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Com candidatos próprios ou apoiando aliados, o PT só está fortalecido no Recife, onde Humberto Costa lidera as pesquisas de intenção de voto; Brigas internas, dissensões com antigos aliados e denúncias de corrupção ajudam a explicar o fraco desempenho da legenda; Será que dá pra reverter?
Leonardo Lucena_PE247 – Com dois cabos
eleitorais fortissímos como o ex-presidente Lula e a presidente Dilma
Rousseff, estas eleições municipais tinham tudo para parecer um passeio
em mar de almirante para a nau petista.
Mas o que se vê no momento são
nuvens escuras e um mar revolto que ameçam colocar a pique os planos do
PT no Nordeste. Na Região, os candidatos próprios ou de legendas aliadas
não estão conseguindo resultados expressivos o suficiente para
liderarem as pesquisas eleitorais rumo às principais capitais
nordestinas.
Das sete sedes dos Executivos estaduais da Região, onde o
partido tem candidato próprio – menos em Aracajú (SE) e Maceió (AL) -,
até o momento a legenda assegura o primeiro lugar apenas no Recife (PE)
com o senador Humberto Costa.
No caso da capital pernambucana, segundo pesquisa do Ibope/Tv
Globo/Folha, realizada entre os dias 13 e 15 de agosto, o petista lidera
com 32% das intenções de voto, seguido de Mendonça Filho (DEM) e
Geraldo Júlio (PSB), com 16%. Em terceiro, o deputado estadual Daniel
Coelho (PSDB), com 10%.
Já em Fortaleza (CE), no levantamento feito pelo Ibope/TV Verdes
Mares entre os dias 9 e 11 de agosto, o democrata Maroni Torgan assegura
a primeira colocação, com 32% do eleitorado. Em segundo, está Inácio
Arruda (PC do B), com 13%. Na terceira posição, está Heitor Férrer
(PDT), com 12%. Em quarto, estão Roberto Cláudio (PSB) e Renato Roseno
(Psol), com 8%. O petista Elmano de Freitas só aparece em quinto lugar,
empatado com Marcos Cald (PSTU). Ambos estão com apenas 6% dos votos.
Em Salvador (BA), conforme pesquisa da Potencial Pesquisas, feita
entre os dias 16 e 19 de agosto, o prefeiturável Antônio Carlos
Magalhães Neto (DEM) aparece na primeira posição, com 42 % das
intenções de voto. O postulante do PT, Nelson Pelegrino, vem em segundo
lugar, com 14,5%.
Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, em outras capitais,
como Maceió (AL) e Aracajú (SE), mesmo os postulantes apoiados pelo PT,
Ronaldo Lessa (PDT) e Valadares Filho (PSB), respectivamente, não estão
na liderança. Neste último caso, o socialista está mais de 40 pontos
percentuais atrás do líder João Alves Filho (DEM).
De fato, com a ascensão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao
Palácio do Planalto, o PT foi adquirindo, gradualmente, maior
popularidade no Nordeste. Nas eleições 2010 para presidente, por
exemplo, a então candidato da sigla, Dilma Rousseff, obteve maior
votação em todos os estados. Apesar do alto índice de satisfação por
parte do eleitorado junto aos dois maiores nomes da sigla, isso
aparentemente não tem se traduzido em resultados efetivos para este
pleito municipal.
Esta posição é corroborada pelo cientista político da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Ernani Carvalho, para quem alguns
elementos estruturais justificam este cenário no qual o PT não tem
obtido sucesso. Para Carvalho, casos como o julgamento do Mensalão
somado a problemas de âmbito nacional, como denúncias de corrupção,
levando à renúncia de alguns ministros, são exemplos de como questões
nacionais podem prejudicar a legenda nestas eleições municipais.
“Um partido que fica tanto tempo no poder sofre desgaste. As
repercussões negativas acabam se refletindo nas eleições locais”, afirma
o estudioso. Além disso, nos casos de Recife – Humberto Costa lidera,
mas vem caindo – e de Fortaleza, os desentendimentos com o até então
aliado PSB – ajudam a explicar o recuo do PT. Somente Humberto Costa,
por exemplo, caiu oito pontos percentuais no intervalo entre as duas
últimas pesquisas.
Confiança - Já o presidente nacional do PT, Rui
Falcão, informou, via assessoria de imprensa, não acreditar que o
Mensalão interfira nas eleições municipais. Além disso, ainda é muito
cedo para fazer uma avaliação precisa. Por sua vez, o dirigente da
legenda em Pernambuco, o deputado federal Pedro Eugênio, também concorda
com essa tese.
“O PT vem liderando um processo de transformação na sociedade. As
questões nacionais, como o Mensalão, tem um ‘peso’ insignificante nas
disputas locais”, diz Eugênio. “Só teremos uma definição em outubro.
Muita água ainda vai rolar embaixo da ponte”, acrescentou, confiante em
uma vitória do partido nas principais capitais.
Apesar das dificuldades do PT no Nordeste, provocadas em grande parte
pelo desgaste de quase uma década à frente do Executivo nacional, a
legenda deve apostar fortemente nas alianças com Lula e Dilma e com os
governadores estaduais, caso os mesmos apoiem a sigla, para aumentar a
captação de votos junto ao eleitor.
O carisma de Lula e a figura forte
de Dilma devem continuar sendo exploradas pelos prefeituráveis até o
final das eleições. E essa persistência pode ter efeitos positivos para a
legenda que hoje enfrenta problemas para eleger seus candidatos. “Mas,
de qualquer forma, não dá para prever se esse quadro eleitoral vai
permanecer até outubro”, completa.
Fonte:http://brasil247.com/pt/247/poder/77633/Os-mares-turbulentos-do-PT-no-Nordeste-mares-turbulentos-PT-Nordeste.htm
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