Jornal Zero Hora, 09.Jan.2013 - Agora
é oficial: no Brasil, internet virou tema de segurança nacional. O
Ministério da Defesa publicou a portaria que cria o Sistema Militar de
Defesa Cibernética (SMDC). Como o nome indica, é um órgão militar para
prevenir ataques aos sistemas de informática em todo o país e será
coordenado pelo Estado-Maior das Forças Armadas.
O
país se incorpora, ainda que tardiamente, ao modelo das grandes
potências, em que a guerra virtual ganha cada vez mais importância.
Vinculado ao Ministério da Defesa, o SMDC tem por objetivo cuidar apenas
dos 60 mil computadores do Exército. Mas a meta futura é também atuar
na prevenção de ataques a toda rede informática usada de forma
estratégica no Brasil.
É por isso que o sistema pautará reuniões com
dirigentes de empresas de geração e distribuição de energia, a rede
bancária e os transportes rodoviário, aéreo e ferroviário, por exemplo.
Sem falar na área de segurança pública, uma das prioridades do novo
sistema.
–
O Brasil é a sexta economia do mundo, não pode se privar de meios de
defesa modernos, inclusive com relação a possíveis ataques também
modernos – explicou o ministro da Defesa, Celso Amorim, durante um
seminário de defesa cibernética.
Preocupação com segurança durante a Copa e a Olimpíada
A
ponta de lança do sistema é o Centro de Defesa Cibernética (CDC),
comandado pelo Exército, em Brasília. Ele centralizará estratégias já
usadas por empresas como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin),
Comitê Gestor da Internet (CGI), Serviço Federal de Processamento de
Dados (Serpro) e organizações militares em geral.
O
ministro confirma que uma das preocupações do governo na defesa
cibernética é sua aplicação durante eventos como a Copa de 2014 e os
Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
–
As pessoas não andam mais com dinheiro, é tudo no cartão de crédito. A
ameaça cibernética pode parar o país. Na Rio+20, piratas cibernéticos
tentaram invadir o sistema e foram repelidos. Por isso, a iniciativa do
Ministério da Defesa é imprescindível e elogiável – analisa o gaúcho
Nelson Düring, editor do site Defesanet.com.br, especializado em
assuntos militares.
Düring
ressalta que a ameaça pode partir não apenas de governos hostis ao
Brasil ou de terroristas, mas também de criminosos comuns. O setor
cibernético é um dos três eixos da Estratégia Nacional de Defesa, o
plano de ação dos militares para as próximas décadas. A importância dada
ao tema pode ser medida pela previsão orçamentária: nos próximos quatro
anos, o governo planeja investir quase R$ 400 milhões no SMDC.
O
subchefe de Comando e Controle do Ministério da Defesa, general Paulo
Melo de Carvalho, afirma que o treinamento de tropas militares depende,
cada vez mais, de redes de internet. A missão, agora, é estimular essa
estratégia de defesa no mundo civil, que já atua com suas próprias
vacinas, mas sem entrosamento com os militares.
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