sábado, 6 de maio de 2017

A conexão paraguaia do PCC.


No dia 15 de junho de 2016, Jorge Rafaat Toumani, um dos chefes do narcotráfico na fronteira do Brasil com o Paraguai, conhecido como “Rei da Fronteira”, foi morto numa emboscada, na cidade de Pedro Juan Caballero, vizinha de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. Em 24 de abril de 2017, criminosos fortemente armados invadiram a sede da transportadora de valores Prosegur, em Ciudad del Este, no Paraguai, e fugiram com dinheiro, ato que está sendo considerado como o maior roubo da história do país. Em ambas as ações delituosas, dados de inteligência dão conta do envolvimento e da participação direta de integrantes da organização criminosa denominada “Primeiro Comando da Capital” (PCC).
O PCC é uma organização originária do sistema carcerário do Estado de São Paulo, a qual possui como base de suas ações o combate à opressão carcerária exercida pelo Estado. Emergem como um grupo de autoproteção que busca soluções para o caos em que está inserido o sistema prisional brasileiro, tendo em vista fatores como o aumento vertiginoso da massa carcerária e a falta de investimentos que possibilitem a melhoria da qualidade de vida e o processo de resgate da dignidade e da reinserção dos presos na sociedade.
Está presente em todos os estados brasileiros, precipuamente em São Paulo, Paraná e Mato do Grosso do Sul, e sua expansão se tornou possível a partir do estabelecimento de uma política além dos muros prisionais e da inserção do grupo em diversos ramos da sociedade civil, através da difusão de ideias e da angariação de seguidores.
A possível tomada de controle pelo PCC do tráfico no Paraguai, além de outros atos com o objetivo de conquistar elevados préstimos numerários, faria com que a facção passasse a atuar da produção à distribuição de drogas e armas no País, alterando a configuração atual da criminalidade organizada na América Latina.
A globalização, acentuada a partir dos anos 1990, e fundada na inovação tecnológica, acelerou o tempo, reduziu os espaços e estreitou a distância entre o interno e o externo. Faz o mundo funcionar por meio de redes, entre elas as finanças, a produção, o crime organizado e o terrorismo. A ameaça global atual é caracterizada pela convergência: a fusão e a mistura de uma variedade cada vez maior de atores ilícitos e redes. Por certo, a convergência de organizações criminosas transnacionais, terroristas e insurgentes se transformou em uma preocupação crescente sobre a segurança global, tendo em vista que seu apoio, suas operações e suas alianças põem em risco a prosperidade ao redor do mundo.
Por fim, o entendimento é de que, para um combate eficiente a todas as questões afetas ao o crime organizado, se demonstra oportuno e conveniente a adoção de estratégias relacionadas a contra-insurgência, a partir do desenvolvimento de operações cinéticas* e não cinéticas mais inovadoras para neutralizar as redes criminais transnacionais, ao modelo de policiamento guiado pela inteligência e ao estabelecimento de cooperações e assistências bilaterais nos mais diversos níveis.
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Usa-se a expressão “Operações Cinéticas” para fazer referência àquelas que envolvem a utilização de força letal.
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Imagem 1 “O ponto exato da linha de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, na Ponte Internacional da Amizade” (Fonte):
Imagem 2 Os policiais militares são os principais alvos dos ataques do grupo” (Fonte):

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