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Estados Unidos convidam tropas do país vizinho a participar de manobras no Canal do Panamá (à dir.); americanos sonham em ter base militar na fronteira com o Brasil; movimento acontece dias depois de governo brasileiro enviar 9 mil soldados para a região (à esq.); na diplomacia, conflito com paraguaios se alonga; piora à vista.
247 – Uma nova guerra do Paraguai, sem exageros, já está em
curso. No campo diplomático, as relações entre o Brasil e o país vizinho
estão praticamente rompidas desde o impeachment de Fernando Lugo, em
junho deste ano, e a posse do atual presidente Federico Franco.
Não há
qualquer tipo de entendimento à vista sobre a volta dos paraguaios ao
bloco do Mercosul e nem qualquer menção à suspensão das sanções
econômicas impostas, a pedido do Brasil, também pela Argentina e o
Uruguai. Agora, em agravamento do quadro, a temperatura acaba de subir. E
bem mais.
Tropas do exército do Paraguai participam neste momento, a
convite do exército dos Estados Unidos, de manobras de treinamento no
Canal do Paraguai. A aliança militar já está sendo vista como um passo
importante na preparação do terreno para a realização de um velho sonho
acalentados pelos americanos: ter a sua própria base militar dentro do
Paraguai, de modo a monitorar de perto, especialmente, qualquer
movimento na fronteria brasileira.
Além disso, a base iria provocar um
intenso fluxo de militares entre Washington e Assunção, abrindo um
corredor militar que cortaria de alto a baixo o continente. A
instalação da base sempre contou com a oposição silenciosa do Brasil.
Com Lugo no poder, essa possibilidade praticamente não existia, mas com
Federico Franco, o plano pode ser acelarado.
O treinamento do exército do Paraguai no Canal do Panamá, sob a
liderança dos EUA, acontece semanas depois de o governo brasileiro ter
tomado a decisão de realizar a Operação Ágata 2, para a qual foram
enviados nove mil militares para a tríplice fronteira.
A intenção
declarada é a de combater o tráfico de drogas, mas sabe-se que o governo
paraguaio não viu com bons olhos o movimento. Em guerra aberta no campo
diplomático, a movimentação militar soou, para eles, mais como uma
provocação do que uma necessidade real. A ida de tropas vizinhas ao
Panamá só faz aumentar a tensão latente.
Abaixo, notícia publicada pelo jornal eletrônio Correio do Brasil
sobre o treinamento dos militares americanos e paraguaios no Panamá:
Por Redação, com RickTV _de Cidade do Panamá, Ciudad del Leste,
Assunção e Brasília - Soldados paraguaios participam desde o início
deste semana dos exercícios militares dirigidos pelo Comando Sul dos
Estados Unidos, em manobras de suposta defesa do Canal do Panamá. A
participação paraguaia em um movimento de tropas norte-americanas ocorre
logo após o golpe de Estado naquele país sul-americano, prontamente
apoiado por Washington, contra o ex-presidente Fernando Lugo. O
treinamento das tropas seguirá até o dia 17 de agosto e tem cerca de 600
militares.
"Robert Appin, do Comando Sul dos Estados Unidos afirmou que o
enfoque dos exercícios é a reação a um hipotético ataque terrorista que
pretenda bloquer o trânsito de navios no Canal", afirma nota do
Movimento pela Paz, a Soberania e a Solidariedade entre os Povos
(Mopassol, na sigla em espanhol). Segundo a instituição argentina, há no
Panamá 12 bases aeronavais controladas pelos EUA.
Desde 2003, sob a
direção do Comando Sul, realizam-se os exercícios militares conhecidos
como Panamax, que contam com a participação de militares do Chile,
Panamá e Estados unidos. Atualmente, porém, integram as manobras 17
países ao todo e é considerado um dos maiores movimentos de tropas do
mundo.
O Paraguai tem participado das manobras desde 2006, mas se manteve
afastado de 2009 a 2012, sendo novamente convidado após o golpe que
instituiu o governo de facto do presidente Federico Franco.
Referindo-se ao exercício multinacional que usa a desculpa da luta
contra o terrorismo, o jornalista cubano Miguel Lamas afirmou, dois anos
atrás, que o verdadeiro projeto dos exercícios militares na América
Latina são ensaios de uma invasão.
"O aparato militar dos EUA aponta para a necessidade daquele país de
buscar condições militares suficientes para dominar, militarmente, os
demais países latino-americanos. Eles trabalham nos setores de
inteligência e no treinamento físico para manter uma força capaz de
intervir, no futuro, em qualquer país do continente. Este é o verdadiro
objetivo de todas e de cada uma das manobras e dos exercícios militares
que fazem, sempre com a cumplicidade aberta de vários países
latino-americanos e de forma encoberta por outros".
Intercâmbio parlamentar - No caso paraguaio e do Cone Sul, vale recordar que o governo dos EUA,
há anos, insiste na presença de células terroristas em Ciudad del Este,
na zona denominada "tríplice fonteira" (Brasil, Argentina e Paraguai).
Um grupo de parlamentares norte-americanos, em visita àquela cidade
paraguaia, nesta semana, alegou que o propósito da missão é a de
"compreender melhor os desafios do crime transnacikonal que o Ocidente
enfrenta", segundo porta-voz.
O Paraguai mantém fortes laços de cooperação técnica e militar com os
EUA, sempre a serviço daquele país no objetivo de bloquer a presença
das repúblicas socialistas da Venezuela e demais integrantes da Unasul e
no próprio Mercosul, do qual fazia parte até ser suspenso após o golpe
de Estado, renovando sempre seu apoio à ingerência norte-americana na
região. O país abriga uma classe política de ultradireita e conservadora
que, no dia 22 de junho, perpetrou um ataque à democracia e ao mandato
do presidente deposto Fernando Lugo. Essa mesma classe política, formada
por partidos tradicionais e dependentes do capital estrangeiro, ampliou
os contatos com o Congresso norte-americano nas últimas semanas.
Manobras brasileiras - Ao longo desta semana, o governo brasileiro concluiu o envio de um
contingente de cerca de 9 mil militares – equipados com helicópteros de
combate, navios-patrulha, aviões de caça e blindados – para a Tríplice
Fronteira, na Operação Ágata 5. O movimento de tropas irá durar 30 dias.
"É uma operação de fronteira que tem por objetivo, sobretudo, a
repressão à criminalidade", disse o ministro da Defesa, Celso Amorim. A
Marinha enviou aproximadamente 30 embarcações para os rios da Bacia do
Prata, entre elas três navios de guerra e um navio-hospital.
A Força Aérea Brasileira (FAB) participa da operação com esquadrões
de caças F5 e Super Tucano, além de aviões-radar e veículos aéreos não
tripulados. O Exército mobilizou infantaria e blindados Urutu e Cascavel
de três divisões. As três Forças usam ainda helicópteros Black Hawk e
Pantera, para transporte de tropas e missões de ataque.
A operação terá ainda o apoio de 30 agências governamentais, entre
elas a Polícia Federal, que elevarão o efetivo total para cerca de 10
mil homens. O general Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do
Sul, disse que a área crítica de patrulhamento é entre as cidades de Foz
do Iguaçu, no Paraná, e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde é maior a
maior incidência de tráfico de drogas e contrabando.
Partiu da presidenta Dilma Rousseff a ordem a Amorim para a execução da Operação Ágata 5.
– A ação visa a reforçar a presença do Estado na fronteira com a
Bacia do Prata – disse Goellner. Segundo ele, as fronteiras serão
fortemente guarnecidas e como consequência o tráfico de drogas e o
contrabando devem ser "sufocados".
Para Samuel Alves Soares, professor da Universidade Estadual Paulista
(Unesp) e presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa
(Abed), a decisão de ampliar o número de homens armados na região de
fronteira pode ser entendida como uma mensagem da disposição de aumentar
a força brasileira.
Fonte:http://brasil247.com/pt/247/mundo/74661/Alianca-militar-EUA-Paraguai-faz-tensao-crescer.htm
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