo ser considerado permanentemente o homem no seu
cotidiano e suas necessidades enquanto agente social. Logo, vão se
tornando comuns os vários movimentos que se ampliam em diversos países,
como se vê hoje na região do Oriente Médio, norte da África, Europa,
Estados Unidos e América Latina; nações que passam a ser agendadas pelas
mídias globais.
Nesta interação entre jornalista e “pessoas comuns” em rede, amplia-se a
quantidade de informação, transformando potencialmente todos em
produtores de conhecimento, o que tem reflexo na política, seja
partidária ou social. A visibilidade dos líderes políticos ganha o
espaço público, as transações econômicas se inserem no debate em
diferentes plataformas de comunicação. As denúncias vão se tornando
comuns para movimentos que se propagam nos mais importantes programas
noticiosos locais e internacionais. Em resumo, as novas tecnologias
tornam a sociedade cada vez mais complexa em um espaço de participação,
contestação e soluções.
[Antonio S. Silva é jornalista, mestre em Comunicação pela PUC/SP, doutorando pela UnB e professor]
Materia copiada: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_perspectivas_do_jornalismo_e_as_redes_sociais
Nenhum comentário:
Postar um comentário