Pouco conhecida nos EUA, empresa brasileira inicia atividades em dois 
poços no Golfo do México. Especialistas norte-americanos dizem que 
padrão de segurança da Petrobras melhorou desde acidente com a P-36, em 
2001.
A Petrobras está prestes a estrear no Golfo do México o seu primeiro 
projeto como operadora. A companhia brasileira já atua na região em 
parceria com outras empresas, mas, pela primeira vez, terá 100% de 
controle de um poço de extração.
 O início das atividades está previsto para até o fim de janeiro em dois
 campos: no de Cascade, a Petrobras tem controle total; no de Chinook, a
 empresa atua em parceira com a francesa Total, com 66,7% de 
participação. As plataformas, instaladas a 250 quilômetros da costa do 
estado norte-americano da Luisiana, vão buscar petróleo e gás a mais de "2
 mil quilômetros" (sic) de profundidade.
 O Golfo do México ainda vive os impactos da tragédia de abril de 2010, 
quando a plataforma Deepwater Horizon, da britânica BP, explodiu e matou
 11 pessoas. Classificado como o "o pior desastre ambiental da história 
no continente" pelo Greenpeace, estima-se que 780 milhões de litros de 
petróleo cru tenham vazado para o mar.
 Quase dois anos depois do incidente, a extensão do prejuízo ainda é 
incerta. "Não sabemos muito sobre os impactos nas águas profundas. É 
difícil chegar até lá, e esse é um problema de longo prazo. Há muitas 
pesquisas em andamento", disse James Natland, da Universidade de Miami, à
 DW Brasil.
 Tecnologia e segurança
 A companhia brasileira vai levar à região a tecnologia FPSO (Floating 
Production, Storage and Offloading vessel). Trata-se de um 
navio-plataforma com instalações de produção e estocagem, com capacidade
 de processar diariamente até 80 mil barris de petróleo e 50 mil metros 
cúbicos de gás natural.
 Segundo a Petrobras, as autoridades norte-americanas elogiaram "a 
qualidade tecnológica do projeto e ressaltaram a colaboração entre a 
indústria e o governo americano para a produção segura de recursos de 
energia no país".
 Kenneth Arnold, da consultoria norte-americana WorleyParsons, pondera: 
"FPSO é uma tecnologia muito comum. É a primeira vez que será usada no 
Golfo do México, mas há muitos navios como esse ao redor do mundo. Eu 
não diria que é mais seguro, diria que tem um nível de segurança 
equivalente ao dos outros sistemas de produção."
 Entre as vantagens desse tipo de operação, a companhia brasileira alega
 que o navio-plataforma pode ser rapidamente desconectado do poço em 
caso de ameaça de furacão. "O Golfo do México é um negócio arriscado. 
Evacuações ocorrem praticamente todos os anos devido a furacões", 
lembrou Natland.
Traumas do Golfo
 A primeira plataforma em águas profundas foi instalada em 1947 no Golfo
 do México – de lá para cá, a produção não parou, salvo o período da 
moratória imposta por Barack Obama, entre maio e outubro de 2010, em 
decorrência do vazamento da BP.
 O trauma recente desacelerou a atividade no local, mas, segundo Arnold,
 o cenário está se normalizando. "As atividades estão voltando aos 
poucos ao nível de antes do acidente. Isso aconteceu apenas porque 
demorou um pouco para que o governo determinasse qual seria o 
procedimento de autorização e inspeção dos poços."
 Desde a implantação de regulamentações mais severas, em junho de 2010, o
 Boem (Bureau of Ocean Energy Management), órgão do governo que regula o
 setor, aprovou 57 planos de exploração e nove planos de desenvolvimento
 de operações. Estima-se que cerca de 3.500 plataformas estejam em 
operação no local. 
 "As autoridades norte-americanas estão analisando com mais cuidado os 
planos que estão chegando e liberando as autorizações de uma maneira 
apropriada", considera Donald Winter, ex-secretário da Marinha dos 
Estados Unidos e professor na Universidade do Michigan. Dados do Boem 
mostram que licenças para a exploração de 5.832 blocos foram expedidas 
até o momento – o que não significa que todas estejam em operação.
 Winter presidiu o comitê formado pela Academia Nacional de Engenheiros e
 pelo Conselho Nacional de Pesquisa que publicou, em dezembro último, um
 relatório sobre a situação pós-vazamento no Golfo do México. "Foram 
feitos muitos progressos, tanto do lado da indústria como dos 
reguladores. Há varias melhorias acontecendo, mais atenção sendo 
dispensada à segurança, inclusive por parte das empresas", declarou 
Winter à DW Brasil.
Reputação da Petrobras nos EUA
 A marca Petrobras é praticamente desconhecida do público geral nos 
Estados Unidos, disse Winter. "Mas todos aqueles que trabalham no setor 
petrolífero conhecem a empresa brasileira", assegurou Arnold.
 A companhia recebeu em março de 2011 a licença para iniciar o projeto 
em Cascade e Chinook. "Anos atrás, a empresa não tinha uma boa 
reputação. Isso antes de a P-36 afundar", relata Arnold, fazendo 
referência ao pior acidente da história da companhia. Em 2001, antes de 
afundar, explosões na plataforma conhecida como P-36 provocaram a morte 
de 11 funcionários. 
 "A empresa fez uma grande mudança em relação à maneira como entende o 
que é segurança. E passou por transformações significativas nos últimos 
anos no Brasil. Nos Estados Unidos, a Petrobras está seguindo as regras e
 regulamentações locais, como qualquer outra companhia", pontua o 
consultor. "E o governo é muito severo ao checar se as empresas 
estrangeiras estão seguindo as regras."
Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15651159,00.html



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