Visão do Correio
26. Out. 2012 - O
número espanta. Na sociedade do saber, quase a quinta parte dos
universitários brasileiros desiste do curso.
São 18% dos alunos
matriculados — o correspondente a 1 milhão de estudantes — que se evadem
das salas de aula. O levantamento, feito pelo Correio Braziliense,
baseia-se em dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC)
correspondentes a 2010-2011.
Várias
razões explicam o fato. Um deles: o despreparo dos jovens que ingressam
no ensino superior. Sem ter adquirido base nos níveis fundamental e
médio, rapazes e moças se sentem incapazes de acompanhar os conteúdos
exigidos.
Outro: a frustração de se matricular em curso para o qual não têm vocação nem lhes desperta interesse.
Há
que levar em conta, sobretudo, a baixa qualidade das instituições.
Professores desmotivados, bibliotecas com acervo ultrapassado,
laboratórios desequipados constituem regra, não exceção.
Mais: os
currículos defasados, que não atendem as expectativas do mercado ou da
comunidade acadêmica, criam a sensação de perda de tempo e de dinheiro.
Depois
de anos de investimento, o sacrifício não acende luz no fim do túnel. É
desanimador. A fuga precoce da universidade vai na contramão do esforço
nacional de combate à miséria. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV)
deixam claro o prejuízo que a desistência acarreta.
Não
se trata do custo aluno, que, também, deve ser levado em conta: cada
estudante custa, por ano, cerca de R$ 15 mil nas instituições públicas e
R$ 9 mil nas particulares. Não é pouco. Trata-se, isso sim, do processo
de perpetuação da pobreza.
A
pesquisa da FGV demonstra que, para cada ano de estudo, a renda
aumenta, em média, 15%. Até quatro anos de escolaridade, o salário
cresce 11,64% anuais. Quando a escolaridade passa de 14 para 18 anos, o
salário salta 35,65% por ano de avanço.
Enquanto
não transformar a educação em prioridade, o Brasil continuará a enxugar
gelo. Não só ao manter pobres os pobres, mas também ao desperdiçar a
oportunidade de dar uma guinada qualitativa.
No mundo globalizado, as
fronteiras físicas contam bem menos que as intelectuais. A
competitividade da economia e dos recursos humanos está intimamente
relacionada.
Vale
lembrar um dado que assusta e constrange. A produtividade do
trabalhador americano corresponde à de cinco brasileiros no chão da
fábrica. Em português claro: na contabilidade fria dos números, um
profissional estadunidense vale cinco nacionais.
A questão não abrange
apenas o ensino superior. A base frágil exige reforço para que o
edifício fique de pé.
Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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