sábado, 20 de abril de 2013

Reflexão Sociologica II - O papel da educação é subverter as regras...

O professor da Universidade de Barcelona e doutor em Filosofia da Educação, Jorge Larrosa Bondía, acredita que a educação é um lugar de recomeço do mundo e de refúgio da infância, um momento de acolher as crianças e iniciá-las na relação com o mundo. “A educação tem a ver com amor e responsabilidade. É o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumir a responsabilidade por ele e o renovamos com a chegada dos mais novos.”

Com diversos livros publicados, Larrosa realizou estudos de pós-doutorado no Instituto da Educação na Universidade de Londres e no Centro Michel Foucault, da Sorbonne, em Paris. Ele defende que as instituições e procedimentos educativos sejam menos padronizados e lidem melhor com o imprevisível, já que a infância traz consigo a possibilidade do recomeço, mais do que um compromisso com a continuidade.

“O nascimento é capturado por essa ideia de futuro e as crianças são colocadas na disposição de continuar um tempo. O futuro é, talvez, a imagem fundamental do Ogro. Digo, a figura do Ogro consiste em educar as crianças do ponto de vista do futuro de outra coisa que não as crianças. Elas têm que ser o futuro da economia, do Brasil, da democracia, da igualdade. Transformamos as crianças na gênese de um futuro que não é o delas, mas de outra coisa que passa por elas.”

 
A figura do Ogro, que transforma as crianças no futuro da sociedade, é sempre ruim?

Jorge Larrosa – O Ogro é um sequestrador de crianças. Essa figura é ambivalente, assim como o amor. Todos nós sabemos bem que há amores que matam. O amor é ambíguo e o gesto de sequestrar crianças também é ambíguo. O pedagogo é, etimologicamente, o escravo que conduzia as crianças à escola. Não era o professor, era o sujeito que arrancava as crianças de casa. Mas é um transportador benigno, porque encaminha as crianças.

Os Ogros não são todos bons, mas os amores tampouco são bons. É a ambivalência que constitui a vida. As mesmas palavras, as mesmas instruções, os mesmos objetivos podem funcionar em uma direção maligna ou em uma direção benigna. A vida é um pouco complicada.

Como é possível vencer as dificuldades personificadas no Ogro?

Larrosa - Essa pergunta pressupõe que o Ogro está fora e por isso é necessário guardar a porta, quando a instituição educativa já foi constituída por um Ogro. Ele está dentro, não fora. O papel da educação é subverter as regras, os procedimentos e as maneiras de fazer. Pensar em como é possível inventar novas formas de fazer no interior de um jogo que está cada vez mais prescrito.

Não sei aqui, mas na Espanha a tarefa dos professores é cada vez menos autônoma, cada vez há mais maneiras de ensinar, avaliar e aprender que eles não desenharam. O que eles fazem é aplicar políticas alheias. Há uma enorme desqualificação profissional. Ensinam a eles como implementar maneiras de fazer, não maneiras de participar. Os modos estão cada vez mais pautados.

Acho que há cada vez menos espaço para propor jogos que vão um pouco contra o previsto. Mas se não fazemos isso não há educação, há outra coisa. Há Mickey Mouse, corporações, futuro do Brasil, da economia, pleno emprego e outras coisas. Mas educação é estabelecer uma relação entre as crianças e o mundo.

No Brasil, Estado, igrejas e empresas estão envolvidas na educação. Como distinguir Ogros de acolhedores da infância?

Larrosa – Essa distinção é muito difícil. Os rituais mudam, as formas mudam, mas a lógica, no fundo, é a mesma. O Ogro é muito sedutor. Vivemos em um mundo de palavras e elas são muito enganosas. Todos nós jogamos, vendemos e usamos palavras bonitas: “crítica”, “autonomia”, “futuro”, “inovação” e não sei o que mais. Mas as palavras mentem muito.

O Ogro é aquela figura ambígua, é impossível saber se é bom ou mau. Sobretudo, é impossível saber se prestamos demasiada atenção ao que ele diz. Temos que ver o que ele faz, depende do contexto. Essa sensibilidade para as aparências é uma capacidade muito importante. Igrejas, pessoas públicas, privadas, todos trabalham para a infância, mas temos que ver o que fazem, a materialidade concreta das atuações, prestar atenção aos discursos que colocam uma boa intenção atrás da outra. 

Estabelecemos uma espécie de concorrência para demonstrar quem tem mais boas intenções.
Então, a educação tem que ser crítica. Sim. E sustentável. Sim. E também sensível à perspectiva de gênero. E inclusiva. E vamos colocando várias coisas até que alguém diz “etc.”, mas poderia prosseguir indefinidamente. É uma espécie de combate estranho. Creio que as boas intenções não devem ser declaradas, porque acabam virando mercadorias.

"O Ogro é aquela figura ambígua, é impossível saber se é bom ou mau."
Como é possível gerar autonomia e consciência crítica no processo de ensino?

Larrosa – Falar, como pensar, é escolher palavras. E escolher palavras é também eliminar palavras. A palavra “crítica” é uma que eu praticamente não utilizo, porque está muito vinculada a algum tipo de juízo. Tem a ver com avaliação, “gosto ou não gosto”, “me agrada ou não agrada”. Não sou muito capaz de fazer a oposição. A negação nunca me interessou muito, porque ela te faz prisioneiro daquilo que critica, de alguma maneira.

Portanto, creio mais na interação e na afirmação do que na negação e na crítica, mas essa é uma coisa minha. E com a palavra “autonomia”, o que acontece é que, em nossa época, as palavras que são da onda da liberdade, “emancipação”, “autonomia”, todas têm um pouco a ver com a constituição dos sujeitos como clientes. É uma lógica um pouco clientelar que está começando a dominar nosso mundo. Eu sou professor e vejo que a universidade está cada vez mais privatizada. Não porque seja pública ou privada, mas porque cada vez mais considera os alunos como clientes. Essas são palavras que me incomodam um pouco.

No entanto, ao mesmo tempo, continuo firmemente convencido de que a educação tem a ver com construir sujeitos que sejam capazes de falar por si mesmos, pensar e atuar por si mesmos. Não diria tanto em ser os donos de suas próprias palavras, porque as palavras não têm dono, mas sujeitos que sejam capazes de se colocar em relação com o que dizem, com o que fazem e com o que pensam. Eu não estou certo de que isso seria autonomia. Mas sei que continuo firmemente convencido de que a educação, se é emancipadora em algum sentido, tem a ver com dar as pessoas a capacidade de pensar por si mesmas.

O que deveríamos fazer com nossas preocupações com o futuro?

Larrosa - O discurso pedagógico moderno está todo constituído sobre essa noção de futuro. A educação seria um instrumento para construir um mundo mais democrático, mais tolerante, justo, igualitário, melhor. Essa é uma forma discursiva quase automática. Mas não foi sempre assim. A educação foi entendida, durante séculos, como a transformação de cada um, uma espécie de ascese pessoal, um trabalho sobre si mesmo que teria mais a ver com abandonar o mundo do que pertencer a ele. E há um momento em que a transformação de si vira a transformação do mundo e a educação vira o instrumento. Isso tem uma data de começo e seguramente tem uma data para terminar.

Mas o que me parece interessante é observar a concepção de infância. As crianças eram entendidas como sujeitos naturais que precisam ser introduzidos à cultura e à língua. A infância era uma espécie de figura do natural que tem de ser domesticada. Mas a figura moderna da infância é outra, onde ela é a matéria prima para construir um mundo distinto. A infância vira o ponto zero de um processo de desenvolvimento ou de aprendizagem. E a infância não é nem a matéria prima para a realização de nossos ideais nem esse ponto zero de um processo de desenvolvimento psicológico. A infância tem a ver com a possibilidade de começar. Por isso falamos tanto dos “novos”. As crianças são “os mais novos”.

E aí pode ocorrer algo interessante, que é o acontecimento, o imprevisível. A educação trabalha com a projeção, mas ao mesmo tempo deve ser sensível ao imprevisível, porque senão não aceita o acontecimento, não aceita a novidade, o que escapa ao projeto. O mundo nunca será como nós gostaríamos que fosse. Graças a Deus. Porque justamente nessa tensão entre o previsível e a introdução de um outro é que está o trabalho educativo. É fundamental fazer planos, mas ao mesmo tempo é fundamental saber que os planos nunca se realizam.

Como lidar com a infância quando ela ocorre fora das condições de garantia de direitos e desenvolvimento?

Larrosa  - Outro automatismo no discurso contemporâneo é que a escola tem que dar conta das condições particulares de cada criança, trabalhar com tudo aquilo que as condiciona e as determina. A lista de especialidades é interminável: condições sociais, culturais, intelectuais, cognitivas, psicológicas. No entanto, a minha ideia é a educação como refúgio incondicional, receber as crianças não em função daquilo que as determina, mas lidar com o indeterminado e que cada um possa se separar de suas próprias condições.

Eu creio que esse funcionamento, da educação como um contra destino, só pode acontecer se as crianças não são determinadas pelo que as condiciona, mas por suas possibilidades. Não pelo que as determina, mas pelo que as indetermina. A educação trabalha com as potências, não com as condições. Claro que há crianças ricas, pobres, grandes, negros, deficientes, com a família desestruturada etc. Mas eu acredito que devemos ser um pouco indiferentes, não prestar muita atenção a isso. Temos que dar atenção às potências, não às impotências. E o educador às vezes está muito preso fazendo a lista das condições, das impossibilidades.

Quais caminhos os profissionais da educação devem percorrer para estarem aptos a responder às novas demandas?

Larrosa – Não sei muito bem, porque isso muda muito depressa. Estou na academia há anos, já vi muitos paradigmas entrarem e caírem muitas vezes. Hoje em dia os termos “inclusão” e “exclusão” tem uma grande força. Nos anos 70 e 80 se falava em “inadaptação”. Na faculdade era “análise da inadaptação social”. Os paradigmas teóricos e as soluções são substituídos rapidamente. Acho que isso obedece a lógica de mercado. Para vender, temos que inventar formas de trabalhar que transformem em obsoletas as que já existem. Por isso não sei bem. Mas posso dizer que os educadores estão perdendo capacidade profissional, ou seja, perdendo a capacidade de serem responsáveis por suas próprias decisões.

Creio que temos que defender a responsabilidade do educador, a possibilidade de inventar coisas e também de fracassar, de se equivocar, de aprender de novo. Não sei se isso acontece aqui, mas na Espanha os professores estão cada vez mais clonados e substituíveis. Se vestem igual, falam igual, se comportam igual, o mesmo sorriso, parece que vão ao mesmo dentista, aprenderam os mesmos métodos. São cada vez mais prescindíveis.

Deveríamos reclamar um pouco pelo direito à diferença, à invenção, a não jogar o que todo mundo joga, não sorrir como todo mundo sorri, não falar como todo mundo fala, não formular projetos como todo mundo formula projetos. Vou a debates em São Paulo, Lisboa, Bogotá e é uma sensação muito estranha: as pessoas falam das mesmas coisas, quase com as mesmas palavras. Há uma homogeneização tremenda. Porque não deixamos que as pessoas façam um pouco o que lhes parece melhor? Que pensem e que proponham. Caso se equivoquem, tudo bem, porque as políticas públicas, que têm tanto dinheiro, boas intenções e assessores, também fracassam. Portanto, nós corremos os mesmos riscos que ministros, secretários e grandes instituições.

Por  Camila Caringe

http://portal.aprendiz.uol.com.br/2013/04/09/o-papel-da-educacao-e-subverter-as-regras/ 

Matéria Lincada de:   

REFLEXÃO SOCIOLÓGICA - I. Olhos Azuis, a dor do preconceito.

A professora e socióloga Jane Elliott ganhou um Emmy pelo documentário de 1968 “The Eye of the Storm”, em que aplicou um exercício de discriminação em uma sala de aula da terceira série, baseada na cor dos olhos das crianças.

olhos azuis preconceito negro
Hoje aposentada, aplica workshops sobre racismo para adultos. “Olhos Azuis” é a documentação de um desses workshops em que o exercício de discriminação pela cor dos olhos também foi aplicado.


O objetivo do exercício é colocar pessoas de olhos azuis na pele de uma pessoa negra por um dia.


Para isso, ela rotula essas pessoas, baseando-se apenas na cor dos olhos, com todos rótulos negativos usados contra mulheres, pessoas negras, homossexuais, pessoas com deficiências físicas e todas outras que sejam diferentes fisicamente.


Numa palestra com um auditório lotado, ela pergunta: “Se algum branco gostaria de receber o mesmo tratamento dado aos cidadãos negros em nossa sociedade, levante-se. (…) Ninguém se levantou. Isso deixa claro que vocês sabem o que está acontecendo. Vocês não querem isso para vocês. Quero saber por que, então, aceitam isso e permitem que aconteça com os outros.”

Assista a íntegra do documentário no vídeo abaixo:

 

 

Matéria Lincada de: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2010/11/olhos-azuis-dor-do-preconceito.html

 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

São Paulo - Justiça barra auxílio moradia na Assembleia.

Os 94 deputados recebem R$ 2.250 por mês, mas não comprovam os gastos
Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A Justiça determinou a “imediata suspensão” do pagamento de auxílio moradia a todos os 94 deputados estaduais de São Paulo. A ordem é do juiz da 13.ª Vara da Fazenda Pública, Luís Manuel Fonseca Pires, que concedeu tutela antecipada em ação civil do Ministério Público do Estado. O bloqueio liminar do benefício terá de ser acatado pela Mesa Diretora da Assembleia “sob pena de os responsáveis, em caso de descumprimento da medida, responderem por ato de improbidade administrativa em ação própria pelo manifesto dolo de ofensa aos princípios jurídicos da administração pública”.
O Ministério Público estima que o corte no privilégio dos deputados vai gerar economia anual de R$ 2,5 milhões para os cofres públicos. Os parlamentares recebem R$ 2.250 todo mês, cada um - verba embutida no subsídio, sem amparo legal e sem apresentação de qualquer comprovante de despesa. A concessão é indistinta e indiscriminada, recebem até aqueles que moram a poucas quadras da sede do Legislativo, no Ibirapuera.

A regalia é concedida aos deputados com base na Lei 14.926/13. “Há ofensa ao princípio da legalidade na medida em que o artigo 1.º da Lei 14.926 não se mostra suficiente, logo, é inconstitucional, a justificar o pagamento indiscriminado desta verba porque não há qualquer suporte fático à indenização”, adverte o juiz.

Fonseca Pires argumenta que “não há suporte fático porque inexiste diferença entre o parlamentar que reside em imóvel próprio ou alugado, próximo ou distante da Assembleia Legislativa, como ainda não há o condicionamento do pagamento à comprovação de gastos com a moradia.” Ele aponta “ausência de critérios claros ao reembolso” e “omissão sobre a comprovação das despesas”.

A Lei 14.926, de 4 de janeiro de 2013, e as que a precederam, invoca o Ato 104/88 da Câmara dos Deputados, que prevê o auxílio aos deputados federais. Essa verba tem caráter indenizatório. O beneficiário tem que exibir comprovante do gasto para, então, pleitear o reembolso.

A ação aponta quatro ilegalidades: inexiste lei que regulamente o auxílio; a benesse foi incorporada ao subsídio com base em lei “manifestamente inconstitucional”; o pagamento é feito indistintamente, permanentemente e “sem qualquer critério legal ou razoável”; é concedido sem qualquer comprovação de despesas de aluguel ou estadia.

“Cuida-se de prejuízo de monta, que não pode ser ignorado, sobretudo considerando a realidade do povo paulista, que exige melhorias em diversos setores, como educação, saúde e moradia da população carente”, afirmam os promotores de Justiça Saad Mazloum e Silvio Marques.

Eles calculam prejuízo ao Tesouro de R$ 230 mil por mês. Cravam que a vantagem “é uma imoralidade” e burla o princípio do subsídio em parcela única.

Privilégio. A regra do subsídio, prevista no artigo 39, parágrafo 4.º, da Constituição Federal, veda expressamente a remuneração por rubricas distintas a serem somadas em composição de um valor final. “Inadmissível que uma verba indenizatória seja incluída permanentemente na remuneração dos parlamentares. O auxílio moradia aos deputados estaduais é absolutamente ilegal, verdadeiro privilégio”, sustentam os promotores.

A ação civil, lastreada em longa investigação da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e do Social, mostra que todo inicio de ano a Mesa da Assembleia - formada por três deputados, o presidente da Casa, o primeiro secretário e o segundo - edita lei estadual que fixa remuneração dos parlamentares para o exercício financeiro.

Os promotores denunciam que a Mesa do Legislativo usa o Ato 104 para assegurar o benefício, mas “ignora deliberadamente” os artigos 1.º e 2.º daquela norma da Câmara dos Deputados. Tais artigos impõem que poderão ser contemplados com o moradia aqueles que não têm unidade residencial funcional e que o reembolso só deve ser garantido mediante despesa comprovada.

“A mera menção à aplicação do Ato 104/88, sem a consequente regulamentação, tem dado margem ao arbitrário e indiscriminado pagamento da benesse sem o estabelecimento de limites legais”, sustentam os promotores. O Ato 104, de incidência exclusiva à Câmara dos Deputados, não pode ser vinculado aos parlamentares paulistas.

“É absolutamente inconstitucional o artigo 1.º da Lei 14.926/13, na parte que manda aplicar aos deputados estaduais o Ato 104. Não se admite a alegação de que a Constituição Federal estabeleceu uma simetria entre os parlamentares federais e os estaduais, mas apenas proporcionalidade entre os subsídios de ambos. O que não inclui verbas de natureza indenizatória.”

Amparo legal. A Assembleia Legislativa informou que o subsídio de seus deputados para 2013 foi fixado pela Lei 14.926, que dispõe que a remuneração tem valor correspondente a 75% do que recebem os federais: “Nos termos do parágrafo 2.º do artigo 27 da Constituição Federal, incluindo-se os valores resultantes da aplicação do Ato 104/88 da Câmara, recebidos a título remuneratório reconhecido por decisão judicial.” 

A Casa ainda não foi notificada da decisão judicial que manda barrar o auxílio moradia. Quando isso ocorrer vai estudar eventual recurso.

Além do subsídio mensal de R$ 20.042,34, os deputados paulistas recebem verba indenizatória de R$ 21.812,50 - para custeio de despesas como passagens aéreas, contas de telefone, impressos e correspondências -, verba de gabinete que soma cerca de R$ 60 mil, para manter até 15 assessores de cada deputado, e mais o moradia. À Justiça eleitoral, 36% dos deputados declararam possuir imóveis residenciais na capital; 16% na Grande São Paulo; 10% a menos de 100 quilômetros da Capital; 25% a mais de 100 quilômetros; 13% afirmaram não possuir imóveis.
 

Jornalismo investigativo a serviço dos cidadãos.

“A liberdade de imprensa não é um privilégio dos jornalistas mas um direito dos cidadãos.”

A frase, adotada pelo jornalista Edwy Plenel como lema, guia hoje o Mediapart,o mais respeitado site de jornalismo da França. Criador de Mediapart,juntamente com cinco colegas, Plenel lançou, em março, um livro intitulado Droit de savoir (Direito de saber). É o 20º livro escrito por esse jornalista, defensor ardente do jornalismo investigativo no estilo anglo-saxão.

Mediapart foi quem revelou o maior escândalo dos últimos tempos da política francesa. Desde que publicou, em 4 de dezembro do ano passado, que o ministro do Planejamento (ministre du Budget) Jérôme Cahuzac tinha uma conta na Suíça, Plenel vinha enfrentando o ceticismo e, quem sabe, a inveja dos colegas da imprensa.

Até o dia em que, tendo a Justiça elementos suficientes para investigar o ministro, o presidente François Hollande tomou a decisão de afastá-lo, em 19 de março, do gabinete formado pelo primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault. 

Para Hollande, um ministro socialista encarregado de combater a fraude fiscal – e cuidar do equilíbrio das finanças do país em grave crise – ter uma conta na Suíça (depois transferida para Singapura) é uma bomba atômica. 

Em 2 de abril, quando o ministro Cahuzac admitiu que tinha mentido ao negar a conta, foi o início de uma grave crise que vai permitir a moralização da vida política francesa, segundo expressou o presidente na quarta-feira (10/4) ao apresentar reformas com esse objetivo.

Figura nacional
Os jornais do mundo inteiro destacaram o papel fundamental de Mediapart na revelação do escândalo que explodiu nas mãos de Hollande. “A maioria dos jornais da mídia tradicional desprezou o modesto mas rigoroso Mediapart, fundado por Edwy Plenel, em vez de aprofundar os indícios apontados contra o poderoso ministro Cahuzac”, comentou o diário espanhol El País.

Mediapartjá havia dado numerosos furos com grandes matérias de investigação feitas pela redação pequena mas combativa, que faz hoje o jornalismo mais agressivo e independente da França. Os outros jornais, revistas e a mídia audiovisual parecem condenados a suitar os grandes furos de Plenel e seus jornalistas. Diversos escândalos revelados no governo de Nicolas Sarkozy abalaram os políticos da direita e seguem seu curso no Judiciário.

Agora, quem se viu às voltas com a competência e a seriedade do jornalismo investigativo de Mediapart foi a esquerda. O affaire Cahuzac foi revelado em dezembro, mas nem todo mundo levou a sério as revelações. O ministro tratou de desmentir “olhos nos olhos” aos jornalistas que o questionaram em público sobre o fato de ter conta na Suíça.

Os jornalistas sabem que os políticos trabalham ativamente para divulgar notícias que defendem seus interesses e tudo fazem para esconder o que pode prejudicar suas carreiras e seus objetivos. É aí que o jornalismo investigativo é importante e fundamental: na revelação do que querem esconder dos cidadãos.

O mais conhecido jornalista de investigação da França, Plenel foi diretor da Redação do respeitadíssimo jornal de referência francês Le Monde, de 1996 a 2004. 

Em 2005, um ano depois de ser afastado da função de diretor da Redação, foi demitido por Jean-Marie Colombani, diretor do jornal. Em 2008, Plenel criou Mediapart, que acaba de completar cinco anos.

A direita não gosta de Plenel, um ex-trotskista, empedernido defensor da liberdade de imprensa, que nunca renegou seu passado e seu engajamento de juventude na Liga Comunista Revolucionária. Ele começou sua carreira como jornalista no jornal da Liga, Rouge (Vermelho).

Com o affaire Cahuzac, Plenel mostrou que a esquerda, como a direita, têm que temer a vigilância de Mediapart. As revelações de Plenel sobre diversos affaires no governo François Mitterrand já haviam feito dele uma figura nacional do jornalismo independente e crítico. No recente episódio, Alain Finkielkraut, um filósofo conservador, chegou a defender Jérôme Cahuzac comparando Mediapart a uma verdadeira “Stasi internet” – referência ao nome da polícia política da antiga Alemanha comunista.

Compromisso com o jornalismo
Durante quase seis meses, Mediapart teve contra si toda a imprensa tradicional e os comunicadores-marqueteiros interessados em desmoralizar o site “tentando impedir que a verdade viesse à tona”, segundo Plenel.

“Mediapart é um peixe pequeno diante de grandes tubarões num mar poluído”, dizia ele ainda há pouco tempo. Agora, com 65 mil assinantes e um capital de credibilidade invejável, o peixinho vai começar a fazer medo aos que têm algo a esconder da opinião pública.

Agora, Mediapart revela um outro affairede conta na Suíça, desta vez de Jean-Marie Le Pen, do partido de extrema-direita Front National.

Com François Hollande, com quem Edwy Plenel assinou um livro de entrevistas, Devoirs de vérité, em 2006, o jornalista sempre teve boas relações. Por isso houve quem previsse o fim do site com a eleição de Hollande. Mas Mediapart provou que não foi criado para servir a um governo ou a uma ideologia. Plenel tem como único dever revelar aos cidadãos e à Justiça aquilo que políticos e interesses privados querem ocultar.

Com a revelação da fraude fiscal do ministro encarregado de controlar justamente a evasão de divisas, o jornalista mostrou mais uma vez que seu compromisso é com o jornalismo investigativo. Não está a serviço de pessoas ou de ideologias, mas da verdade.

“Pourvu que ça dure” (tomara que dure), como dizia a mãe de Napoleão Bonaparte.

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Leneide Duarte-Plon é jornalista, em Paris.

Matéria lincada de: http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed742_jornalismo_investigativo_a_servico_dos_cidadaos

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Estados Unidos. Explosão mata ao menos setenta pessoas e deixa centenas de feridos.

http://portuguese.ruvr.ru/photoalbum/111105786/111105800/

As autoridades da cidade estadunidense de West, perto da qual ocorreu na noite de ontem uma explosão na fábrica de fertilizantes, pediram calma aos habitantes.

A explosão ocorreu às 20h00 do horário local (22h00 do horário de Brasília) da quarta-feira, matando mais de 70 pessoas e ferindo várias centenas.

"Foi como uma bomba nuclear", - comentou o prefeito de West, citado pela mídia local. A cidade até agora permanece sem eletricidade.

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Uma forte explosão em uma fábrica de fertilizantes em West, no Estado do Texas (EUA), deixou dezenas de mortos e centenas de feridos, na noite desta quarta-feira (17), informaram as redes de TV dos Estados Unidos. 

A explosão ocorreu por volta das 20h (22h horário de Brasília) na cidade de cerca de  2.700 habitantes, distante cerca de 190 quilômetros da capital Austin, e devastou a fábrica da West Fertilizer. 
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Segundo a rede de televisão "CBS", entre 60 e 70 pessoas teriam morrido, citando estimativa do diretor do sistema de gestão de emergências da cidade, George Smith.  A rede de televisão "CNN", no entanto, relata apenas duas mortes de membros das equipes de resgate.
Tanto o número de mortos quanto o de feridos são alvos de controvérsia entre as agências internacionais e os órgãos de imprensa norte-americanos, visto que as autoridades locais ainda não confirmaram essas informações. 
 
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Em entrevista coletiva na madrugada desta quinta-feira (18), o porta-voz do Departamento de Segurança Pública do Texas, D.L. Wilson, limitou-se a dizer que "há vítimas fatais", e que o número de feridos é superior a cem, entre crianças, adultos e idosos.  Um socorrista declarou à agência AFP que ao menos 40 feridos estão em estado muito grave.
Reprodução/Google Maps
Imagem de satélite mostra fábrica de fertilizantes

Pelo menos cem feridos foram encaminhados para o centro médico Hillcrest Baptist, em Waco (cidade próxima), segundo relata a "CNN".

Incêndio antecedeu explosão

Reportagem do "The New York Times" revela que um incêndio atingia a fábrica de fertilizantes West Fertilizer antes da explosão.

"O fogo se espalhou, atingiu um dos tanques que contêm produtos químicos para tratar os fertilizantes, e houve essa explosão, cujos danos são de grande extensão", detalhou  o congressista pelo Texas Bill Flores.

O diretor do centro médico Hillcrest Baptist, em Waco, Glenn Robinson, disse à "CNN" que uma unidade de atendimento de emergência foi montada em um campo de futebol perto da fábrica para agilizar a triagem dos pacientes.

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O governador do Texas, Rick Perry, divulgou um comunicado oficial informando que o governo estadual envidará esforços para minimizar as consequências da tragédia. "Vamos mobilizar recursos do Estado para ajudar as autoridades locais" no socorro às vítimas.

A Casa Branca informou que o presidente Barack Obama acompanha de perto a situação.

O sargento da Polícia de Waco Patrick Swanton, que assumiu a função de porta-voz das diferentes agências de emergência no local, afirmou que ainda não se sabe o que causou a catástrofe.

Abalo de "bomba nuclear" incendiou imóveis e espalhou gás amônia

De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o abalo causado pela explosão foi equivalente a um terremoto de magnitude 2.1 (fraca intensidade).

No entanto, a força da explosão foi suficiente para destruir casas, prédios, escolas e um asilo localizados nos arredores da fábrica. A enorme detonação foi ouvida a dezenas de quilômetros de distância e provocou uma bola de fogo de cerca de 30 metros de diâmetro sobre a fábrica.
 
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"Foi como se uma bomba nuclear tivesse explodido", descreveu o prefeito da cidade, Tommy Muska. "Muitas pessoas se machucaram e tem gente que não estará aqui amanhã", lamentou.

O porta-voz do Departamento de Segurança Pública do Texas estima que mais de 75 casas ficaram severamente danificadas. Ainda de acordo com ele, 133 idosos foram retirados do asilo afetado pela explosão, alguns em cadeiras de rodas. 

As autoridades ordenaram a saída de centenas de pessoas que vivem na região, e ao menos metade da população de West teve que abandonar suas casas, por causa do risco de novas explosões.

Outro risco é em relação a um forte odor de gás amônia que se espalhou pelo local e que pode causar severos danos à saúde, se inalado. O vento na região complica o trabalho dos bombeiros e ajuda a espalhar as substâncias tóxicas provenientes dos escombros da fábrica.

A Administração de Aviação Federal (FAA, na sigla em inglês) proibiu os voos abaixo de 3 mil pés sobre a região do acidente.
Rod Aydelotte/Waco Tribune Herald/AP
Idosa em cadeira de rodas é retirada de asilo
 

Testemunhas relatam como escaparam da tragédia

Testemunha do incidente, Bill Bohannan fazia uma visita à casa de seus pais, moradores no entorno da fábrica, quando assistiu a uma explosão a qual ele chama de "devastadora".

"Eu disse: 'isso vai explodir'. E disse a meus pais que entrassem no carro. Estava de pé junto ao meu carro com a minha namorada, esperando que meus pais saíssem, e (a fábrica) explodiu. Nosso carro foi atingido", relatou Bill, que escapou sem ferimentos.

Cheryl Marak, vereadora da cidade, disse que o impacto da explosão a derrubou no chão. "A minha casa e a da minha mãe desmoronaram e meu cachorro morreu", relatou.
"Eu moro a 300 metros da fábrica e os vidros das minhas janelas foram destruídos", disse Jason Shelton.

Barry Murry, que mora a cerca de um quilômetro e meio de distância da fábrica, relata um cenário de pânico: "Foi como a explosão de uma bomba". Havia ambulâncias em todos os lugares".

Como muitos outros moradores da pequena West, eles procuraram conforto nas palavras do prefeito Muska.

"Não é o fim do mundo. É uma grande ferida que agora temos em nosso corações. Mas nós somos fortes; vamos reconstruir tudo". (Com agências internacionais)

Matérias e Fotografias lincadas de:

http://portuguese.ruvr.ru/2013_04_18/explosao-no-texas-foi-como-uma-bomba-nuclear/

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/04/18/explosao-em-fabrica-de-fertilizantes-no-texas-deixa-feridos.htm

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Terras indígenas: Pintados para a guerra

Os representantes de 73 etnias se encontraram em Luziânia (GO) na segunda-feira para o Abril Indígena, evento anual que marca as comemorações do Dia do Índio. 

Na agenda, estava programada uma reunião com a Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas e a Frente Parlamentar de Direitos Humanos, na Câmara. 

 
Na manhã de ontem, os índios desembarcaram na Casa, transportados por 12 ônibus, para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, que dá ao Congresso a última palavra sobre a demarcação de terras ocupadas por indígenas. 

"O problema é que a bancada ruralista tem maioria e pode, além de acabar com os territórios, rever as demarcações", explica o secretário adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Saulo Feitosa. 

A PEC foi aprovada no fim de março na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e seria discutida em comissão especial criada na semana passada pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). 

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Bacabal. Acidente na BR-316 envolvendo dois ônibus deixa quatro mortos e diversos feridos.

Tragédia

Na véspera de completar 93 anos, a cidade de Bacabal é surpreendida com a notícia de um trágico acidente na BR-316, na entrada da acidade. 

Um micro-ônibus da empresa Neto Turismo e um ônibus da cidade de Fortaleza colidiram de frente, quando um dos veículos tentou desviar de um animal na estrada, deixando um saldo trágico de quatro mortos no local do sinistro e um elevado numero de feridos. 



As vítimas foram transferidas para para o Hospital Laura Vasconcelos e demais hospitais próximos da região. 

A Polícia Rodoviária Federal auxiliou no socorro as vítimas e realizou a perícia no local.