Volto ao tema
São Luís. É ele que deve dominar nossas preocupações, principalmente
neste ano de eleições e dos 400 anos da cidade. Afinal, é preciso mudar a
mentalidade que tem presidido as últimas administrações municipais de
que a Prefeitura não é responsável por nada, a não ser guardar dinheiro
para na véspera da eleição jogar uma lama asfáltica nos bairros e tentar
fazer o mesmo nas vias principais da cidade. Sempre acompanha esta
demagogia asfáltica o lema de que a “Prefeitura Está Trabalhando”.
Asfalta-se na eleição, acaba o asfalto nas chuvas e no abandono dos anos
seguintes. Há total falta de planejamento e de credibilidade do
município na solução de qualquer problema.
Nada
mais representativo dessa mentalidade do que o caos, a bagunça e o
tratamento dado à greve nos coletivos, que mostrou a total
impossibilidade das vias de aguentar tantos veículos, que estão saindo
das garagens da casa para suprir a falta de ônibus, voltando às
carroças, aumentando as motos, bicicletas, automóveis e vans, todos
querendo fazer funcionar a vida da cidade. Mas o que acontece é aumentar
o problema, colocar à mostra as deficiências para circulação na cidade.
E o que se vê? Tudo parado, comércio sem vender, gente sem trabalhar e
quilômetros de engarrafamento. E o que diz a Prefeitura? “Isso é
problema de patrão e empregado”. Esquece ou finge esquecer que o
Município é o responsável pelo transporte
público, é ele quem dá concessões e quem as cassa, é ele que tem os
instrumentos públicos de mediação, procurando que esse terremoto que
vive a cidade acabe. Ainda mais, para piorar as coisas, as escolas
municipais estão em greve e os alunos e professores já sabem que é
caótico o ensino fundamental na cidade.
Enquanto
isso, como se nada estivesse acontecendo, a prioridade é a politicalha,
com a nomeação de um prefeito alternativo, como chefe de gabinete, que,
ao assumir, confessa que o prefeito primeiro não tem tempo para os
problemas administrativos da cidade e está tão assoberbado que não pode
nem sequer falar com os vereadores e políticos, portanto precisa de um
prefeito segundo.
Volto a insistir
que é preciso não falar em oposição e governo, mas colocar os interesses
da cidade acima dessa postura odienta e dicotômica. É preciso mudar
essa visão anacrônica e atrasada de utilizar a política para esquecer os
problemas do povo, no caso, da cidade.
Nós
só sairemos desse atraso em que está mergulhada a cidade quando
pudermos unir todos que desejam realmente pensar nos seus problemas, seu
zoneamento, sua expansão, as melhorias de habilitação e saúde. Afinal,
ninguém mora, como dizia Ulisses Guimarães, na União nem nos Estados,
mas no seu município, com seus problemas diários. Para isso, é preciso
unir Governo Federal, Governo do Estado, Prefeitura e comunidade para salvar São Luís do sufoco em que se encontra.
A
greve dos coletivos não pode ser tratada sem a presença da Prefeitura, a
responsabilidade é dela e dela é o bem-estar da cidade.
Publicado na COLUNA DO SARNEY: edição deste domingo de O Estda do MA.
FONTE:http://gilbertoleda.com.br/