Imagem 1 “Bandeira das
FARC” (Fonte): https://pt.wikipedia.org/wiki/Forças_Armadas_Revolucionárias_da_Colômbia
Jamile Calheiros - Colaboradora Voluntária.
O ano de 2017 foi iniciado
com a “explosão” de uma tragédia que já estava sendo anunciada e deixou mais de
50 mortos: a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (COMPAJ), o maior
presídio do Estado do Amazonas, localizado em Manaus.
O estopim do motim foi o
conflito das facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC), que é
proveniente do Estado de São Paulo, e a Família do Norte (FDN), oriunda do
próprio Estado do Amazonas. A maioria dos mortos pertencia ao Primeiro Comando
da Capital e, conforme divulgado pelo Secretário de Segurança Pública do
Amazonas, Sérgio Fontes, “esse é mais um capítulo da guerra silenciosa que o
narcotráfico mergulhou o país”.
Vale ressaltar que o
COMPAJ, tem capacidade para 592 presos e, no momento do desastre, abrigava
cerca de 1224 detentos, situação que é a realidade da maioria dos presídios
brasileiros e culminou no agravamento da crise do sistema penitenciário no
país. O “massacre” no presídio de Manaus, conforme vem sendo amplamente
divulgado pela imprensa, foi o segundo maior motim letal na história do Brasil,
ficando atrás apenas do “Massacre do Carandiru”, ocorrido em São Paulo no ano
de 1992, no qual foram mortos 111 presos, tendo como acusados pelo desfecho as
tropas da Polícia Militar de São Paulo.
Cumpre destacar que, da
mesma forma que a mídia nacional, a imprensa internacional repercutiu
largamente o que ocorreu no presídio brasileiro de Manaus, sendo notícia no
mundo inteiro. As informações veiculadas nos principais jornais mundiais foram
no tom de crítica feroz à situação do sistema prisional no Brasil e a de seus
detentos.
O Papa Francisco expressou
preocupação em relação ao assunto e, durante uma audiência geral no Vaticano,
declarou: “Quero expressar tristeza e preocupação com o que aconteceu.
Convido-vos a rezar pelos mortos, pelas suas famílias, por todos os detidos na
prisão e por aqueles que trabalham nela”. Completou sua manifestação afirmando
que gostaria de renovar seu apelo paras que as instituições prisionais sejam
locais de reabilitação e reintegração social e que as condições de vida dos
detidos sejam dignas de seres humanos. É importante salientar que Francisco já
recebeu detidos no Vaticano e muitas vezes visitou prisões em suas viagens ao
exterior.
Entretanto, como afirmou o
Secretário amazonense, Sérgio Fontes, parece que o narcotráfico está vencendo
essa batalha e afundando o país em uma crise nacional, já que os demais Estados
da Federação já vêm tomando medidas no intuito de evitar consequências
irreversíveis.
A “ponta do novelo” foi no
Amazonas, já que a região norte é fundamental para o tráfico internacional, uma
vez que as principais rotas de drogas passam por suas fronteiras e os Estados
da área fazem divisas com grandes países produtores de cocaína, como o Peru, a
Bolívia e a Colômbia, além da Venezuela, famosa pela permissividade no seu
espaço fronteiriço.
Dessa forma, o grupo
guerrilheiro FARC antecipou-se para divulgar em seu site oficial um comunicado
onde nega as acusações de vínculo com “organizações mafiosas vinculadas ao
narcotráfico” no Brasil. No texto, assinado pelo Secretariado Nacional das
Farc, o grupo diz que, “baseados em uma mentira, (os meios de comunicação)
agora querem responsabilizar nossa organização guerrilheira pelo espantoso
massacre de 56 pessoas”.
Ocorre que o Ministério
Público Federal brasileiro acusa as Farc de ter relações com a FDN, verificado
no âmbito da denominada Operação La Muralla. Os investigadores detalham que há,
sim, conexão entre a Família do Norte e fornecedores de drogas envolvidos com
as Farc e confirmam que este vínculo facilitou o acesso da facção às drogas e a
armas oriundas da região de fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.
Na nota publicada pelas
FARC, o grupo chama de atitude de “má fé” e “ignorância” a tentativa de
liga-los com o “Massacre de Manaus” por diversos meios de comunicação do Brasil
e pede que as autoridades brasileiras apurem as causas da tragédia e quem foram
os responsáveis. Por fim, no comunicado, o grupo presta solidariedade às
famílias e amigos dos mortos.
Segundo o chefe da
secretaria de cooperação internacional do Ministério Público Federal,
procurador Vladimir Aras, com a desmobilização das Farc, abre-se espaço para o
PCC ou grupos ao Norte entrarem no território colombiano e disputarem as rotas
internacionais de tráfico, bem como a cadeia de produção de cocaína.
O ano de 2017 já começou
com uma grave crise nacional que terá que ser contida rapidamente pelas
autoridades brasileiras. Por conta disso, o Presidente da República Michel
Temer reuniu-se com a Presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia,
para tratarem de ações conjuntas para conter o caos nas prisões brasileiras.
Agora é torcer e esperar que as medidas sejam efetivas e possam conter essa
crise anunciada.
Link:http://www.jornal.ceiri.com.br/pt/farc-afirmam-nao-ter-vinculacao-com-faccoes -criminosas-brasileiras/ |
sábado, 21 de janeiro de 2017
Colombia. FARC's afirmam não ter vinculação com facções criminosas brasileiras.
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