JOSÉ OLÍMPIO
Sem manifestantes para reprimir na Frei Serafim na noite desta
sexta-feira (13), as policias civil e militar realizaram madrugada de
deste sábado (14) uma verdadeira operação de guerra, que mobilizou
cerca de 10 viaturas e dezenas de homens com armamentos pesados.
Quem presenciou a mobilização dos policiais chegou a imaginar que
estavam à procura de uma quadrilha de bandidos perigosos, mas não era
nada disso.
Era apenas mais uma demonstração de arrogância, despreparo e violência contra cidadãos indefesos.
Mais ou menos uma hora da madrugada, policiais da Delegacia do
Silêncio foram acionados, não se sabe por quem, para apreender o
equipamento de som do bar Canteiro de Obras, localizado na confluência
das ruas Elizeu Martins e Anísio de Abreu, nas proximidades da Praça do
Fripisa.
No estabelecimento, de propriedade de Aurimar Trindade, o Kilito,
funcionário da Universidade Federal, funciona o projeto cultural
Academia Onírica, que reúne intelectuais, professores, poetas, boêmios e
estudantes em torno de lançamento de livros, revistas, recitais de
poesia e outros eventos culturais.
Na madrugada de hoje, além dos freqüentadores habituais, estavam no
local alguns dos manifestantes que foram presos na Casa de Custódia.
Era o dia do lançamento da revista AO Nº 2 (poesia tarja preta), um
projeto cultural que atravessou as fronteiras do Brasil e já tem
colaboradores em vários paises.
Em um telão fixado na parede do bar eram exibidas cenas da violência
policial na Frei Serafim, enquanto os estudantes falavam aos presentes
sobre a agressão sofrida.
Tudo ia tranqüilo até a chegada dos agentes da polícia civil em duas viaturas.
Eles entraram no estabelecimento e fecharam a porta por dentro e em
seguida disseram ao dono bar que tinham ordem superior para apreender o
seu equipamento de som.
Em vão, Kilito disse que poderia baixar o som ou até mesmo desligar,
se estava perturbando, mas o agente foi irredutível e disse que a ordem
era para levar.
Enquanto os dois discutiam, subitamente chegam ao local 7 viaturas da
PM. O comandante da operação abre o portão na base do chute e já entra
de arma em punho gritando que quem falasse alguma coisa seria preso.
O poeta William Melo Soares, indignado com a violência do militar, protestou contra o que classificou de ditadura.
Foi o bastante para ser ameaçado de prisão, o que não aconteceu por
intervenção de seus amigos que conseguiram retirá-lo do local.
O dono do bar também foi ameaçado de prisão, mas conseguiu deixar o local sem ser detido.
Mesmo após a retirada do equipamento de som, os PMs permaneceram no
local exibindo suas armas para intimidar os presentes, que não souberam
identificar o comandante da desastrada operação.
Qual a necessidade de tamanha demonstração de força diante de pessoas pacatas e ordeiras que não constituíam qualquer ameaça?
Certamente o telão exibindo cenas da barbárie na Frei Serafim e o
depoimento dos manifestantes presos foi o que motivou a operação de
guerra montada pela PM.
Isso de fato só acontecia na Ditadura, como falou o poeta William
Melo Soares, mas no Piauí há muitos saudosistas dos anos de chumbo.
Algum policial infiltrado entre os freqüentadores do estabelecimento,
incomodado com o que viu, deve ter acionado seus colegas de farda para
exercitar o que eles fazem com mais perfeição: agredir gente indefesa.
Fonte: http://ai5piaui.com/index.php/23069/pm-monta-operacao-de-guerra-contra-intelectuais-e-estudantes-em-the/
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