terça-feira, 28 de agosto de 2018

Síria: Preparação para a Campanha de Idlib – Relatório de Situação.



26/8/2018, Moon of Alabama
A campanha do Exército Árabe Sírio há muito esperada, para libertar o governorado de Idlib no noroeste da Síria deve começar logo depois de 7 de setembro, data em que se encontrarão os presidentes de Turquia, Rússia e Irã. Há forças consideráveis dispostas no local e estão prontas para atacar. A frota russa no Mediterrâneo foi reforçada, e se estabeleceram novas posições de defesa aérea.

Há sinais de que a al-Qaeda na Síria e grupos semelhantes tentarão impedir o ataque eminente contra eles, atacando antes. EUA, Grã Bretanha e França estão montando outro ataque químico para servir de cobertura e pretexto para apoiarem o ataque dos jihadistas. Forças desses países devem atacar instituições e forças sírias depois que mais um evento forjado for atribuído ao governo do presidente Bashar al-Assad.

A Turquia recebeu prazo até o encontro para que sejam removidas de Idlib as forças da al-Qaeda e grupos jihadistas assemelhados. Até o presente a Turquia ainda não promoveu a remoção, e a chance de que venha a conseguir remover aqueles grupos é praticamente zero. O grupo al-Qaeda, sob a forma de Hayat Tahrir al Sham (HTS, ex-Jabhat al-Nusra) e em coalizão com outros jihadistas estrangeiros vindos de todo o planeta controlam cerca de 70% do governorado de Idlib (ver mapa acima).

Idlib é uma fossa, onde várias facções de jihadistas vivem em luta umas contra as outras. Pelo menos 290 membros e líderes desses grupos foram assassinados durante os últimos quatro meses. Centenas de locais, que fizeram contato com o governo sírio para negociar a reabilitação foram presos pelos jihadistas do HTS. O exército sírio e a polícia militar russa abriram corredores para permitir que os civis abandonem a área.

O inspetor geral de uma agência de ajuda humanitária dos EUA encerrou um programa que garantia suprimentos para a al-Qaeda em Idlib:
Os Serviços Católicos de Caridade dos EUA [ing. CRS] não confirmaram diretamente que fossem eles a ONG envolvida nesse processo, mas deixaram poucas dúvidas, ao dizer que “fecharam” as operações no noroeste da Síria, depois de relatos de que a ajuda estaria sido desviada, e que demitiram pessoal, na operação de “reforçar” medidas antifraudes. Os CRS receberam $147 milhões da USAID para projetos na Síria ao longo de três exercícios financeiros, segundo o website da USAID.
O inspetor geral da USAID, em depoimento ao Congresso, dia 1º de março, e com mais detalhes publicado em julho, disse que pessoal de uma ONG sem finalidades de lucro contribuiu com “combatentes” do grupo armado Hay’at Tahrir Al-Sham para listas de civis a serem selecionados para receber cestas de alimento e depois encobriu os registros. O governo dos EUA considera o grupo HTS o sucessor da Frente Nusra, afiliada da al-Qaeda.
Primeiras notícias desse esquema pelo qual os EUA fornecem suprimentos para a al-Qaeda já apareceram publicadas em 2012. É informação que circula amplamente, que a al-Qaeda cobrava “imposto” de até 50% sobre todos os alimentos e armas que os “rebeldes moderados” receberam dos EUA.

Dia 24 de agosto, o ministro de Relações Exteriores da Turquia reuniu-se com seu contraparte russo, Sergey Lavrov em Moscou. A reunião aconteceu apenas dez dias depois de Lavrov ter visitado Ankara. O ministro da Defesa da Turquia, e chefe dos serviços secretos turcos também se reuniu com seus contrapartes, para discutir a próxima campanha. Turquia reconhece que HTS é alvo legítimo e tem de ser removido, mas teme que os jihadistas e famílias fujam para território turco. A Turquia também gostaria de anexar Idlib e outras áreas.

Lavrov disse que a decisão final sobre um ataque seria acertada até a próxima reunião de cúpula:
“Quando foi criada a zona de desescalada em Idlib, ninguém sugeriu que fosse usada para garantir que os terroristas, primeiramente de Jabhat al-Nusra, usassem civis locais como escudos humanos. Além disso, ninguém está lá sem fazer nada. São frequentes os raids e bombas que partem de lá contra posições do Exército Árabe Sírio. Várias dúzias de drones (cerca de 50) que foram lançados dessa área contra a base aérea russa em Khmeimim foram derrubados. Hoje, falamos sobre tudo isso muito detalhadamente. Temos de fazer o melhor possível para assegurar que o desengajamento realmente aconteça, e para minimizar os riscos para os civis. Confio que os presidentes discutirão esse assunto detalhadamente.”
Na preparação para o ataque geral contra Idlib, a Marinha Russa está concentrando vasta força no Mediterrâneo oriental, que inclui várias fragatas com mísseis cruzadores Calibr:

Yörük Işık – @YorukIsik – 12:38 utc – 25 Aug 2018
Prossegue campanha de deslocamento para #Síria. 4 navios da Marinha Russa passaram hoje e 13, durante a semana passada.
Há cerca de 20 unidades russas no mar, perto da costa síria.

O ministro da Defesa do Irã Amir Hatami está atualmente em Damasco para renovar um acordo bilateral de defesa e cooperação militar. Damasco também pediu ao Hezbollah, que será o próximo alvo do “ocidente”, que mantenha na Síria algumas de suas forças. Conselheiros iranianos darão apoio à operação Idlib, além de forças especiais do Hezbollah. Nenhum soldado iraniano participará.

Na 3ª-feira, EUA, GB e França publicaram declaração na qual ‘alertam’ contra um ataque químico: “Como já demonstramos, responderemos adequadamente a qualquer uso de armas químicas, pelo regime sírio (…)”
Na 4ª-feira, 22 de agosto, um novo discurso do chefe do ISIS Abu Bakr al-Baghdadi foi publicado. Novo vídeo do chefe do HTS Abu Mohammad al-Jolani mostrou-o reunindo suas forças.

Para arrematar o coro dos islamistas do dia, Abu Jihad John Bolton alertou que qualquer uso de armas químicas pelo governo sírio será respondido com força:
“Estamos obviamente preocupado com a possibilidade de que Assad use novamente armas químicas. Só para que não haja confusão: se o regime sírio usar armas químicas, responderemos com muita força, e eles com certeza devem pensar muito tempo sobre isso”, [Bolton] acrescentou.”
Foi obviamente um convite/sinal para que os terroristas encenem falso ataque com armas químicas, como já foi feito em Ghouta-leste e em outros locais. Aquelas encenações foram declaradas “ataques com armas químicas” e atribuídos ao governo sírio, mesmo sem qualquer prova de coisa alguma, e foram usados como pretexto para ataques dos EUA contra forças sírias.

Ontem, também o Ministério de Defesa da Rússia distribuiu alerta de que está em preparação encenação semelhante à que foi feita em Ghouta-leste:

“Uma encenação, com acusações de que a Síria teria usado armas químicas, que os terroristas estão planejando com ajuda dos Serviços Especiais da Grã-Bretanha, será usada como pretexto para que o ocidente e os EUA ataquem com mísseis o país árabe – disse no sábado o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov.
Essa provocação encenada com a participação ativa das forças especiais da Grã-Bretanha, está sendo feita para servir de novo pretexto para ataque de mísseis e bombas, por EUA, Grã-Bretanha e França, contra instalações do governo e relevantes para a economia da Síria” – disse o porta-voz.
Com esse objetivo, “o destroier Sullivans da Marinha dos EUA, com 56 mísseis cruzadores a bordo, chegou há vários dias ao Golfo Persa; e um bombardeiro estratégico B-1B da Força Aérea dos EUA armado com mísseis AGM-158 JASSM ar-terra está em prontidão na base aérea Al Udeid no Qatar” – disse o general russo.
Não há dúvidas de que todos os lados se preparam para grande batalha pela província de Idlib. Não foram publicados planos de como a batalha evoluirá. O número de forças reunidas garante que está em preparação a maior batalha da guerra contra a Síria, até agora. Uma primeira fase provavelmente evitará a cidade de Idlib. Jish al-Shigur no noroeste e as áreas ao sul e a leste da rodovia M4 e M5 serão os alvos iniciais. A batalha avançará dali. O provável é que os EUA tentem impedir, seja como for, qualquer progresso do exército sírio.

Dentro de seis meses, depois de concluída a operação Idlib, o Exército Árabe Sírio provavelmente avançará para o norte, para retomar territórios sírios atualmente controlados pela Turquia, que tenta anexá-los. Depois disso será preciso considerar a necessidade de uma força de ocupação dos EUA no nordeste da Síria.

Operações adicionais dos EUA contra forças sírias, iraquianas e iranianas podem começar na fronteira sírio-iraquiana, onde forças dos EUA estão sendo reunidas para novas operações. Há indícios de que os EUA estão deslocando sistemas de radar para o nordeste da Síria, área ainda ocupada pelos EUA. Esses sistemas são considerados úteis para estabelecer uma zona aérea de exclusão sobre o território onde estão forças curdas que operam como agentes locais dos EUA.

Tudo sugere que os EUA estejam subestimando a hostilidade local contra esse desenvolvimento. Os de 2 a 5 mil soldados dos EUA que lá estão, podem de repente ver-se presos em luta sem esperanças contra guerrilheiros locais.

Traduzido por Vila Vudu.

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