quinta-feira, 30 de junho de 2016

Quando prender pessoas vira um bom negócio (por Marino Boeira).

Os defensores da privatização das penitenciárias do Estado (balão de ensaio lançado por ZH na semana passada) devem ler o que escreveu Luís Antônio Araújo (é, as vezes tem o que ler em ZH) sobre a experiência nos Estados Unidos, o país do mundo onde mais se prende pessoas.
Dos 2,2 milhões de encarcerados no mundo inteiro, 25% são de americanos. 
O jornalista cita matéria de outro jornalista americano, que disfarçado de guarda carcerário, permaneceu durante algum tempo na penitenciária de Winnfield, na Louisiana, estado onde de cada 86 pessoas, uma está presa.
O que ele relata é sem tirar nem por o que ocorre nas nossas prisões: tráfico de drogas, violências, inclusive sexuais, contrabando de celulares e muita corrupção.
Como se trata de um negócio, a empresa que administra a prisão, a Corretions Corporation of American a CCA, tem interesse em ter cada vez mais presos.
Desde 1983, a CCA faz parte do seleto grupo de empresas que administram as prisões americanas, recebendo 200 dólares, diariamente do Tesouro Americano para cada preso que tem em suas inúmeras penitenciárias.
O maior complexo penitenciário da CCA, em Lumpkin, Geórgia, rendeu à empresa um lucro de 50 milhões de dólares por ano.
Um dos diretores da CCA explica a sua filosofia: “A nossa companhia foi fundada no princípio, sim, que poderíamos vender prisões. Da mesma formo como se vendem carros, imóveis ou hamburgues”.
Além das verbas federais que recebe, a empresa potencializa seus lucros cobrando 5 dólares por minuto, pelas ligações telefônicas dos presos, enquanto paga aos presos que trabalham no local – não importa quantas horas – 1 dólar por dia.
Não é estranho, por isso, que a população carcerária dos Estados Unidos teve em crescimento de mais de 500% desde que a privatização de algumas prisões foi implantada.
Dessa imensa população carcerária, 50% dela é composta por negros, enquanto que apenas 12% de toda a população dos Estados Unidos é composta pelos chamados afrodescendentes.
Ou seja, além de ser uma discutível fonte de lucros para determinadas empresas, o sistema reforça o preconceito racial ainda muito significativo nos Estados Unidos.

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