terça-feira, 18 de junho de 2013

Relexão - O que de fato a manifestação e o movimento propõem?

Acho extremamente digna e necessária as manifestações. Porém, creio que tudo deve ser extremamente avaliado. Não podemos sucumbir a uma agitação e sermos levados pela euforia, nem nos esquecermos de avaliar o que de fato a manifestação e o movimento propõem. 
Saber se os protestos se dirigem a um ESTADO (CAPITALISTA BURGUES), ou a um governo (o da Dilma e de todo um grupo que está aliado a ela e o qual exerce grande influência em seu modo de governar). Se o que se busca é mudar a ordem das coisas (uma ordem capitalista) ou simplesmente a força que governa o Brasil (toda uma coligação de alguns partidos).

Não se pode ter a inocência de pensar que nesses movimentos não existem bandeiras. Elas existem e embora não estejam explicitas aparecem nas intenções que cada um tem com a movimentação. Uns que realmente reivindicam melhorias sociais, uns que tem como objetivo enfraquecer o governo e ainda outros que querem simplesmente descontar nas instituições físicas do Estado todo o dano que já sofreram.

Essas manifestações demonstram que o que se diz do povo não é verdade. Temos a capacidade de nos organizar e protestar por coisas que nos incomodam. Mas ainda me preocupa é ter bem claro quais são as forças que estão envolvidas nessas manifestações e quais são seus objetivos. Temos exemplos na história que mostram que o povo já foi impelido a lutar por bandeiras que não eram suas. E que como resultado conseguiram reificar mais um estado burguês.

Se a nossa luta é contra uma ordem capitalista de exploração. Temos que conseguir uma mobilização mundial, principalmente onde se concentram as maiores forças imperialista do mundo. Pois elas certamente estão a postos, com seus mísseis apontados em nossa direção, prontas para defender sua ordem de acumulação de capital, da mesma forma que fizeram com a Russia quando essa tentou se revoltar contra essa ordem. Creio que não foi a toa que Marx disse que para haver uma revolução, todos os trabalhadores do mundo deviam se unir e brigar por esse mesmo ideal. E o exemplo da Russia e da Comuna de Paris são uma prova de que uma andorinha só não faz verão.

Tendo uma visão mais "teoria da conspiração". Permito-me imaginar se isso não já é uma estratégia para se justificar uma intervenção internacional no Estado brasileiro, como a propósito sempre ocorre antes das invasões armadas dos países imperiais que vão com a máscara de restabelecer a ordem, mas que na verdade usam esse momento de inconstância social para se apropriarem das riquezas, muitas vezes naturais, que esses Estados invadidos possuem e que os Estados invasores já não têm. O Brasil É um país com um tesouro natural de invejar qualquer "tio sam".

Agora, se a as movimentações são contra o governo e as políticas adotadas pela gestão. Ai devemos fazer uma análise ainda mais minuciosa. Seria fundamental ter bem claro quais são os grupos que estão articulando essas manifestações, porque elas estão acontecendo neste momento, sendo que a exploração e os absurdos sociais cometidos no Brasil não são de hoje e que já tivemos muito pior nesse sentido. 
Quem é, ou quem já foi militante, sabe que para fazer uma passeata de pequeno porte requer uma estrutura que muitas vezes é difícil de conseguir. Quem está bancando a estrutura para que seja possível a mobilização desse grande número de pessoas?

Assistindo a um debate dos senadores sobre a redução da maioridade penal. Estremeceu-me o posicionamento do Senador Aloysio Nunes (PSDB) defendendo a redução da maioridade penal. Assusta-me só de pensar que as críticas ao governo e essas manifestações possam se transformar em uma simpatia pelas políticas da direita. 
Que com seus discursos bem elaborados conseguem muitas vezes o apoio de uma grande parte da população. Estamos prestes a entrar em ano de eleição. Não devemos excluir a possibilidade de uma reação da direita que não aguentaria mais perder novamente um mandato para um partido que embora não seja de esquerda, ainda carrega o nome "Partido dos Trabalhadores".

Nesse cenário político temos um PSDB que sempre lança candidatura própria, um PT que também sempre lança candidatura própria e um PSB que está crescendo e quer entrar na disputa. Mas é muito mais complicado disputar contra uma Dilma, de um PT, que a pesar dos escândalos, ainda mantinha uma boa popularidade. 
Então pode ser que nesse ponto a direita, sempre interessada em estar no centro do poder, os partidos de centro que começam a querer disputar o poder entre si, e a esquerda que sempre está "em desacordo" com as políticas de governo que acabam por privilegiar o capitalismo, achem um ponto em comum e partam para cima, em protestos, que no fim das contas são mais para minar a popularidade do governo, dando um maior equilíbrio na disputa política que, para de fato, transformar a sociedade. Já que estas transformações dependem de uma revolução em um contexto bem maior.

Com isso a minha sincera dúvida é saber de quais pontos partem essa série de revoluções. E quais são as suas reais intenções. As intenções que estão muito além daquilo que é dito. Que o povo está de saco cheio com a exploração, com o descaso e com as injustiças sociais, já está a muito tempo. Mas quem são os que mobilizam, por que mobilizam e por que justamente agora?
DANIEL CAMPOS.
Link do autor deste Texto: https://www.facebook.com/danielcampos.web?hc_location=stream
 

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