Caso ocorreu em meio a operação contra extração ilegal de ouro em MT
09.Nov.2012 - Jornal O Globo - Anselmo Carvalho Pinto.
CUIABÁ.
A Funai informou ontem que um índio da etnia Munduruku morreu, após
conflito com policiais federais no Rio Teles Pires, na divisa de Mato
Grosso com o Pará.
O confronto, que ainda deixou feridos seis índios e
dois policiais, aconteceu anteontem, quando os agentes destruíram balsas
usadas para extração ilegal de ouro na reserva, atividade que teria a
participação de lideranças indígenas.
Segundo
a Funai, Adenilson Krixi, de 28 anos, foi atingido por quatro tiros no
peito e um na cabeça. Ele era dado como desaparecido. O corpo apareceu
boiando no rio Teles Pires.
O índio Sandro Varu, por telefone, deu outra versão. Disse que Adenilson recebeu dois tiros na perna e um na cabeça.
- Ele já estava ferido, com a perna quebrada. Mesmo assim deram um tiro na cabeça dele.
A
PF diz que atirou em direção aos índios para revidar um ataque. Em
nota, o Conselho Indígena Missionário (Cimi) explicou que os índios se
assustaram com a chegada dos policiais, o que motivou os guerreiros da
aldeia a empunhar armas artesanais.
"O
forte aparato policial deflagrou vários tiros em direção aos
indígenas", diz a nota. "Ocorrendo reação por parte desses que
desferiram flechadas contra os invasores".
Dois índios feridos foram levados para Cuiabá. A diretoria do hospital informou que eles não correm risco de morrer.
Esta
semana, a PF deflagrou a "Operação Eldorado", que investiga a extração
ilegal de ouro.
A PF descobriu que o grupo trabalha com 11 balsas, três
barcos de apoio logístico, quatro barcos rebocadores e quatro bases de
operação, com estrutura de oficina.
Uma
das balsas pertenceria ao índio José Emiliano Krinxi Munduruku, cacique
da aldeia Papagaio e considerado uma das maiores lideranças indígenas
do baixo Teles Pires.
(Especial para O GLOBO)
Fonte: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
ATUALIZAÇÃO.
NOTA À IMPRENSA - OPERAÇÃO ELDORADO.
Brasília/DF - A Polícia Federal informa
que deflagrou na última terça-feira, 6/11, a Operação Eldorado, com
objetivo de desarticular organização criminosa dedicada à extração
ilegal de ouro em terras indígenas Kayabi e garimpos ilegais na região
do rio Teles Pires, estado de Mato Grosso para posterior comercialização
no Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A operação consistiu no cumprimento de
28 mandados de prisão temporária, oito mandados de condução coercitiva e
64 mandados de busca e apreensão, os quais foram cumpridos nos estados
de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro e
Rio Grande do Sul.
As investigações, que tiveram início em
fevereiro deste ano, verificaram que o ouro extraído das áreas
indígenas e dos garimpos ilegais, era adquirido por empresas
Distribuidoras de Títulos de Valores Mobiliários – DTVM's e, após
dissimular a origem, era vendido como ativo financeiro para investidores
em São Paulo.
Em dez meses de investigação, foi possível constatar que
uma das empresas distribuidoras, das três envolvidas no esquema,
movimentou mais de R$ 150 milhões.
O ouro era extraído através de balsas
garimpeiras ilegais. No total, cada balsa rendia um valor de R$ 500 mil
por mês, totalizando R$ 84 milhões ao ano, tendo em vista a presença de
quatorze balsas na região.
Cada balsa pagaria aos índios da aldeia o valor de R$ 30 mil, totalizando a quantia de R$ 420 mil mensalmente.
Por determinação judicial, foi iniciado
o trabalho de inutilização das mencionadas balsas na terça-feira, 6/11.
Com o início da ação policial, cerca de 60 índios tentaram invadir a
localidade onde se encontrava o coordenador da Operação Eldorado,
ameaçando os policiais com arcos e flechas. Os índios pretendiam impedir
a ação policial.
Após quatro horas de negociação, o
líder dos índios fez um acordo com o coordenador de operação,
concordando com que o trabalho dos policiais fosse desenvolvido
regularmente no dia seguinte.
Na quarta-feira (7/11), os policiais,
conforme acordo do dia anterior, se deslocaram para as proximidades da
aldeia para dar seguimento à operação inutilizando balsa que ali se
encontrava e que pertenceria ao líder dos índios.
Entretanto, foi feita
uma emboscada no local e o líder indígena atacou o coordenador da
operação, dando um golpe de borduna em seu ombro.
Mais de cem índios
“pintados para a guerra” atacaram com armas de fogo e arcos e flechas
cerca de 35 policiais.
Interceptação telefônica realizada com
autorização judicial comprova que havia intenção anterior do líder
indígena em atacar os policiais.
Os policiais utilizaram bombas de gás
para proteção pessoal e dos servidores do IBAMA e da FUNAI que se
encontravam com a balsa. Posteriormente, os policiais utilizaram a força
necessária para reprimir o ataque sofrido, tendo em vista o grande
número de disparos de armas de fogo vindos da aldeia.
Houve registro de seis indígenas
feridos, sendo que todos foram socorridos pelos policiais federais e
dois transferidos para Cuiabá/MT para devido tratamento.
Além disso,
três policiais (2 federais e 1 da Força Nacional de Segurança) também
foram feridos.
Dezenove índios foram detidos para
prestar depoimento e posteriormente liberados.
Foram apreendidas quinze
armas de calibres diversos, além de bordunas, arcos, flechas e facões.
Por fim, a Polícia Federal informa que instaurou inquérito para apurar os incidentes.
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