sábado, 8 de dezembro de 2012

F-X2 - Avião de Caça americano F-18 E/F. A escolha da FAB?

Documentos obtidos por ISTOÉ revelam preferência da Aeronáutica pelo caça americano F-18. A tendência é de que Dilma Rousseff atenda aos anseios dos militares.
Claudio Dantas Sequeira.
Foto: www.aereo.jor.br

Um relatório de análise da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC) da Força Aérea Brasileira (FAB), obtido com exclusividade por ISTOÉ, deve provocar uma reviravolta na concorrência para a compra dos caças, que se arrasta desde o governo FHC. O documento mostra que, contrariando as especulações em torno do programa F-X2, a FAB optou pelo caça americano F-18 Super Hornet, produzido pela Boeing. Entre os concorrentes estão o modelo francês Rafale e o sueco Gripen NG.

O relatório estava pronto havia dois anos, mas tinha sido engavetado pelo então ministro da Defesa, Nelson Jobim. Na ocasião, o ministro levou ao Palácio do Planalto a preferência pelo Rafale, uma opção política que não considerou as análises técnicas contidas no documento produzido pela Aeronáutica. O ex-presidente Lula chegou a tornar pública uma preferência pelos franceses e com frequência emitia sinais de exagerada proximidade com o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy. 



Diante da predileção da FAB pelo avião americano, resta saber agora qual será a decisão final da presidenta Dilma Rousseff. A tendência é acompanhar o relatório técnico. Dilma revelou a assessores que está disposta a bater o martelo sobre os caças antes do vencimento das propostas comerciais no próximo dia 31. O que lhe interessa, tem dito a presidenta, é saber qual negócio oferecerá mais vantagens ao desenvolvimento do País. E a FAB garante que a compra do modelo americano é a mais vantajosa.

Questões como preço, custo de manutenção, prazo de entrega e desempenho operacional são exploradas a fundo pelo relatório. O documento da FAB mostra, por exemplo, que o F-18 tem um custo de US$ 5,4 bilhões para o pacote de 36 aeronaves. É quase a metade dos US$ 8,2 bilhões orçados no Rafale. O Gripen NG, oferecido a US$ 4,3 bilhões, é o mais barato dos três, mas trata-se de um avião em desenvolvimento nunca testado em combate na versão oferecida, pondera a FAB. O caça francês, além de mais caro que os demais, possui valor de hora-voo de US$ 20 mil.

O dobro do jato americano (US$ 10 mil) e três vezes o do sueco (US$ 7 mil). Para justificar a preferência pelos caças americanos, o relatório traz outro dado nunca mencionado nas discussões anteriores sobre o F-X2: o armamento empregado no Super Hornet é mais econômico e possui maior diversidade que o de seus concorrentes. No documento, a FAB alerta também para a necessidade de uma solução imediata sobre o programa de caças, em razão do risco de vulnerabilidade a que o Brasil estará exposto em breve. “A importância estratégica do F-X2 torna-se evidente diante de um quadro de obsolescência”, alerta a FAB.

Outro documento também obtido pela reportagem da ISTOÉ poderá pesar na decisão da presidenta. Trata-se de uma minuta de cooperação estratégica firmada em sigilo entre a Embraer e a Boeing, pela qual a companhia americana – maior fabricante mundial de aeronaves – se compromete a entregar o maior programa de off-set (contrapartida) já oferecido pelos EUA a qualquer país fora da Otan.

O acordo estabelece, por exemplo, apoio à comercialização dos Super Tucanos A-29 e do avião de transporte KC-390 em mercados inacessíveis ao Brasil. Também está prevista a construção conjunta de um avião de treinamento para pilotos, que poderá ser vendido a países da América Latina, a integração de armamentos nos Super Tucanos e o desenvolvimento de um jato multiemprego de quinta geração para ser comercializado em nível mundial.

A arte está com um erro. O desenho do avião é do F-15 Eagle e não do F/A-18 Hornet - Arte - Isto É
Num gesto inédito, a Boeing se compromete ainda a abrir um centro tecnológico no Brasil. Oficialmente, a Embraer diz desconhecer o documento, mas garante que está capacitada para trabalhar em parceria com quaisquer dos fornecedores. Num encontro recente com o comandante da FAB, Juniti Saito, a presidenta Dilma foi enfática. “Precisamos ajudar a Embraer”, disse. Não ficou claro se ela já havia decidido pelo F-18, mas assessores garantem que a análise técnica nunca pesou tanto.
Fonte: http://www.defesanet.com.br/fx2/noticia/8940/F-X2---A-escolha-da-FAB

Nenhum comentário:

Postar um comentário