Foto: Montagem/247 |
Iniciada na política pelas mãos de Leonel Brizola, Dilma rompeu
com o partido quando o pragmatismo falou mais alto do que os princípios;
agora, ao escolher Brizola Neto para o Ministério do Trabalho, ela dá
nova chance ao partido.
247 – O que terá levado a presidente Dilma
Rousseff a escolher, para o ministério do Trabalho, um nome que enfrenta
resistências no próprio partido, em pleno ambiente de desorganização
política, com uma CPI em curso no Congresso Nacional?
Há duas respostas.
Primeiro: Dilma é mineira, mas tem alma gaúcha. Sabe conciliar, mas
também sabe confrontar. Segundo: Dilma hoje é petista, mas tem alma
brizolista. Foi pelas mãos de Leonel Brizola, em 1980, que ela ingressou
na política partidária.
O deputado Brizola Neto (PDT-RJ), escolhido novo ministro do
Trabalho, enfrenta resistências das duas alas mais poderosas do seu
partido: a que é comandada pelo ex-ministro Carlos Lupi e a do
sindicalista de resultados Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.
Ainda assim, Dilma bancou a escolha, como se Brizola Neto fosse um
ministro da sua cota pessoal – e não do PDT. Foi uma forma de prestar um
tributo ao PDT dos sonhos de Brizola, e não da prática política
recente, marcada pelo fisiologismo e pelo desvio de recursos públicos
por meio de ONGs e convênios fraudados no FAT.
O PDT original, ao qual Dilma se filiou em 1980, ao lado do ex-marido
Carlos Araújo, foi desenhado por trabalhistas históricos como Leonel
Brizola, Darcy Ribeiro e Doutel de Andrade. Lideranças que decidiram
criar um novo partido quando os militares entregaram o antigo Partido
Trabalhista Brasileiro, criado por Getúlio Vargas e presidido por João
Goulart, a sindicalistas pelegos – o que fez com que Brizola, numa foto
histórica, rasgasse sua ficha de filiação ao PTB.
Com o apoio de Brizola, Dilma deixou de ser militante política e foi
gerente pela primeira vez, ao assumir a secretaria de Fazenda da
prefeitura de Alceu Collares (1986-1989), na cidade de Porto Alegre. O
rompimento com o PDT se deu em 1990, quando o partido, ávido pelo poder,
se tornou mais pragmático e menos idealista. Dilma migrou para o PT,
foi secretária do governo de Olívio Dutra, mas, sua essência, em vários
aspectos, continuou a ser brizolista.
Refundação do PDT
A escolha de Brizola Neto, de certa forma, poderá contribuir agora
para uma refundação do PDT, em torno de quadros mais qualificados do que
aqueles que lideraram o partido nos últimos anos. Dilma mantém ótima
relação, por exemplo, com Osmar Dias, que é vice-presidente do Banco do
Brasil, e é também entusiasta da candidatura de Gustavo Fruet à
prefeitura de Curitiba. O atual prefeito de Porto Alegre, José
Fortunatti, é também um aliado.
E ainda que o PDT rejeite a escolha de Dilma, o fato concreto é que a
presidente está tentando salvar o primeiro partido político ao qual se
filiou.
FONTE: http://brasil247.com.br/pt/247/poder/57214/Com-Brizola-Neto-Dilma-tenta-salvar-o-PDT.htm
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