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Cientistas anunciam início do Período Antropoceno |
Cientistas pedem designação oficial para uma nova época
geológica, sucedendo o Holoceno. Participantes da conferência Planet
under Pressure, em Londres, afirmam que espécie humana já deixou marcas
indeléveis na Terra.
Cientistas australianos e britânicos pressionam para que se mude
oficialmente o nome da atual época geológica. A iniciativa coincide com o
momento em que o mundo se prepara para fazer um balanço de 20 anos de
busca de soluções para os problemas ambientais.
Segundo os especialistas, reconhecer a chegada do chamado
"Antropoceno", ou "Era do Homem", ajudaria a registrar a natureza e
extensão das mudanças em todo o planeta, e poderia provocar uma
reviravolta na forma como a humanidade pensa a sua presença na Terra.
| Holoceno foi favorável a agricultura |
Erle Ellis, ecologista da Universidade de Maryland, afirma que
atualmente a maioria dos ecossistemas do planeta reflete a presença
humana. Como prova, ele cita as alterações climáticas, a diminuição das
populações de peixes, o desmatamento continuado, o rápido declínio das
espécies e o crescimento da população humana.
Segundo Ellis a humanidade alcançou o ponto em que deveríamos estar nos
perguntando se estamos no Antropoceno ou não, disse. No futuro, diz, a
evidência dessa era será aparente nos registros sedimentares: rápido
crescimento dos depósitos de carbono, vestígios de cidades e fósseis de
animais domesticados.
Bem-vindos ao Antropoceno
O novo nome sinalizaria a passagem do Período Holoceno – o trecho de 12
mil anos da história geológica marcado pelo fim da última Idade do Gelo
e a relativa estabilização do nível do mar. Cientistas esperam que esse
seja também o sinal de uma mudança psicológica.
"Atualmente estamos acelerando em direção a uma nova era", comenta Will
Steffen, líder do Instituto de Mudanças Climáticas da Australian
National University. Uma era que não será tão estável quanto a última,
que deu origem à agricultura e à civilização, adicionou.
Anthony Giddens, cientista político inglês conhecido por sua visão
holística da sociedade, descreveu o Antropoceno como um "mundo em
descontrole", no qual se o ser humano desencadeou processos mais
poderosos do que suas tentativas para controlá-los.
O termo não é novo: desde que o químico Paul Crutzen o popularizou em
2000, "Antropoceno" tem sido cada vez mais aceito nos meios científicos
como designação não oficial. A Comissão Internacional de Estratigrafia
estuda o reconhecimento formal desse novo período geológico, e se espera
chegar a uma decisão até 2016. Mas para alguns cientistas, aí pode ser
tarde demais.
Provocando uma mudança
No final de março, 2.800 especialistas de todo o mundo encontraram-se
em Londres para a conferência Planeta sob Pressão, uma tentativa de
determinar a direção da Rio+20, a se realizar em 2012, 20 anos após a
"Cúpula da Terra", realizada no Rio de Janeiro em 1992.
| Paul J. Crutzen, Nobel de Química em 1995, popularizou o termo "Antropoceno" |
Os especialistas discutiram como garantir que os atuais problemas
ambientais ganhem prioridade.
De acordo com diretrizes elaboradas pelos
organizadores da conferência, isto significa julgar o bem-estar e o
desenvolvimento humanos de uma forma que não seja simplesmente medir o
PIB.
Isso também significa criar modelos de negócios que incorporem o valor
dos serviços em prol do ecossistema, como a polinização de plantações e a
purificação da água e do ar: serviços que não são normalmente
considerados no PIB, mas que sofrem pressão por parte do crescimento
econômico.
Uma das iniciativas nesse sentido, a Future Earth, tem como objetivo
reunir grupos de pesquisa ambiental e social sob uma única bandeira. A
ideia é conectar cientistas de diferentes áreas e pelo menos três países
por projeto, para investigar que tipo de época o Antropoceno será. O
grupo também espera fornecer soluções para atenuar os efeitos mais
radicais ou para nos adaptarmos a eles.
Segundo o ecologista Erle Ellis, a humanidade tem a escolha: ou
administrar "um bom Antropoceno", ou "enfrentar uma série de crises".
Revisão: Augusto Valente
FONTE:http://www.dw.de/dw/article/0,,15853834_page_0,00.html

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