sábado, 21 de janeiro de 2017

Colombia. FARC's afirmam não ter vinculação com facções criminosas brasileiras.


Imagem 1 “Bandeira das FARC” (Fonte): https://pt.wikipedia.org/wiki/Forças_Armadas_Revolucionárias_da_Colômbia

Jamile Calheiros - Colaboradora Voluntária.

O ano de 2017 foi iniciado com a “explosão” de uma tragédia que já estava sendo anunciada e deixou mais de 50 mortos: a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (COMPAJ), o maior presídio do Estado do Amazonas, localizado em Manaus.

O estopim do motim foi o conflito das facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC), que é proveniente do Estado de São Paulo, e a Família do Norte (FDN), oriunda do próprio Estado do Amazonas. A maioria dos mortos pertencia ao Primeiro Comando da Capital e, conforme divulgado pelo Secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, “esse é mais um capítulo da guerra silenciosa que o narcotráfico mergulhou o país”.


Vale ressaltar que o COMPAJ, tem capacidade para 592 presos e, no momento do desastre, abrigava cerca de 1224 detentos, situação que é a realidade da maioria dos presídios brasileiros e culminou no agravamento da crise do sistema penitenciário no país. O “massacre” no presídio de Manaus, conforme vem sendo amplamente divulgado pela imprensa, foi o segundo maior motim letal na história do Brasil, ficando atrás apenas do “Massacre do Carandiru”, ocorrido em São Paulo no ano de 1992, no qual foram mortos 111 presos, tendo como acusados pelo desfecho as tropas da Polícia Militar de São Paulo.

Cumpre destacar que, da mesma forma que a mídia nacional, a imprensa internacional repercutiu largamente o que ocorreu no presídio brasileiro de Manaus, sendo notícia no mundo inteiro. As informações veiculadas nos principais jornais mundiais foram no tom de crítica feroz à situação do sistema prisional no Brasil e a de seus detentos.

O Papa Francisco expressou preocupação em relação ao assunto e, durante uma audiência geral no Vaticano, declarou: “Quero expressar tristeza e preocupação com o que aconteceu. Convido-vos a rezar pelos mortos, pelas suas famílias, por todos os detidos na prisão e por aqueles que trabalham nela”. Completou sua manifestação afirmando que gostaria de renovar seu apelo paras que as instituições prisionais sejam locais de reabilitação e reintegração social e que as condições de vida dos detidos sejam dignas de seres humanos. É importante salientar que Francisco já recebeu detidos no Vaticano e muitas vezes visitou prisões em suas viagens ao exterior.

Entretanto, como afirmou o Secretário amazonense, Sérgio Fontes, parece que o narcotráfico está vencendo essa batalha e afundando o país em uma crise nacional, já que os demais Estados da Federação já vêm tomando medidas no intuito de evitar consequências irreversíveis.

A “ponta do novelo” foi no Amazonas, já que a região norte é fundamental para o tráfico internacional, uma vez que as principais rotas de drogas passam por suas fronteiras e os Estados da área fazem divisas com grandes países produtores de cocaína, como o Peru, a Bolívia e a Colômbia, além da Venezuela, famosa pela permissividade no seu espaço fronteiriço.

Dessa forma, o grupo guerrilheiro FARC antecipou-se para divulgar em seu site oficial um comunicado onde nega as acusações de vínculo com “organizações mafiosas vinculadas ao narcotráfico” no Brasil. No texto, assinado pelo Secretariado Nacional das Farc, o grupo diz que, “baseados em uma mentira, (os meios de comunicação) agora querem responsabilizar nossa organização guerrilheira pelo espantoso massacre de 56 pessoas”.

Ocorre que o Ministério Público Federal brasileiro acusa as Farc de ter relações com a FDN, verificado no âmbito da denominada Operação La Muralla. Os investigadores detalham que há, sim, conexão entre a Família do Norte e fornecedores de drogas envolvidos com as Farc e confirmam que este vínculo facilitou o acesso da facção às drogas e a armas oriundas da região de fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia.

Na nota publicada pelas FARC, o grupo chama de atitude de “má fé” e “ignorância” a tentativa de liga-los com o “Massacre de Manaus” por diversos meios de comunicação do Brasil e pede que as autoridades brasileiras apurem as causas da tragédia e quem foram os responsáveis. Por fim, no comunicado, o grupo presta solidariedade às famílias e amigos dos mortos.

Segundo o chefe da secretaria de cooperação internacional do Ministério Público Federal, procurador Vladimir Aras, com a desmobilização das Farc, abre-se espaço para o PCC ou grupos ao Norte entrarem no território colombiano e disputarem as rotas internacionais de tráfico, bem como a cadeia de produção de cocaína.

O ano de 2017 já começou com uma grave crise nacional que terá que ser contida rapidamente pelas autoridades brasileiras. Por conta disso, o Presidente da República Michel Temer reuniu-se com a Presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, para tratarem de ações conjuntas para conter o caos nas prisões brasileiras. Agora é torcer e esperar que as medidas sejam efetivas e possam conter essa crise anunciada.

Link:http://www.jornal.ceiri.com.br/pt/farc-afirmam-nao-ter-vinculacao-com-faccoes -criminosas-brasileiras/ 

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