Relexão - O que de fato a manifestação e o movimento propõem?
Acho
extremamente digna e necessária as manifestações. Porém, creio que tudo
deve ser extremamente avaliado. Não podemos sucumbir a uma agitação e
sermos levados pela euforia, nem nos esquecermos de avaliar o que de
fato a manifestação e o movimento propõem.
Saber se os protestos se
dirigem a um ESTADO (CAPITALISTA BURGUES), ou a um governo (o da Dilma e
de todo um grupo que está aliado a ela e o qual exerce grande
influência em seu modo de governar). Se o que se busca é mudar a ordem
das coisas (uma ordem capitalista) ou simplesmente a força que governa o
Brasil (toda uma coligação de alguns partidos).
Não se pode
ter a inocência de pensar que nesses movimentos não existem bandeiras.
Elas existem e embora não estejam explicitas aparecem nas intenções que
cada um tem com a movimentação. Uns que realmente reivindicam melhorias
sociais, uns que tem como objetivo enfraquecer o governo e ainda outros
que querem simplesmente descontar nas instituições físicas do Estado
todo o dano que já sofreram.
Essas manifestações demonstram
que o que se diz do povo não é verdade. Temos a capacidade de nos
organizar e protestar por coisas que nos incomodam. Mas ainda me
preocupa é ter bem claro quais são as forças que estão envolvidas nessas
manifestações e quais são seus objetivos. Temos exemplos na história
que mostram que o povo já foi impelido a lutar por bandeiras que não
eram suas. E que como resultado conseguiram reificar mais um estado
burguês.
Se a nossa luta é contra uma ordem capitalista de
exploração. Temos que conseguir uma mobilização mundial, principalmente
onde se concentram as maiores forças imperialista do mundo. Pois elas
certamente estão a postos, com seus mísseis apontados em nossa direção,
prontas para defender sua ordem de acumulação de capital, da mesma forma
que fizeram com a Russia quando essa tentou se revoltar contra essa
ordem. Creio que não foi a toa que Marx disse que para haver uma
revolução, todos os trabalhadores do mundo deviam se unir e brigar por
esse mesmo ideal. E o exemplo da Russia e da Comuna de Paris são uma
prova de que uma andorinha só não faz verão.
Tendo uma visão
mais "teoria da conspiração". Permito-me imaginar se isso não já é uma
estratégia para se justificar uma intervenção internacional no Estado
brasileiro, como a propósito sempre ocorre antes das invasões armadas
dos países imperiais que vão com a máscara de restabelecer a ordem, mas
que na verdade usam esse momento de inconstância social para se
apropriarem das riquezas, muitas vezes naturais, que esses Estados
invadidos possuem e que os Estados invasores já não têm. O Brasil É um
país com um tesouro natural de invejar qualquer "tio sam".
Agora,
se a as movimentações são contra o governo e as políticas adotadas pela
gestão. Ai devemos fazer uma análise ainda mais minuciosa. Seria
fundamental ter bem claro quais são os grupos que estão articulando
essas manifestações, porque elas estão acontecendo neste momento, sendo
que a exploração e os absurdos sociais cometidos no Brasil não são de
hoje e que já tivemos muito pior nesse sentido.
Quem é, ou quem já foi
militante, sabe que para fazer uma passeata de pequeno porte requer uma
estrutura que muitas vezes é difícil de conseguir. Quem está bancando a
estrutura para que seja possível a mobilização desse grande número de
pessoas?
Assistindo a um debate dos senadores sobre a redução
da maioridade penal. Estremeceu-me o posicionamento do Senador Aloysio
Nunes (PSDB) defendendo a redução da maioridade penal. Assusta-me só de
pensar que as críticas ao governo e essas manifestações possam se
transformar em uma simpatia pelas políticas da direita.
Que com seus
discursos bem elaborados conseguem muitas vezes o apoio de uma grande
parte da população. Estamos prestes a entrar em ano de eleição. Não
devemos excluir a possibilidade de uma reação da direita que não
aguentaria mais perder novamente um mandato para um partido que embora
não seja de esquerda, ainda carrega o nome "Partido dos Trabalhadores".
Nesse cenário político temos um PSDB que sempre lança candidatura
própria, um PT que também sempre lança candidatura própria e um PSB que
está crescendo e quer entrar na disputa. Mas é muito mais complicado
disputar contra uma Dilma, de um PT, que a pesar dos escândalos, ainda
mantinha uma boa popularidade.
Então pode ser que nesse ponto a direita,
sempre interessada em estar no centro do poder, os partidos de centro
que começam a querer disputar o poder entre si, e a esquerda que sempre
está "em desacordo" com as políticas de governo que acabam por
privilegiar o capitalismo, achem um ponto em comum e partam para cima,
em protestos, que no fim das contas são mais para minar a popularidade
do governo, dando um maior equilíbrio na disputa política que, para de
fato, transformar a sociedade. Já que estas transformações dependem de
uma revolução em um contexto bem maior.
Com isso a minha
sincera dúvida é saber de quais pontos partem essa série de revoluções. E
quais são as suas reais intenções. As intenções que estão muito além
daquilo que é dito. Que o povo está de saco cheio com a exploração, com o
descaso e com as injustiças sociais, já está a muito tempo. Mas quem
são os que mobilizam, por que mobilizam e por que justamente agora?
DANIEL CAMPOS.
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