Edição do dia 05/11/2012 - Atualizado em
05/11/2012 08h31
Marta tinha 44 anos e três filhos. Ela chegou a ser socorrida pelos vizinhos, mas chegou ao hospital sem vida. Ela levou 10 tiros nas costas.
Neste fim de semana de feriado, muita violência em São Paulo.
Marta Umbelina da Silva estava na PM havia 11 anos e foi a primeira
mulher da polícia a ser assassinada na onda de violência da Região
Metropolitana de São Paulo. Marta tinha 44 anos, era divorciada e tinha 3
filhos: uma moça de 20 anos, um adolescente de 18 e uma menina de 11.
Foi morta, no sábado, pouco depois das 20h30, na frente da filha caçula.
Mãe e filha chegaram em casa de carro. A menina tentou abrir o portão e
não conseguiu. Marta foi ajudar a filha. O portão já estava aberto
quando os dois homens chegaram de moto, atirando.
A família morava na
Vila Brasilândia, na Zona Norte. As marcas do crime ficaram na rua.
Marta foi socorrida pelos vizinhos, no próprio carro, mas chegou ao
hospital sem vida.
“Foi um assassinato covarde. Nossa policial Marta foi surpreendida
pelas costas, recebeu 10 tiros pelas costas. O sentimento da nossa tropa
é de muita dor, de muita tristeza, pela covardia, pela falta de
escrúpulos e pelo desafio que a criminalidade vem colocando não só à
Polícia de São Paulo, mas ao estado, às nossas leis e à nossa
sociedade”, afirma o comandante da PM.
O feriado de Finados foi violento na Grande São Paulo. Das 18h de
quinta feira até as 17h do domingo foram pelo menos 23 assassinatos na
Região Metropolitana, sendo 11 na capital e 12 na Grande São Paulo. Em
São Bernardo do Campo, no ABC, foram 7 mortos.
Um deles foi o cabo Marco Volnei Zacarias Pilatti. As câmeras de
segurança de uma empresa mostram quando o PM passou de moto, seguido por
dois homens em outra motocicleta. Eram os assassinos, que depois do
crime fugiram.
Na maioria dos casos, são execuções a tiros, rápidas. Exatamente como
aconteceu com o policial Ismael Alves dos Santos, de 38 anos, em
Guarulhos, São Paulo.
O Fantástico teve acesso às imagens que mostram o crime. O PM Ismael
estava no caixa. Na quarta-feira, 5 de setembro, o PM estava de folga,
no mercado da família. Uma moto se aproximou.
Segundo a polícia, na garupa estava Cristiano da Silva Souza, que
desceu armado. Ismael se assustou, mas nem teve tempo de reagir. O
bandido fez vários disparos em apenas um segundo. Quando terminou,
chegou o comparsa - identificado nas investigações como Alecsandro
Barros, o traficante Ratinho. Mesmo com a vítima no chão, ele atirou.
Só neste ano, 90 policiais foram mortos no estado de São Paulo. Em
agosto, a polícia registrou bandidos ordenando a execução de PMs. “A
partir desta data, foi determinado como missão cobrar a morte do irmão à
altura, executando dois policiais da mesma corporação que cometeu o ato
de covardia”.
‘Ato de covardia’, para eles, é a execução de um dos membros da
quadrilha por policiais. Em uma operação, foram encontrados relatórios
feitos pela quadrilha, que mostram como eles se organizam. Um deles
lista os integrantes que morreram, outro registra as armas.
O controle financeiro é ainda mais detalhado. Gravações inéditas
revelam que os bandidos pagam uma mensalidade para fortalecer o caixa do
grupo. “A partir desta data, 10092012, a contribuição mensal passa a
ter o aumento de R$ 600 para R$ 850”, afirma.
Quem fica devendo geralmente é escolhido para cometer os crimes. “Eles
são obrigados, praticamente, a matar policiais militares, sob pena de
morrerem”, afirma o promotor.
Só em setembro foram registrados 135 homicídios na cidade de São Paulo,
quase o dobro do mesmo mês em 2011. A Polícia Civil, o Ministério
Público e a Corregedoria da Polícia Militar investigam a atuação de
grupos de extermínio e a participação de PMs nos assassinatos.
Um dos casos envolve justamente a morte do PM no mercado de Guarulhos.
Três semanas depois deste crime, Ratinho, o segundo a atirar, foi
executado com mais de 30 tiros. Os assassinos estavam em motos e carros
sem placa.
“Eu acho que a melhor forma de honrar esses policiais militares que
estão sendo mortos é colocarmos mais empenho, mais dedicação e cada
policial militar tem o compromisso firme e forte de prender os
executores dos nossos companheiros”, diz Roberval Ferreira França,
comandante da PM-SP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário