Deputados
paraibanos chegam a um acordo para votar nas próximas duas semanas a
extinção do 14º e do 15º, que já deixaram de ser pagos no DF e em quatro
estados.
ADRIANA CAITANO
A
remuneração extra paga a deputados, também conhecida como 14º e 15º
salários, está prestes a chegar ao fim na Assembleia Legislativa da
Paraíba. É resultado da campanha que tomou as redes sociais nos últimos
meses, acabando com a regalia na Câmara Legislativa do Distrito Federal e
agilizando a tramitação de projeto sobre o tema no Congresso Nacional —
aprovado no Senado, atualmente em tramitação na Câmara. A campanha
contra o fim dos privilégios começou após o Correio publicar reportagens
sobre o 14º e o 15º salários, que muitos brasileiros desconheciam (leia
texto abaixo).
A
votação do projeto que extingue o privilégio na Paraíba deverá ocorrer
dentro de no máximo duas semanas segundo o presidente da Assembleia,
Ricardo Marcelo (PSDB). O projeto ainda será analisado em comissões,
mas, segundo Marcelo, a tramitação será rápida porque há acordo entre os
partidos. "É um apelo da população que não podemos ignorar. Cada
assembleia tem independência e não podemos mais esperar o Congresso
Nacional se decidir. Vamos fazer a nossa parte", argumenta.
O
deputado da oposição Ranieri Paulino (PMDB) confirma o acerto para que a
tramitação do projeto seja "célere". "Entendemos que é uma tendência
nacional acabar com a ajuda de custo", afirmou Paulino, que integra a
Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, na qual o projeto será
analisado na próxima semana.
Constrangimento
A
iniciativa do fim do privilégio na Paraíba surgiu depois de o Correio
divulgar que o deputado federal Ruy Carneiro (PSDB-PB) havia decidido
abrir mão oficialmente da remuneração extra na Câmara. "Comecei a
constranger de forma educada os deputados estaduais e federais da
Paraíba para que também fizessem isso", relata. Na Câmara dos Deputados,
Carneiro ainda não vê perspectivas tão positivas quanto as do
Legislativo da Paraíba. Ele diz ter observado que muitos de seus colegas
querem atrasar a votação do projeto que extingue o benefício para o
próximo ano, o que lhes permitirá embolsar as parcelas de dezembro e
janeiro.
Em
Minas Gerais, os 77 deputados estaduais recebem R$ 20.042,35 duas vezes
por ano a título de "auxílio-paletó". Oficialmente, a presidência da
Assembleia Legislativa afirma que vai aguardar a decisão do Congresso
Nacional sobre o tema. Nos bastidores, integrantes da mesa diretora da
Casa elaboram um projeto para acabar com o privilégio, que esperam poder
colocar em votação ainda neste mês.
O
quadro é semelhante no Rio Grande do Sul, onde o presidente da
Assembleia, Alexandre Postal (PMDB), diz esperar que a decisão no
Congresso provoque um "efeito cascata" nos estados. Deputados afirmam
que pretendem propor a extinção dos salários extras, mas ainda não
apresentaram projeto.
Assembleias
de quatro estados não pagam mais os salários extras: Paraná, Pará, São
Paulo e Goiás. A assembleia paranaense extinguiu o benefício após
votação no plenário no final de 2011. Em São Paulo, Goiás e Pará, o
privilégio deixou de ser pago por força de liminares concedidas pela
Justiça desde meados do ano passado até abril deste ano, como
consequência de ações diretas de inconstitucionalidade do Ministério
Público e a Ordem dos Advogados do Brasil. Em Piauí e Pernambuco, o fim
do privilégio ainda é analisado pela Justiça. Além de Minas, Paraíba e
Rio Grande do Sul, os estados da Bahia e do Amazonas também mantêm o 14°
e 15° salários.
Colaborou Juliana Cipriani
"É
um apelo da população que não podemos ignorar. Cada assembleia tem
independência e não podemos mais esperar o Congresso Nacional se
decidir. Vamos fazer a nossa parte"
Ricardo Marcelo (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba
Memória - Reação em cadeia.
A
mobilização do país contra a remuneração extra recebida duas vezes por
ano por senadores, deputados federais e estaduais ganhou força em
fevereiro, quando o Correio revelou que os deputados distritais do
Distrito Federal haviam recebido o 14º salário no valor de R$ 20.025 às
vésperas do carnaval, quando ficariam 12 dias de folga. A notícia
provocou manifestações de eleitores nas redes sociais e reação em cadeia
na Câmara Legislativa, desde atos voluntários de parlamentares, abrindo
mão do benefício, até a aprovação, cinco dias depois, de um projeto de
lei — engavetado desde 2009 — que pôs fim à regalia.
O
efeito disso chegou então ao Congresso Nacional. No Senado, havia uma
proposta semelhante apresentada em fevereiro de 2011 pela senadora
Gleisi Hoffman. Na Câmara, havia sete projetos em tramitação sobre o
tema, sendo a mais antiga de 2006. Todas estavam engavetadas e
encontravam resistência dos parlamentares, mesmo após a decisão da
Câmara Distrital. A virada veio novamente com denúncia do Correio, em
março, revelando que não havia desconto do Imposto de Renda do 14º e Do
15º salários pagos aos senadores. Dois meses depois da reportagem, o
projeto que extingue o benefício foi aprovado no Senado e seguiu para a
Câmara. (AC)
FONTE: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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