sábado, 20 de outubro de 2012

Até a Folha de São Paulo reconhece.... A Hegemonia do PT 3.0

20 Out 2012 - Fernando Rodrigues.

BRASÍLIA - Fernando Haddad protagonizou uma das mais espetaculares recuperações numa campanha para prefeito de São Paulo e deve dar ao PT, dizem as pesquisas, o comando da maior cidade do país.

A eleição paulistana é um passo relevante no projeto de hegemonia política do PT. Nenhum partido cresce de maneira orgânica e consistente como o PT a cada disputa municipal. A sigla sempre se sai melhor.

PMDB, PSDB, DEM (o antigo PFL) e outros já tiveram dias de glória, mas acumulam também vários revezes. O PT, não. Só cresce.

Embora já tenha vencido em São Paulo duas vezes (em 1988, com Luiza Erundina, e em 2000, com Marta Suplicy), agora com Fernando Haddad é uma espécie de PT 3.0 que pode chegar ao poder.

Não há outro partido da safra pós-ditadura militar que tenha conseguido fazer essa transição de gerações. O poderio sólido e real que o PT constrói encontra rival de verdade apenas na velha Aliança Renovadora Nacional (Arena), a agremiação criada pelos generais para comandar o Brasil -com a enorme diferença de hoje o país viver em plena democracia.

Alguns dirão que o PMDB mandou muito no final dos anos 80. Mais ou menos. Tratava-se de um aglomerado de políticos filiados a uma mesma sigla. Não havia orientação central.

O PSDB ganhou em 1994 o Planalto e os governos de São Paulo, Rio e Minas Gerais. Muito poder. Só que os tucanos nunca tiveram um "centralismo democrático" (sic) "à la PT".

No dia 28 de outubro, há indícios de que o PT novamente sairá das urnas como o grande vencedor nas cidades com mais de 200 mil eleitores, podendo levar pela terceira vez a joia da coroa, São Paulo.

Ao votar dessa forma, o eleitor protagoniza duas atitudes -e não faço aqui juízo de valor, só constato. 

Elege seu prefeito e entrega à sigla de Lula um grande voto de confiança para fazer do PT cada vez mais um partido hegemônico no país.

Partido dos Trabalhadores....


Fonte: http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha

Chefe do serviço de inteligência da polícia morre em atentado no Líbano.

France Presse - Publicação: 19/10/2012 16:37 Atualização: 19/10/2012 20:49.
Beirute - O chefe do serviço de inteligência das Forças de Segurança Interna (FSI) no Líbano, Wissam al-Hassan morreu no atentado que sacudiu Beirute nesta sexta-feira (19/10), que suscita temores da retomada dos atentados e assassinatos contra personalidades políticas hostis à Síria entre 2005 e 2008.

Foto - France Press
O ataque foi praticado em um bairro do centro da capital libanesa e deixou no total oito mortos e 86 feridos, de acordo com um registro oficial.

A explosão ocorreu a apenas 200 metros da sede do partido cristão, o Phalange, contrário ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad.

O general Hassan era ligado a Saad Hariri, líder da oposição libanesa hostil ao regime de Damasco, e era considerado um dos principais candidatos para assumir o comando das FSI no final do ano.

A oposição libanesa pediu a renúncia do governo, no qual Hezbollah xiita tem um papel predominante, após o assassinato do chefe da inteligência da polícia libanesa.

"Pedimos a este governo que saia e a seu chefe que renuncie imediatamente, já que a permanência deste governo oferece proteção e cobertura aos criminosos por este complô", afirmou Ahmad Hariri, um porta-voz da oposição, após uma reunião convocada com urgência.

Saad Hariri acusou o presidente sírio, Bashar al-Assad, pelo assassinato de Hassan.

"Acusamos Bashar al-Assad de ter assassinado Wissam al-Hassan, garantidor da segurança dos libaneses", disse o ex-primeiro-ministro a uma rede de notícias libanesa.

"Acuso abertamente Bashar al-Assad e seu regime de terem matado Wissam al-Hassan", afirmou à AFP o líder druso Walid Joumblatt.

Os serviços de inteligência das FSI desempenharam um papel crucial na prisão, em 9 de agosto, do ex-ministro libanês Michel Samaha, partidário do regime sírio, como parte de um caso de explosivos apreendidos que deviam ser armazenados no norte do Líbano.

Ele sabia que era visado

Samir Geagea, um dos líderes opositores, afirmou que Hassan havia acionado "medidas de segurança excepcionais" para se proteger de eventuais ataques.

"Ele tinha levado sua esposa e seus filhos para Paris porque sabia que era visado", acrescentou.

Os serviços de inteligência das FSI também tiveram um papel fundamental na busca dos responsáveis pelos atentados e assassinatos que tiveram como alvos personalidades políticas entre 2005 e 2008 e pelos quais Damasco foi acusado, principalmente pela morte do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, pai de Saad, em 2005.

A classe política, dividida entre partidários e adversários do regime sírio, condenou de forma unânime o atentado, mas evitou acusações.

Foto - France Press
O regime sírio não está alheio a este tipo de explosões, é um atentado político por excelência", afirmou o deputado Nadim Gemayel, membro da oposição libanesa hostil a Damasco.

A potente explosão desta sexta, a primeira deste tipo na região de Beirute desde 2008, reaviva a preocupação por um contágio do conflito sírio, que divide os libaneses.

Dois edifícios ficaram devastados pela explosão em uma rua estreita perto da praça Sassine, em Ashrafieh.

"Ouvimos uma forte explosão. A terra tremeu sob os nossos pés", disse Roland, de 19 anos, em meio a uma multidão de membros do exército, socorristas e curiosos.

Nancy, de 45 anos, chorava enquanto refletia a respeito de como esteve tão perto da morte.

"Eu estava chegando em casa quando vi meu prédio em chamas. Eu teria morrido se estivesse em casa".
Parentes de funcionários do banco BEMO, que teve suas janelas quebradas, se dirigiram para o local para procurar por seus entes queridos.

Um socorrista, identificado como Rahmeh, afirmou: "Isto me lembra os ataques durante a guerra civil (de 1975-1990) e de depois da guerra".

Soldados e o ministro do Interior, Marwan Sharbel, também foram ao local do primeiro atentado com carro-bomba em Beirute desde o dia 25 de agosto de 2008, quando o principal investigador antiterrorismo do país foi morto com outras três pessoas.

Leia mais notícias de Mundo

Onda de condenações

Logo após o anúncio de sua morte, nas regiões de maioria sunita, homens, incluindo alguns armados, queimaram pneus e cortaram estradas, principalmente entre Trípoli, maior cidade do norte, e a fronteira síria, assim como no bairro de Corniche el-Mazraa, em Beirute, constataram jornalistas da AFP.

O maior atentado com carro-bomba desde a guerra civil libanesa, de 1975 a 1990, ocorreu no dia 14 de fevereiro de 2005, quando uma grande explosão matou o ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri e outras 22 pessoas.

Na ocasião, o Líbano estava ocupado por tropas sírias, que entraram no país durante a guerra civil, e sua política era dominada por Damasco.

Hariri foi originalmente um simpatizante do regime sírio, mas se posicionou contra o governo antes de ser assassinado.

Em todo o mundo, o atentado desta sexta suscitou uma onda de condenações. Os Estados Unidos denunciaram um atentado "terrorista".

"Nada pode justificar o recurso ao assassinato político", indicou em um comunicado o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano (NSC), Tommy Vietor.

O Conselho de Segurança da ONU condenou "firmemente o atentado terrorista" e exortou os libaneses a "insistirem com a unidade nacional".

O Vaticano denunciou uma "absurda violência mortal".

O presidente francês, François Hollande, pediu que as autoridades libanesas protejam seu país de "qualquer tentativa de desestabilização, seja se onde vierem".

Fonte:http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2012/10/19/interna_mundo,329058/chefe-do-servico-de-inteligencia-da-policia-morre-em-atentado-no-libano.shtmlhttp:

Brasil - Operação com avião não Tripulado apreende 1 tonelada de droga.

Agência Estado  - Publicação: 20/10/2012 08:17 Atualização: 20/10/2012 08:18.

Os dias têm sido quentes na área da Operação Ágata 6. A fronteira do Brasil com a Bolívia e o Peru, uma linha sinuosa de 4.216 quilômetros onde os termômetros passam sempre dos 30 graus - e, por onde escoam, segundo os setores de inteligência da Polícia Federal, 65% das drogas, armas, munições e produtos contrabandeados que circulam no País.

A Ágata-6 envolve 7.500 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica. Na definição do Ministério da Defesa, o objetivo é "combater ilícitos". Na prática, significa que as 26 aeronaves - entre as quais caças-bombardeiros AMX e os grandes jatos de vigilância eletrônica R-99, uma frota de dezenas de veículos de transporte de tropas e a flotilha de oito embarcações especializadas, estão empenhadas em ações reais há 11 dias, com bons resultados.  
 
Só durante a primeira semana de atividades foram apreendidos 1,1 tonelada de droga pura, 14 veículos pesados e 221 barcos. Oito pessoas foram detidas.
No ar, voa um poderoso olho digital empregado pela FAB - o Veículo Aéreo Não Tripulado, o Vant, pilotado a partir de um ponto remoto, em terra, com uma plataforma de coleta de dados, informações e imagens. Pode permanecer de 16 horas a 20 horas na altitude de 5,5 mil metros e a velocidades de cruzeiro na faixa dos 130 km/hora, com carga útil de 150 kg.
 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O agronegócio e a desigualdade


O Conversa Afiada reproduz artigo de Mauro Santayana no JB online:

por Mauro Santayana

O veto da Presidente Dilma Rousseff a alguns dispositivos do Código Florestal provocou a reação irada dos representantes do agronegócio no Congresso e na imprensa. A questão, além de sua atualidade, retorna à velha discussão sobre o problema crucial do Estado moderno, que surgiu das duas grandes revoluções políticas de nossa idade, a de 1789 e a de 1844. Trata-se da natureza e dos valores da democracia, e  das dificuldades do sistema parlamentar representativo,  segundo os dois  magníficos ensaios de Hans Kelsen, “Da natureza e dos valores de democracia” e “O problema do parlamentarismo”, ambos editados nos anos 20.

Kelsen mostra as dificuldades do sistema baseado na representação popular, para demolir a atração pela representação “orgânica”, que foi a essência do fascismo corporativista, em ascensão naquele tempo e que retorna, solerte, nos estados republicanos modernos – de maneira nem sempre embuçada. É o que ocorre também no Brasil.

As representações corporativas penetram nos partidos, como  infecção fatal para a democracia, e os dominam, para além de seus órgãos dirigentes. Preocupados, na maioria das vezes, com o varejo da política, os estudiosos e analistas desprezam essa deformação do sistema político nacional, que ofende os princípios democráticos e faz do parlamento uma câmara corporativa, no modelo do fascismo italiano.

O corporativismo, no Brasil, não se limita aos interesses econômicos, embora neles encontre seus esteios mais sólidos. As representações parlamentares se dividem entre as sindicais (de patrões, como a CNI, a CNA, a CNT, e a Febraban  e de empregados, sem nenhum poder de fogo econômico), as religiosas e empresariais. Os banqueiros, os industriais, as empresas multinacionais, os barões do agronegócio, os grandes mineradores, os exportadores e importadores, mantêm, encabrestadas, suas bancadas particulares,  tanto no Senado como na Câmara dos Deputados.

Isso não significa que todos os parlamentares estejam a serviço de tais corporações ou empresas em particular.       Há parlamentares escolhidos pela vontade soberana do povo, não conspurcada pelo que Serge Tchakhotine definiu como Le viol des foules par la propagande politique – a violação das massas pela propaganda, maciça e impostora. São minoria, mas é graças à sua presença nas casas parlamentares que se preserva um pouco de lucidez nos meios políticos nacionais.

A propaganda política – como deixa claro Tchakhotine – não se limita aos tempos e processos eleitorais. Ela é permanente e insidiosa, valendo-se de especialistas, como é o caso notório de Edward Bernays, um dos pioneiros na utilização do noticiário dos jornais para a defesa dos grandes negócios (entre eles, os dos cigarros), mediante a criação de hábitos de consumo, e – é claro – na influência política sobre as massas.

É uma guerra de todos os dias, entre o controle dos corações e mentes, para lembrar a expressão conhecida, e a reação da autonomia de pensamento e da liberdade política, por parte não só de poucos intelectuais, mas, a  cada dia mais intensa, da cidadania em geral. A internet, para o bem e para o mal (e esperamos que a prazo maior, seja só para o bem) está quebrando o monopólio dos que acreditam ser possível impor para sempre o “pensamento único”, parido pelo conúbio entre o poder financeiro mundial, a indústria bélica e os enlouquecidos generais que dominam o Pentágono, a Otan e Israel.

O agronegócio, como mostra a experiência, e estudos recentes de conhecidos especialistas, ao levar as relações cruéis entre o capital e o trabalho para o campo, está aumentando a criminosa desigualdade na sociedade brasileira.  As máquinas lavram a terra, irrigam as glebas imensas e colhem os grãos; os herbicidas assassinos limpam as eiras, para plantar as sementes geneticamente modificadas, a fim de resistir aos agrotóxicos, que envenenam a terra, as águas e a produção.

Os pequenos e médios  lavradores são expulsos. Vão se amontoar,  com sua miséria, sua revolta e seu sofrimento, na periferia das cidades. O que já era péssimo, há décadas,  tornou-se ainda mais brutal, com a submissão do país ao Consenso de Washington.

A lição maior de Kelsen, nos ensaios citados, é a de que não há sistema que possa substituir o da verdadeira representação popular. Só  com  a participação igualitária e consciente de todos os cidadãos pode haver democracia.          

Livramo-nos, graças ao instituto de legislação participativa (que Kelsen defendia há mais de 80 anos), dos candidatos de ficha suja. Temos que nos livrar, agora, do poder nefasto do corporativismo. Como disse, em 1934, Ortega y Gasset, em discurso no Parlamento da Espanha,  “lo corporativo no resiste al vigor de las ideas y de la pasión política: la política, en la Historia, es el macho”. Vale.
 
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/10/19/santayana-e-o-veto-da-dilma-no-codigo-florestal/

Uruguai aprova despenalização do aborto.

Por estreita margem, o Congresso do Uruguai aprovou a interrupção da gravidez durante as 12 primeiras semanas de gestação, lei que o presidente José Mujica já disse que promulgará. 
Uruguay aprobó la despenalización del aborto
Parlamento uruguaio
O projeto de lei recebeu 17 votos a favor e 14 contra no Senado, depois de ter sido aprovado na Câmara, mês passado. O partido da Frente Ampla, que está no governo, conseguiu aprovar o projeto graças ao voto de um deputado do Partido Nacional, da oposição. 
O presidente José Mujica anunciou que promulgará a lei. Em 2008, o então presidente Tabaré Vázquez vetou iniciativa semelhante, aprovada pelo Congresso. 
“Com esta lei, o Uruguai entra para o bloco dos países desenvolvidos que, na maioria, já adotaram critérios para liberar o aborto, reconhecendo o fracasso das normas penais que tentam impedi-lo” – disse o senador Luis Gallo, da Frente Ampla, em discurso no Senado. 

A oposição ameaçou derrogar a lei “se recebermos a confiança dos cidadãos para voltarmos ao governo em 2015”. 
O aborto era considerado crime do Uruguai desde 1938. A lei agora aprovada permite à mulher interromper a gravidez, depois de consultas que durarão cinco dias com um grupo de profissionais da saúde, sobre sua decisão. 
O Presidente José Mujica já havia afirmado em setembro que despenalizar o aborto “puede reduzir a quantidade de casos”, além de esclarecer que nunca vetaria uma lei sancionada pelo Parlamento.
O Uruguai, um país de tradição cristã, onde o Estado e a Igreja são independentes, é o terceiro da América Latina a aprovar a despenalização do aborto, depois de Cuba e Guiana. A estes se soma a cidade do México.
Pesquisa da Consultoria Cifra, divulgada há algumas semanas, indicou que 52% dos uruguaios concordam com a despenalização do aborto; e 34% são contrários.

Fonte:
17/10/2012, Infobae, Uruguay
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Fonte: http://redecastorphoto.blogspot.com.br/

Não há reanimação para o coração do Haiti.

por Correspondentes da IPS
Haiti Não há reanimação para o coração do Haiti
                                                          Foto: HGWEvens Louis

Porto Príncipe, Haiti, 18/10/2012 (IPS/Haiti Grassroots Watch) – Embora, finalmente, tenha sido anulado o decreto do governo, que por quase dois anos bloqueou a reconstrução do centro de Porto Príncipe, ainda há muitas dúvidas e frustrações quanto às perspectivas de recuperação da capital econômica, cultural e política do Haiti. Tudo indica que, em lugar de centrar-se nas cruciais obras de infraestrutura, o governo está mais interessado em reconstruir as sedes de seus ministérios.

Embora nos dois últimos anos e meio tenha havido reuniões, estudos e declarações sobre o assunto, um passeio pelo centro da cidade mostra que, além da remoção de alguns escombros, a reconstrução tem sido pouca. Foi erguido apenas um edifício significativo. O resto é um caos de ruínas, escombros, pelo menos quatro milharais e um monte de lixo que envenena o ar.

Não há sinais de que se trabalha nos sistemas de saneamento, drenagem ou eletricidade. E a falta de policiamento permite que ladrões atuem na antiga crucial área comercial da capital. Muitas das grandes empresas se mudaram para os subúrbios, deixando a rua principal para ambulantes que a ocupam. Outros comerciantes se mostram desesperançados.

“Porto Príncipe nunca será como era há 25 anos”, disse à Haiti Grassroots Watch (HGW) um comerciante de quase 50 anos sentado em sua loja de eletrodomésticos, quase vazia, na Rue des Miracles. “Nada acontecerá”, lamentou este homem que, como a maioria dos outros 15 comerciantes ouvidos pela HGW, concordou em falar sob a condição de não ser identificado.

Entretanto, o governo garante que está havendo progressos concretos. “O centro foi e voltará a ser o coração econômico do país. Será, inclusive, melhor do que antes. Temos que terminar os estudos. Estamos trabalhando muito seriamente, sem descanso”, afirmou Michel Présumé, da governamental Unidade para a Reconstrução de Moradias e Prédios Públicos (UCLBP) em entrevista divulgada no dia 19 de junho.

O terremoto de 12 de janeiro de 2010 foi um dos maiores desastres urbanos da era moderna. Além de aproximadamente 200 mil mortos, causou “prejuízos com reconstrução urgente estimados em US$ 11,5 milhões, destruiu cerca de 80% de Porto Príncipe e vários povoados e aldeias próximas, e derrubou as sedes dos três poderes do Estado, junto com 15 dos 17 ministérios, 45% das delegacias e vários tribunais”, informou o Grupo Internacional de Crise, organização com sede em Bruxelas especializada na análise de conflitos, em um informe de 31 de março deste ano.

No dia 2 de setembro de 2010, um decreto governamental estabeleceu que cerca de 200 hectares de terras do centro passavam a ser “de utilidade pública”, bloqueando todo esforço de reconstrução. “Toda construção, criação de ruas, divisão de lotes ou qualquer outra exploração da terra, incluída qualquer transação de bens de raiz estão e permanecerão proibidas para toda a área definida no Artigo 1”, diz o Artigo 2 do decreto.

Michelle Mourra, integrante e fundadora da SOS Centre-Ville, uma organização de empresários e donos de propriedades no centro da cidade, disse que o decreto é “um golpe terrível”. “Provavelmente, o privado seja o setor que sofreu as piores perdas materiais do que qualquer outro em 12 de janeiro de 2010”, escreveu em um email enviado no dia 16 de julho deste ano à HGW. Esse decreto “foi um retrocesso ainda pior, porque durante dois anos tivemos que olhar, impotentes, enquanto o centro era saqueado e destruído”, destacou.

Apesar da mudança de governo ocorrida em maio de 2011, o decreto só foi anulado um ano mais tarde. Mas seu cancelamento não foi o único obstáculo. Como era de se esperar, um desafio importante é planejar como reconstruir a capital devastada. Foram apresentadas propostas – uma da Grã-Bretanha, outra do próprio Haiti – mas até agora nenhum enfoque definitivo. O Ministério de Planejamento e Cooperação Externa, junto com a ONU-Habitat, realizou reuniões em julho de 2010, e o fórum Vil Nou Vle A (A Cidade que Queremos), em novembro de 2011.

“É bom haver um debate sobre certas ideias, mas há um momento em que se deve dizer: bom, agora vamos resumir tudo isto, pegar o melhor do príncipe Charles (da Grã-Bretanha), o melhor da (firma de arquitetos) Grupo Trame, o melhor dos demais, definir o plano e avançar”, disse Jean-Christophe Adrian, ex-titular da ONU-Habitat.

Algo em que todos os planos e atores parecem coincidir é sobre a importância da infraestrutura. Em sua apresentação no fórum de Vil Nou Vle A, a empresa canadense Daniel Arbour & Associés (IBI/DAA Group) disse que seria fundamental “o fornecimento de água potável, energia, acesso de pedestres e veículos, serviços de saneamento e esgoto e acesso a telecomunicações e conexões de internet”.

Adrian concorda que “o primeiro a fazer é melhorar a infraestrutura. Não será possível reconstruir se as ruas não estiverem pavimentadas, se não houver sistema de drenagem, água, eletricidade. São necessários ruas, sistemas de saneamento e eletricidade. É isso que tem de vir primeiro”, afirmou. O governo haitiano também parece concordar, pelo menos nas entrevistas.

“Devemos criar condições para que o setor privado se sinta cômodo, protegido e empenhado, para que possa assumir os riscos”, indicou Présumé. “O governo desempenhará um importante papel catalisador. Os primeiros passos, sem dúvida, serão dados pelo governo haitiano, acrescentou. Mas, em lugar de iniciar os grandes trabalhos de infraestrutura necessários, o governo inaugurou, nos últimos tempos, as obras de três ministérios, ao custo de US$ 35 milhões.

Embora, sem dúvida, o governo tenha outros documentos e outras fontes de financiamento, Présumé (que supervisiona a reconstrução das sedes oficiais) foi claro ao dizer que o governo não poderia cuidar de toda a reconstrução. “As autoridades, de fato, têm vontade de fazer as coisas”, afirmou, acrescentando que “um país não pode se desenvolver sem um setor privado dinâmico. O setor privado deve acompanhar o governo”.

Para a SOS Centre-Ville, a reconstrução é um “konbit” (esforço tradicional haitiano de trabalho coletivo). “A reconstrução do centro e do restante de Porto Príncipe é uma tarefa enorme. O governo não pode fazer isso sozinho. Todos estamos envolvidos. Chegou a hora de todos colaborarem”, escreveu Mourra à HGW em seu email de 16 de julho. Contudo, até agora, é o setor privado que está “sozinho”. E entrevistas feitas pela HGW descobriram incertezas e frustrações.

Se o governo “tivesse vontade já teria começado. Ainda há lugares onde nem os escombros foram retirados. Todo o dinheiro está em cima, não embaixo. Em outras palavras, os pobres não têm um governo”, disse uma mulher que tem um comércio atacadista de refrigerantes, enquanto era penteada em um pequeno salão de beleza.

“Todos gostam das coisas bonitas”, disse outra mulher, que trabalha em uma pequena loja de aparelhos de ar-condicionado. “Inclusive em Porto Rico ou na República Dominicana, tudo parece ao menos um pouco bonito. Todos gostaríamos que o país fosse visto como os demais. Mas aqui só se trata de salvar a si mesmo. Só acreditarei na reconstrução quando a vir”, afirmou.  Envolverde/IPS.

* A Haiti Grassroots Watch é uma associação entre AlterPresse, Sociedade de Animação e Comunicação Social (Saks), Rede de Mulheres de Rádios Comunitárias (Refraka), rádios comunitárias e estudantes do Laboratório de Jornalismo da Universidade do Estado do Haiti.  (IPS)

Fonte:http://envolverde.com.br/ips/inter-press-service-reportagens/nao-ha-reanimacao-para-o-coracao-do-haiti/

Relembrando... Ônibus-sucatas continuam provocando acidentes nas ruas e avenidas de São Luís.

Gilberto Lima
Ao longo de muito tempo, tenho sido um dos maiores críticos dos ônibus-sucatas que continuam circulando pelas ruas e avenidas de São Luís. Diariamente deparamo-nos com diversos ônibus quebrados em diversos pontos da cidade. Essas sucatas terminam colocando em risco a vida de pessoas. 
Foi o que aconteceu no acidente na Avenida dos Franceses, na manhã de ontem, quando um táxi foi imprensado na traseira de um ônibus que estava parado. O acidente foi provocando por um ônbius da linha Socorrão II/Rodoviárias que ficou sem freio e o motorista perdeu o controle, batendo na traseira do táxi. Por puro milagre as quatro pessoas que estavam no táxi conseguiram escapar. 
Acidente na Avenida dos Franceses foi causado por ônibus sem freio
Até quando esse descaso vai continuar? Isso é culpa da SMTT que não tem forças para determinar que esses veículos sejam retirados de circulação. Na verdade, os empresários continuam mandando e desmando no sistema de transporte coletivo da cidade. 
Espero que o próximo prefeito faça, logo no início da administração, a tão sonhada licitação no sistema de transporte, abrindo oportunidade para empresas que tenham condições de oferecer ônibus de melhor qualidade à população. Se possível, que ofereçam ônibus com ar condicionado.
 
Fonte:http://gilbertolimajornalista.blogspot.com.br/